
Os produtos vendidos por eles se tornaram um s�mbolo das elei��es presidenciais de 2022: as toalhas com os rostos de candidatos, cujas vendas passaram a ser consideradas um term�metro da prefer�ncia dos eleitores nas urnas.
S�o profissionais que fazem parte do contingente 39,3 milh�es de trabalhadores informais existentes no Brasil, que representam quase 40% da popula��o ocupada no pa�s, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica).
O n�mero de trabalhadores informais no Brasil registrado em julho — dado mais recente dispon�vel — � o maior da s�rie hist�rica do IBGE, com in�cio em 2012.
Ainda segundo dados do IBGE, o Brasil somava 1,1 milh�o de trabalhadores ambulantes e feirantes em junho deste ano, com uma renda m�dia mensal de R$ 1.163, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios) Cont�nua, compilados pelo economista Cosmo Donato, da LCA Consultores.Os comerciantes informais de S�o Paulo ouvidos pela BBC News Brasil t�m rela��es de trabalho diversas: alguns s�o trabalhadores por conta pr�pria, outros pequenos empres�rios que contratam funcion�rios em suas barracas nas vias p�blicas e outros s�o esses funcion�rios.
S�o homens e mulheres, com idades que v�o dos 30 aos mais de 50 anos, evang�licos e cat�licos em sua maioria — mas h� tamb�m ateus e sem religi�o. Eles compartilham trajet�rias comuns, de desemprego ou busca por melhores oportunidades, que levam ao trabalho nas ruas, mesmo sob o risco constante de ter a mercadoria apreendida pelo "rapa".
� BBC News Brasil, eles falaram sobre suas hist�rias, como est�o vendo a atual situa��o da economia, da pol�tica e as elei��es de 2022.
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � a escolha preferida da maioria dos comerciantes informais ouvidos, refletindo as pesquisas eleitorais para a Regi�o Metropolitana de S�o Paulo. Mas Jair Bolsonaro (PL) e candidatos da terceira via tamb�m s�o citados.
Na �ltima pesquisa Ipec (instituto criado por funcion�rios do antigo Ibope) para o Estado de S�o Paulo, publicada em 6 de setembro e com campo realizado entre os dias 3 e 5 deste m�s, Lula registrou 44% da inten��o de voto no Estado, ante 28% para Bolsonaro, 6% para Ciro Gomes (PDT) e 5% para Simone Tebet (MDB) na pesquisa estimulada — a margem de erro � de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Na Regi�o Metropolitana de S�o Paulo, Lula tinha 46%, contra 23% de Bolsonaro, uma dist�ncia de 23 pontos percentuais. No interior do Estado, Lula registrava 41% das inten��es de voto na pesquisa estimulada, ante 33% de Bolsonaro, dist�ncia de apenas 8 pontos.
As entrevistas publicadas abaixo n�o s�o parte de uma pesquisa eleitoral, mas apenas de um retrato do que pensam alguns dos trabalhadores informais da capital paulista.
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'Votei no Bolsonaro, mas me arrependi'
O baiano A�cio C�sar Sobrinho, de 48 anos — 33 deles passados trabalhando na Rua 25 de Mar�o, um dos principais centros de com�rcio popular de S�o Paulo — � parte de um grupo que est� ajudando a definir as elei��es de 2022.
Ele votou em Bolsonaro em 2018, mas agora pretende votar em Lula.
"Eu votei no Bolsonaro, mas me arrependi, porque ele fala muita besteira", diz A�cio, que � casado e pai de seis filhos.
"Votei acreditando que ele ia mudar o nosso pa�s, mas depois que eu vi o que ele fez, s� fez besteira. Achei o Bolsonaro p�ssimo. Por exemplo, na �poca da pandemia, as vacinas j� podiam estar na nossa m�o e ele l� dando uma de louco, falando que [quem tomasse a vacina] ia virar jacar�. Isso � coisa de um presidente do nosso pa�s, que governa uma na��o, falar?", questiona o comerciante, que � propriet�rio de uma barraca, onde emprega uma funcion�ria.

