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Estado de Minas ELEI��ES 2022

Lula � 'inteligent�ssimo' e Bolsonaro, 'mais aut�ntico', diz Igor, do Flow

"Se eu pudesse escolher apertar um bot�o 'segundo turno n�o vai ter nenhum dos dois', eu apertava", disse � BBC o apresentador do podcast recordista de audi�ncia.


25/10/2022 06:23 - atualizado 25/10/2022 07:16


Igor gesticulando durante podcast e olhando em direção à câmera
Criado em 2018, canal do podcast Flow no YouTube tem quase 5 milh�es de assinantes (foto: Reprodu��o)

Ap�s o Flow Podcast atingir sua maior audi�ncia hist�rica ao vivo no epis�dio com participa��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), o dono e apresentador do programa, Igor Coelho, n�o estava celebrando os n�meros, mas se sentindo "um pouco frustrado".

Em entrevista � BBC News Brasil concedida dois dias depois (20/10), ele se mostrou incomodado com a decis�o da equipe do petista em encerrar logo a conversa, que durou cerca de uma hora e meia, menos de um ter�o do epis�dio com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve mais de cinco horas.

Para Coelho, isso impediu que abordasse alguns temas espinhosos, como a suposta rela��o do PT com governos considerados autorit�rios na Am�rica do Sul. Al�m disso, a forma como trechos do programa foram usados na propaganda eleitoral de Lula tamb�m o incomodou, pois, na sua vis�o, deu a impress�o de que ele seria "f�" do ex-presidente.

O saldo do epis�dio, diz, refor�ou sua impress�o de que campanha de Lula � "bem mais profissional" que a de Bolsonaro. O que, para Coelho, n�o � propriamente uma vantagem.

Segundo o apresentador, o petista � "inteligent�ssimo" e "muito habilidoso". J� Bolsonaro � "mais aut�ntico", algo que v� como um trunfo do presidente.

"A impress�o que eu fiquei do Lula � que amplificou a ideia que eu tinha de que ele � muito safo. Ele � inteligent�ssimo, ele � muito h�bil, ele comete poucos erros, at� em um ambiente livre, sabe? Ele se compromete pouco na fala, muito habilidoso", disse Coelho.

"Mas a maneira como a pol�tica � feita no PT, de uma forma geral, na campanha e tudo mais, s� confirmou o que eu imaginava mesmo, que � muito controlado. � tudo muito cuidadoso e � meio pl�stico, meio artificial", criticou ainda.

Em contraponto ao "profissionalismo" petista, Coelho destaca a capacidade de Bolsonaro de se conectar com uma parcela do eleitor por meio de seu jeito "cru", embora o apresentador reconhe�a que muitas declara��es do presidente s�o reprov�veis e inapropriadas para o cargo.

"No dia do Bolsonaro, que � o presidente da Rep�blica, n�o tinha ningu�m enchendo o saco dele pra ele parar de falar. Ele falou um monte de coisas que podem ser reprov�veis, e ningu�m se meteu. Ent�o, nesse sentido, eu acho que sim, � mais aut�ntico", avaliou.

"Eu acho que na posi��o de presidente da Rep�blica, um cuidado maior com as palavras faz-se necess�rio. Mas, a aus�ncia desse cuidado comunica alguma coisa tamb�m. Eu acho que isso o aproxima do povo, sabe? Eu acho que ele falar do jeito chucr�o dele l�, e cru, e sem pensar muito, d� a impress�o que ele est� falando o que est� na cabe�a dele. Portanto, a gente sabe exatamente o que tem na cabe�a dele. E � melhor isso do que uma fala muito bem estudadinha, que nem, sei l�, do Alckmin", acrescentou.

Na entrevista � BBC News Brasil, Coelho tamb�m criticou a decis�o do Tribunal Superior Eleitoral de desmonetizar (impedir ganhos com publicidade) canais do YouTube e suspender o lan�amento de um filme sobre a facada da qual Bolsonaro foi v�tima na elei��o de 2018. Na sua avalia��o, a medida seria censura pr�via.

J� o TSE considerou que esses canais propagam informa��es falsas em apoio a Bolsonaro e contra Lula. Para a Corte, a suspens�o da monetiza��o desses canais � uma forma de proteger a lisura da elei��o.

O apresentador comentou ainda a sa�da de Bruno Aiub, conhecido como Monark, do Flow, ap�s ele ter defendido a possibilidade de um partido nazista existir legalmente no Brasil. Embora discorde dessa declara��o, Coelho considera "absurdo" Monark ser tratado como nazista e ter perdido o direito de ter um canal monetizado no YouTube. Devido a essa restri��o, Aiub deixou o programa para que o Flow n�o perdesse as receitas com o canal.

A entrevista com Lula, ali�s, gerou bom retorno financeiro. Segundo Coelho, at� o in�cio da tarde de quinta-feira (20/10), o Flow havia recebido ao menos R$ 50 mil do YouTube, recursos que v�m principalmente de an�ncios exibidos para o p�blico que assistiu ao epis�dio.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida por v�deo-chamada.


