
Ap�s sair da presid�ncia do Ita� em fevereiro de 2021, Candido Bracher afirma que "passou de executivo a reflexivo", deixando a responsabilidade de conduzir o maior banco privado do Brasil, para ter mais liberdade e tempo dispon�vel "para refletir sobre as quest�es do pa�s".
Atualmente membro do conselho de administra��o do Ita� Unibanco e da empresa americana de cart�es de cr�dito Mastercard, o executivo atua agora tamb�m como articulista, escrevendo mensalmente uma coluna para o jornal Folha de S. Paulo.
Nesta semana, por�m, ele deixou a se��o de opini�o e voltou �s p�ginas de not�cias, ap�s assinar, ao lado de outros banqueiros, empres�rios, artistas, juristas e personalidades, um manifesto em defesa da democracia.
A "Carta �s brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democr�tico de Direito" ser� lan�ada em evento na Faculdade de Direito da USP no dia 11 de agosto. Na segunda-feira (25/7), antes de ser aberta para assinatura do p�blico em geral, j� reunia mais de 3 mil nomes."S�o intoler�veis as amea�as aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incita��o � viol�ncia e � ruptura da ordem constitucional", diz trecho do manifesto.
"No Brasil atual, n�o h� mais espa�o para retrocessos autorit�rios. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solu��o dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das elei��es", acrescenta o documento.
'Uma manifesta��o preventiva'
"Numa situa��o dessas, quando nos aproximamos de uma elei��o t�o importante, n�s n�o dever�amos estar preocupados com a possibilidade de o resultado ser contestado", diz Candido Bracher, em entrevista � BBC News Brasil.
"Ent�o essa � uma manifesta��o preventiva, de pessoas que se preocupam com a democracia no pa�s e que, diante de sinais de que ela poderia estar amea�ada, se levantam e se manifestam", completa.
O executivo afirma, por�m, que n�o acredita na possibilidade de golpe ou de um epis�dio como a invas�o do Capit�lio no pa�s — quando americanos insatisfeitos com a vit�ria de Joe Biden e incitados pelas acusa��es de fraude feitas por Donald Trump invadiram o Congresso dos EUA, em 6 de janeiro de 2021.
"Eu, pessoalmente, n�o acredito que existe essa possibilidade [de golpe]. Inclusive porque a sociedade civil demonstra o seu compromisso com a democracia", diz o banqueiro.

Eleitor declarado e financiador da campanha de Simone Tebet (MDB), Bracher diz acreditar na possiblidade de v�-la no segundo turno das elei��es de outubro. Mas tamb�m afirma que um poss�vel novo mandato do petista Luiz In�cio Lula da Silva n�o o assusta.
"Eu n�o fico nem entusiasmado, nem tampouco assustado com a perspectiva de um novo governo Lula. Eu espero que, se isso vier a ocorrer, que eles tenham sido capazes de aprender com os erros que cometeram e saibam conduzir o pa�s e a economia de uma maneira mais competente. S�o pessoas inteligentes."
Bracher � filho do tamb�m banqueiro Fern�o Bracher (1935-2019), que foi presidente do Banco Central e um dos fundadores do banco BBA — vendido em 2002 ao Ita�, que se fundiria em 2008 ao Unibanco, criando o gigante financeiro Ita� Unibanco.
Formado em administra��o de empresas pela FGV (Funda��o Getulio Vargas), Candido come�ou sua trajet�ria profissional na Su��a, estagiando num banco em Zurique.
Passou por institui��es como Banco Itamarati, Banco da Bahia Investimento, Bahia Corretora, Banco de Desenvolvimento do Estado de S�o Paulo e pelo BBA de seu pai, at� assumir a presid�ncia do Ita� em 2017. Se aposentou em 2021, ao atingir a idade m�xima de perman�ncia no cargo, aos 62 anos.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista, em que Candido Bracher responde ainda sobre a responsabilidade do setor financeiro na elei��o de Bolsonaro em 2018; o impacto dos quatro anos de gest�o Paulo Guedes para a imagem do liberalismo no Brasil; e como, na sua vis�o, a classe mais alta pode contribuir para reduzir a desigualdade no Brasil.
BBC News Brasil - O senhor foi um dos signat�rios de um manifesto, ainda a ser lan�ado, em defesa da democracia, organizado pela Faculdade de Direito da USP e entidades da sociedade civil. O senhor avalia que a democracia brasileira est� em risco?
Candido Bracher - � o que est� dito no manifesto. Numa situa��o dessas, quando nos aproximamos de uma elei��o t�o importante, n�s n�o dever�amos estar preocupados com a possibilidade de o resultado ser contestado. De n�o ser aceito normalmente, como sempre foi.
