
"Bolsonaro de 2018 tinha pavor do nome Valdemar da Costa Neto. Acabou que entre os �ltimos partidos de 2018 (o parlamentar buscava uma legenda pela qual pudesse se candidatar � presid�ncia), ficou entre PSL e PR, atual PL, e ainda assim era fora de cogita��o (se filiar ao PL)", disse ao Estado de Minas.
"Eu perdi um ‘tio’. Ele queria escrever o livro. Muito do que me motivou a ir adiante foi para homenage�-lo, e � um cara que sempre vai viver na minha mem�ria como um exemplo de corre��o. Ele era faixa preta em jiu-jitsu com cora��o de um urso panda", conta, emocionado.
Partida Liberal
Em novembro de 2021, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal, presidido por Valdemar da Costa Neto, pol�tico duramente criticado pelos filhos do presidente e pelo pr�prio chefe do Executivo por envolvimento em casos de corrup��o.
Valdemar foi preso e condenado, em 2012, a sete anos e dez meses por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no caso Mensal�o, al�m de receber uma multa de R$ 1,6 milh�o. Em 2014, foi autorizado pelo ministro Lu�s Roberto Barroso a cumprir pena de forma domiciliar. Dois anos depois, o pr�prio ministro do Supremo Tribunal Federal concedeu perd�o ao pol�tico.
Em 2015, foi delatado por Ricardo Pessoa, dono da empresa UTC, por receber R$ 200 mil por fora, na Opera��o Lava Jato.
'� o meme que virou presidente'

"Ele fez com que grosseria dele virasse independ�ncia, que a destemperan�a virasse sinceridade, que o despreparo dele virasse sinal de humildade", analisa
Em seu livro, Marinho relata que, antes da sabatina que Bolsonaro daria � GloboNews, em agosto de 2018, o ent�o candidato resolveu, contra a vontade dos respons�veis pela campanha, decorar o editorial do Grupo Globo que declarava apoio a ditadura c�vico-militar instaurada ap�s o golpe de 1964.
Ao ser questionado por Roberto d'Avila se o Brasil passou ou n�o por uma ditadura, Bolsonaro "sacou a carta da manga" e elogiou o texto da capa do jornal O Globo de 7 de outubro de 1984.
Momentos depois, a jornalista M�riam Leit�o recitou um editorial preparado pela Globo com a ajuda do ponto eletr�nico. As imagens correram a internet e ajudaram o candidato a ganhar a simpatia de parte do eleitorado.
"(Bolsonaro) sabia que tinha vencido. (...) Na sa�da, chapado de dopamina, ele pega Bebianno e meu pai pelos bra�os e diz: 'Mandei t�o bem, mas t�o bem, que assim que pisar em casa vou dar uma na patroa!", narrou Andr� Marinho sobre os bastidores finais da entrevista.
Mulheres
A alta taxa de rejei��o de grande parte do eleitorado feminino a Bolsonaro, apontada pelas pesquisas, � uma preocupa��o antiga da campanha do chefe do Executivo.
Ainda em 2018, o coordenador da campanha eleitoral do ent�o candidato � presid�ncia queria que a escolhida para concorrer como vice na chapa fosse a jurista Jana�na Paschoal, que havia ganhado fama por ser uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e por ser muito vocal contra o Partido dos Trabalhadores.
As longas mensagens enviadas pela agora parlamentar ao candidato que seria o 38º presidente do Brasil irritaram Bolsonaro que, segundo Andr� Marinho, teria dito que ela "� chata para cacete".
Na conven��o do PSL, no dia 22 de julho daquele ano, a jurista n�o deu o endosso e o apoio que o candidato a presid�ncia esperava. Assim, ela acabou optando por concorrer a deputada estadual por S�o Paulo.
Tendo a casa de sua fam�lia transformada em um QG de campanha do Capit�o, Andr� Marinho narra que Bolsonaro n�o se sente � vontade pr�ximo de mulheres.
"Esse � um not�vel tra�o seu. Mal cumprimentava minha m�e, por exemplo, ou o fazia sem jeito", afirmou.
'Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado Bolsonaro'
Advogado Gustavo Bebianno afirmou, a pessoas pr�ximas, que devia desculpas aos brasileiros e que n�o sabia que Jair Bolsonaro (PL) "seria um presidente t�o fraco”.
