
Aos 47 anos, o novo governador paulista passa a comandar o estado mais rico do pa�s com boa situa��o financeira e base pol�tica formada.
Exaltando a t�cnica em detrimento da pol�tica, Tarc�sio foi eleito com a promessa de entregar projetos inacabados do PSDB no estado, como o Trem Intercidades, novas linhas de metr� e o Rodoanel, que envolvem uma s�rie de entraves.
Vinculado a tr�s padrinhos pol�ticos de peso, Bolsonaro, Gilberto Kassab (PSD) e Paulo Guedes, ele ocupa uma vitrine natural para as elei��es de 2026, mas depende de construir rela��es com deputados e prefeitos, aliados e opositores, para manter-se no jogo.
Contrariando bolsonaristas, escolheu Kassab, conhecido pela habilidade na articula��o, como secret�rio de Governo.
A cerim�nia de posse acontece a partir das 9h, na Assembleia Legislativa de S�o Paulo, e deve terminar �s 10h30, quando Tarc�sio vai ao Pal�cio dos Bandeirantes para a segunda etapa da solenidade, com a posse do secretariado.
O governador Rodrigo Garcia (PSDB) tem destacado que deixar� as contas em ordem e caixa recorde para investimentos, mas a equipe de transi��o, por outro lado, diz ter identificado uma s�rie de problemas que v�o de leitos desativados � falta de professores.
No in�cio da gest�o, a expectativa de Tarc�sio � avan�ar em temas que s�o vidra�as do PSDB.
Ascens�o de Tarc�sio
Em evento neste m�s, ele anunciou o leil�o do Rodoanel Norte, obra emperrada, para mar�o, e o edital do Trem Intercidades, que ligar� S�o Paulo a Campinas, para o primeiro semestre. Ambos os projetos j� eram tocados pelo governo Rodrigo.
A ascens�o de Tarc�sio reorganizou a pol�tica paulista ao desbancar a hegemonia do PSDB e consolidar a polariza��o entre a direita bolsonarista e a esquerda.
Aliados afirmam que o governador eleito ter� maioria consolidada na Assembleia, onde sua tarefa mais �rdua ser� aprovar a venda das estatais, a come�ar pela Emae (Empresa Metropolitana de �guas e Energia).
De acordo com o vice-governador eleito, Felicio Ramuth (PSD), as �reas que ter�o aten��o priorit�ria no in�cio do governo s�o a social e de habita��o, al�m de gargalos na sa�de e educa��o.
Em rela��o ao presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Tarc�sio j� afirmou que h� abertura para o di�logo. Kassab, que tem boa rela��o com o petista, ser� a ponte.
Os novos governo federal e estadual, por�m, j� est�o em desacordo a respeito da privatiza��o do Porto de Santos, defendida pelo governador eleito.
Na transi��o, ele manteve a postura amb�gua em rela��o � direita radical que marcou sua campanha. Por um lado, agradeceu a Bolsonaro ao ser diplomado no �ltimo dia 19, mas preteriu bolsonaristas na forma��o de seu governo e no apoio para o comando da Assembleia, que deve ficar com Andr� do Prado (PL).
Caminho pr�prio
Tarc�sio ter� que mostrar habilidade para seguir um caminho pr�prio sem desagradar a base bolsonarista que o elegeu. O entorno do novo governador diz n�o acreditar que o ex-presidente ter� ascens�o sobre o afilhado.
O grosso do secretariado de Tarc�sio n�o saiu de indica��es de partidos, embora a coliga��o que o elegeu (Republicanos, PSD e PL) esteja contemplada. A maior parte � composta de nomes que trabalharam com Tarc�sio no Minist�rio da Infraestrutura, com Guedes no Minist�rio da Economia ou s�o pr�ximos a Kassab.
Ainda assim, o governador pagou ped�gio para sua base fiel ao escalar dois bolsonaristas para postos-chave no futuro governo -o deputado federal Capit�o Derrite (PL-SP) � frente da Seguran�a P�blica e a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos) no comando da pasta Pol�ticas para Mulheres.
Sonaira � comparada � senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). Ela j� prop�s projetos contr�rios � obrigatoriedade de m�scaras e � vacina, �s cotas raciais e � participa��o de transg�neros em disputas esportivas. A vereadora j� se referiu ao feminismo como "ideologia imunda".
Derrite tamb�m tem hist�rico pol�mico. Em um �udio, revelado pelo portal Ponte em 2015, teria dito que "o camarada trabalhar cinco anos na rua e n�o ter tr�s ocorr�ncias [morte de suspeito]" � "vergonhoso".
Estar� sob o guarda-chuva da seguran�a a avalia��o sobre as c�meras nas fardas dos policiais, que Tarc�sio j� criticou e prometeu rever mesmo ap�s o sucesso da medida em reduzir mortes tanto de suspeitos quanto de policiais.
Apesar de auxiliares de Tarc�sio minimizarem os impasses, ambos os secret�rios podem trazer desgaste para ele, que busca se firmar com uma vers�o mais moderada e agregadora do bolsonarismo.
Os tucanos, que deram apoio a Tarc�sio no segundo turno, sobretudo por meio da ades�o incondicional de Rodrigo, ficaram de fora do primeiro escal�o, assim como a Uni�o Brasil.
Ao desalojar o PSDB da m�quina do governo, Tarc�sio buscou seguir o que prometeu na campanha, quando falou em "uma linha de mudan�a, preservando o bom legado".
Apesar da agenda de atra��o de investimento privado e controle de gastos semelhante � dos tucanos, o novo governador tentar� buscar uma marca sua.
De acordo com interlocutores de Tarc�sio, a diferen�a em rela��o aos antecessores est� na experi�ncia de sua equipe na execu��o de concess�es e obras de infraestrutura, o que trar� entregas e construir� uma agenda positiva. Al�m disso, a nova gest�o tem a meta de digitalizar todos os servi�os.
Leis aprovadas
De in�cio, Tarc�sio ter� que analisar um pacote de 79 leis aprovadas na Assembleia para decidir se veta ou se sanciona os textos, o que pode causar desgaste com os deputados autores dos dispositivos. A an�lise ser� t�cnica, dizem aliados, e n�o haver� constrangimento em vetar o que for considerado prejudicial.
Uma medida que deve ser vetada, por exemplo, � a que diminui o imposto sobre doa��es e heran�as, o que reduziria a arrecada��o do estado em R$ 4 bilh�es. A proposta � do bolsonarista Frederico D'�vila (PL), que integrou a transi��o.
H� ainda uma lei escrita por Janaina Paschoal (PRTB) e outros deputados, que pro�be a exig�ncia de cart�o de vacina��o contra a Covid para acesso a qualquer local no estado
Aliados de Tarc�sio se preocupam com os primeiros meses na Alesp, uma vez que 39 deputados n�o foram reeleitos e dificilmente se engajar�o nas vota��es. A partir de mar�o, quando a nova legislatura assume, a forma��o de uma ampla base de apoio � vista como prov�vel.
Para o deputado Gilmaci Santos (Republicanos), as privatiza��es, uma das principais bandeiras de Tarc�sio, devem ser o grande desafio na Alesp.
"Acho que o maior desafio ser� a privatiza��o da Sabesp, se ele [Tarc�sio] continuar com a ideia de privatiza��o, porque vai fazer um estudo, ver os pr�s e contras. Teremos tamb�m outras privatiza��es", diz.
