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Estado de Minas GEST�O LULA

Dilma pede que movimentos sociais blindem o Lula da oposi��o no Congresso

Organiza��es ligadas ao petista dizem que � preciso dar suporte �s medidas do governo, que promete buscar di�logo com a base


07/01/2023 22:00 - atualizado 07/01/2023 22:03

Ex-presidente Dilma Rousseff
Dilma afirmou na segunda-feira (2), durante a posse da ministra Esther Dweck (Gest�o), que um governo n�o se mant�m "sem uma estrutura de organiza��o popular" (foto: Gabriela Bil�/Folhapress)

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) lan�ou um apelo nas primeiras horas da gest�o Luiz In�cio Lula da Silva (PT) que refor�ou a press�o de movimentos sociais por uma blindagem do novo mandato, com o alerta de que a aus�ncia de mobiliza��o popular poder� paralisar e at� derrubar o governo.

A fragilidade pol�tica de um presidente eleito com margem apertada e ref�m de uma oposi��o hostil no Congresso e nas ruas est� por tr�s da preocupa��o. Organiza��es ligadas ao petista dizem que � preciso dar suporte �s medidas do governo, que promete buscar di�logo com a base.

Dilma afirmou na segunda-feira (2), durante a posse da ministra Esther Dweck (Gest�o), que um governo n�o se mant�m "sem uma estrutura de organiza��o popular" e condicionou o lema "Democracia para sempre" --exaltado por Lula ap�s ser empossado-- ao convencimento da sociedade.

"Temos de nos organizar para conseguir apoiar que as medidas legislativas e pol�ticas que o governo venha a tomar tenham apoio, tenham sustenta��o, e que n�o ocorra nenhuma ruptura que n�s n�o possamos enfrentar", afirmou a petista, que sofreu impeachment em 2016.

 

Leia mais: For�a Nacional pode ser usada em atos que podem configurar crimes federais

 

"Porque a gente diz que 'ditadura nunca mais', que daqui pra frente � 'democracia sempre'. 'Democracia sempre' sem uma estrutura de organiza��o popular n�o se mant�m, sinto informar."

A advert�ncia ressoou como uma senha em movimentos como MST (dos sem-terra), MTST (dos sem-teto) e UNE (Uni�o Nacional dos Estudantes), que j� previam mobiliza��o permanente para fazer avan�ar suas agendas de interesse, em boa parte alinhadas com o discurso de Lula.

"� uma fala de quem sabe que foi golpeada por grupos poderosos e que a organiza��o e a mobiliza��o populares n�o tiveram for�as suficientes para impedir", diz Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares) e filiado ao PT.

Segundo ele, � consenso no segmento que a vigil�ncia ser� necess�ria "para implementar o programa vitorioso nas urnas e impedir tentativas de golpe". Porta-vozes dos militantes descrevem um per�odo de profunda crise, que obriga os setores organizados a se equilibrarem entre cobran�a e endosso.

Os movimentos conquistaram espa�o na administra��o depois do afastamento que come�ou com Michel Temer (MDB) e atingiu n�veis in�ditos sob Jair Bolsonaro (PL). O ministro M�rcio Mac�do (PT-SE) assumiu a Secretaria-Geral da Presid�ncia com o discurso de que agora o segmento deve "se sentir em casa".

"Acho que � uma fala [de Dilma] importante porque reconhece as organiza��es da sociedade civil como pilares da democracia", diz Josu� Rocha, da coordena��o do MTST, aliviado com uma aproxima��o que ocorre "depois de quatro anos de ataque e criminaliza��o".

"Nossa mobiliza��o ser� fundamental", afirma a presidente da UNE (Uni�o Nacional dos Estudantes), Bruna Brelaz. "Temos que ser guardi�es da democracia e da reconstru��o do Brasil depois da escalada autorit�ria, com a radicaliza��o do discurso fascista, que alimentou uma parte da popula��o."

A Secretaria-Geral concentrar� o di�logo com os movimentos no governo, mas h� planos de descentralizar a tarefa, com representantes em outros minist�rios para ouvir as reivindica��es de cada �rea.

