(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SUCESS�O

Frente ideol�gica ampla e economia s�o desafios para Lula

A exemplo do primeiro mandato, petista monta transi��o e busca entendimento entre PT hist�rico com liberais e comunistas


13/11/2022 04:00 - atualizado 13/11/2022 07:41

Lula em reunião com políticos de diversos partidos depois da eleição
Lula em reuni�o com pol�ticos de diversos partidos depois da elei��o (foto: Sergio Lima / AFP)
 

 

Eleito presidente com a maior coliga��o j� montada pelo PT e formalmente apoiado por outros nove partidos, Luiz In�cio Lula da Silva contempla, na equipe de transi��o que vai ampar�-lo at� a posse, representantes das diversas for�as que endossaram sua campanha.

Al�m de quadros petistas e de filiados a legendas aliadas de primeira hora, como o PCdoB, o conselho pol�tico e os grupos tem�ticos do processo de transfer�ncia de poder contam com apoios importantes que aderiram � coaliz�o de Lula no segundo turno — a senadora Simone Tebet (MDB-MS), por exemplo, foi escalada para a �rea de desenvolvimento social e combate � fome.

H� mistura de vis�es tamb�m entre os economistas da transi��o. A equipe tem Guilherme Mello e Nelson Barbosa, ligados � c�pula do PT, mas tamb�m conta com Persio Arida e Andr� Lara Resende, de origem liberal e idealizadores do Plano Real.

Os desafios de Lula ao formar uma coaliz�o de frente ampla e ainda contar com a ades�o de economistas do Plano Real s�o analisados por especialistas ouvidos pelo Estado de Minas diante a press�o do PT hist�rico.

 

Persio Arida e Andr� Lara Resende declararam voto em Lula na disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos s�o historicamente associados ao PSDB. Foi do ninho tucano, ali�s, que voou Geraldo Alckmin, hoje no PSB. Vice-presidente eleito, ele � o coordenador-geral do processo de transi��o. Al�m de comandar todo o gabinete, Alckmin tem tido a miss�o de anunciar, publicamente, os componentes das 31 comiss�es tem�ticas.

 

Para o cientista pol�tico Alberto Carlos Almeida, autor do livro “A m�o e a luva: O que elege um presidente”, os nomes escolhidos para a transi��o refletem os apoios angariados por Lula no primeiro e no segundo turnos, mas n�o apenas isso. Segundo ele, a diversidade de pensamento dos interlocutores presentes no grupo representa tamb�m um estilo pr�prio do petista. “Isso j� aconteceu. N�o � novidade quando se trata de Lula. Ele fez exatamente assim em 2002 e 2003”, diz, ao Estado de Minas, citando a diversidade de nomes presente na Esplanada dos Minist�rios durante a fase inicial do primeiro mandato do petista.

 

“Foi exatamente assim que come�ou o primeiro governo Lula. Havia (Luiz Fernando) Furlan, empres�rio de S�o Paulo, como ministro da Ind�stria e Com�rcio; Roberto Rodrigues na Agricultura; e (Ant�nio) Palocci na Fazenda”, lista. Furlan e Rodrigues, citados por Almeida, tinham trajet�rias ligadas ao empresariado, enquanto Palocci, na outra ponta, era, � �poca, um dos mais relevantes quadros pol�ticos do PT.

 

Almeida cr� que as diferentes correntes seguidas pelos conselheiros econ�micos de Lula evidenciam que o caminho a ser seguido pelo futuro governo na �rea vai ser aquele que o presidente eleito determinar. “Isso, para Lula, � importante. Ele quer ter essa decis�o somente nas m�os dele. H� Guilherme Mello e Nelson Barbosa, considerados pr�ximos do PT; e, distantes do PT, Andr� Lara Resende e P�rsio Arida. Ele agrada a todo mundo: tanto aos cr�ticos do PT quanto aos petistas”, aponta.