Igor e Lula durante entrevista; eles estão conversando com feições sérias (e Igor está descalço)
Igor ficou frustrado com participa��o de Lula (foto: Divulga��o)

BBC News Brasil - A entrevista com o ex-presidente Lula bateu mais de um milh�o de views simult�neos. Essa audi�ncia te surpreendeu?

Igor Coelho - Surpreendeu sim. Eu j� tinha visto o desempenho do Lula em eventos online antes, em compara��o com eventos do pessoal do Bolsonaro. Ent�o, eu estava chutando assim: Bolsonaro fez 590 mil, eu acho que o Lula vai ter uns 300 mil e pouco. S� que aconteceu uma mobiliza��o na internet de v�rios influenciadores, todo mundo se movimentando com o �nico objetivo de bater o n�mero que o Bolsonaro tinha feito. Isso gera algumas distor��es, inclusive nos nossos (dados) anal�ticos. Por exemplo, a reten��o (da audi�ncia na live) � mais baixa do que naturalmente �. O tempo que as pessoas ficam no v�deo tamb�m � menor. Ent�o, tem algumas distor��es que me mostram que esse n�mero n�o � real. Mas, mesmo se a gente cortar pela metade, ainda � muita gente de verdade assistindo.

Meu objetivo n�o era fazer uns n�meros absurdos. Eu queria mesmo conversar com o Lula, at� porque faz dois anos que a gente est� correndo atr�s dele. A� a gente teve essa r�pida chance.

BBC News Brasil - E no caso da entrevista com Bolsonaro?

Igor Coelho - N�o estou dizendo que aquele n�mero do Bolsonaro tamb�m � absolutamente real. Mas tem algumas diferen�as. A gente tamb�m j� est� conversando com ele faz um tempo, desde o ano passado. Como a gente n�o sabia se ele ia vir de verdade, a gente s� soltou a agenda no mesmo dia, �s 13h, ent�o n�o teve tanto tempo assim para a galera se mobilizar. Portanto, eu acho que aqueles n�meros do Bolsonaro s�o menos inflados que os n�meros que aconteceram com o Lula.

A gente queria fazer a mesma coisa para manter todo o mundo nas mesmas condi��es. Ent�o, com a Simone Tebet a gente tamb�m soltou �s 13h o aviso que ela ia estar [no Flow]. J� no caso do Lula, o [deputado Andr�] Janones soltou [antes]. Algu�m vazou pra ele, e ele come�ou a mobiliza��o uns dois dias antes do programa.

BBC News Brasil - O podcast � um formato de entrevista com linguagem diferente do jornalismo que tem ganhado muito espa�o nessas elei��es. Isso atrai uma audi�ncia maior?

Igor Coelho - Eu acho que as pessoas gostariam de ver esses caras, que s�o profissionais em enganar a gente, de uma forma mais humana, sentado numa mesa, conversando de igual para igual, com outro cara que se coloca na posi��o de um cidad�o comum. Essa � a verdade. Quando eu vou conversar com eles, as perguntas que eu formulo s�o coisas que me interessam na minha vida pr�tica. Todas aquelas firulas que eles falam, os ataques uns aos outros e tal, eu t� menos interessado nisso. Ent�o eu acho que as pessoas est�o querendo entender melhor a mente desses caras. E um formato longo e livre, o mais livre poss�vel, eu acho que ajuda bastante nisso. E por isso que eu acho que tem um interesse a�.

Tem tamb�m toda a ideia dessa guerra pessoal que eles est�o travando. Ent�o, no caso do Lula, eu percebi que, quando chegou 1 milh�o de pessoas assistindo, eles [celebraram] "ah, t�, batemos o recorde do Bolsonaro". O pessoal da campanha dele [quis terminar a participa��o do Lula ap�s o recorde], n�o o Lula pessoalmente.

Eu fiquei um pouco frustrado e, mais uma vez, n�o com o Lula, mas com o bastidor da coisa. Eu estudei pra caramba e eu n�o consegui usar nem 30% do que eu anotei. Ficou parecendo que eu estava ajudando o Lula.

Porque, assim, [cr�ticos v�o dizer] "ah, voc� n�o questionou isso, n�o questionou aquilo". N�o, eu tentei falar umas coisas aqui, mas n�o deu tempo de construir nada. Com uma hora de programa, [a equipe do Lula] j� estava pedindo para terminar.

Assim, eu entendo que com o Bolsonaro foi muito longo. O Lula � dez anos mais velho que o Bolsonaro, est� numa campanha intensa, reta final. N�o queria ficar cinco horas com Lula, mas � que uma hora e meia � muito pouco. N�o d� para desenvolver nada. Ent�o, nesse ponto eu fiquei meio frustrado.

BBC News Brasil - Uma cr�tica comum ao formato do seu podcast � que seria uma conversa muito livre e que n�o haveria um preparo seu para rebater quando a pessoa fala algo que n�o � verdade. Como foi sua prepara��o para o podcast do Lula e do Bolsonaro?

