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Estado de Minas ATAQUE AOS TR�S PODERES

Invas�es em Bras�lia: 3 semelhan�as e 3 diferen�as com invas�o do Capit�lio

As cenas das invas�es em Bras�lia lembram o que aconteceu no Capit�lio dos EUA em 2021, embora tamb�m haja algumas diferen�as.


10/01/2023 12:28 - atualizado 10/01/2023 13:34


Duas fotografias lado a lado: da invasão em Brasília e da invasão do Capitólio
(foto: Getty Images)

As cenas de caos e destrui��o protagonizadas por bolsonaristas durante a invas�o das sedes do Congresso Nacional, do Pal�cio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (08/01) lembram o que aconteceu em Washington, nos Estados Unidos, h� dois anos.

Na ocasi�o, milhares de apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capit�lio, sede do Congresso americano, para tentar impedir a certifica��o do resultado da elei��o que elegeu o atual presidente Joe Biden.

Mas quais s�o as semelhan�as e diferen�as entre os dois incidentes?

As semelhan�as

1. Viol�ncia

Em ambos os casos, os manifestantes tomaram os pr�dios institucionais � for�a, deixando um enorme rastro de destrui��o por onde passaram.

Tanto em Washington quanto em Bras�lia, os manifestantes conseguiram passar pelo pequeno n�mero de policiais que tentaram det�-los e abriram caminho quebrando janelas e arrombando portas.


Bolsonaristas de verde e amarelo durante a invasão em Brasília
(foto: Reuters)

No domingo, os bolsonaristas sa�ram das imedia��es do Quartel General do Ex�rcito onde estavam acampados e avan�aram cerca de oito quil�metros at� a Pra�a dos Tr�s Poderes para invadir o Supremo Tribunal Federal (STF), o Pal�cio do Planalto e o Congresso Nacional.

Vestidos com as cores da bandeira nacional, sendo que muitos enrolados na pr�pria bandeira brasileira, eles praticaram in�meros atos de vandalismo, destruindo tudo o que encontravam pela frente — quebraram vidra�as, m�veis antigos, obras de arte, equipamentos de inform�tica e arquivos.

Como aconteceu no Capit�lio em 6 de janeiro de 2021, v�rios v�deos publicados nas redes sociais mostram como alguns dos invasores levaram "trof�us" do Congresso Nacional.

Em ambos os casos, muitos manifestantes vieram de lugares distantes no pa�s.

Em Washington, eles se reuniram pela manh� na esplanada conhecida como The Ellipse, em frente � Casa Branca, para ouvir os discursos de Trump e de alguns de seus aliados. De l�, marcharam para o Capit�lio. Muitos haviam chegado no dia anterior.


Invasão do Capitólio dos Estados Unidos
Multid�o invadiu o pr�dio do Congresso em janeiro de 2021 em ato semelhante ao ocorrido no Brasil dois anos depois (foto: Getty Images)

Em Bras�lia, dezenas de �nibus com manifestantes chegaram horas antes de outras partes do Brasil para se juntar ao acampamento de bolsonaristas na capital. Segundo o ministro da Justi�a, Fl�vio Dino, 40 desses �nibus j� foram identificados, assim como quem os financiou.

A viol�ncia n�o foi apenas patrimonial.

Cerca de 70 pessoas, de acordo com o Minist�rio da Sa�de, ficaram feridas no domingo, incluindo policiais e jornalistas, que foram agredidos pela multid�o. Pelo menos 1,2 mil pessoas foram detidas.

Em Washington, cinco pessoas morreram e cerca de 140 policiais ficaram feridos. Quatro policiais que responderam ao ataque cometeram suic�dio desde ent�o.

2. A narrativa

Tanto os apoiadores de Donald Trump quanto os de Jair Bolsonaro est�o convencidos, sem nenhuma prova, de que houve fraude nas elei��es em que seus candidatos perderam — e que, portanto, eles estavam lutando para corrigir uma injusti�a.

Assim como Trump fez (e continua a fazer nos EUA), Bolsonaro passou meses alimentando a narrativa de que as elei��es em que foi derrotado n�o foram limpas — e semeando d�vidas sobre as urnas eletr�nicas, que poderiam ser manipuladas, segundo ele, seguindo ret�rica semelhante a que tem sido usada pelo ex-presidente dos Estados Unidos.