A�cio mora em Guaianazes, na zona leste de S�o Paulo, e se diz sem religi�o — ele acredita em Deus e Jesus Cristo, j� frequentou as igrejas evang�lica e cat�lica, mas hoje n�o tem mais o costume de frequentar nenhuma das duas. Quando chegou na 25 de Mar�o, h� 33 anos, ele conta que o que dominava na rua era o com�rcio de bijuterias. Agora, s�o as roupas.
Na sua barraca, o que vende mais s�o as roupas e acess�rios de anime (desenhos animados de origem japonesa, como Naruto), mas as toalhas de candidatos e acess�rios para a Copa do Mundo d�o uma ajuda, em meio �s vendas desaquecidas.
"O com�rcio est� muito fraco, em 33 anos, nunca vi uma �poca dessas. Depois da pandemia, caiu drasticamente e, mesmo com a abertura, n�o voltou nem � metade", calcula.
"Para voc� ter uma ideia, a gente vendia na faixa de R$ 2 mil a R$ 3 mil [por dia] nessa �poca de setembro a dezembro, at� o Natal. Hoje vende R$ 300 a R$ 400, olha a diferen�a, o tanto que caiu. N�o est� f�cil para n�s aqui na rua. No com�rcio em geral, meu amigo aqui que tem loja [ele aponta para a loja em frente � sua barraca] est� na mesma situa��o. Ele paga R$ 40 mil de aluguel e diz que tem m�s que n�o consegue tirar nem para o aluguel."
A�cio compra as toalhas de candidatos no Br�s, por R$ 15, e revende por R$ 30 ou duas por R$ 50, se o cliente quiser negociar. Ele vota em Lula mas, na sua barraca, o consumidor escolhe a toalha que quiser, seja do petista ou de Bolsonaro.
"Meu interesse � o dinheiro, eu sou comerciante."
Da fama nas redes � batida do 'rapa'
Osvaldo Pires Valentim, o Osvaldo das Toalhas, � um dos vendedores que ganhou fama na internet, ao promover suas vendas atrav�s de um placar que mostrava quantas toalhas de cada candidato eram vendidas. A pr�tica que virou meme nas redes sociais ficou conhecida como "DataToalha", um trocadilho com o instituto de pesquisas DataFolha.
Osvaldo tamb�m apareceu em diversas reportagens, ap�s o ator Bruno Gagliasso comprar dele 20 toalhas de Lula para dar de presente aos amigos.
Com a fama e o endere�o fixo — uma rua do bairro nobre dos Jardins, nas imedia��es da Av. 9 de Julho —, Osvaldo levou uma batida do "rapa", perdendo toda sua mercadoria no in�cio deste m�s.
"Foram R$ 7 mil a R$ 10 mil de preju�zo, levaram meu estoque de meses, eu tinha um carrinho de supermercado e duas malas lotadas [de produtos]", lamenta Osvaldo.
Al�m do placar — que no dia da visita da BBC News Brasil (09/09), marcava 292 toalhas de Bolsonaro vendidas, contra 208 de Lula, na contagem iniciada em 1º de julho —, o varal de Osvaldo chama a aten��o por uma peculiaridade: as toalhas de Simone Tebet, do MBD.
"O pessoal passava aqui e eu mostrava toalha do Lula e do presidente [Jair Bolsonaro]. Teve uma vez que uns cinco carros passaram dizendo: 'Nem um, nem outro. Voc� n�o tem terceira via?' A� eu comecei a perguntar quem: Simone Tebet ou Ciro Gomes? E a Simone Tebet ficou mais pedida do que o Ciro Gomes", lembra o ambulante.
Um dia, a pr�pria Simone Tebet foi ao ponto de Osvaldo. "No fim, eu tive que mandar fazer a dela, porque meus fornecedores tinham medo de encalhar. J� vendi 48 unidades."
Osvaldo j� foi porteiro, seguran�a, manobrista, taxista e motorista de Uber. Aos 49 anos, o morador de Carapicu�ba, na Grande S�o Paulo, passou a trabalhar como vendedor ambulante nas ruas da capital ap�s perder o carro, apreendido depois de um acidente.
Na esquina onde ele trabalha, divide a aten��o dos motoristas que param no sem�foro com um vendedor de panos de ch�o, outro de palhetas para limpador de para-brisa e dois malabaristas, um equilibrando bolinhas coloridas e o outro claves, em cima de uma escada de duas pernas.

