
O encontro foi transmitido ao vivo pela TV Brasil, uma emissora p�blica, e durou 30 minutos. No pronunciamento, Bolsonaro citou o inqu�rito aberto pela Pol�cia Federal, em 2018, que apurou uma invas�o cibern�tica aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A nota de rep�dio foi assinada por mais de 50 organiza��es, como a Educafro, Abraji, Instituto Ethos, UNE, OXFAM, Instituto de Estudos Socioecon�micos, entre outros.
"As organiza��es subscritoras deste documento v�m a p�blico repudiar mais um ataque do presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, ao processo eleitoral brasileiro, com declara��es proferidas contra a Justi�a Eleitoral e seus membros por meio de informa��es falsas ou manipuladas, diante da comunidade diplom�tica mundial. Cobramos nominalmente dos Srs. presidente da C�mara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Procurador Geral da Rep�blica, Augusto Aras, a��es em defesa das elei��es. O sil�ncio de ambos � extremamente preocupante e denota complac�ncia e menosprezo com a democracia brasileira. Contradiz a disposi��o das institui��es que representam e as afronta", diz o comunicado.
"Durante 46 minutos, questionou a seguran�a do processo conduzido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base em alega��es falsas, desmentidas simultaneamente pelo Tribunal, e atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal. Usou ainda as For�as Armadas como elemento de press�o e amea�a, simbolicamente chancelada pela presen�a e participa��o do ministro da Defesa e ex-comandante do Ex�rcito, general Paulo S�rgio Nogueira", afirmou a nota.
As organiza��es questionam o fato de o presidente manter uma postura autorit�ria ao tratar de assuntos importantes para o pa�s: "O fato de o presidente negar o amplo reconhecimento e a confian�a internacional do sistema eleitoral brasileiro exp�s o pa�s a uma situa��o vexat�ria e serviu para comprovar � comunidade internacional o autoritarismo do presidente, que busca criar uma sa�da antidemocr�tica para n�o se submeter ao rito eleitoral regular".
"A fala de Jair Bolsonaro, ontem, soma-se a outros tantos potenciais crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente, que n�o tem sido responsabilizado por suas a��es por contar com a cumplicidade e coopta��o de institui��es de controle jur�dico e pol�tico, a quem caberia o exerc�cio de freios e contrapesos entre os Poderes. � o caso da Procuradoria Geral da Rep�blica, comandada por Augusto Aras, e da C�mara dos Deputados, presidida por Arthur Lira", complementa.
Quem tamb�m se posicionou contr�rio � postura de Bolsonaro em rela��o ao sistema eleitoral foi a Academia Brasileira de Ci�ncias (ABC). A entidade se manifestou afirmando que defende incondicionalmente o Estado Democr�tico de Direito.
"Nosso apoio � Justi�a Eleitoral e, em especial, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que t�m primado pela transpar�ncia das informa��es e pela busca da participa��o social ao mesmo tempo em que demonstram a todos a seguran�a das urnas eletr�nicas por meio de testes e informa��es cient�ficas irrefut�veis. Garantem, dessa forma, a lisura das elei��es no pa�s e a continuidade do processo democr�tico de acordo com as aspira��es da na��o", diz o texto.
"O povo brasileiro n�o pode ser alvo de farsas e mentiras que buscam destruir o nosso sistema eleitoral e impedir livre manifesta��o de suas escolhas nas urnas", afirma.
Negacionismo
A Uni�o Brasileira de Escritores (UBE) tamb�m lamentou o discurso do presidente contra o TSE. A entidade lembrou que o negacionismo defendido pelo presidente saiu do campo da ci�ncia, onde fez milhares de v�timas durante a pandemia, e chegou �s urnas.
"Assim como aceitamos a escolha em 2018, embora entristecidos e c�nscios do per�odo dif�cil que enfrentar�amos, consideramos fazer parte do jogo democr�tico respeitar as escolhas feitas pelos eleitores.Hipotecamos total solidariedade ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os escritores brasileiros, por n�s representados, n�o aceitar�o tentativas de golpe, movimentos de contesta��o da lisura das escolhas feitas no pr�ximo pleito em outubro", afirma o manifesto assinado pelo presidente da UNE, Ricardo Ramos Filho.
Preocupa��o
J� a Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Pol�tico (Abradep) manifestou sua preocupa��o sobre o atual momento de questionamento da lisura das elei��es brasileiras.
Por d�cadas, a Justi�a Eleitoral organiza e administra os processos eleitorais do Brasil, contando com legitimidade em sua atua��o, que a Constitui��o lhe conferiu, para garantir integridade nos procedimentos e lisura dos resultados. O sistema eletr�nico de vota��o � algo que pode e deve ser submetido ao escrut�nio p�blico, desde que este debate, que � leg�timo, seja feito com responsabilidade e racionalidade", questiona a entidade.
"No entanto, n�o se deve instrumentalizar um debate s�rio e leg�timo para outros fins que n�o sejam aqueles de aprimoramento dos procedimentos eleitorais. Presencia-se a constru��o de uma narrativa que parte deste debate, que, repita-se, � leg�timo, para provocar instabilidade pol�tica e colocar em d�vida a lisura dos resultados eleitorais", acrescenta.