
A percep��o sobre a elei��o presidencial deste ano como uma das mais polarizadas da hist�ria democr�tica do Brasil � lugar-comum nas an�lises de cientistas pol�ticos, mas como as estrat�gias e apoios se desdobrar�o at� o dia 30, seguem causando diverg�ncias. Para Alberto Carlos Almeida, doutor em ci�ncia pol�tica e autor do livro “A m�o e a luva: O que elege um presidente”, as movimenta��es de Lula e Bolsonaro tendem a n�o surtir efeito na vota��o final.
“S�o dois candidatos muito conhecidos, que j� sofrem muito desgaste, com personalidades fortes e conhecidas. Por que algu�m que votou em Lula votaria em Bolsonaro, e vice-versa? Voc� tem mais ou menos 40% de votantes na esquerda, 40% na direita e 20% no centro. Lula l� atr�s tinha vencido duas elei��es com 60% a 40% no segundo turno e quando (Fernando) Haddad perdeu para Bolsonaro, teve 45%, o que simboliza essa quest�o. Pode acontecer de esses 20% terem reduzido para 9%, para 10% ou 5%, uma mudan�a na margem de manobra, simbolizada at� pela baixa vota��o em Ciro e Tebet. Pode ser que seja uma elei��o mais apertada”, avalia ele.
Os apoios de Tebet e Ciro, terceira e quarto colocados no primeiro turno, respectivamente, formalizam uma transfer�ncia de votos que, segundo Almeida, aconteceria de forma natural. O especialista tra�a um paralelo entre a conjuntura deste ano e o apoio de Leonel Brizola (PDT) a Lula no segundo turno do pleito de 1989. “Tebet fez uma campanha que n�o atacou Lula. Foi uma campanha propositiva – n�o atacou ningu�m. Ela n�o atraiu esses votos anti-Lula e a tend�ncia � que o eleitor dela fosse mesmo para o petista. Foi o que aconteceu no caso do Brizola: os eleitores dele n�o votariam no (Fernando) Collor. Seria natural uma migra��o para Lula, mas os pol�ticos inteligentes se antecipam e declaram apoio para sugerir a transfer�ncia e seguir como atores”.
Tebet teve pouco mais de 500 mil votos em Minas, 4,17% do total, e Ciro teve cerca de 310 mil, 2,58%. Somados, eles t�m aproximadamente 810 mil votos, n�mero bem superior aos 563.307 votos que Lula tem de vantagem sobre Bolsonaro no estado.
Sobre o apoio de Zema a Bolsonaro, o cientista pol�tico acredita que o gesto n�o � suficiente para impulsionar uma virada. Para ele, os votos em jogo s�o os que n�o foram originalmente destinados a Lula ou a Bolsonaro. Como justificativa, Almeida cita desempenho ruim do governador na busca por eleger nomes ao Legislativo. “Todo voto que foi dado para Lula e Bolsonaro � dif�cil virar. O objetivo deve ser ganhar os votos de Simone e de Ciro. Zema n�o elegeu ningu�m do Novo em Minas e o PT elegeu 12 deputados estaduais, por exemplo. Ele n�o se mostrou um bom cabo eleitoral para seu pr�prio partido”, diz. Zema tamb�m n�o teve �xito na disputa pelo Senado: Marcelo Aro (PP), apoiado por ele, terminou em terceiro.