Casado, sem filhos e evang�lico, Osvaldo � eleitor de Bolsonaro, mas diz amar todas as pessoas, independente das prefer�ncias pol�tico-partid�rias delas, como aprendeu com Jesus.
"Ouvi uma frase do Silvio Santos uma vez que achei muito importante. Ele falou o seguinte: as pessoas maximizam a falha na outra pessoa. � pr�prio do ser humano isso", diz Osvaldo, sobre as cr�ticas � gest�o de Bolsonaro.
"Vamos maximizar o que foi melhor. Por exemplo, uma obra de levar �gua l� para o sert�o, para o povo pobre e sofrido do Nordeste. Por que os governos do PT mandaram trilh�es para pa�ses estrangeiros quando o Brasil � carente de muita coisa?", questiona o comerciante, citando tamb�m o Pix, a redu��o do n�mero de radares nas rodovias federais e o corte do ICMS sobre os combust�veis como feitos positivos do presidente.
No Jardins, a toalha grande sai a R$ 60 e a pequena a R$ 20, mas Osvaldo negocia se o cliente chorar.
Toalhas como forma de di�logo pol�tico
"Vender toalhas tamb�m � uma forma de ter um di�logo pol�tico", diz T�nia Chaves, de 36 anos e vendedora de toalhas aos domingos na Av. Paulista fechada para carros e aberta para lazer.
Moradora de Interlagos, na zona sul de S�o Paulo (a 20 km da Pra�a da S�, na regi�o central da cidade), o varal de T�nia se destacava no dia da visita pela BBC News Brasil (4/9) por ser o �nico naquele dia com toalhas tanto de Lula, como de Bolsonaro — os tr�s outros vendedores que trabalhavam naquele domingo na Paulista tinham apenas material do l�der das pesquisas eleitorais.
Casada, sem filhos e cat�lica n�o praticante, T�nia aproveita a venda sazonal de toalhas dos candidatos para complementar a renda da comercializa��o de seu produto principal, que s�o porta-temperos de vidro, em suportes de madeira.
"Num dia bom, vendo de R$ 800 a R$ 1 mil em material de elei��o, e na mesma faixa em porta-temperos. Mas meu produto � mais sazonal, depende do fluxo de turistas na cidade, j� as faixas e bandeiras [dos candidatos e do Brasil] est�o muito mais valorizadas nesse momento, por conta da elei��o", diz a vendedora.
T�nia compra o material de elei��o na regi�o da Santa Ifig�nia, no centro de S�o Paulo, por R$ 15 a R$ 20, e vende as toalhas por R$ 40 e a bandeira do Brasil por R$ 50.
"A do Lula vende mais, mas o 7 de setembro impulsionou as vendas de bandeiras do Brasil. Nos atos do Bolsonaro, as pessoas priorizam mais a bandeira do pa�s, do que a do Bolsonaro. S�o mais aquelas tiazinhas que compram, as tiazinhas do Bolsonaro", diz T�nia, acrescentando que o material de Lula tem mais sa�da entre a faixa et�ria mais nova, a "molecada".
Apesar de vender toalhas dos dois candidatos, T�nia diz desaprovar a polariza��o. "S�o onze op��es de voto e essa polariza��o n�o � bacana para a gente", afirma.

A vendedora vai de Ciro Gomes no primeiro turno. "O Ciro para mim � um candidato que n�o est� pendurado em cargo pol�tico todo ano, � uma pessoa que p�e ideias novas — �s vezes parece tudo mirabolante, mas ele est� tentando ver al�m do muro."
Questionada sobre por que n�o vende toalhas de Ciro, ela explica que n�o existem toalhas do candidato do PDT no mercado. "N�o tem, nem que eu quisesse [comprar] e tamb�m as pessoas ficam na polariza��o mesmo", lamenta.
Mesmo contr�ria � dualidade, T�nia diz j� ter escolha para um poss�vel segundo turno entre Lula e Bolsonaro.
"Lula. Porque eu tenho um �nico pensamento: em quatro anos, a gente n�o consegue mais tirar o Bolsonaro. Mas eu tenho certeza de que, se acontecer alguma coisa com a candidatura do Lula, se alguma coisa surgir, ele sair� de boa. Acho que ali � mais democr�tico do que aqui."
