
Integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) temem que a elei��o de diversos cr�ticos da corte no pleito de domingo (2) escale a crise do tribunal com o presidente Jair Bolsonaro (PL), caso reeleito, e seus aliados nos pr�ximos anos.
A avalia��o feita em conversas reservadas � que a vit�ria expressiva de nomes que se notabilizaram por ataques ao tribunal representa um recado que deve ser levado em considera��o.
Al�m do mais, o diagn�stico � que o resultado eleitoral tem potencial para mudar a postura do Supremo em rela��o a pautas conservadoras e, principalmente, � atua��o dos ministros como barreira de conten��o de abusos do bolsonarismo.
Para o Senado, Casa Legislativa respons�vel por analisar pedidos de impeachment de ministros do Supremo, Bolsonaro elegeu aliados em 14 estados.A avalia��o � que o mandat�rio, se reeleito em 30 de outubro, n�o ter� for�a suficiente para depor magistrados -como j� tentou fazer- ou para ampliar o n�mero de integrantes do tribunal.
No entanto Bolsonaro viu aumentar seu poder de press�o e conseguiu alterar a correla��o de for�as entre os Poderes.
Nos bastidores, a an�lise de parte da corte � que um cen�rio em que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) seja eleito ser� mais confort�vel para o tribunal, mas n�o o suficiente para desarmar totalmente a ofensiva bolsonarista contra a c�pula do Judici�rio.
As deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP), por exemplo, lideraram nos �ltimos anos no Congresso as brigas com o Supremo e ampliaram significativamente o desempenho eleitoral em seus respectivos estados.
O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado pelo tribunal a 8 anos e 9 meses de pris�o, n�o se elegeu, mas teve desempenho eleitoral expressivo para o Senado e obteve 19% dos votos. J� Cleitinho Azevedo (PSC-MG) tornou-se senador com um jingle com prova��es ao STF.
Em conversas reservadas, ministros afirmam que o ideal no momento � o ministro Alexandre de Moraes, principal algoz de Bolsonaro no STF, iniciar uma mudan�a na forma de atuar j� na presid�ncia do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Relator no STF de inqu�ritos que atingem diretamente o presidente, familiares e correligion�rios, Moraes foi autor de duras decis�es contra o bolsonarismo. Ele seguiu o mesmo tom na corte eleitoral.
No TSE, Moraes mandou o mandat�rio e pessoas pr�ximas exclu�rem diversas postagens das redes sociais.
Na �ltima decis�o, determinou censura � reportagem do portal O Antagonista segundo a qual o chefe do PCC Marcola teria declarado voto em Lula. Ele obrigou Bolsonaro a retirar do ar postagem sobre o tema.
Agora, na vis�o de integrantes do Supremo, o magistrado tem que aguardar o desfecho da elei��o. Durante o pleito, deve agir contra Bolsonaro apenas em casos mais graves, ainda de acordo com membros do tribunal.
Com isso, Moraes poderia preservar a imagem do TSE e fortalecer o tribunal em eventual enfrentamento contra o bolsonarismo caso o mandat�rio perca as elei��es e decida fazer uma ofensiva contra o sistema eletr�nico de vota��o.
Em rela��o ao Supremo, a avalia��o � que o resultado da elei��o dificultou a ideia de uma ala da corte de avan�ar em pautas progressistas.
A descriminaliza��o das drogas, que j� teve julgamento iniciado e votos favor�veis, por exemplo, deve seguir na gaveta da corte sem que o debate seja conclu�do, a fim de evitar a cria��o de rusgas com a base conservadora do Congresso. O mesmo racioc�nio serve para a discuss�o sobre aborto.
Apesar de ministros acreditarem que Bolsonaro ganhou for�a, eles avaliam que o presidente n�o conseguiria levar � frente o impeachment de algum integrante do STF --ele j� pediu a deposi��o de Alexandre de Moraes e costuma fazer duros ataques a Lu�s Roberto Barroso e Edson Fachin.
Para isso acontecer, seriam necess�rios 41 votos no Senado para abrir o processo e 54 votos para aprovar a cassa��o, algo in�dito na hist�ria do pa�s. Al�m disso, teria outra miss�o: fazer com que o presidente do Senado d� in�cio ao procedimento.
Nos bastidores, magistrados consideram extremamente importante uma reelei��o de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para comandar o Senado. Ele tem uma atua��o alinhada com o STF e costuma fazer uma contraposi��o � ofensiva de Bolsonaro ao Judici�rio.
Contudo uma recondu��o de Pacheco est� longe de estar certa. Ele se elegeu para o comando da Casa com apoio de Bolsonaro e, ao longo do mandato, afastou-se do presidente. Com isso, ganhou a simpatia de partidos de esquerda.
A mudan�a na composi��o do Senado ap�s a elei��o, por�m, mudou o jogo de for�as internamente e a reelei��o dele na presid�ncia da Casa n�o � vista como sacramentada, ainda mais na hip�tese de Bolsonaro conseguir a recondu��o ao Pal�cio do Planalto.