Aperto de mãos entre Donald Trump e Jair Bolsonaro
(foto: Reuters)

Em uma vota��o bastante apertada, o petista Luiz In�cio Lula da Silva venceu as elei��es presidenciais em 30 de outubro e tomou posse em 1º de janeiro.

Lula conseguiu se candidatar e vencer as elei��es ap�s a condena��o por corrup��o que o fez passar 580 dias na cadeia ter sido anulada pelo Supremo Tribunal Federal.

Em um pa�s profundamente dividido, em que posi��es extremistas se acentuaram diante do populismo de extrema-direita representado pela gest�o de Bolsonaro, a volta de um presidente de esquerda — sobretudo ap�s sua passagem pela pris�o — foi demais para seus opositores.

Desde a derrota de Bolsonaro nas urnas, muitos de seus apoiadores se organizaram em grupos de WhatsApp e Telegram para planejar manifesta��es e acampamentos como os que acontecem em frente aos quart�is em v�rias cidades do pa�s.

Esse discurso de conspira��o que se ouve no Brasil lembra aquele que faz parte da estrat�gia da equipe de Donald Trump desde que ele perdeu as elei��es.

Na verdade, desde a derrota nas urnas, a equipe de Bolsonaro, incluindo seu filho Eduardo, tem mantido contato tanto com Trump quanto com seu estrategista Steve Bannon e seu ex-porta-voz Jason Miller, conforme revelou o jornal americano The Washington Post.

O pr�prio Bannon, ide�logo da nova direita radical populista, descreveu Bolsonaro como um "her�i" e alimentou a teoria de "elei��o roubada" em seu podcast War Room e na rede social Gettr, criada pelo ex-presidente americano.

3. O momento

Ambas as invas�es aconteceram alguns meses depois das elei��es em que seus candidatos foram derrotados.

Joe Biden venceu as elei��es em 3 de novembro de 2020, embora s� tenha tomado posse como presidente em 20 de janeiro de 2021.

Lula venceu o segundo turno das elei��es presidenciais em 30 de outubro de 2022, e tomou posse em 1º de janeiro, uma semana antes das invas�es em Bras�lia.


Lula comemorando com sua equipe quando foi proclamado vencedor das eleições presidenciais brasileiras
(foto: EPA)

Durante esses dois meses, a ret�rica em torno da suposta fraude eleitoral — nunca comprovada — foi ganhando for�a nas redes e canais de comunica��o dos seguidores dos candidatos derrotados, at� resultar nos ataques �s institui��es.

Esse tempo tamb�m permitiu que os invasores se organizassem.

No caso do Brasil, o Minist�rio da Justi�a est� agora investigando n�o s� os autores dos atos de viol�ncia no domingo, como tamb�m quem os iniciou e financiou.

As diferen�as

1. O papel do Ex�rcito e da pol�cia

Diferentemente do que aconteceu nos EUA, onde os trumpistas estavam determinados a retomar o poder por seus pr�prios meios, no Brasil os bolsonaristas pedem uma interven��o militar para levar Bolsonaro de volta ao Pal�cio do Planalto.

At� domingo passado, o Ex�rcito, que desempenhou um papel de destaque durante o mandato do ex-presidente, parecia ter tolerado o acampamento desses manifestantes em frente aos seus quart�is.

"As principais figuras militares apoiaram a agenda de direita radical de Bolsonaro por um longo tempo e, mesmo recentemente, mostraram total apoio a v�rias manifesta��es a favor do golpe de Estado que ocorreram em diferentes partes do pa�s nos dias que antecederam o ataque", afirmou Rafael R. Ioris, professor de hist�ria da Am�rica Latina, em artigo publicado no site de not�cias acad�micas The Conversation.

Durante a gest�o de Bolsonaro, v�rios militares de alto escal�o ocuparam cargos no governo, incluindo no Minist�rio da Defesa e at� mesmo no Minist�rio da Sa�de durante o auge da pandemia de covid-19. Estima-se tamb�m que cerca de 6 mil militares ativos receberam cargos n�o militares no governo nos �ltimos 8 anos.


Um militar observa acampamento bolsonarista ser desmontado
(foto: Reuters)

Desde que assumiu o cargo, Lula manteve uma postura "conciliadora" com as For�as Armadas.

De acordo com o historiador Carlos Fico, estudioso da ditadura militar brasileira (1964 a 1985), "qualquer governo que assumisse agora teria dificuldade (na rela��o com os militares), a n�o ser que fosse um de extrema-direita. Ent�o, acho compreens�vel a tentativa de acalmar os �nimos", disse ele em entrevista � BBC News Brasil.