Ent�o essa � uma manifesta��o preventiva, de pessoas que se preocupam com a democracia no pa�s e que, diante de sinais de que ela poderia estar amea�ada, se levantam e se manifestam.
BBC News Brasil - Mas, pessoalmente, o senhor acredita na possibilidade de um golpe ou de um epis�dio como a invas�o do Capit�lio aqui no Brasil?
Bracher - Eu, pessoalmente, n�o acredito que existe essa possibilidade. Inclusive porque a sociedade civil demonstra o seu compromisso com a democracia, com manifesta��es como essa que discutimos.
BBC News Brasil - Na avalia��o do senhor, o setor financeiro � de alguma forma respons�vel pela situa��o atual do pa�s, por ter apoiado a elei��o de Bolsonaro em 2018, por conta da agenda liberal de Paulo Guedes?
Bracher - Eu n�o associaria de jeito nenhum o setor financeiro ao Paulo Guedes.
Eu, pessoalmente, votei nulo nas �ltimas elei��es. Votei no primeiro turno no [ex-governador de S�o Paulo e atual vice na chapa petista Geraldo] Alckmin e, no segundo turno, votei nulo.
E eu acho que voc� atribuir ao setor financeiro os descaminhos do governo, os descaminhos da economia, � muito injusto. Voc� atribui ao agroneg�cio os descaminhos da economia? Atribui � ind�stria? Por que atribuir a um setor espec�fico?
BBC News Brasil - Minha d�vida � sobre o setor empresarial de maneira geral, porque � um setor que foi bastante vocal em 2018 das suas prefer�ncias por um candidato, em rela��o ao outro.
Bracher - Certo. Eu imagino que as pessoas n�o estejam contentes com o andamento das coisas no pa�s de uma maneira geral e da economia em particular, independente de em quem votaram.
O discurso liberal n�o se concretizou na pr�tica no pa�s. N�s continuamos tendo decis�es casu�sticas na economia e os liberais de fato n�o se sentem de forma alguma representados pela pol�tica econ�mica que foi implementada nesse governo.

BBC News Brasil - O economista Eduardo Giannetti, por exemplo, antes de o governo come�ar, estava muito preocupado com o Paulo Guedes assumir [o cargo de ministro da Economia] com esse discurso liberal. Ele falou em uma entrevista que isso poderia prejudicar a imagem do liberalismo no pa�s por um longo per�odo. Passados tr�s anos sob Paulo Guedes, o senhor acha que o Giannetti tinha raz�o na preocupa��o dele?
Bracher - Eu acho que certamente n�o contribuiu para a imagem do liberalismo. Os liberais t�m um trabalho pela frente de diferenciar o que � o liberalismo econ�mico, do que foi a pr�tica nesse governo. Ent�o acho que o Eduardo Giannetti, com sua sabedoria, previu um perigo real.
BBC News Brasil - Qual � o sentimento atual do mercado com rela��o �s elei��es? Os agentes seguem apoiando Bolsonaro ou j� h� quem apoie Lula ou pelo menos aceite ele como mandat�rio prov�vel, como apontam as pesquisas?
Bracher - Eu acho que o mercado financeiro est� dividido. Aqui eu posso estar um pouco influenciado por mim mesmo, e influenciado pela excelente entrevista que a [candidata � presid�ncia pelo MDB] Simone Tebet deu � (emissora) GloboNews esta semana.
Eu acho que est� e vai ficar dividido entre as tr�s candidaturas.
Tenho a impress�o de que, � medida que se divulgue o conte�do dessa entrevista, o mercado financeiro e as pessoas de uma maneira geral v�o ver que ali n�s temos uma democrata, uma pessoa equilibrada, com experi�ncia, com capacidade comprovada de gest�o e um discurso extremamente articulado.
De modo que eu acho que haver� um bom espa�o para d�vida nesses meses que nos separam da elei��o.
BBC News Brasil - Eu ia perguntar se o senhor pretende declarar voto nessa elei��o, mas essa fala j� me parece bem sugestiva do que o senhor est� pensando. O voto do senhor no primeiro turno vai ser ent�o para Simone Tebet?
Bracher - No primeiro e no segundo [turnos].
BBC News Brasil - E num eventual segundo turno que se desenrole como est� parecendo pelas pesquisas, entre Lula e Bolsonaro, com Tebet fora?
Bracher - Tem muito tempo entre hoje e o segundo turno. Eu pretendo, na medida das minhas possibilidades, apoiar essa candidatura da Tebet e v�-la no segundo turno.
BBC News Brasil - Segundo uma coluna do jornalista Guilherme Amado, do portal Metr�poles, o senhor doou quase R$ 200 mil para as campanhas do MDB e do PSDB. Como o senhor v� esse seu papel como doador nas campanhas e por que especificamente para esses dois partidos?