'Sou partid�rio, tenho lado'
Para al�m dos comerciantes mais pragm�ticos, h� um outro perfil entre os vendedores de toalha: os militantes pol�ticos que vendem toalhas apenas de um candidato.

"Eu sou partid�rio, tenho lado. N�o vendo [material do Bolsonaro]. � a mesma coisa que voc� perguntar se eu venderia toalha do [ditador nazista Adolf] Hitler", diz Yuri Ribeiro dos Santos, de 33 anos e morador do Jardim Helena, na zona leste de S�o Paulo.
Comerciante nas vias p�blicas h� seis anos, ele � um dos vendedores da Av. Paulista que trabalham apenas com toalhas, camisetas e bottons de Lula.
"Bolsonaro para mim foi um desastre. N�o s� para mim, mas para a na��o brasileira. Na condu��o da pandemia, aquela situa��o que teve em Manaus. Morreu muita gente por culpa da neglig�ncia do governo. E a� eu vou colocar a toalha do cara para vender a�?", questiona.
"Eu n�o penso s� em dinheiro. Acho que se eles [os outros vendedores] querem vender dos dois, eles vendem. Eu n�o vendo por que sou filiado ao PT e n�o divulgo a imagem de um cara que eu acho que � fascista", afirma o vendedor.
Solteiro, sem filhos e ateu, antes de vender nas ruas, Yuri foi l�der de hospedagem num hospital voltado ao p�blico de alta renda. Quando n�o vende material pol�tico, ele trabalha em shows com material dos artistas e em grandes eventos, como Carnaval e a Parada Gay.
"N�o tem outro caminho para a gente, nos dias de hoje, a n�o ser a pol�tica. Porque fora da pol�tica, � guerra. Estamos vendo a guerra entre R�ssia e Ucr�nia: ali acabou o di�logo pol�tico", diz Yuri.
"Ent�o a pol�tica � um caminho mais vi�vel para resolvermos nossos conflitos. Eu acredito numa revolu��o. Acreditava mais antigamente, mas ainda hoje acredito. Mas acho que n�o estamos no momento de radicalizar as coisas, acho que tomando o Congresso com a for�a popular, vamos conseguir um resultado melhor, sangrando menos."

Adinaldo Aparecido Lemos Batista, de 55 anos, j� foi da Congrega��o Crist� do Brasil, mas diz que no momento "est� parado, porque esse neg�cio de religi�o virou com�rcio".
"Estou meio 'descren�ado' por causa dessa pol�tica. A Congrega��o Crist� n�o prega para a turma neg�cio de pol�tica, porque ela � contra igreja misturar com pol�tica. Mas o povo da Congrega��o virou pol�tico, porque eles est�o com o golpe, est�o junto com Bolsonaro. Eu n�o apoio esse tipo de coisa, por isso estou meio afastado", explica o vendedor ambulante.
Paranaense, filho de mineiro e morador de S�o Paulo h� muitos anos — atualmente no Planalto Paulista, bairro da zona sul —, ele j� trabalhou como assessor parlamentar na C�mara de Limeira e foi candidato a vereador na cidade do interior paulista em 2020 pelo PT, com o nome Batista do Mega Fone, tendo recebido 64 votos, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ele tem uma empresa de pintura, que est� parada, ent�o faz bicos como vendedor de cerveja, refrigerante, pipoca e algod�o-doce na praia ou de material pol�tico na cidade.
"Eu fiquei 580 dias na vig�lia Lula Livre em Curitiba. Trabalhei mais de um ano volunt�rio, da� comecei vendendo materiais l� e depois continuei vendendo. A gente trabalha para a luta", afirma.
Ele compra as toalhas de Lula na 25 de Mar�o por cerca de R$ 20 e revende por R$ 35.
"O Lula ganha essa elei��o direto, n�o vai dar segundo turno. Hoje o tempo est� ruim, n�o deu quase ningu�m e j� vendi mais de 15 toalhas. Domingo vendemos na faixa de R$ 800 a R$ 1.200, entre toalhas e as outras coisas. No s�bado, s�o de R$ 400 a R$ 600", calcula.
