Por Guilherme Peixoto

Um dos defensores da ideia de organizar um ato em torno do manifesto assinado por Lula � o deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do PT mineiro.
"Queremos fazer com que essa carta chegue aos nossos eleitores evang�licos, aos indecisos evang�licos e, at� mesmo, para a reflex�o dos que optaram por Bolsonaro sob esse argumento", disse, ao Estado de Minas.
Lula apresentou a carta durante evento com lideran�as religiosas em S�o Paulo (SP). Nos quadros do PT, h� evang�licos que atuam para mediar a rela��o entre o presidenci�vel e setores das igrejas, como Benedita da Silva, reeleita deputada federal pelo Rio de Janeiro, e Gilmar Machado, ex-prefeito de Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro.
Para Cristiano Silveira, n�o � empecilho o fato de a carta ter sido divulgada menos de duas semanas antes do segundo turno, agendado para 30 de outubro.
"H� tempo de a carta circular. Ela vai para as lideran�as do partido inseridas nos meios evang�licos e o PT deve organizar alguns atos para a apresenta��o da carta", ponderou.
O manifesto tem refer�ncias a vers�culos b�blicos e traz compromissos como a contrariedade de Lula ao aborto. "Nosso Projeto de Governo tem compromisso com a Vida plena em todas as suas fases. Para mim a vida � sagrada, obra das m�os do Criador e meu compromisso sempre foi e ser� com sua prote��o. Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este n�o � um tema a ser decidido pelo Presidente da Rep�blica e sim pelo Congresso Nacional", l�-se em trecho do texto.
A ideia � utilizar os escritos como contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), ligado a l�deres como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo, e integrantes da fam�lia Valad�o, que controla a Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte. Bolsonaro, inclusive, tem ido a templos religiosos durante a campanha - na semana passada, participou, no mesmo dia, de um culto evang�lico em BH e de uma celebra��o cat�lica em Aparecida (SP).
Carta ratifica compromissos j� estabelecidos
Para Denisson Silva, doutor em Ci�ncia Pol�tica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador da Escola de Comunica��o, M�dia e Informa��o (ECMI), ligada � Funda��o Get�lio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro (RJ), a carta n�o traz novidades, mas serve para endossar compromissos e discuss�es anteriores. Outro ponto contemplado no texto remonta a 2010, quando, anualmente, o 30° dia de novembro passou a ser considerado o Dia Nacional dos Evanv�ligos.
"� um esfor�o de tornar escrito para atender � cultura brasileira, de alguma forma, cartorial. A gente gosta de ver as coisas escritas. Foi demandado por alguns grupos evang�licos que Lula se posicionasse por escrito", apontou, em entrevista ao EM.
Na vis�o do especialista, grande parte dos eleitores j� est�o com o voto definido, mas a carta pode ser um meio de conquistar os que ainda n�o se decidiram. O grupo evang�lico �, justamente, onde h� relevante parcela de votos cristalizados em prol de Bolsonaro.
"A elei��o n�o � uma ci�ncia exata. � algo complexo. Mas a gente consegue, por meio das pesquisas, mensurar e identificar onde est� o eleitorado com mais tend�ncia a votar em um candidato. Hoje, os evang�licos, tendem mais a votar em Bolsonaro, mas n�o na totalidade. Um movimento nesse sentido pode ajudar a trabalhar nesse campo", emendou.
Na declara��o, al�m de reafirmar sua cren�a em Jesus Cristo, Lula cita "paz, uni�o e fraternidade" como t�picos que o une ao povo evang�lico. "Se Deus e o povo brasileiro permitirem que eu seja eleito, al�m de manter esses direitos, vou estimular sempre mais a parceria com as Igrejas no cuidado com a vida das pessoas e das fam�lias brasileiras".
De acordo com Denisson Silva, apenas o eleitor � capaz de dizer se o aceno de Lula aos crist�os aconteceu a tempo de alterar os rumos da corrida ao Pal�cio do Planalto. "Vamos conseguir, mais ou menos, capturar isso nas pr�ximas pesquisas".