Igor Coelho - Eu acho que confunde-se eu ser, com o perd�o da palavra, escroto com o cara e pressionar e colocar contra a parede, com n�o perguntar ou n�o p�r os pontos que podem ser inc�modos. Se voc� assistiu ao programa com o Bolsonaro, vai ver que na maioria do tempo eu estou levantando pontos inc�modos. O que eu n�o estou sendo � desrespeitoso e escroto com o Bolsonaro.

Ent�o, independente do que eu ache, tem um ser humano ali, que, inclusive, pessoalmente, parece meu tio. � uma sensa��o meio comum em todo o mundo que eu j� vi que conversou com o Bolsonaro pessoalmente. Parece que em toda fam�lia tem um Bolsonaro. Ent�o, da� a ele ser presidente e p�r em pr�tica essas coisas [que ele fala], a� j� � uma outra discuss�o.

Mas o que eu estou dizendo � eu n�o me coloco na posi��o realmente de ser escroto com cara. Porque eu preciso que seja uma conversa. Se n�o for uma conversa, ele n�o vai se sentir confort�vel para me dizer o que eu quero saber.

Por exemplo, tem coisas que o Bolsonaro fala e que o Paulo Guedes fala durante o programa aqui que eu fiquei impressionado de n�o ter ningu�m repercutido essas coisas, [e em vez disso] repercutindo coisas muito menores, sabe? Ele fala inclusive que ele sabe que a cloroquina n�o tem comprova��o cient�fica. Ningu�m repercute esse tipo de coisa.

Com o Lula, n�o deu tempo de construir nada de verdade ali. A� pegaram uma fala do Lula e est�o transformando num crime absurdo. Est�o chamando Lula de transf�bico, � for�ar a barra.

Eu queria tamb�m que as redes sociais tivessem o mesmo fervor para desmentir esses absurdos como est�o tendo com Lula, que eu acho que � um absurdo mesmo, mas para todos os seres humanos, porque eles s� est�o a fim de desmentir quem est� de fato ali alinhado com a narrativa deles.

[Nota da reda��o - A fala acusada de transfobia a qual Igor Coelho se refere ocorreu quando Lula trouxe exemplos hipot�ticos de mentiras que, na sua vis�o, poderiam ser criadas na campanha contra ele. � esse trecho: "As coisas absurdas que eles inventam todos os dias n�o t�m crit�rios. Eles s�o capazes de dizer que voc� nasceu mulher e, depois, virou homem. S�o capazes de dizer que vacas voam e que cavalo tem chifre"].

BBC News Brasil - E essa � uma cr�tica que voc� faz aos dois lados, tanto ao bolsonarismo como ao lulismo?

Igor Coelho - Com certeza. Tirando a pessoa dos candidatos, eu considero as campanhas bem parecidas. Ataques semelhantes, mentiras dos dois lados. N�o d� para dizer que a campanha do Lula n�o mente, porque mente. N�o d� para dizer que a campanha do Bolsonaro n�o mente, porque mente. E s�o ataques raivosos. Cancela aqui, cancela ali.

Eu acho as campanhas muito parecidas, apesar de achar a campanha do Lula bem mais profissional, e eu n�o estou dizendo que isso � bom. Eu sinto que, com o Bolsonaro, pelo menos eles [a equipe do presidente] parecem estar empenhados em deixar ele aparecer. J� o Lula parece ter um cuidado [da equipe] para n�o falar m****.


Igor e Bolsonaro durante entrevista; eles estão conversando com feições sérias
Para Igor, jeito "chucr�o" de Bolsonaro o aproxima do povo (foto: Divulga��o)

BBC News Brasil - Mesmo entre apoiadores de Lula, h� cr�ticas de que esse profissionalismo da campanha criaria uma imagem que o distanciaria do "pov�o", embora Lula seja uma figura com apelo nas grandes massas populares. Voc� concorda que talvez o Bolsonaro acaba tendo uma imagem mais aut�ntica?

Igor Coelho - Sem d�vida nenhuma. Eu acho que essa � a principal diferen�a da campanha dos dois. P�, o que aconteceu aqui na conversa com o Lula foi por causa deles [a equipe da campanha]. No dia do Bolsonaro, que � o presidente da Rep�blica, n�o tinha ningu�m enchendo o saco dele pra ele parar de falar. Ele falou um monte de coisas que podem ser reprov�veis, e ningu�m se meteu. Ent�o, nesse sentido, eu acho que sim, � mais aut�ntico.

BBC News Brasil - H� pessoas que criticam quem coloca Lula e Bolsonaro no mesmo patamar. Elas dizem que Bolsonaro � uma amea�a � democracia e n�o consideram que Lula seja uma amea�a. Lula conseguiu atrair antigos advers�rios, como Geraldo Alckmin e Simone Tebet, justamente por verem essa diferen�a dele em rela��o a Bolsonaro. Voc� concorda com essa vis�o?

Igor Coelho - Eu concordo at� certo ponto com isso. Realmente eles n�o s�o parecidos, mas eu n�o sei se � porque o Bolsonaro � uma amea�a � democracia.

