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Estado de Minas ELEI��ES 2022

3 fatores que explicam por que mulheres ser�o decisivas na elei��o de 2022

Mulheres e homens t�m apresentado prefer�ncias muito diferentes para a elei��o presidencial deste ano. Al�m disso, percentual de mulheres indecisas � quase o dobro que o de homens. Para especialistas, a decis�o pode estar nas m�os delas.


30/05/2022 07:30 - atualizado 30/05/2022 11:25


Mulher votando
Mulheres s�o, pela primeira vez, maioria entre eleitores de todas as faixas-et�rias (foto: Rovena Rosa/Ag�ncia Brasil)

As mulheres s�o maioria entre eleitores de todas as faixas et�rias, t�m prefer�ncias eleitorais marcadamente diferentes das dos homens na disputa para presidente e comp�em a maior propor��o dos eleitores ainda indecisos. Esses tr�s fatores fazem com que elas sejam encaradas como grupo decisivo na disputa de 2022.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, conforme a vantagem entre os dois principais candidatos � Presid�ncia, Jair Bolsonaro e Luiz In�cio Lula da Silva, se reduz nas pesquisas de inten��o de voto, as eleitoras que ainda n�o definiram o voto se tornar�o o principal alvo das campanhas.

"Esses tr�s elementos — as mulheres serem maioria no eleitorado, terem inten��o de voto diferente dos homens e serem maioria entre os indecisos — torna o eleitorado feminino muito importante nessas elei��es", disse � BBC News Brasil a cientista pol�tica Malu Gatto, professora da University College London, no Reino Unido, e especialista em participa��o feminina na pol�tica.

Entenda como cada um desses tr�s fatores pode influenciar o resultado da elei��o para presidente da Rep�blica.

Diferen�a num�rica entre eleitores homens e mulheres

J� faz um tempo que h� mais eleitores mulheres que homens. Mas, neste ano, elas s�o, pela primeira vez, maioria em todos os grupos et�rios, inclusive entre quem tem 16 anos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, mulheres s�o 56% dos eleitores de 16 anos e homens s�o 42%, o que pode revelar um engajamento maior das jovens em voluntariamente participar dessas elei��es, j� que o voto s� � obrigat�rio para maiores de 18 anos.

H� 20 anos, a popula��o total de eleitoras era 2 pontos percentuais maior que a de eleitores homens. Agora, essa diferen�a � de 6 pontos percentuais — elas s�o 53% dos eleitores e eles, 47%.

Mulheres tamb�m s�o a grande maioria num segmento considerado chave nas elei��es de 2022: o de eleitores evang�licos. Elas s�o quase 60% dos evang�licos no Brasil.

Em 2018, esse segmento votou em peso em Jair Bolsonaro — quase 70% dos evang�licos apoiaram o atual presidente no segundo turno contra o candidato do PT, Fernando Haddad. Neste ano, pesquisas de inten��o de voto mostram que homens dessa religi�o continuam com Bolsonaro, enquanto mulheres est�o praticamente divididas entre ele e Lula.

Pesquisa Genial/Quaest de maio aponta que 33% das evang�licas atualmente votam em Bolsonaro, enquanto 31% preferem Lula. De olho nesses votos, os dois candidatos t�m tentado firmar alian�as com pastores e dialogar com fi�is.

"O primeiro fator que faz com que as mulheres sejam relevantes nessa elei��o � o n�merico. A tend�ncia que a gente est� vendo nos dados � de uma diminui��o da diferen�a, em pontos percentuais, na vantagem entre Lula e Bolsonaro ao longo da campanha. Quanto mais essa vantagem diminuir, mais essa diferen�a num�rica far� diferen�a, assim como o fato de as mulheres serem maioria entre os eleitores indecisos, que podem fazer a diferen�a ao se incorporarem a um ou outro candidato", destaca Gatto.

"Ent�o, as mulheres podem, sim, decidir essas elei��es."

Divis�o de prefer�ncia por g�nero come�ou em 2018

O segundo fator relevante quando se fala no papel das mulheres na elei��o de 2022 � o fato de elas apresentarem prefer�ncia muito diferente da dos homens na escolha do candidato � Presid�ncia.

