Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, em 13 de outubro, Nogueira disse contar, ainda, com aumento do �ndice de absten��o no Nordeste. O racioc�nio era simples: com menos eleitores indo �s se��es de vota��o na regi�o em que Lula � historicamente dominante, o caminho para a vit�ria de Bolsonaro poderia ser mais f�cil. Na pr�tica, contudo, o n�mero de nordestinos ausentes da elei��o foi inferior � m�dia nacional. Em todo o pa�s, o percentual de faltas foi de 20,58%, o menor desde 2006. No Nordeste, a estat�stica ficou em 19,29%.
O ministro da Casa Civil estava entusiasmado com os resultados colhidos pelas pesquisas internas da campanha de Bolsonaro. Os levantamentos, chamados de trackings, n�o podem ser divulgados, mas servem para que aliados possam ajustar poss�veis lacunas nos discursos dos candidatos.
"Com esse cen�rio de crescimento de Bolsonaro no pa�s, acho muito dif�cil que ele n�o ganhe esta elei��o. E n�o vai ser por um ou dois pontos. Acredito que o presidente vai ter, no m�nimo, 8 pontos (de vantagem) e que fique, no m�nimo, entre 54% a 46% (para Bolsonaro). N�o sai dessa margem de erro, lhes garanto. Depois voc�s me cobrem", afirmou, ao EM.
Ontem, o palaciano ajustou a proje��o e foi ao Twitter para divulgar um novo c�lculo, tamb�m equivocado. "Haja cora��o! Na nossa proje��o vamos ganhar com 50,09%", escreveu, em postagem acompanhada pela express�o "tic tac", bastante utilizada pelo ministro nas redes para imitar o som do movimento dos ponteiros de um rel�gio.
Al�m da baixa absten��o no Nordeste, Ciro Nogueira n�o contava com a diminui��o, em rela��o ao primeiro turno, do n�mero de faltantes na regi�o. Na vota��o inicial, 19,53% das pessoas n�o compareceram - percentual 0,24% menor do que o registrado ontem.
"A for�a eleitoral de Lula no Nordeste � hist�rica. A migra��o dos percentuais por conta da absten��o no Nordeste vai ser significativa na decis�o eleitoral deste ano, porque se voc� levar em conta apenas a elei��o de 2018, a vit�ria de Lula (do PT, na verdade) cai de 6 milh�es para 2 milh�es (de margem). A absten��o no Nordeste no 2º turno � muito significativa", projetou, erroneamente.
"N�o � uma coisa que dependa do quadro pol�tico ou de esfor�os de um lado ou de outro. Historicamente, no 2º turno, e voc�s podem comprovar isso em 2014 e 2018, o aumento da absten��o no Nordeste � muito significativo", completou.
PL se frustra com rev�s no fim em Minas
Desde o in�cio do segundo turno, Bolsonaro, aliados mineiros e integrantes da campanha nacional do PL passaram a ter, na ponta da l�ngua, discurso un�ssono a respeito da necessidade de vencer em Minas Gerais. Desde 1950, quando Get�lio Vargas foi eleito presidente, todos os vencedores do pleito nacional precisaram ganhar a etapa mineira da elei��o para chegar ao governo federal.
Ontem, Bolsonaro liderava a apura��o mineira quando, ap�s a totaliza��o de mais de 93% das urnas, foi passado por Lula. No placar final, o petista triunfou no estado por apenas 0,4%. Al�m de manter viva a escrita nascida ap�s Vargas, Lula enterrou o discurso de Ciro Nogueira.
"Com o cen�rio, agora, de virada em Minas Gerais e em S�o Paulo - e depois me cobrem: vamos ganhar bem em Minas -, est� muito pr�ximo de estourarmos de alegria com a vit�ria de nosso presidente", havia projetado o ministro, na mesma entrevista.
O apoio do governador Romeu Zema (Novo) era tido como elemento essencial para proporcionar a virada de Bolsonaro em Minas. Apesar do rev�s, o presidente, de fato, cresceu no estado. No primeiro turno, perdeu para Lula por uma diferen�a de 563,3 mil votos. Ontem, por�m, conseguiu diminuir a margem para 496,6 mil eleitores - 50,20% a 49,8%.
"� o estado que tem a maior sintonia com o pa�s como um todo. Alguns estat�sticos dizem que n�o � preciso fazer pesquisa no Brasil; basta fazer em Minas. Os �ndices do pa�s foram id�nticos aos de Minas. Os n�meros que recebemos nesta semana (do dia 12 de outubro) nos surpreenderam positivamente na migra��o (de votos), levando a uma vit�ria do presidente Bolsonaro em Minas de forma muito significativa", emendou Ciro Nogueira.
A cren�a na virada em Minas foi reverberada, tamb�m, por Bolsonaro. No s�bado (29), durante visita a BH, o presidente derrotado adotou tom otimista. "Obrigado, Minas Gerais. Obrigado, governador Zema, prefeitos e povo por esse apoio. Minas j� virou. Vamos � vit�ria. (Estou) confiante na vit�ria", falou, � "R�dio Itatiaia".
S�o Paulo, outra esperan�a do bolsonarismo, tamb�m aumentou o n�mero de votos dados a Bolsonaro. O crescimento, entretanto, foi insuficiente para barrar a elei��o de Lula. No primeiro turno, o presidente venceu por 47,41% a 40,89%, o que equivale a 6,82 pontos de diferen�a. Agora, a dist�ncia aumentou para 10,48 pontos - 55,24% a 44,76%.
Piau� imp�e derrota pessoal a ministro
Ber�o pol�tico de Ciro Nogueira, o Piau� imp�s uma derrota pessoal a Ciro Nogueira. Isso porque Lula venceu em todas as cidades do estado e, no todo, conseguiu, l�, a maior vit�ria sobre Bolsonaro: 76,86% a 23,14%. No primeiro turno, o triunfo petista havia sido por margem similar: 74,25% a 19,9%.
O ministro disse ter ficado triste com os resultados do primeiro turno. Al�m da derrota de Bolsonaro, o candidato do grupo pol�tico de Nogueira ao governo local, Silvio Mendes (Uni�o Brasil), sucumbiu a Rafael Fonteles (PT). O mesmo ocorreu com Joel Rodrigues (PP), oponente do vencedor Wellington Dias (PT) na corrida ao Senado Federal.
"�, talvez, um dos estados do Nordeste onde houve mais disputa. Estamos trabalhando fortemente para, no 2º turno, diminuir a diferen�a de Lula para Bolsonaro nas cidades. N�o vou dizer que Bolsonaro vai ganhar no Piau�, mas estamos trabalhando muito para diminuir a diferen�a", vislumbrou, equivocadamente.