Eu acho que o Bolsonaro � uma amea�a � maneira como as coisas funcionam, n�o necessariamente democracia. O que eu quero dizer com isso: ele � meio err�tico, sabe? A sensa��o que eu tenho � que voc� n�o sabe o que voc� espera do Bolsonaro. O Lula � um pol�tico experiente, muito mais h�bil. Ent�o, espera-se que ele v� fazer determinadas alian�as e conversar com determinados setores e tal. O Bolsonaro � um pouco mais dif�cil de prever.

O Lula, por outro lado, ele � muito mais h�bil e isso tamb�m � perigoso porque ele consegue se entranhar pelo poder e espalhar os tent�culos do PT, por exemplo, pelo poder, como, aconteceu nos anos em que o PT ficou no poder. Eles estavam no meio da m�quina p�blica. E o Bolsonaro, eu acho que ele nem � capaz disso. Ele n�o � sofisticado o suficiente para conseguir esse tipo de manobra.

Ent�o, pra mim, os dois s�o um problema. Na verdade, se eu pudesse escolher apertar um bot�o "segundo turno n�o vai ter nenhum dos dois", eu apertava.

Ent�o, eu acho que a quest�o com o Bolsonaro � muito mais de n�o conseguir prever nem nada, do que de fato ser uma amea�a. Ele nem tem apoio popular, nem apoio das For�as Armadas eu acho, para dar esse golpe que est�o falando que ele vai dar. Eu s� estou curioso para saber, no caso da vit�ria do Lula, se o Bolsonaro vai estar l� para passar a faixa, que isso vai ser uma cena interessante.

BBC News Brasil - Ou se ele vai dar uma de Donald Trump, que n�o passou a faixa para o Joe Biden? Houve aquele epis�dio lastim�vel de invas�o do Capit�lio por apoiadores de Trump, com mortes. Acha que um confus�o do tipo envolvendo apoiadores do Bolsonaro pode ocorrer aqui?

Igor Coelho - Eu acho, eu acho. Para voc� ter uma ideia, numa escala bem menor claro, quando anunciou-se que o Lula ia vir aqui, os seguidores do Bolsonaro se organizaram nos grupos deles e come�aram a soltar umas mensagens de vir geral aqui, fazer uma movimenta��o e fazer uma manifesta��o contra o Lula.

Ent�o, eu acho que o sentimento que o Bolsonaro prop�e e causa � capaz de mover as pessoas a fazer umas loucuras, como a invas�o do Capit�lio. Mas acho que n�o passa disso. N�o estou dizendo que tudo bem acontecer, mas � que eu acho que um golpe militar � [algo que est�] muito longe [de acontecer].

BBC News Brasil - Voc� falou que n�o gostaria de ter que escolher entre Lula e Bolsonaro. Mas, sendo esse o segundo turno, decidiu votar em algum deles?

Igor Coelho - Eu n�o voto desde 2012. Eu justifico [ao TSE n�o ter comparecido para votar] ou voto nulo. E agora que eu tenho conversado mais com pol�ticos em geral, eu voto menos ainda. Porque agora que eu vejo os caras fazendo as coisas que eu considero sujas e desumanas. Eu n�o estou falando nesse caso de Lula e Bolsonaro. Eu j� conversei com todos os candidatos � Prefeitura de S�o Paulo em 2020. Vira e mexe eu converso com ministro, com deputado, senador. Nem � nada espec�fico de nenhum deles. Mas � que eu vejo umas conversas com assessores ou conversa entre assessores [nos bastidores das conversas realizadas no Flow] que eu n�o sei, me desmotivam cada vez mais.

Eu j� n�o acreditava neles. Agora eu acredito menos ainda. E tem um outro aspecto que que eu considero muito importante: o Flow foi concebido como um ambiente neutro. Eu n�o estou falando neutro de opini�o, estou falando neutro de ouvir todo mundo. Ent�o, eu j� tenho muita dificuldade de conversar com a esquerda. Por exemplo, n�o � o caso [real], mas se falo que eu vou votar no Ciro, os petistas v�o ficar p**** e n�o v�o no meu programa. Ent�o, esse ambiente neutro precisa ser preservado e para mim � muito f�cil, porque eu n�o acredito neles [nos pol�ticos] mesmo.

BBC News Brasil - J� que voc� tem essa opini�o bem negativa dos pol�ticos em geral, porque decidiu traz�-los ao seu podcast?

Igor Coelho - Porque a estrela do meu programa n�o sou eu, a estrela do meu programa � a conversa, o que acontece ali. Um dos principais olhares que eu tenho pra quem eu vou trazer no meu programa � o qu�o relevante ele � para a sociedade. Ent�o, acho que independente do que eu acredito, nessa quest�o de votar nulo ou n�o, as elei��es podem ser um momento de virada da sociedade. Eu acho que � importante quem est� decidindo quem vai ganhar [o eleitor] ou�a o que eles [os candidatos] t�m pra dizer.

Eu estou te falando que acho que as pessoas deviam votar nulo, mas no programa eu falo que as pessoas deviam ouvir o que acontece ali [na conversa do podcast] e votar com consci�ncia. Por isso que, na minha opini�o, o protagonista do programa � a conversa, que as pessoas pegam aquilo ali, formam as suas pr�prias opini�es, idealmente, e se tornam mais conscientes.

