
"N�o � correto dizer que o trem est� nos trilhos. N�o est�. Quando o governo assumiu, a situa��o era ca�tica. Eu vi. O governo fez um grande ajuste de custeio da m�quina. Reduziu muito. Foi louv�vel. Mas o custeio representa um pouquinho de nada do or�amento. N�o resolve o problema", afirmou, ao participar do "EM Entrevista", podcast de Pol�tica do Estado de Minas.
Brant atribuiu ao Novo o que chamou de "desd�m" da pol�tica e se queixou do fato de Zema t�-lo ouvido por "pouqu�ssimas vezes. Leia abaixo os principais pontos da entrevista, que pode ser vista na �ntegra no canal do Portal Uai no YouTube.
Oficialmente, o vice-governador precisa ser demandado para atuar. O senhor se sente inquieto ao estar em um cargo com essas caracter�sticas?
O vice transita entre a omiss�o e a intromiss�o. Ele n�o pode se intrometer porque n�o � governador e n�o tem a caneta, mas n�o pode se omitir. Quando ele perceber que tem alguma coisa que discorda de maneira substantiva, tem a obriga��o, por lealdade, de chamar o governador e conversar. Fiz isso com Zema v�rias vezes. Pouqu�ssimas vezes ele me ouviu, porque minha diverg�ncia era conceitual, em rela��o � vis�o do Novo, pela qual ele sempre optava.
Caso Pestana ven�a, qual ser� a sua primeira "intromiss�o" a respeito de projetos que quis emplacar com Zema, mas n�o conseguiu?
Vou ter que me intrometer pouco, porque concordo 90% com Pestana. Temos muitas afinidades, por exemplo, quanto � quest�o do Regime de Recupera��o Fiscal (RRF). O governo tem de fazer um acordo com a Uni�o, mas um acordo altivo. O governo n�o pode fazer uma negocia��o em que discute com t�cnicos do Tesouro Nacional. A negocia��o deve envolver o governador e o presidente. O acordo tem de ser discutido no n�vel da pol�tica. N�o estamos tratando da d�vida de um armaz�m com um banco; � o segundo maior estado do Brasil com a Uni�o. Voc� n�o pode fazer um acordo que inviabilize as pol�ticas p�blicas em Minas.
Por que o senhor acha que a Recupera��o Fiscal vai inviabilizar as pol�ticas p�blicas?
(O RRF) vai gerar uma s�rie de estrangulamentos; obriga o governo a vender todas as empresas. N�o sou contra a privatiza��o, mas o estado n�o pode ser obrigado a privatizar por motivos ideol�gicos. A Cemig pode - ou n�o - ser privatizada. N�o � por uma ideologia que voc� deve vend�-la. � uma empresa lucrativa, que pode - ou n�o - ficar nas m�os do estado. Hoje, pelo acordo da Recupera��o Fiscal, Minas ter� de vender Cemig, Copasa e Codemig, que s� gera receitas ao governo. Por que privatizar a joia da coroa? � fundamental um acordo com a Uni�o. N�o podemos viver de liminar (que suspende o pagamento da d�vida).
Os debates sobre o Rodoanel est�o sendo bem tocados?
As pessoas que est�o conduzindo, (como) Fernando Marcato (secret�rio de Infraestrutura e Mobilidade), s�o qualificados. O problema, outra vez, � pol�tico. Um Rodoanel n�o pode ser aprovado sem o consenso das prefeituras de BH, Betim e Contagem. Ser� que os tr�s prefeitos est�o fazendo isso por birra? O governador n�o pode terceirizar a pol�tica. � um assunto para ele conversar com os prefeitos. � indeleg�vel. Como o Novo trata a pol�tica com certo desd�m, n�o acha que a pol�tica � importante e que o papel do governador � gerenciar, a pol�tica fica relegada. Como o governador n�o assume, ningu�m pode assumir.
O que significa o "desd�m" da pol�tica que o senhor atribui ao Novo?
O Novo tem uma vis�o muito soberba da pol�tica. Ele acha ter a raz�o e as respostas t�cnicas, com muita dificuldade para dialogar com quem pensa diferente. A realidade � muito complexa, e Minas tem problemas demais. Eu n�o sou o dono da verdade. Tenho de dialogar. Em uma mesa de di�logos, voc� tem de tentar persuadir as pessoas, mas estar aberto a ser persuadido.
A pol�tica, para o Novo, � como se fosse um mal necess�rio, e a Assembleia, um obst�culo. Quem acredita na pol�tica, tem vis�o contr�ria: acho que a Assembleia ajuda. O ponto de vista da Assembleia � t�o leg�timo - ou mais - que o do Executivo.
Ent�o o senhor n�o faz obje��es ao papel do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PSD), na condu��o da Recupera��o Fiscal?
� terceirizar a culpa. Agostinho n�o tem esse poder todo. Quando ele coloca em vota��o projetos do governo, que recebem 55 votos contr�rios e dois a favor... Ser� que Agostinho � esse super-homem? � muito f�cil dizer que a culpa � da Assembleia ou de Agostinho. Voc� pode questionar uma ou outra atitude dele, mas se o governo n�o se questionar (e dizer) "onde eu errei", n�o vai mudar. Na nossa Rep�blica, a fun��o essencial do Executivo � conquistar a maioria no Parlamento. � poss�vel, e n�o � fazendo "toma l�, d� c�". Se o governo fracassa nesse objetivo, est� comprometido.
Um exemplo: essa coisa do "ajuste" de Minas. N�o � correto dizer que o trem est� nos trilhos. N�o est�. Quando o governo assumiu, a situa��o era ca�tica. Eu vi. O governo fez um grande ajuste de custeio da m�quina. Reduziu muito. Foi louv�vel. Mas o custeio representa um pouquinho de nada do or�amento. N�o resolve o problema. Vale como uma coisa simb�lica.
O que iria resolver? Um projeto, do in�cio do governo, prevendo coisas para reestruturar a situa��o econ�mica de Minas, (com) privatiza��es de Cemig, Copasa, Codemig, Gasmig e a Recupera��o Fiscal. Quais desses projetos foram aprovados? Nenhum. Por que a situa��o de Minas melhorou? O caixa melhorou por causa da infla��o. A receita tribut�ria cresceu abruptamente pelo aumento do pre�o de todos os produtos - principalmente os combust�veis e a energia. Esse salto, sem aumento de despesa, gerou folga financeira.
O ajuste de Minas est� por ser feito. A d�vida aumentou R$ 40 bilh�es, e as quest�es da previd�ncia e dos restos a pagar continuam. O equacionamento ficou para agora, porque o governo n�o conseguiu base na Assembleia. O caixa est� sob controle. A situa��o econ�mica, estrutural, � muito grave.