'Escolher entre tomar leite ou comer carne n�o deveria acontecer'
Para Vanessa Andrade, de 42 anos, evang�lica e vendedora de roupas infantis e sazonais na Rua 25 de Mar�o, a escolha pelo candidato petista tem raz�es econ�micas.
"Eu sou do Lula. Sempre votei no PT, porque ele envolve o trabalhador, porque eu trabalhava na rua em 2013 e tinha dinheiro na rua, pela situa��o que estamos vivendo hoje de ter o leite a R$ 10. Eu tenho condi��es e consigo manter minha fam�lia, mas e quem n�o tem? Escolher entre tomar leite ou comer carne � uma situa��o a que nunca se deveria chegar", afirma.
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"Eu cheguei a ter loja e perdi minha loja durante a pandemia. Eu vendia vestidos de festa, mas com dois anos parados, eu tive que fechar a loja e peguei essa banca", relata.
"Ele [Bolsonaro] atrapalhou demais, as decis�es dele na pandemia demoraram demais, por n�o acreditar no que poderia acontecer. Eu entendo, ele � um ser humano, mas atrapalhou."
Vanessa compra as toalhas de Lula e Bolsonaro no Br�s, a R$ 10, e vende entre 50 e 60 por dia por R$ 25 cada. No geral, as toalhas de Lula vendem mais, afirma, mas o 7 de setembro impulsionou as vendas de material de Jair Bolsonaro e deixaram ela na d�vida sobre o desfecho das elei��es.
"Depois dessa manifesta��o do 7 de setembro, eu n�o sei pontuar o que vai acontecer. Porque era muita gente apoiando ele [Bolsonaro] e aqueles que est�o indecisos podem ir pelo oba-oba", avalia.
A baiana Idei Ribeiro Soares, de 33 anos e funcion�ria em uma barraca a poucos metros dali, tamb�m tem cr�ticas � situa��o da economia brasileira.
"Est� muito dif�cil, principalmente no supermercado, o pre�o das coisas est� um absurdo. Para o pobre viver est� complicado, porque h� tempos que o sal�rio n�o sobe e as coisas s� aumentam. Ent�o para a m�e e o pai de fam�lia est� muito ruim", afirma.

M�e de tr�s filhos e cat�lica, ela era merendeira em Umburanas, na Bahia, mas conta que perdeu o emprego por quest�es pol�ticas locais. "Tinha que votar em que eles quisessem e, para mim, n�o funciona desse jeito. Eu tenho livre-arb�trio, eu voto em quem eu quiser."
Segundo Idei, ela foi demitida por n�o seguir a orienta��o de voto. Como a cidade � pequena e as �nicas fontes de renda s�o os empregos ligados � Prefeitura ou os benef�cios sociais e aposentadorias, foi para S�o Paulo, em busca do sustento dos filhos.
Com a mudan�a, a comerciante ainda n�o transferiu o t�tulo de eleitora. "Eu n�o voto aqui, mas se fosse votar, n�o ia nem em Lula, nem em Bolsonaro. Ia na Simone [Tebet] ou no Ciro, porque tem que dar oportunidade para outras pessoas", afirma.
Al�m do que recebe na barraca, Idei conta com o Aux�lio Brasil, elevado a R$ 600 at� dezembro. Ela afirma, por�m, que isso n�o faz ela querer votar em Bolsonaro.
"Ele n�o est� nos dando nada, isso � um direito nosso. Ele d� isso, mas quando a gente vai ao mercado, vai embora praticamente tudo. Ent�o ele n�o est� ajudando, ainda mais que ele vem fazer isso logo pr�ximo da elei��o", afirma.
"O governo Bolsonaro nunca foi de ajudar os mais necessitados, � um governo para pessoas que t�m dinheiro, n�o � um governo da classe mais pobre. � assim que eu vejo."
As toalhas da barraca onde Idei trabalha s�o compradas por R$ 16 no Shopping Saara, na pr�pria 25 de Mar�o, e revendidas a R$ 30. Saem entre 10 e 20 toalhas por dia, mas o movimento n�o � mais o mesmo de quando come�ou a febre pelo produto, lamenta a comerciante.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62963712
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