
Apesar do clima tenso que caracterizou a elei��o presidencial de 2022, observadores internacionais que fiscalizaram a vota��o neste domingo (02/10), e deram suporte t�cnico ao pleito ao longo das �ltimas semanas afirmaram pouco ap�s o fechamento das urnas que o processo eleitoral transcorreu como o planejado, com "normalidade", "tranquilidade" e "transpar�ncia".
A BBC News Brasil conversou com representantes de quatro �rg�os internacionais que enviaram miss�es de acompanhamento eleitoral ao Brasil. Na avalia��o dos especialistas, apesar de alguns "solu�os" - como atrasos e filas longas para votar - e epis�dios pontuais de viol�ncia - o Brasil deu "um exemplo democr�tico para o mundo".
"At� mesmo as filas longas, que sugerem uma participa��o eleitoral bastante alta, s�o um sinal de quanto os brasileiros confiam no seu processo eleitoral e querem participar. Em termos de integridade e confian�a, nossa equipe n�o identificou nada, tudo foi intensamente testado. Foi muito positivo", afirmou � BBC News Brasil Maximo Zaldivar, diretor para Am�rica Latina da International Foundation for Electoral Systems (IFES).
Al�m do IFES, est�o no Brasil integrantes da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), do Institute for Democracy and Electoral System (IDEA), do Carter Center, e da Uni�n Interamericana de Organismos Electorales (Uniore), entre outros.
"At� agora o Brasil cumpriu muito bem duas das principais regras da democracia: clareza e firmeza nas regras e aplica��o dessas regras na hora da vota��o. As urnas eletr�nicas se mostraram, de novo, confi�veis e seguras. Agora vir� a terceira regra da democracia na qual temos mais tens�o: a aceita��o dos resultados por quem ganhou e por quem perdeu", disse Daniel Zovatto, do IDEA.
Zovatto, que passou o dia percorrendo col�gios eleitorais na capital federal, notou que havia um clima de tranquilidade nas filas, sem hostilidade entre quem usasse camisetas da sele��o brasileiro de futebol e camisas vermelhas.

Mas, como Zovatto, outros observadores acreditam que o grande teste de estresse para a democracia brasileira vir� com o an�ncio do vencedor. E como a apura��o das urnas neste domingo aponta para um segundo turno, de acordo com os observadores estrangeiros, isso deve adiar essa preocupa��o para o pr�ximo dia 30, quando os brasileiros definir�o o pr�ximo presidente entre Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
No per�odo de quase um m�s entre o primeiro e o segundo turnos, as equipes devem seguir monitorando o pa�s e esperam ainda atos de viol�ncia, especialmente porque, na an�lise desses especialistas, o pa�s se mostrou ainda mais dividido do que parecia estar antes do 1o turno.
"� not�vel que os dois mais votados n�o est�o muito distantes e que o terceiro e o quarto lugar aparecem muito atr�s, ent�o estamos falando de um pa�s cindido ao meio", diz um dos observadores.
TSE fortalecido

De acordo com observadores estrangeiros, dentro do TSE, o clima era de bastante tranquilidade, durante a apura��o, com funcion�rios conversando enquanto os supercomputadores calculavam os votos. O �rg�o esteve sob constante e forte artilharia de Bolsonaro ao longo de todo o processo eleitoral.
Para um dos observadores ouvidos pela BBC News Brasil, o fato de que Bolsonaro tenha aparecido t�o bem nas urnas - contrariando boa parte das pesquisas, que nunca o colocaram acima do patamar de 40% das inten��es de voto -, fortalece o TSE institucionalmente. "Isso derruba o argumento de Bolsonaro de que exista uma m�quina de fraude na corte eleitoral. O vencedor � o TSE", disse ele.
Para v�rios dos especialistas internacionais, o convite para que atuassem no Brasil este ano ocorreu exatamente pelo que qualificaram como ataque sist�mico ao Tribunal Superior Eleitoral - algo in�dito nesta escala no Brasil mas com precedentes em outros pa�ses da Am�rica Latina, como o M�xico e o Peru.
Os observadores notaram que sua atua��o seria primariamente de endosso pol�tico ao processo institucional do pa�s e chegaram a se mostrar alarmados pelo comportamento do presidente brasileiro, que apenas uma semana antes da elei��o, Bolsonaro acusou o TSE de ser "parcial" e chamou seu presidente, o ministro Alexandre de Moraes, de "moleque".
"Todo o processo deste domingo mostra a isen��o do �rg�o", afirmou o diretor de um desses organismos, em condi��o de an�nima porque n�o tinha autoriza��o para se manifestar pelo �rg�o.
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