BBC News Brasil - Ap�s as conversas com Bolsonaro e Lula, qual foi a impress�o que ficou de cada um deles? Mudou algo na sua opini�o?

Igor Coelho - A impress�o que eu fiquei do Lula � que amplificou a ideia que eu tinha de que ele � muito safo. Ele � inteligent�ssimo, ele � muito h�bil, ele comete poucos erros, at� em um ambiente livre, sabe? Ele se compromete pouco na fala, muito habilidoso. Est� fazendo isso h� muito tempo e tal. Mas a maneira como a pol�tica � feita no PT, de uma forma geral, na campanha e tudo mais, s� confirmou o que eu imaginava mesmo, que � muito controlado. � tudo muito cuidadoso e � meio pl�stico, meio artificial. � a sensa��o que eu tenho.

Eles soltaram um v�deo nas redes sociais hoje [20/10] da participa��o do Lula no Flow. E aquele v�deo ali, cara, se voc� est� com um olhar meio desatento, parece que eu estava numa posi��o de f� do Lula. Do jeito que o corte foi feito e colocaram ali. At� fiquei meio: "caraca, o que fa�o com isso aqui, o que eu digo?". Parece que estava combinado [na equipe do Lula] de ele chegar, falar um monte de coisa, os caras gravarem, fazer aquele v�deo que ia sair depois. Ent�o, parece muito profissional. Eu t� com medo, inclusive, da minha galera que me acompanha aqui ficar achando que eu estava puxando o saco do Lula, porque naquele v�deo parece pra caramba. Toda carinha de que vai rodar a� esse v�deo.

J� o Bolsonaro, ele � muito mais uma pessoa... Eu imagino, assim, como � que esse cara virou presidente? Tinha um sentimento antipetista t�o forte que foi capaz de colocar ele ali. Eu nem acho que foi porque a galera gostava de verdade do Bolsonaro, sabe? Ent�o, a minha sensa��o pessoal com o Bolsonaro � que ele � um cara que ele tem uma ideia, e a gente pode considerar uma ideia retr�grada e meio fora do seu tempo e tal, mas ele parece que est� tentando aplicar aquela ideia ali da maneira que ele acha que... Por exemplo, tu pergunta de economia para o cara, o cara desde sempre, n�o � nem segredo: "p�, pergunta l� pro Paulo Guedes". Tem certas coisas que ele n�o t� ligado, que ele s� n�o sabe mesmo.

Ent�o, pessoalmente, eu n�o acho ele um monstro. Eu acho que muitas coisas que o tornam um monstro na m�dia foram amplificadas, at� pela forma como ele fala, muito menos cuidadoso, muito menos habilidoso do que o Lula. Tem gente que considera isso positivo, inclusive, porque pelo menos a gente sabe o que tem na cabe�a dele. Mas eu n�o acho que ele seja o monstro que est� todo mundo dizendo que ele � n�o. Ele s� tem umas ideias muito esquisitas assim que a gente pode, inclusive, n�o concordar tranquilamente. Eu n�o concordo, sei l�, com a maioria.


Igor rindo enquanto fala com entrevistado no podcast
Igor diz que n�o votar� nem em Lula nem em Bolsonaro nesta elei��o (foto: Reprodu��o)

BBC News Brasil -N�o seria uma vis�o um pouco condescendente com ele? Ele � o Presidente da Rep�blica e acaba sendo muitas vezes extremamente grosseiro com as pessoas. No caso das meninas venezuelanas, por exemplo, eu vi que voc� considerou exagerado trat�-lo como ped�filo por usar a express�o "pintou um clima". Mas, pela forma como ele parece usar politicamente uma situa��o de vulnerabilidade dessas meninas, n�o � natural que gere uma repulsa e cr�ticas graves a ele?

Igor Coelho - � natural e necess�rio. Eu n�o acho que um Presidente da Rep�blica pode falar, mesmo num momento de raiva, p�, que n�o � coveiro. Ent�o eu tenho, sim muitas cr�ticas � maneira como ele se porta, e n�o s� a maneira como ele se porta, tenho cr�ticas tamb�m � maneira como ele conduziu o governo, ainda que em alguns pontos.

� natural, acho que as pessoas precisam mesmo ter essas cr�ticas e pensar um pouco sobre o que est� acontecendo. E eu concordo contigo. Eu acho que na posi��o de Presidente da Rep�blica, um cuidado maior com as palavras, faz-se necess�rio. Mas, a aus�ncia desse cuidado comunica alguma coisa tamb�m. Eu acho que isso aproxima do povo, sabe? Eu acho que ele falar do jeito chucr�o dele l�, e cru, e sem pensar muito, d� a impress�o que ele est� falando o que est� na cabe�a dele. Portanto, a gente sabe exatamente o que tem na cabe�a dele. E � melhor isso do que uma fala muito bem estudadinha, que nem, sei l�, do Alckmin, entendeu?