Bracher - De fato, eu fiz essas doa��es. Enquanto a campanha n�o se inicia oficialmente, s� � poss�vel doar para partidos. S� pode doar para candidatos a partir de meados de agosto. E eu pretendo doar para muitos candidatos. E de v�rios partidos, n�o s� de MDB e PSDB.
No Brasil, o Executivo chama tanta aten��o, que a gente acaba relegando um pouco a import�ncia do Legislativo. Acredito que apoiar candidaturas jovens, de pessoas com boa forma��o, que representem grupos diversos da sociedade, mas que sejam pautadas pela �tica, acho que isso � uma responsabilidade como brasileiros.
Eu n�o tenho hoje nenhum interesse num setor espec�fico da economia. N�o s�o doa��es que fa�o vinculadas aos interesses da empresa A, B ou C. Eu hoje sou uma pessoa aposentada, que tem investimentos, mas tenho interesse no bom funcionamento da economia, como qualquer brasileiro. E tenho interesse no bom funcionamento da democracia e acho que um Legislativo forte � condi��o essencial para isso.

BBC News Brasil - Voltando ao tema da economia, como o senhor avalia a performance do governo Bolsonaro nessa �rea?
Bracher - A gente precisa procurar ser equilibrado na avalia��o. N�o podemos esquecer que houve a covid, que foi um enorme acidente para o pa�s e na economia especificamente.
E aqui eu reconhe�o um m�rito do governo, de ter sido r�pido em reconhecer a gravidade da situa��o, em criar o Aux�lio Brasil, fazer uma pol�tica ativa de transfer�ncia de renda e impedir o que poderia ter sido uma situa��o muito mais grave.
BBC News Brasil - Mas empurrado pelo Legislativo, n�? Porque eles queriam um aux�lio de R$ 200 e pela press�o do Legislativo se chegou a um valor maior...
Bracher - � verdade, mas aqui precisamos tomar um pouco de cuidado. N�o podemos dizer que o governo n�o tem nenhum m�rito quando ele decidiu coisas empurrado pelo Legislativo e culp�-lo das coisas que ele quis fazer e o Legislativo n�o aprovou. Precisamos enxergar o governo como um todo.
Agora, o governo n�o prop�s uma reforma tribut�ria efetiva, n�o prop�s uma reforma administrativa efetiva, s� fez a reforma da Previd�ncia porque ela j� estava praticamente toda pronta. N�o � m�rito deles. A quest�o da abertura comercial do pa�s n�o avan�ou.
Nesse sentido, na �rea econ�mica, faltou articula��o. Unificaram todos os minist�rios econ�micos numa �nica �rea, dizendo que isso facilitaria o planejamento, que ganharia em efici�ncia, e n�o andou em nada do proposto.
Praticamente nenhuma reforma relevante foi encaminhada, afora a reforma do saneamento, que n�o � m�rito da �rea econ�mica, e a independ�ncia do Banco Central, que tem sido uma �rea isolada de bom desempenho dentro do aparato econ�mico do governo.
Sempre se pode discutir se as taxas de juros est�o subindo demais, se elas ca�ram demais antes, mas isso � ser um pouco "engenheiro de obra feita" e eu resisto a fazer isso. � muito f�cil criticar depois que passou. Quando voc� est� ali, no calor da hora, voc� n�o sabe direito. Hoje n�o h� d�vida de que precisamos conter a infla��o.
BBC News Brasil - E como o senhor v� a perspectiva de um poss�vel novo governo Lula?
Bracher - Olha, eu prefiro acreditar no novo governo Simone Tebet.
BBC News Brasil - Mas vamos falar desse cen�rio que parece hoje mais prov�vel, pelo que indicam as pesquisas.
Bracher - Eu n�o fico nem entusiasmado, nem tampouco assustado com a perspectiva de um novo governo Lula. Eu espero que, se isso vier a ocorrer, que eles tenham sido capazes de aprender com os erros que cometeram e saibam conduzir o pa�s e a economia de uma maneira mais competente. S�o pessoas inteligentes.

Essa � uma quest�o dif�cil, porque h� in�meros governos Lula poss�veis. Conforme quem do grupo do Lula est� falando, voc� pode ter uma impress�o completamente diferente. Ent�o � dif�cil falar sobre expectativas.
Uma pergunta dessas ser� muito mais facilmente respondida mais adiante no processo eleitoral, quando os candidatos ter�o sido obrigados a revelar mais das suas inten��es. Por enquanto, revelou-se muito pouco, ent�o fazer qualquer proje��o do que seria um governo Lula � irrespons�vel, � chute.
BBC News Brasil - Voltando ao manifesto, o documento destaca as profundas desigualdades sociais do pa�s. Como parte de uma das fam�lias mais ricas do Brasil, como o senhor acredita que a classe mais alta pode contribuir para mudar esse quadro?