Em dezembro, ap�s ser convidado para assumir a pasta, Mac�do negou em entrevista � Folha a possibilidade de perda de autonomia das partes e disse que "nem os movimentos v�o ser correia de transmiss�o de governo nem o governo vai ser aparelhado pelos movimentos sociais".

O horizonte, contudo, � complexo. A nova gest�o ter� o desafio de contemplar demandas como reforma agr�ria e clamores por investimento em moradia e educa��o p�blica em um contexto de aperto or�ament�rio e di�logo obstru�do com parte significativa da popula��o e do Congresso.

Ao assumir como ministro do Desenvolvimento Agr�rio e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT-SP) sinalizou disposi��o para atender aos pedidos, mas tamb�m fez a ressalva de que nem tudo � poss�vel.

"Iremos trabalhar com porta aberta [para os movimentos], em um di�logo permanente, acolhendo sugest�es e cr�ticas, naquela 'amizade inc�moda'. Venham pra cima", disse.

J� a nova ministra das Mulheres, Aparecida Gon�alves, deixou clara a vontade de ter o movimento de mulheres como parceiro. "Elas v�o me ajudar a cobrar tamb�m, n�? Eu tamb�m n�o vou ter medo nenhum de dizer: 'Gente, socorro, estou precisando de ajuda'", afirmou Aparecida � Folha.

Procurados, Mac�do e Dilma n�o responderam.

A fala da ex-presidente, com a men��o embutida ao impeachment, resgata o debate sobe o papel de movimentos sociais na articula��o contra a deposi��o da petista. Uma das cr�ticas � a de que for�as sociais e partid�rias subestimaram a amea�a inicialmente e tiveram uma rea��o tardia.

Por fim, sobreveio a tal ruptura imposs�vel de enfrentar, como resumiu Dilma na segunda-feira.

Bonfim, da CMP, cita manifesta��es de rua de apoio � petista convocadas em resposta aos atos contr�rios para contestar a percep��o de in�rcia dos setores populares. Ele reconhece, por�m, que uma mobiliza��o mais densa s� aconteceu quando as for�as de direita j� estavam avan�ando.

Para a cientista pol�tica Talita Tanscheit, o PT e partidos aliados falharam ao minimizar o risco naquele momento, mas a rela��o de Dilma com parte dos movimentos de sustenta��o do governo j� estava estremecida por causa da pol�tica de ajuste fiscal do ent�o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A pesquisadora afirma que uma an�lise em retrospecto leva � conclus�o de que a queda de Dilma seria inevit�vel por estar configurado o cen�rio cl�ssico para um impeachment: esc�ndalo de corrup��o, baixa popularidade, crise econ�mica e conflitos pol�ticos no Congresso.

"O novo governo Lula aponta para a incorpora��o da sociedade civil na produ��o de pol�ticas p�blicas, como foi nos outros mandatos. No passado, essa interlocu��o n�o impediu que os grupos pressionassem o governo, tivessem cr�ticas ou fizessem oposi��o a determinadas medidas", diz ela.

"Minha impress�o � que os movimentos v�o aproveitar a retomada dos conselhos, confer�ncias e estruturas participativas que foram esvaziadas e ser�o muito mais brandos neste primeiro momento do que foram em 2003, por entenderem que o processo de recupera��o da democracia � lento."

Para Talita, que � ligada � Universidade do Estado do Rio de Janeiro e � Universidade Diego Portales (Chile), o governo Lula 3 n�o escapa � f�rmula que pode resultar em impeachment, mas o risco � atenuado por fatores que v�o da escolha do vice, Geraldo Alckmin (PSB), � conjuntura econ�mica.

"N�o vejo cen�rio prop�cio para isso porque a recupera��o da estabilidade pol�tica e democr�tica do Brasil � fundamental para a nossa recupera��o econ�mica. E h� muitos interessados na nossa reabilita��o econ�mica, n�o s� internamente, mas tamb�m na comunidade internacional."


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