Ent�o n�o estou defendendo, estou dizendo que essa percep��o � muito poss�vel. Eu sei porque tem gente na minha fam�lia que me diz isso. Tem gente da minha fam�lia que me diz o contr�rio, mas eu consigo entender por que isso conecta tanto. Concordo que n�o � adequado, mas a gente precisa concordar que comunica alguma coisa tamb�m, essa essa maneira como ele se coloca.

BBC News Brasil - Sim, tanto que ele tem uma rejei��o alta, mas tem tamb�m um apoio bem engajado e mobilizado, bem expressivo. Dessas duas entrevistas, Lula e Bolsonaro, voc� acha que algum deles teve saldo melhor?

Igor Coelho - Eu acho que o Bolsonaro teve um saldo melhor, porque, apesar de tamb�m achar que a maioria das pessoas que estava assistindo ali era da base dele, ele falou por mais tempo. E tempo, numa corrida presidencial, � importante.

Por isso que eu fiquei um pouco chocado, inclusive, dos caras quererem tirar o Lula ali t�o r�pido. Porque � tempo com um mont�o de gente vendo.

Por mais que tenha uma galera da base ali, eu conversei com algumas pessoas depois do programa do Bolsonaro que me disseram que s�o bolsonaristas e falaram "p�, eu queria ver o que o Lula tem para falar". E eu n�o duvido que algumas dessas pessoas estavam assistindo, ou est�o assistindo agora [na live gravada] o que o Lula tem para falar. Mas quanto menos ele fala, pior, eu acho. Ent�o, nesse sentido, eu acho que o Bolsonaro, apesar de ter falado v�rias coisas que podem compromet�-lo, e tal, ele teve mais tempo exposto, sabe? E nesse sentido, eu acho que foi o mais positivo para ele.

BBC News Brasil - Qual pergunta, por exemplo, ficou faltando fazer ao Lula que voc� queria muito ter feito?

Igor Coelho - Cara, tem um monte. Eu queria aprofundar um pouco mais sobre o lance da regula��o das m�dias. O que ele acha desse monte de censura do TSE. Eu queria perguntar qual � o custo pol�tico e, por que ele paga, por essa aproxima��o com os ditadores da Am�rica do Sul. Eu queria falar um pouco mais sobre economia e tal. Eu li tamb�m que o PT n�o quis lan�ar o plano de governo para n�o amea�ar alian�as, e eu queria entender melhor isso a�, mas n�o deixaram o cara falar.

BBC News Brasil - Qual sua vis�o sobre a atua��o do TSE, como a decis�o de desmonetizar canais?

Igor Coelho - Eu acho um absoluto. � que da outra vez eu n�o tava t�o engajado, mas eu n�o lembro do TSE se metendo tanto no que sai por a� nas �ltimas elei��es. Teve um lance, um document�rio do Brasil Paralelo que � chamado "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?", alguma coisa assim, sobre a facada e tudo mais, que nem saiu e os caras j� censuraram.

At� ent�o tinha rolado de mandar tirar conte�do e suspender conta de X pessoas e tal. Mas censura pr�via eu n�o tinha visto ainda n�o. Acho muito perigoso. Eu acho que o poder que a gente est� dando como sociedade para o TSE, para o Alexandre de Moraes, talvez esteja passando dos limites.

E eu queria muito saber o que esses caras pensam. Porque � muito f�cil voc� bater palma quando est� atrapalhando um lado, mas uma hora vai atrapalhar teu lado. � natural, vai acontecer isso.

[Nota da reda��o - O TSE determinou a suspens�o da monetiza��o de quatro canais no YouTube, entre eles o do Brasil Paralelo, por considerar que propagavam not�cias falsas em apoio a Jair Bolsonaro e contra Lula. A Corte tamb�m determinou a suspens�o da exibi��o do filme "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?" at� o dia 31 de outubro, um dia ap�s o segundo turno da elei��o. O filme estava previsto para ser lan�ado no dia 24 de outubro. Segundo a decis�o do TSE, a decis�o visa garantir o a lisura e a seguran�a do processo eleitoral.]

BBC News Brasil - O argumento do outro lado � que haveria um grande problema de fake news que seriam capazes de realmente mudar o curso das elei��es. Dessa forma, derrubar essas fake news e canais que propagam fake news n�o seria censura, mas uma quest�o legal para n�o distorcer o resultado das elei��es. Como voc� v� esse argumento?

Igor Coelho - Mas a censura pr�via ao document�rio que nem saiu, esse � [caso] o mais grave de todos, na minha opini�o. Todos os outros d� para a gente debater, discutir. Esse, de um material que nem saiu, eu n�o consigo ver um argumento que defenda isso. Parece que est� voltando no tempo.

BBC News Brasil - Gostaria de abordar a sa�da do Monark do Flow, ap�s ele defender a possibilidade de existir legalmente um partido nazista. Isso gerou uma rea��o fort�ssima que culminou na sa�da dele do programa. E depois ele tentou criar outro canal, mas, como o YouTube n�o permitiu a ele monetizar o conte�do, ele foi para outra plataforma. Voc� acha que houve algum exagero ou essa rea��o se justifica?

