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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Presidenci�vel pela 4� vez, Ciro tem longo hist�rico de cargos e pol�micas

Ciro deixou seis cargos antes do t�rmino, sempre para disputar posi��es mais altas na hierarquia pol�tica


28/09/2022 05:35 - atualizado 28/09/2022 08:06

Ciro caminha entre simpatizantes
Ciro caminha entre simpatizantes (foto: ERNESTO BENAVIDES / AFP)
Em sua quarta -e anunciada por ele mesmo como �ltima- candidatura � Presid�ncia, Ciro Gomes (PDT) chega � reta final de campanha com os pr�s e contras de ser pol�tico h� 40 anos, indo de deputado estadual a ministro.

Misturando um discurso t�cnico e racioc�nios complexos sobre economia com linguajar popular e falas pol�micas, Ciro manteve um patamar est�vel de apoio nos pleitos anteriores: 11% dos votos v�lidos em 1998, 12% em 2002 e 12,4% em 2018.

Na pesquisa Datafolha de 22 de setembro, o pedetista apareceu com 7% das inten��es de voto, estacionado em terceiro lugar e bem atr�s de Lula (PT), com 47%, e Jair Bolsonaro (PL), com 33%.

Nesta semana, a Folha publica textos para explicar ao leitor um pouco mais sobre as trajet�rias recentes de CiroLulaBolsonaro e Simone Tebet (MDB) --os quatro mais bem colocados nas pesquisas.

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CIRO E A BIOGRAFIA

Ao longo de mais de 40 anos de carreira pol�tica, o candidato do PDT � Presid�ncia da Rep�blica ocupou nove postos p�blicos, entre deputado estadual e federal, governador do Cear�, prefeito de Fortaleza, al�m de ter ficado � frente de dois minist�rios, Fazenda e Integra��o Nacional.

Dos nove cargos, Ciro deixou seis antes do t�rmino, sempre para disputar posi��es mais altas na hierarquia pol�tica.

Em 1994, Ciro renunciou ao governo do Cear�, que havia assumido tr�s anos antes, para se tornar ministro da Fazenda de Itamar Franco. Seu primeiro cargo federal, por�m, durou menos de quatro meses, e o atual candidato deixou Bras�lia para fazer p�s-gradua��o na Universidade Harvard, nos EUA.

Antes, ele havia sido eleito prefeito de Fortaleza, em 1989, cargo que deixou um ano depois para disputar o governo cearense.

Embora a passagem pelos dois postos executivos tenha sido breve e h� mais de 30 anos, Ciro cita com frequ�ncia os feitos de sua gest�o no estado e na capital cearense na atual campanha � Presid�ncia.

Ao longo de sua trajet�ria, Ciro integrou sete partidos. Come�ou no PDS, antigo Arena, do qual seu pai, Jos� Euclides Ferreira Gomes Filho, fazia parte quando foi eleito prefeito de Sobral (CE), em 1976.

O cargo tamb�m foi ocupado pelo bisav� e pelo av� de Ciro. O senador Cid Gomes (PDT), irm�o do atual presidenci�vel, comandou a prefeitura da cidade por dois mandatos, entre 1997 e 2005, e outro irm�o, Ivo Gomes (PDT), � o atual mandat�rio de Sobral. Apesar de ter feito carreira pol�tica no Cear�, o candidato ao Planalto nasceu em Pindamonhangaba (SP), de onde saiu aos 4 anos com a fam�lia, rumo a Sobral.

Ciro deixou o PDS para se filiar ao PMDB e voltou a trocar de sigla tr�s anos depois, ap�s romper com o ent�o presidente da legenda, Orestes Qu�rcia, que o chamou de "ladr�o e filho de ladr�o".

Integrou o PSDB e teve como padrinho pol�tico o senador tucano Tasso Jereissati, que assumiu o governo do Cear� ap�s Ciro renunciar para ocupar a chefia do Minist�rio da Fazenda, em 1995.

Depois, foi do PPS -partido pelo qual disputou sua primeira elei��o presidencial-, em 1998, do PSB e do Pros.

Desde 2015, ele � filiado ao PDT, sigla da qual tamb�m � vice-presidente. "Minha hist�ria com partidos � traum�tica", afirmou Ciro em uma sabatina durante a atual campanha.

CIRO E A CORRUP��O

Sempre que toca no tema corrup��o, Ciro afirma que nunca foi condenado por desvio de recursos p�blicos. Em dezembro de 2021, o atual candidato � Presid�ncia e o senador Cid Gomes, irm�o dele, foram alvo de opera��o da Pol�cia Federal que investigou suspeitas de corrup��o na constru��o do est�dio Castel�o, em Fortaleza. L�cio Gomes, outro irm�o de Ciro e Cid, tamb�m foi objeto de busca e apreens�o.