Coordenador da campanha eleitoral para a presid�ncia da Rep�blica, Bebianno foi o homem forte da campanha do peelista.
"Ele (Bebianno) era at� ing�nuo. Acho que ele foi tomado ali por aquela conjuntura hist�rica que acabou intoxicando milh�es e milh�es de pessoas. Eu e meu pai fomos nesse balaio. Ao contr�rio dele, a gente nunca acreditou que ele (Bolsonaro) era um mito, mas o Bolsonaro, como todo bom sociopata, � sedutor", avalia Andr�.
O ci�me que Carlos Bolsonaro tinha da rela��o entre Bebianno e Jair Bolsonaro, segundo o comunicador, foi fundamental para que houvesse o rompimento. Andr� afirma ter presenciado o presidente eleito afirmar: "Se n�o fosse por esse cara a� (Gustavo Bebianno) jamais teria chegado onde eu cheguei".
Ap�s a elei��o presidencial de 2018, Carlos Bolsonaro passou a ter atritos expl�citos com Gustavo Bebianno, coordenador da campanha eleitoral na �poca. Na "queda de bra�o", o filho saiu vitorioso e o jurista foi escanteado."Era ciumeira que Carlos tinha do Bebiano", relata Andr� Marinho.
Em fevereiro, Carlos chamou de “mentira” uma afirma��o de Bebianno de que ele teria conversado tr�s vezes com o chefe do Executivo em um dia no qual o presidente Jair Bolsonaro estava internado no hospital Albert Einstein em S�o Paulo. Dias depois, o advogado foi demitido da Secretaria-Geral.
"Imagino que, em termos de estrat�gia – n�o sei se depende ainda, t�! –, ele at� faz alguma cena ali para o Carlos se sentir contemplado", conjecturou Marinho sobre o cen�rio na atual elei��o.
A possibilidade de vit�ria eleitoral atraiu pessoas que viram ali uma chance de "tirar uma casquinha", disse Andr�. Segundo ele, em 2018, Gustavo Bebianno conseguiu blindar o candidato Jair Bolsonaro de aproxima��es motivadas por interesses.
"Deve ter sido muito duro para o Carlos ali, com todo aquele idealismo ideol�gico, com perd�o do trocadilho. Voc� v� agora a din�mica que ele teve com o Pablo Mar�al recentemente. O Bebianno foi uma fortaleza contra todos esses 'vagalumes' do poder", afirmou.
No dia 14 deste m�s, uma aproxima��o entre o ex-presidenci�vel e coach Pablo Mar�al (PROS) e Jair Bolsonaro foi mal vista pelo filho do presidente, que publicou em dois tweets: "Tem malandro de �ltima hora se colocando como o tal do digital, mentindo para ganhar outras coi$a$. (...) Pode mentir em entrevista, se promover, dar uma de Coach malandr�o, s� que aqui n�o!".
Carlos Bolsonaro
A rela��o do patriarca Jair Bolsonaro com seus filhos Fl�vio, Eduardo e Carlos Bolsonaro estiveram na m�dia at� antes da elei��o do l�der do cl�, mas foi o contato com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) que chamou mais aten��o de Andr� Marinho.
"Acho que o filho que tem mais ascend�ncia emocional ali � o Carlos Bolsonaro. At� porque imagino que se o presidente tem algum resqu�cio de empatia ou remorso dentro dele foi por tudo que ele fez com o filho no passado", comentou Marinho.
Ent�o com 17 anos de idade, Carlos foi lan�ado candidato a vereador do Rio de Janeiro para concorrer contra sua m�e Rog�ria, que, na �poca, nos anos 2000, passava por um processo de separa��o com Jair Bolsonaro. Nesse pleito, o filho tornou-se o vereador eleito mais jovem da hist�ria do Brasil. Enquanto isso, a m�e, sem o apoio do capit�o, n�o alcan�ou �xito na sua tentativa de seguir na carreira pol�tica.
O BRASIL (N�O) � UMA PIADA, de Andr� Marinho
Editora Intr�nseca
P�ginas: 240
Livro impresso: R$ 59,90
E-book: R$ 29,90