Igor Coelho - Eu tenho alguns problemas com isso a�. Bom, eu j� falei outras vezes que eu concordo que Monark usou um exemplo que � muito perigoso, que ele podia ter dito a mesma coisa usando outras palavras. Isso, na verdade, � uma conversa que eu j� tinha tido com Monark v�rias vezes e eu sei o que ele quis dizer.

Ele quis dizer que, se existe um partido como o PCO, que � um partido de extrema-esquerda, por que n�o pode existir qualquer outro partido? E a� ele usou o [exemplo] do partido nazista. Pessoalmente, eu discordo. Eu n�o acho que devia ter o Partido Nazista, porque o partido nazista, ele pressup�e morte. Na verdade, diverg�ncias pol�ticas a gente pode ter, o que a gente n�o pode � pregar a morte de qualquer que seja qualquer pessoa, que � o que o Partido Nazista faz. Ent�o, ele errou a� demais.

Agora, o que aconteceu � que as pessoas transformaram o Monark em nazista. E isso n�o � verdade. E eu sei tamb�m que houve uma gigantesca m� vontade com o Monark, inclusive ele j� era o inimigo p�blico das redes sociais antes, por outras coloca��es.

Ele fala um bagulho mal elaborado e isso custou bastante coisa pra ele. Teve o lance que ele estava conversando com o [advogado] Augusto de Arruda Botelho [em posts p�blicos no Twiiter] sobre racismo, que ele acabou pegando a alcunha de racista tamb�m ali.

BBC News Brasil - Acho que ele colocou uma pergunta: "racismo deveria ser crime?".

Igor Coelho - N�o, o que ele escreveu foi: "ter uma opini�o racista � crime?". Ele falou isso querendo dizer que "p�, o cara que est� ali sendo racista na dele, mas ele tem uma opini�o racista, esse cara devia ser preso mesmo sem tomar atitude nenhuma?".

Assim, por que a gente n�o pode debater isso? Voc� pode concordar ou discordar. Achar que � crime mesmo, o cara pensar e ficar quieto � crime, n�o sei. D� pra gente debater isso tudo, mas a� come�aram a chamar o moleque de racista. E, depois dessa a� no Flow, come�aram a chamar de nazista, � muito pior. E a� ele virou o nazista na internet. Assim, foi muito r�pido. � uma daquelas mentiras absurdas que eu gostaria que as pessoas na verdade tratassem da mesma maneira de todos os lados, porque, no fim das contas, ele n�o � nazista.

Eu considero bastante injusto, na verdade, o que aconteceu, tudo o que eu fui for�ado a fazer, inclusive, para salvar tudo aqui. Tudo aconteceu baseado na premissa de que o Monark � nazista. Eu ficou triste, inclusive, que o YouTube n�o permite que ele esteja na plataforma. Ele est� desmonetizado pra sempre.

Ter uma opini�o racista � crime?

— %u2654 Monark (@monark) October 26, 2021

BBC News Brasil - O YouTube permite que o Monark esteja na plataforma, ele s� n�o pode receber dinheiro com isso.

Igor Coelho - �, exatamente, exatamente. Mas da� isso inviabiliza um monte de coisa. Imagina se ele fica no Flow: se ele fica no Flow, n�o tem Flow. Ent�o, tem um monte de problema, � a mesma coisa que tirar ele de uma vez da plataforma, porque, no fim das contas...

BBC News Brasil - Fazendo um contraponto: ele deu outras declara��es anteriores tamb�m complicadas no pr�prio Flow, em uma conversa dele com o Antonio Tabet, do Porta dos Fundos, ele de certa forma minimizava o problema da homofobia.

Igor Coelho - O Monark � exatamente isso a�, � um monte de declara��o dif�cil, porque ele joga a parada ali e a� vamos debater sobre isso. S� que ele joga da pior maneira poss�vel. Isso da� � algo que a gente conversou em 2018.

BBC News Brasil - Voc� n�o acha que vale uma reflex�o? S�o coisas t�o s�rias. Por exemplo, voc� falou que talvez o nazismo seria mais grave que o racismo. Nem sei se poder�amos colocar dessa forma. O racismo est� na base da escravid�o que matou uma quantidade gigantesca de negros no Brasil.

Igor Coelho - � grav�ssimo tamb�m.

BBC News Brasil - E tem marcas at� hoje. Ent�o, ser� que d� para falar "ah, � mal colocado" simplesmente. Ele tamb�m n�o tem que tentar evoluir disso? E talvez doer no bolso n�o seja necess�rio para isso?

Igor Coelho - Eu acho que sim. Vou te explicar: quando a gente come�ou, a gente queria ter uma conversa de bar mais humana poss�vel, que fosse a mais real poss�vel com cinco c�meras miradas na nossa cara. S� que a gente n�o levou em considera��o o fato que a gente estava se tornando cada vez mais relevante, mais influente, e as coisas que s�o ditas aqui... N�o � que a gente n�o pode mais levantar assuntos espinhosos ou discordar de senso comum e tudo mais. Mas eu preciso fazer isso de maneira mais bem elaborada, sabe?