Bracher - Eu acho que esse � talvez o maior problema do pa�s hoje, a quest�o da desigualdade. A outra quest�o que eu coloco como fundamental � a do meio ambiente.
Acho que uma coisa essencial, e que a gente d� pouca import�ncia, � que a elite e as pessoas de uma maneira geral precisam primeiro fazer o que fazem bem feito. Voc� precisa ser �tico naquilo que faz. Ent�o, se voc� trabalha em banco, � ter um banco �tico. Se trabalha em ind�stria, ter uma ind�stria �tica.
Voc� n�o compra uma indulg�ncia para agir mal profissionalmente tendo uma grande atividade filantr�pica.
Apoiar bons governos; apoiar medidas que estimulam a educa��o, que � fundamental, para que tenha mais igualdade de oportunidades; apoiar iniciativas que procurem criar igualdade de oportunidades no pa�s, seja atrav�s de cotas, da educa��o profissionalizante, das transfer�ncias de renda. Eu acho tudo isso fundamental.
No mais, acho que falta no Brasil uma cultura de doa��o. Fico impressionado quando voc� compara com outros pa�ses, como a doa��o � mais avan�ada. H� na nossa elite pouca compreens�o do alcance da doa��o, de como doar faz bem para quem doa.
Por outro lado, acho dif�cil cobrar isso das pessoas. � uma coisa que cada um deve fazer, na medida da sua capacidade.
BBC News Brasil - E como o senhor v� solu��es como taxa��o de grandes fortunas ou um aumento da taxa��o progressiva para que se cobre al�quotas maiores das pessoas mais ricas?
Bracher - Eu acho que merecem ser estudadas.
A taxa��o de grandes fortunas foi implementada em mais de uma dezena de pa�ses europeus e hoje s� est� presente em tr�s. E, nesses tr�s, representa parcela muito pequena da arrecada��o total. Ent�o n�o parece ser um imposto eficiente, porque tributa o estoque e n�o o fluxo. A taxa��o eficiente � sobre o fluxo, sobre a renda.
E eu tenho impress�o de que, no Brasil, o capital � pouco tributado. Acho que a al�quota que deve viger sobre o capital idealmente deve ser igual, pelo menos, a al�quota que vige sobre o trabalho. Hoje, no Brasil, o trabalho � mais tributado que o capital.
Agora, a forma de fazer [essa equaliza��o] precisa ser eficiente e equ�nime, porque o capital tem essa quest�o de que ele escapa. Na Europa, nos pa�ses em que isso n�o funcionou, � porque o dinheiro vai para outro pa�s. � uma quest�o muito complexa.
BBC News Brasil - Estamos vendo na Europa e nos Estados Unidos um movimento dos chamado super ricos, milion�rios e bilion�rios, reivindicando que eles sejam mais taxados, que se cobrem mais impostos dessa parcela da popula��o. O senhor v� a perspectiva de algo nesse sentido no Brasil ou isso � uma coisa muito distante da nossa cultura?
Bracher - N�o sei se � distante da cultura. E mesmo nos Estados Unidos, eu acho que isso � um discurso ainda de pouco conte�do.
O que aconteceu nesses dez anos de taxa de juros muito baixas, � que o valor dos ativos subiu muito. O patrim�nio das pessoas cresceu muito, a renda n�o necessariamente. E agora que as taxas de juros subiram, o patrim�nio das pessoas diminuiu novamente.
Se voc� olhar, todos esses bilion�rios devem ter perdido 20% a 30% do seu patrim�nio no �ltimo ano, porque as a��es ca�ram, as coisas todas ca�ram, o que mostra a dificuldade de voc� tributar estoque e n�o renda.
BBC News Brasil - O senhor tem se dedicado ao tema da crise clim�tica e �s quest�es ambientais. Como avalia o desempenho do governo Bolsonaro nessa �rea?
Bracher - Catastr�fico. N�o gosto de palavras muito pesadas, mas aqui n�o tem outra.
O desmatamento da Amaz�nia cresceu imensamente durante o governo Bolsonaro. E isso se deu de uma maneira que, se fosse num tribunal, e tivesse que decidir se isso � crime culposo ou doloso [cometido sem ou com inten��o, respectivamente], o juiz ia ficar em d�vida.
Porque n�o foi por in�pcia apenas, por incapacidade de fazer, a impress�o � que houve uma atitude deliberada de solapar os esfor�os de preserva��o da floresta.
Falta de apoio financeiro, desmantelamento do Ibama, da Funai, dos �rg�os de prote��o de uma maneira geral. Voc� chamar garimpo ilegal de "minera��o artesanal". Francamente, tem coisas que s�o acintosas. A forma como o ambiente foi tratado e especificamente a quest�o da Amaz�nia nesse governo.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62310759
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