ALCKMIN

Reginaldo Nogueira, mestre em economia e diretor-geral do Ibmec em S�o Paulo, tem opini�o diferente. Para ele, embora a escolha de Geraldo Alckmin para o comando da transi��o ilustre o desejo de Lula por um movimento ao centro, h� mudan�as recentes que alteram a percep��o sobre o tom ampliado da passagem de bast�o. “A press�o do PT tem sido forte demais em Alckmin e n�o parece mais que essa � uma frente ampla. Ela volta a parecer um pouco o que eram os governos do PT antes. Eram, basicamente, governos do PT com alguns poucos nomes de partidos da base aliada, com muito pouco espa�o para quem vem de fora, inclusive para o MDB”, contesta.

 

Na semana passada, o presidente eleito questionou a necessidade de manter o debate sobre a economia orbitando em torno de t�picos como o teto de gastos p�blicos. Durante discurso em Bras�lia, na quinta-feira, o petista defendeu o combate � fome como prioridade sobre a estabilidade fiscal. “Por que as pessoas s�o levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal neste pa�s? Por  que toda hora as pessoas falam que � preciso cortar gastos? � preciso fazer super�vits? � preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gastos n�o discutem a quest�o social do pa�s?”, perguntou.

 

A fala gerou ru�dos entre parte das for�as que apoiaram Lula. Conselheira econ�mica de Tebet, Elena Landau criticou a avalia��o do petista. “As pessoas tinham um pouco de esperan�a de ter um Lula de 2003, pragm�tico, entendendo a import�ncia da quest�o fiscal para se atingir a responsabilidade social. O que vimos foi um discurso populista, que traz o monop�lio da virtude para a esquerda”, criticou ela em entrevista � CNN Brasil, afirmando que os pobres s�o os mais afetados por irresponsabilidades fiscais. Arm�nio Fraga, outro liberal a embarcar no bloco liderado pelo PT, tamb�m demonstrou irrita��o.

 

Por isso, para Nogueira, o campo econ�mico �, justamente, o setor capaz de comprovar a exist�ncia de disson�ncias entre as for�as da frente lulista. “Isso [rea��es � fala de Lula] mostra claramente o seguinte: na pr�tica, n�o parece ser uma frente ampla e parece ter pouco espa�o para uma discuss�o al�m do campo de esquerda tradicional do PT”.

Conselho pol�tico une 14 partidos

O conselho pol�tico da equipe de transi��o tem lideran�as de  14 partidos. Al�m de PT, PSB, Agir, Avante, Solidariedade, Psol, Rede, PCdoB e PV, que apoiaram Lula no primeiro turno, indicaram representantes PDT,  MDB, Cidadania e PSD. Mesmo partidos que nomearam representantes para aconselhar Lula, como o Psol, que apontou para a fun��o o presidente nacional da sigla, Juliano Medeiros, n�o sabem se v�o compor oficialmente o governo. Como mostrou na semana passada o Estado de Minas, os pessolistas, que formam uma federa��o com a Rede, deixaram para dezembro a decis�o sobre o embarque na base aliada. A presen�a, na transi��o, dos partidos que sinalizaram poss�vel apoio a Lula, por�m, � vista como essencial pela dire��o do PT. “Achamos muito importante ter os partidos institucionalmente, formalmente nesse processo”, afirmou, na semana passada, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional da agremia��o.

 

Os aliados do petista t�m feito quest�o de destacar tamb�m que a presen�a na transi��o n�o significa convite para algum dos minist�rios do novo governo. O recado j� foi dado publicamente por Geraldo Alckmin e, tamb�m, por outros interlocutores de Lula. “O grupo de transi��o �, sobretudo, mais t�cnico, para juntar informa��es para subsidiar as decis�es do presidente e do vice”, garantiu, na semana passada, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "Nenhum dos nomes que constam na transi��o, vinculadamente, vai assumir qualquer cargo no governo futuro. Isso foi deixado claro pelo presidente (eleito), pelo vice-presidente (eleito)", completou.

 

De Minas, ao menos quatro nomes devem fazer parte da transi��o. O deputado estadual Andr� Quint�o (PT) vai colaborar na �rea de desenvolvimento social, enquanto a ex-ministra Nilma Lino Gomes, das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, e o soci�logo Martvs das Chagas v�o atuar no setor que trata, justamente, da igualdade racial. Embora o comit� de educa��o n�o tenha sido anunciado, a deputada estadual eleita Maca� Evaristo vai participar dos debates a respeito do ensino. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)