E esse espa�o que a gente tinha de falar de maneira leviana e superficial de algumas coisas ele est� muito diminu�do. Ent�o, eu n�o me sinto nem mais confort�vel trazendo esses assuntos dessa mesma forma descompromissada.

Ent�o, sim, eu acho que � medida que a gente foi se tornando grande, foi se tornando relevante, a gente devia ter tamb�m se tornado um pouco mais cuidadoso. E eu j� te adianto que essa � uma vis�o que o Monark discorda. E n�o estou dizendo que Monark � um monstro. O que eu estou dizendo � que na cabe�a dele isso seria um ataque � liberdade de express�o, dentro dos moldes da Primeira Emenda Americana, etc, que ele fala pra caramba.

BBC News Brasil - Ent�o, voc� tem um senso de responsabilidade, mas fiquei com a sensa��o na sua resposta que tamb�m h� um sentimento de uma perda, que isso pode podar de alguma forma o fluxo das conversas.

Igor Coelho - Sim, sim, sim. Mas essa ideia de perda � uma ideia do Monark para ser sincero. Mas n�o � a minha opini�o, n�o. Essa era a minha opini�o antes dessa M* acontecer, bem antes. Mas eu fui percebendo que a gente falava e as coisas repercutiam. E a� eu fui mudando o jeito de eu falar. E assim fui tomando cuidado, por exemplo, com as pessoas cortarem o que eu vou falar, ir para a internet de um jeito M*. Por exemplo, se eu tenho uma ideia que ela � controversa, eu construo ela de um jeito que o corte vai ficar rid�culo. Se o cara quiser cortar, vai fica muito claro que o cara t� cortando pra me sacanear.

Eu vou continuar, inclusive, levantando pautas espinhosas aqui, porque eu acho que � o meu trabalho, mas eu pretendo faz�-las da forma que eu tenho feito, elaborando melhor o que eu quero dizer, at� para eu me defender mesmo.


Igor olhando lateralmente enquanto fala com entrevistado no podcast
Dono do Flow diz quev as audi�ncias dos epis�dios com Lula e Bolsonaro foram infladas artificialmente (foto: Reprodu��o)

BBC News Brasil - Na conversa com o Bolsonaro, por exemplo, teve um momento em que ele fez uma piada homof�bica envolvendo a cria��o de uma vacina da var�ola. Voc� riu, ele ficou brincando que voc� n�o tinha entendido, e voc� disse "eu entendi". Por exemplo, nesse tipo de momento, voc� n�o acha que caberia fazer uma pontua��o: "presidente, n�o � bem assim"?

Igor Coelho - Depois, eu fiquei sabendo que eu entendi errado.

BBC News Brasil - E o que voc� tinha entendido?

Igor Coelho - Eu entendi que ele [ao dizer] "ah, p�, tu se amarra numa vacina", talvez tivesse uma conota��o sexual no "se amarra numa vacina". Mas depois � que eu fui ver que tinha um lance que quem estava tomando essa vacina era majoritariamente o povo homossexual.

BBC News Brasil - � um discuss�o de que essa doen�a [a chamada var�ola dos macacos] estaria atingindo um maior propor��o os homossexuais, embora seja uma doen�a que possa ser transmitida para qualquer pessoa.

Igor Coelho - Mas assim, de qualquer forma, n�o sei te dizer, se eu tivesse entendido exatamente isso a�, eu n�o sei o que meu cora��o ia mandar fazer na hora. Vou pensar sobre isso.

BBC News Brasil - Durante a live com o Lula, algumas pessoas enviavam dinheiro para o Flow. Que tipo de montante movimenta uma live dessa?

Igor Coelho - Eu posso te dizer que uma live como essa do Lula a� realmente d� dinheiro pra cacete. Eu posso te dizer que na �ltima vez que eu olhei ali, deu um n�mero meio assustador inclusive. Se eu n�o me engano, acho que uns R$ 50 mil.

BBC News Brasil - As pessoas fazem envios de dinheiro na hora. Como que funciona exatamente? Elas ganham direito a alguma coisa?

Igor Coelho - S� o fato de ter muita gente assistindo, passa muito an�ncio, e isso gera bastante dinheiro. O super chats que as pessoas mandam ali, no nosso programa, a gente j� avisa h� anos que a gente n�o faz nada com aquele super chat. Porque a gente meio que briga com o YouTube, de uma forma geral, o YouTube me sacaneia. Ent�o, a gente tem uma plataforma paralela que as pessoas, por essa plataforma, elas mandam perguntas para gente. O YouTube, por exemplo, se voc� manda R$ 10 no YouTube, o YouTube pega tr�s e eu recebo sete. L� na minha plataforma, eu pago o custo do banco e acabou. Ent�o, as perguntas que eu leio no final do programa, elas chegam pela plataforma, mas n�o consegui ler nenhuma com o Lula. N�o deu tempo.

BBC News Brasil - Ent�o, o grosso vem dos an�ncios?

Igor Coelho - �, o grosso vem pelos an�ncios mesmo. Sem d�vida, sem d�vida.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63353233


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