Na comitiva, entre outros, acompanharam o presidente o ministro das Rela��es Exteriores, Carlos Fran�a, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Segundo o Itamaraty, na reuni�o bilateral entre Brasil e Estados Unidos, os presidentes devem tratar de temas da c�pula, como a prepara��o para o enfrentamento de pandemias, a recupera��o econ�mica p�s-covid-19, desenvolvimento sustent�vel, energias limpas e minera��o. Al�m disso, tamb�m estar�o na mesa os impactos da guerra da R�ssia na Ucr�nia no suprimento de fertilizantes, assim como o efeito na seguran�a alimentar global.
O presidente afirmou ontem que, em conversa com Biden, dever� mostrar “o que � o Brasil”. Ele citou ainda temas como meio ambiente e seguran�a alimentar. Bolsonaro s� aceitou o convite ap�s Biden ter enviado um emiss�rio especial, Christopher Dodd confirmando que o receberia pessoalmente para um encontro.
“Eu n�o iria � C�pula. N�o iria aparecer em fotografia, mas foi feito um di�logo com o assessor do Biden. Foi acertado uma reini�o bilateral e vamos conversar com ele mostrando o que � o Brasil. Vamos falar sobre seguran�a alimentar. O mundo n�o vive mais sem o Brasil a n�o ser passando fome. Falar, se ele tiver alguma pergunta sobre a minha ida � R�ssia. L�gico, o que eu puder falar eu vou falar. O que eu n�o puder falar, n�o vou falar. N�o tenho conversa em off com nenhum chefe de estado do mundo”, apontou na ocasi�o.
No dia 8, questionado se o encontro seria um recome�o, Bolsonaro confirmou, mas ponderou que tudo "depende do que acontecer". "Ele n�o vai, no meu entender, querer impor algo que eu deva fazer na Amaz�nia. Eu acho que ele me conhece, conhece mais do que a mim, conhece a regi�o. N�o podemos relativizar a nossa soberania", afirmou.
"C�pula � um evento que sem o Brasil � bastante esvaziado. Terei uma reuni�o bilateral por 30 minutos com Biden, n�o sei o que ele vai falar de l� para c�, se entrar na quest�o ambiental j� sei como proceder. V�rios pa�ses querem relativizar a soberania da Amaz�nia, como se aquilo fosse algo do mundo, e n�o � assim. Ent�o n�o entra na discuss�o", completou na data.
Tamb�m hoje, Bolsonaro dever� interromper a agenda nos Estados Unidos para se pronunciar a respeito do pre�o dos produtos da cesta b�sica. A fala acontece ao vivo, durante o segundo F�rum da Cadeia Nacional de Abastecimento, transmitido pelo canal do Youtube da Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras).
J� no s�bado, o presidente viaja para Orlando, onde participar� da inaugura��o do vice-consulado brasileiro. O primeiro vice-presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores da C�mara, deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), apontou que o Brasil ter� um papel fundamental em temas como transi��o para a energia limpa e coopera��o em mat�ria de sa�de p�blica, al�m do enfrentamento ao aquecimento global. Para ele, � uma oportunidade do pa�s romper o isolamento internacional.
“Infelizmente, apesar de o Brasil ter muito a contribuir em ambas as �reas, a figura do presidente Bolsonaro aponta na contram�o da nossa imagem, de incentivar o desmatamento ilegal e negar a ci�ncia durante toda a pandemia. No entanto, a participa��o do Brasil na c�pula j� deve ser encarada como um ponto positivo. Esperamos que nosso pa�s retome a tradi��o diplom�tica de construir parcerias e desenvolvimento para a sua popula��o”, apontou.
No �ltimo dia 7, um grupo de entidades da sociedade civil, entre elas a Articula��o dos Povos Ind�genas do Brasil (APIB), e Greenpeace Brasil enviaram a Biden uma carta pedindo defesa da democracia e da causa ambiental, defendendo que “as negocia��es s� avancem quando o Brasil provar seu compromisso com a prote��o da floresta Amaz�nica”. Destacaram ainda a preocupa��o de a reuni�o bilateral ser usada para fins eleitorais, de sinaliza��o de alinhamento com a gest�o Bolsonaro.
Clima frio
Se por um lado h� a expectativa da diplomacia dos pa�ses de que Biden e Bolsonaro n�o aprofundem assuntos classificados como “delicados”, o presidente tamb�m acredita que n�o passar� por uma saia justa de ser questionado sobre o respeito ao sistema eleitoral brasileiro e sobre a Amaz�nia. Por�m, para Paulo Roberto Almeida, diplomata e ex-presidente do Instituto de Pesquisa de Rela��es Internacionais (Ipri), como Bolsonaro tem atacado reiteradas vezes o processo de elei��es no pa�s, amea�ado n�o cumprir decis�es da Corte e atacado reiteradas vezes os ministros, Biden n�o poder� fazer vistas grossas em meio � press�o que tamb�m enfrenta em rela��o a receber o chefe de Estado brasileiro.
“Ainda que n�o fale em p�blico, h� uma cobran�a para que ele reforce que confia que as elei��es no Brasil ser�o seguras. Na bilateral, n�o espero muito porque eles n�o se bicam. Se “congelaram” rela��o conforme o presidente do Brasil falou, foi porque ele teve atitude impr�pria. Essa reuni�o n�o vai ter resultados pr�ticos, mas devem assumir promessas de compromissos”, apontou.
Ainda no come�o da semana, Bolsonaro voltou a colocar em d�vida as elei��es americanas e alegou que o ex-presidente Donald Trump — que concorreu pela tentativa de reelei��o em 2020 — poderia ter raz�o em suas acusa��es sobre fraude, pois “estava muito bem” no pleito e que fica “com o p� atr�s”. O diplomata observou que n�o h� um clima de entendimento entre os dois presidentes.
“H� um clima frio entre eles por causa desse fator Trump e reiterada afirma��o que elei��es n�o foram totalmente transparentes. Biden talvez fale da China. Deve falar genericamente que existe esfor�o das autocracias de estender influ�ncia pelo mundo, mas que � necess�rio uma esp�cie de comunidade da democracia de pa�ses abertos”.
Outra pauta que dever� ser destaque na conversa privada, apontou, ser� o desaparecimento do indigenista da Funda��o Nacional do �ndio (Funai) Bruno Ara�jo Pereira e o jornalista ingl�s Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian.
“Biden vai pedir que o governo fa�a todo o esfor�o para encontrar os dois desaparecidos. Por�m, com o desmonte das pol�ticas ambientais, Bolsonaro � o co-autor desses crimes pois incita essa viol�ncia”.