De acordo com a cientista pol�tica Nara Pav�o, professora da Universidade Federal de Pernambuco, de 1989 a 2014, n�o havia uma diferen�a acentuada na prefer�ncia eleitoral de homens e mulheres nas elei��es para presidente. Os principais candidatos neste per�odo receberam propor��es semelhantes de votos de homens e mulheres.

Mas a partir de 2018, quando Jair Bolsonaro se candidatou � Presid�ncia pela primeira vez, come�ou a haver uma divis�o clara entre inten��es de voto de mulheres e homens.

Em rela��o � disputa presidencial de 2022, as pesquisas t�m indicado uma diferen�a de 11 a 18 pontos percentuais entre homens e mulheres. Por exemplo, pesquisa Genial/Qaest divulgada em maio mostra que 24% das eleitoras pretendem votar no atual presidente, contra 39% dos homens. J� o percentual das mulheres que pretendem votar em Lula � de 50%, enquanto o percentual de apoio entre homens � de 42%.

Al�m disso, entre as mulheres, 50% t�m avalia��o negativa do governo Bolsonaro, enquanto essa percep��o � compartilhada por 41% dos homens.

"Pela primeira vez, a quest�o do g�nero se destaca na prefer�ncia por candidato. Isso surge com a candidatura de Jair Bolsonaro. E, entre mulheres, a rejei��o a ele � muito maior que entre homens", destaca Nara Pav�o.

Mas por que a gest�o de Bolsonaro incomoda um percentual maior de mulheres que de homens?

Para a professora de ci�ncia pol�tica Malu Gatto, da University College London, h� tr�s explica��es para isso: o modelo de masculinidade que Bolsonaro representa e que inclui posi��es criticadas como machistas; a gest�o da pandemia; e o estado atual da economia.

"Essa quest�o da masculinidade pode estar em indo em ambas as dire��es, ou seja, diminuindo o apoio das mulheres, mas tamb�m aumentando o apoio dos homens. Ele tem uma postura que enfatiza solu��es tradicionalmente associadas ao masculino, como uma forma de governar mais agressiva, que inclui o culto � viol�ncia e �s armas", diz.

"Isso gera identifica��o com parcela dos homens, mas rejei��o entre mulheres. Al�m disso, muitas vezes o presidente classifica mulheres a partir de crit�rios est�ticos, o que novamente o aproxima de um p�blico masculino, mas pode afastar parte das mulheres."

Nara Pav�o, professora da Universidade Federal de Pernambuco, tamb�m destaca que algumas posi��es do governo Bolsonaro que geram identifica��o entre homens, como a pol�tica armamentista, incomodam parcela importante das mulheres.

"As mulheres se preocupam muito com o combate � criminalidade, mas n�o a qualquer custo. Muitas s�o m�es solo e t�m filhos que est�o na criminalidade ou filhos que podem ser alvo da viol�ncia policial nas favelas."

Preocupa��o com a sa�de

Outro tema central para as eleitoras � a sa�de e esse pode ser, segundo as especialistas, um dos fatores que acentuam a diferen�a de g�nero na prefer�ncia eleitoral.

"Sa�de � um tema caro �s mulheres, porque boa parte das tarefas de cuidado — e isso est� associado a estere�tipos de g�nero e � forma como somos socializadas — recai sobre elas. E a pauta da sa�de n�o teve centralidade no governo Bolsonaro", diz Nara Pav�o.

Gatto tamb�m destaca que a gest�o do presidente na pandemia pode ter acentuado esse "gap" (dist�ncia) na prefer�ncia eleitoral de homens e mulheres.

"Dados de opini�o p�blica coletados durante esse per�odo da pandemia mostravam como as mulheres estavam mais preocupadas e mais dispostas a aceitar pol�ticas p�blicas mais restritivas. Ou seja, as mulheres est�o mais propensas a apoiar o uso de m�scara, apoiar medidas de distanciamento social do que os homens e, na m�dia, estavam mais preocupadas com a pandemia", diz.

"Ent�o, pode ser que um outro fator impactando a maior rejei��o das mulheres a Bolsonaro e sua menor propens�o a apoiar Bolsonaro nesse cen�rio de 2022 seja justamente a maneira como ele atuou durante a pandemia."

O terceiro fator citado como capaz de influenciar a prefer�ncia eleitoral das mulheres � a forma como o tema da economia � abordado pelos candidatos a presidente.