Os irm�os eram suspeitos de pagamento de propina a servidores p�blicos e agentes pol�ticos do Governo do Cear� na gest�o de Cid. A fraude teria ocorrido para que a Galv�o Engenharia vencesse a licita��o para realizar reformas no est�dio. O valor da concorr�ncia foi de R$ 518 milh�es, oriundos do BNDES.

Ciro atribuiu a a��o da PF a uma suposta tentativa de Bolsonaro de prejudicar sua ent�o pr�-candidatura � Presid�ncia. Em fevereiro, a Justi�a anulou a a��o de busca e apreens�o feita contra ele pela PF, por ver aus�ncia de contemporaneidade no intervalo de dez anos entre as supostas fraudes e as buscas.

CIRO E AS PALAVRAS

O estilo verborr�gico acompanha Ciro em sua trajet�ria e deixa um rastro volumoso de exemplos que s�o lembrados pelos advers�rios conforme a conveni�ncia. Foi o que aconteceu no primeiro debate entre os presidenci�veis, em 28 de agosto: Bolsonaro, ao revidar cr�tica do pedetista por ofender mulheres, relembrou epis�dio da elei��o de 2002 em que Ciro afirmou que sua ent�o esposa, a atriz Patr�cia Pillar, tinha "um dos pap�is mais importantes" de sua campanha: "Dormir comigo".

A repercuss�o da fala � �poca ajudou a derrubar o desempenho de Ciro nas pesquisas. Neste ciclo, ele voltou a se desculpar pela declara��o, e Patr�cia j� disse v�rias vezes que perdoou o ex-companheiro.

Bolsonaristas repercutiram o caso em redes sociais e lembraram epis�dios recentes em que Ciro se descontrolou ao ser confrontado por apoiadores do presidente, com palavr�es e ofensas. Xingamentos contra rivais j� renderam a Ciro processos na Justi�a e desafetos em diversos partidos.

CIRO E OS N�MEROS

Quase sempre nos primeiros minutos das sabatinas e entrevistas das quais tem participado nesta campanha eleitoral, Ciro gosta de avisar que, antes de ser pol�tico, � professor de direito. Outro adendo frequente �s suas apresenta��es s�o as desculpas antecipadas por extrapolar o tempo de fala, o que ocorre quase sempre.

Os pre�mbulos de seus discursos antecedem um ac�mulo de dados e n�meros sobre a realidade do pa�s citados em ritmo fren�tico, habilidade adquirida ao longo dos anos como palestrante.

Nesta campanha, ele tem destacado algarismos e porcentagens sobre desindustrializa��o, queda do PIB, desequil�brio das contas p�blicas e desigualdade social. Os argumentos antecedem suas propostas para lidar com os dois problemas, caso seja eleito. A obsess�o por n�meros � uma das marcas exploradas por cr�ticos e imitadores, como fez o humorista Marcelo Adnet em 2018, com o bord�o "isso d� trilh�o".

CIRO E A ESQUERDA

Apesar de ter come�ado a carreira em um partido conservador, o PDS, Ciro sempre se alinhou � esquerda e, recentemente, declarou ser um pol�tico de centro-esquerda.

A atual oposi��o ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), ap�s anos de apoio, durante os quais Ciro foi nomeado ministro da Integra��o Nacional no governo do petista, agravou-se em 2018. Ciro se recusou a apoiar publicamente Fernando Haddad (PT) no segundo turno contra Bolsonaro em retalia��o � recusa do ent�o candidato petista em formar uma chapa �nica da esquerda encabe�ada por ele.

Duas semanas antes do segundo turno, o presidenci�vel do PDT viajou para Paris e n�o subiu no palanque de Haddad. Desde ent�o, � criticado por integrantes do PT. O epis�dio foi rememorado por Lula no primeiro debate entre os presidenci�veis, no qual o ex-presidente disse esperar que Ciro "n�o v� a Paris" e lhe declare apoio em um eventual segundo turno contra o atual chefe do Planalto. Ciro rebateu e disse que Lula n�o p�de ir para Paris na mesma ocasi�o porque estava preso.

A ciz�nia com a esquerda atingiu o pico nos �ltimos dias, diante das reclama��es do pedetista sobre a campanha patrocinada por setores do PT e da milit�ncia para que eleitores de Ciro o abandonem e adotem a t�tica do voto �til em Lula. A press�o, que j� existia e chegou a ter apelos para que o ex-ministro desistisse da corrida, levou o presidenci�vel a apresentar uma carta-manifesto reafirmando sua candidatura.

Ciro tamb�m � fustigado por relativizar Bolsonaro com sua ret�rica que coloca o presidente no mesmo patamar do petista, ligando-os a corrup��o e derrocada econ�mica. Apoiadores do ex-presidente dizem que a campanha do PDT erra ao praticar a chamada falsa simetria e cogitam que Ciro esteja tra�ando uma t�tica com vistas � elei��o de 2026, mirando a eventual sucess�o de Lula.


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