
BRAS�LIA, DF, E S�O PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A campanha do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) vive um dilema sobre como tratar temas espinhosos na �rea de costumes que t�m servido de muni��o do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o petista.
De antem�o, o candidato lan�ou uma vacina e levou � TV declara��es pontuais sobre religi�o e, nas redes sociais, tratou de aborto e criticou "falsos profetas", em refer�ncia a Bolsonaro.
A primeira semana do segundo turno foi marcada por ataques de lado a lado em assuntos ligados � f�, ma�onaria, Deus e at� o diabo.
Lula segue dizendo que n�o quer misturar a f� das pessoas com pol�tica, mas h� a avalia��o no seu comit� sobre a necessidade de rebater not�cias exploradas pelos apoiadores de Bolsonaro para desgastar o ex-presidente, principalmente no eleitorado evang�lico.
Por isso, nesta semana Lula gravou um v�deo, que circulou no YouTube, no qual diz ser contra o aborto. A ideia � que a pe�a n�o v�, por ora, � TV. Ele tamb�m fez pe�as falando sobre fam�lia e medidas de governos anteriores relacionadas � igreja.
Uma das orienta��es j� estabelecidas � intensificar mutir�es e o corpo a corpo com evang�licos. A diretriz ainda � mostrar como Lula pode melhorar a vida do povo, por meio da economia, e monitorar not�cias falsas disseminadas com objetivo de desgastar a imagem do ex-presidente.
Essas a��es ocorrer�o sobretudo no Sudeste. A avalia��o � a de que Lula deve trabalhar para ampliar a margem de votos no Nordeste, mas os principais esfor�os para angariar eleitores precisam ser centrados no Rio de Janeiro, S�o
Paulo e Minas Gerais.
A campanha espera contar com prefeitos de diversas cidades para realizar atos, al�m do esfor�o de deputados e governadores eleitos.
O ex-presidente passou pela primeira etapa da elei��o como l�der, com 48,4% dos votos, ante 43,2% para Bolsonaro.
A tese da c�pula petista � que costumes e religi�o n�o podem nem ser�o temas centrais na campanha, mas que ataques e not�cias falsas n�o podem ser deixados sem resposta.
Por isso, a ideia com os v�deos propagados nesta semana � que caiba ao pr�prio Lula "olhar no olho" do eleitor e rebater acusa��es do advers�rio.
Na sexta, o ex-presidente tocou no tema mais explicitamente pela primeira vez na propaganda de TV.
"Quero debater o Brasil, mas meu advers�rio prefere espalhar mentiras e fake news pela internet. Espalhe a verdade. Governei esse pa�s durante oito anos e sempre respeitei as fam�lias", disse Lula.
"Sancionei a lei da liberdade religiosa, a cria��o do Dia do Evang�lico e a Marcha para Jesus. O nosso projeto � recuperar o Brasil", continuou.
A tentativa de refutar as not�cias de que Lula fecharia igrejas ocorre desde o primeiro turno, em a��es da campanha e em falas do petista durante com�cios pelo pa�s, mas ainda n�o havia chegado � TV na boca do candidato.
Em discursos em atividades nesta semana, o petista tem ressaltado que � preciso ficar atento �s not�cias falsas
disseminadas nas redes sociais.
Nos �ltimos dias, a campanha distribuiu panfletos e pe�as online listando as medidas e recha�ando informa��o que circulou na internet de que Lula teria pacto com o Diabo.
Mas, diante da avalia��o de que era preciso ter uma resposta mais contundente �s not�cias, a equipe petista subiu o tom em outras frentes.
Como mostrou a Folha, o ex-presidente gravou um v�deo em que se diz "a favor da vida" e contra o aborto. "N�o s� eu sou contra o aborto, como todas as mulheres que eu casei s�o contra o aborto", afirma o petista.
Em outro v�deo, que circulou no TikTok, Lula diz que quer conversar com todo mundo "com respeito" e que "cada um tem o direito de usar a f�" sem ser incomodado por ningu�m.
"N�o se deixe levar pelos falsos profetas, aqueles que falam em Deus mas voc� olha nos olhos deles e voc� nota que ele est� utilizando o nome Dele em v�o", afirma o petista em v�deo.
A campanha fez um diagn�stico de que uma das not�cias espalhadas por apoiadores de advers�rios, de que Lula poderia criar banheiros unissex nas escolas, est� ganhando musculatura entre eleitores.
Por isso, n�o est� descartada uma resposta mais contundente na televis�o para rebater ou ainda para recha�ar a tese de que fechar� igrejas. As pe�as tamb�m poder�o abordar a rela��o com a fam�lia e os filhos.
O tema, por�m, � tratado com cautela pelo receio da campanha petista de ser dragada pela agenda do advers�rio ao tratar com mais for�a a pauta de costumes.
Lula ainda n�o se manifestou sobre a legaliza��o das drogas, por exemplo, assunto considerado complexo.
O ex-governador do Maranh�o e senador eleito, Fl�vio Dino (PSB), avalia que Bolsonaro tentar� levar o debate para o terreno das "quest�es ditas morais e religiosas".
"N�s precisamos fazer esse debate, n�o adianta fugir, ele existe na cabe�a do povo e, portanto, voc� tem que enfrentar. Mas ao mesmo tempo voc� n�o pode ficar ref�m da agenda", disse Dino.
Em meio aos embates que fogem a propostas de campanha, a equipe petista tamb�m levou na sexta � TV um trecho de uma entrevista antiga de Bolsonaro em que o presidente diz que comeria carne humana --o caso foi judicializado pela campanha bolsonarista.
A t�tica, justificam petistas, foi usada em rea��o ao que aliados de Bolsonaro fizeram no in�cio da semana, de disseminar publica��es que associavam Lula ao satanismo e o acusavam de perseguir crist�os.
Em resposta aos ataques, a esquerda desenterrou um v�deo de Bolsonaro em uma loja ma��nica que teve bastante repercuss�o, inclusive entre evang�licos que rejeitam participantes desse grupo.
Al�m da guerra religiosa, a primeira semana do segundo turno foi marcada por embates sobre apoios pol�ticos.
Lula recebeu o apoio da ex-presidenci�vel Simone Tebet (MDB), um endosso t�mido de Ciro Gomes (PDT) e o respaldo de economistas ligados ao Plano Real que j� foram cr�ticos ao PT.
A expectativa � a de que esses apoios ajudem o petista a ganhar votos, sobretudo na classe m�dia, que dever� ser um segmento em que a campanha ir� investir.
Em outra frente, Lula se reuniu com senadores e governadores eleitos, principalmente do Nordeste. A avalia��o � a de que � importante ter "m�quina" agora, em refer�ncia a governantes com exposi��o em seus estados e cidades para fazer campanha para Lula.
O petista planeja manter a maioria de suas atividades nos tr�s principais col�gios eleitorais (S�o Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), mas tamb�m dever� viajar a alguns estados do Nordeste, entre eles Bahia e Cear�. O petista dever� ainda fazer atos em estados onde candidatos de partidos aliados disputam o segundo turno.
Para reduzir gastos, Lula passou a priorizar caminhadas em vez de com�cios.