![''Consideramos essas acusações [de Bolsonaro] gravíssimas. Obviamente, são absolutamente falsas e lamentamos que em contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por desinformação e notícias falsas. Convocamos o embaixador brasileiro na chancelaria, onde lhe enviaremos nota de protesto'' - Antonia Urrejola, chanceler do Chile(foto: AFP) Antonia Urrejola, chanceler do Chile](https://i.em.com.br/fmQ7YpJfhIAScf1Bkg-uX25fWTE=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2022/08/30/1389890/antonia-urrejola-chanceler-do-chile_1_37922.jpg)
Bras�lia – A declara��o do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate entre os candidatos � Presid�ncia, no �ltimo domingo, acusando o presidente do Chile, Gabriel Boric, de ter ateado “fogo em metr�” durante os protestos de 18 de outubro de 2019 e que pediam maior igualdade social, quando era ativista de esquerda, causaram rea��o no pa�s vizinho. O embaixador brasileiro no pa�s, Paulo Roberto Soares Pacheco, foi chamado � capital chilena para consultas sobre o caso, informou a chanceler Antonia Urrejola. O governo brasileiro n�o se manifestou sobre a rea��o chilena.
Em nota, o governo chileno afirmou: “O uso pol�tico da rela��o bilateral para fins eleitorais, baseado em mentiras, desinforma��es e deturpa��es, corr�i n�o apenas os la�os entre nossos pa�ses, mas tamb�m a democracia, prejudicando a confian�a e afetando a irmandade entre os povos”. O governo vizinho disse tamb�m que as falas de Bolsonaro “s�o inaceit�veis e n�o est�o de acordo com o tratamento respeitoso devido aos chefes de Estado ou com as rela��es fraternas entre dois pa�ses latino-americanos”.
Durante o debate na TV Bandeirantes, ao atacar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), seu principal advers�rio nas elei��es deste ano, Bolsonaro afirmou: “Lula apoiou o presidente do Chile tamb�m, o mesmo que praticava atos de tocar fogo em metr�s l� no Chile. Para onde est� indo o nosso Chile?”. “Consideramos essas acusa��es grav�ssimas. Obviamente, s�o absolutamente falsas e lamentamos que em um contexto eleitoral as rela��es bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinforma��o e das not�cias falsas. Convocamos o embaixador brasileiro na chancelaria em nome do secret�rio-geral de pol�tica externa, onde lhe enviaremos uma nota de protesto”, disse Urrejol.
Segundo o jornal chileno La Tercera, Urrejola afirmou que os chilenos est�o convictos de que n�o � assim que se faz pol�tica, ainda mais quando se trata de dois chefes de Estado eleitos democraticamente, e que, mesmo com as diferen�as ideol�gicas, deveria existir uma rela��o de respeito. A ministra das Rela��es Exteriores disse ainda que � preciso fortalecer a rela��o com o Brasil: “Esperamos poder continuar enfrentando os diferentes desafios como povos irm�os que somos, apesar dessas declara��es do presidente Bolsonaro”. Ainda conforme a publica��o, quando Gabriel Boric soube das declara��es de Jair Bolsonaro, procurou Urrejola para, com ela, conversar sobre como responder.
Boric, de 35 anos, � ex-l�der estudantil e o presidente mais jovem da hist�ria do Chile. Sua vit�ria representou guinada � esquerda no pa�s e rompeu com tr�s d�cadas de altern�ncia entre os partidos de centro, desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, nos anos 1990. No in�cio deste ano, Bolsonaro se recusou a ir � posse de Gabriel Boric e enviou o vice-presidente Hamilton Mour�o (Republicanos).
No debate, Bolsonaro citou tamb�m os governos da Argentina, Venezuela, Col�mbia e Nicar�gua. “O nosso prezado presidente Lula apoiou, na Nicar�gua, Ortega, que agora persegue crist�os, prende padres, expulsa freiras. Uma persegui��o religiosa sem tamanho. E quando ele � questionado sobre isso, ele diz: 'N�o devemos meter o nariz em outros pa�ses'”, afirmou o presidente brasileiro.
Em suas transmiss�es semanais de quinta-feira, Bolsonaro tem criticado esses governos vizinhos, ressaltando que o Brasil estaria recebendo da Venezuela “mais de 500 pessoas por dia “fugindo da fome, da mis�ria, da viol�ncia”. J� as cr�ticas sobre a Argentina incluem a economia do pa�s, e sobre a Col�mbia o susposto fato de que o presidente Gustavo Petro defende a libera��o de drogas e liberta��o de presos. Em entrevista ao “Jornal Nacional”, na semana passada, Bolsonaro evidenciou, propositalmente, uma “cola” em sua m�o esquerda com as palavras: "Nicar�gua", "Argentina", "Col�mbia" e "Dario Messer", tamb�m conhecido como "o doleiro dos doleiros".