Nara Pav�o argumenta que, para parcela importante das mulheres, n�o agrada a defesa de pouca interfer�ncia do Estado na economia, corte de gastos p�blicos, e promessas sobre privatiza��o — discursos muito utilizados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e Bolsonaro em si.

Pav�o destaca que as mulheres s�o, em muitos casos, as provedoras de suas fam�lias e principal refer�ncia de cuidado para filhos e outros parentes. Portanto, adotam uma postura pragm�tica em rela��o a propostas sobre economia e se engajam com pol�ticas que representem mudan�as diretas no seu dia-a-dia.

"N�o � que as mulheres n�o se preocupem com a economia. Elas se preocupam. Mas elas pensam a economia n�o em termos de desenvolvimento econ�mico. Elas pensam em termos de pol�ticas sociais", diz a professora da Universidade Federal de Pernambuco.

"O tema da economia n�o foi debatido pelo governo Bolsonaro em termos que se conectam com as mulheres. Grande parte delas gosta de gasto social. Ela quer educa��o, quer sa�de, porque precisa desse amparo para dar conta de todo o cuidado que recai sobre si."

Mulheres s�o mais adeptas � democracia


Mulher vota
Mulheres tendem a cumprir mais as regras e normas, e t�m maior apre�o pela democracia, diz professora da Universidade Federal de Pernambuco (foto: Tomaz Silva/Ag�ncia Brasil)

Nara Pav�o acrescenta um quarto elemento poss�vel para a diferen�a acentuada na opini�o de homens e mulheres sobre a elei��o presidencial: o fato de as mulheres terem mais apre�o pela democracia, segundo pesquisas de opini�o.

"As mulheres s�o muito mais democr�ticas do que os homens e est�o menos dispostas a abrir m�o da democracia. Isso se d� porque mulheres, em geral, respeitam mais regras e normas, at� porque elas s�o punidas socialmente num grau muito maior que os homens se desviam das regras", diz a professora.

Para Pav�o, o comportamento de Bolsonaro de criticar institui��es, questionar o sistema eleitoral e comprar briga com Judici�rio e Legislativo � mais mal visto por mulheres que por homens.

"Pensando que o governo Bolsonaro tem flertado com atitudes antidemocr�ticas, isso pode, sim, ser um ponto de aliena��o das mulheres", diz.

Mas Malu Gatto destaca que o presidente tem tempo para tentar reverter a rejei��o entre mulheres e lembra que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, j� est� participando de eventos com eleitoras para tentar conquistar esse p�blico.

"Em 2018, essa diferen�a por g�nero era uma novidade. Agora, Bolsonaro e a campanha dele j� t�m essa informa��o e podem trabalhar para minimizar esse impacto at� a elei��o de outubro", diz.

As mulheres indecisas poder�o definir resultado

Por enquanto, pesquisas eleitorais mostram Lula com 44% a 46% das inten��es de voto no primeiro turno, e Bolsonaro, com 29% a 32%. Por enquanto, grande parte da movimenta��o nas pesquisas tem vindo da transfer�ncia de votos de candidatos da chamada terceira via que desistiram de disputar, como o ex-juiz S�rgio Moro.

Nesta segunda (23), foi a vez de o ex-governador de S�o Paulo, Jo�o Doria, anunciar que n�o vai concorrer. Mas, conforme a campanha avan�a e as candidaturas se consolidam ou deixam de existir, a principal disputa por votos vai se dar no �mbito dos indecisos.

E a�, novamente as mulheres t�m papel fundamental. Segundo pesquisa Genial/Quaest de maio, 12% das mulheres ainda n�o escolheram um candidato. Entre os homens, esse percentual � de 7%.

"A psicologia comportamental fala sobre como mulheres tendem a ser mais avessas a risco do que homens. E isso tem a ver com informa��o. A gente ainda est� em maio e as elei��es s�o em outubro. Ent�o, eu acho que as mulheres est�o tentando entender um pouco mais o cen�rio pol�tico e acumular informa��es para n�o tomar uma decis�o precipitada", avalia Gatto.

"Essa diferen�a em pontos percentuais entre os indecisos homens e mulheres � importante. Uma das coisas que v�rios analistas pol�ticos est�o falando � que essa elei��o vai ser decidida pelas pessoas que ainda n�o declararam voto e que ainda n�o t�m certeza sobre os seus votos. E, no caso da elei��o para presidente, esse p�blico � composto majoritariamente por mulheres."

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