O papel da pol�cia durante as invas�es tamb�m levantou questionamentos.

A imprensa brasileira divulgou v�deos que mostram uma aparente passividade dos policiais militares da capital diante dos invasores, chegando a conversar com eles de forma descontra�da.

O secret�rio de Seguran�a P�blica do Distrito Federal, Anderson Torres, que foi ministro da Justi�a no governo Bolsonaro, foi exonerado do cargo pelo governador, e a Advocacia-geral da Uni�o (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal sua pris�o.

Durante as elei��es, alguns setores da pol�cia tamb�m foram criticados por instalarem barreiras policiais nas rodovias para dificultar o acesso �s zonas eleitorais nas regi�es em que Lula seria eleito.

2. Trump ainda era presidente, e Bolsonaro n�o

A invas�o do Capit�lio em 2021 aconteceu ainda sob o mandato de Donald Trump. Apesar de j� ter perdido as elei��es, o republicano ocuparia a Casa Branca at� o dia 20 de janeiro, ent�o naquele momento ele era a autoridade m�xima.

Bolsonaro, no entanto, deixou o cargo em 31 de dezembro — e se encontra, desde ent�o, nos Estados Unidos, especificamente na Fl�rida.

Alguns meios de comunica��o brasileiros interpretaram essa sa�da como uma estrat�gia para evitar comparecer � posse de seu sucessor, enquanto seus opositores veem uma fuga preventiva diante do fim da sua imunidade presidencial, o que poderia colocar o ex-presidente perante a Justi�a.

Na mesma manh� da invas�o ao Capit�lio, Donald Trump fez um discurso aos seus apoiadores no qual afirmou que nunca aceitaria o resultado das elei��es, e no qual pediu ao seu vice-presidente, Mike Pence, que revogasse o resultado.

Embora n�o tenha feito um apelo expl�cito � viol�ncia, o discurso dele estava repleto de imagens violentas e pedia, inclusive, que (seus apoiadores) marchassem at� o Capit�lio e "lutassem como dem�nios" porque, do contr�rio, segundo ele, "voc�s n�o ter�o mais um pa�s" .

J� Bolsonaro, embora alimente h� meses teorias de que as elei��es foram fraudadas, se desvinculou no domingo dos acontecimentos em Bras�lia.

"Manifesta��es pac�ficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depreda��es e invas�es de pr�dios p�blicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem � regra", escreveu Bolsonaro no Twitter.

Ambos, no entanto, levaram v�rias horas para reagir depois que os incidentes come�aram.

Na segunda-feira, foi anunciado que Bolsonaro havia sido internado em um hospital da Fl�rida com dores abdominais, embora seu estado de sa�de n�o seja grave.

O ex-presidente foi esfaqueado em 2018 e desde ent�o enfrenta dores abdominais.

3. O Capit�lio estava no meio de uma sess�o

Outra diferen�a entre os dois ataques � que a invas�o em Bras�lia aconteceu em um domingo, com todas as institui��es fechadas. J� a invas�o do Capit�lio, em Washington, ocorreu em meio a uma sess�o legislativa.

E n�o era uma sess�o qualquer, era a sess�o do Legislativo que certificaria a vit�ria de Joe Biden nas elei��es.

Os trumpistas pretendiam, portanto, impedir a transfer�ncia pac�fica de poder.

Diferentemente do que aconteceu nos Estados Unidos, os bolsonaristas n�o invadiram apenas a sede do Poder Legislativo, mas tamb�m a do Executivo e do Judici�rio, � espera possivelmente de que outros se juntassem � sua luta, inclusive o Ex�rcito.

Os manifestantes vagaram pelos edif�cios-sede dos Tr�s Poderes, cujos projetos arquitet�nicos s�o de Oscar Niemeyer, quase sem encontrar obst�culos at� a pol�cia conseguir retir�-los de l�.


Congressistas são retirados da Câmara dos Representantes dos EUA
(foto: Getty Images)

Na invas�o ao Capit�lio, no entanto, o pr�dio estava repleto de representantes pol�ticos e suas equipes, al�m de jornalistas e for�as de seguran�a, o que causou p�nico entre os presentes.

Muitos tiveram que se esconder em seus escrit�rios, outros em seus assentos nas c�maras, enquanto alguns conseguiram ser retirados em cenas que nunca haviam sido vistas no pa�s.


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