
Nem a sinaliza��o de prest�gio pol�tico de Josu�, que recebeu nesta segunda o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Ind�stria, Com�rcio e Servi�os Geraldo Alckmin (PSB), e o ex-presidente Michel Temer (MDB), para a reuni�o da diretoria da entidade, o salvou da degola.
Em uma vota��o realizada j� no in�cio da noite, representantes de 47 sindicatos votaram por sua destitui��o do cargo. Foram duas absten��es e um voto contra. Josu� Gomes n�o estava presente quando os delegados tomaram a decis�o.
Segundo pessoas presentes na reuni�o, ele deixou a assembleia depois que a maioria dos presentes considerou que suas respostas aos questionamentos apresentados pela oposi��o n�o eram satisfat�rias. O placar ficou em 24 votos a favor dos argumentos dele, e 62, contra.
A vota��o que decidiu por sua absten��o come�ou depois que um advogado ligado � oposi��o confirmou que os sindicatos poderiam seguir com a assembleia mesmo depois de o presidente ter se retirado. Isso porque ele n�o encerrou a plen�ria.
Josu� Gomes
Josu� Gomes ficou um ano no cargo e substituiu Paulo Skaf Josu� Gomes da Silva assumiu a presid�ncia da Fiesp em janeiro de 2022, ap�s uma elei��o vista como uma esp�cie de sa�da negociada de seu antecessor, Paulo Skaf, que ficou no cargo por 17 anos.
Quase dois anos antes de um processo eleitoral atravessado por pol�micas -o grupo liderado por Jos� Ricardo Roriz, da ind�stria pl�stica acusou o processo de ser atropelado, inviabilizando a formaliza��o de sua chapa-, Skaf havia anunciado que n�o seria candidato a um quinto mandato.
No in�cio de 2020, o ent�o l�der da entidade da ind�stria paulista come�ava a se movimentar para aprovar uma mudan�a no estatuto da federa��o que permitisse uma nova reelei��o. Desde sua primeira elei��o, em 2004, ele havia aprovado duas mudan�as no regimento da federa��o.
Depois que a movimenta��o se tornou p�blica, Skaf acabou recuando e anunciou quem teria seu apoio na disputa no ano seguinte, em 2021: o empres�rio Josu� Gomes, filho de Jos� Alencar (1957-2011), vice nos dois primeiros mandatos de Luiz In�cio Lula da Silva, e presidente da ind�stria t�xtil Coteminas.
A escolha surpreendeu pelo perfil pol�tico dos dois.
Skaf estava � frente da Fiesp quando a federa��o instalou um gigante pato infl�vel em frente ao pr�dio da avenida Paulista contra a alta de impostos e o retorno da CPMF em 2015. O pato foi uma esp�cie de personagem no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2019, j� durante o governo Jair Bolsonaro (PL), Skaf se aproximou do ent�o presidente. A Fiesp passou ent�o a ser vista como uma entidade bolsonarista.
Josu�, por outro lado, chegou a ser conhecido como o "menino do Lula". Em 2018, quando ainda era filiado ao PR, mesmo partido de seu pai, o empres�rio era disputado por partidos � esquerda e � direita e era visto como um vice dos sonhos. Ciro Gomes (PDT) foi um dos que tentou atra�-lo para uma chapa.
Al�m de ter recursos pr�prios para financiar uma campanha eleitoral, Josu� tem interlocu��o com o mercado financeiro e apoio em Minas Gerais, segundo maior col�gio eleitoral do pa�s. Na �poca, ele dizia que n�o seria candidato pois, � frente da Coteminas, passava muito tempo fora do Brasil. Em 2014, foi candidato ao Senado por Minas Gerais, mas n�o se elegeu.
Fiesp
Na Fiesp, em 2021, Josu� Gomes recebeu 97% dos votos. No an�ncio do resultado, ele afirmou: "Suceder Skaf na presid�ncia j� � um desafio enorme, especialmente nesse momento, que pela primeira vez em mais de v�rias d�cadas, a ind�stria de transforma��o apresentou participa��o no PIB inferior ao da agropecu�ria."
Uma das primeiras medidas tomadas por Josu� Gomes no comando na Fiesp foi a cria��o de conselhos superiores, em uma sinaliza��o de descentraliza��o das decis�es.
Em outra diferen�a no estilo de gest�o, Josu� Gomes � avesso a entrevistas e aparece pouco em p�blico. Ainda assim, o novo presidente da Fiesp, em uma de suas poucas entrevista a jornalistas, fez cr�ticas a Bolsonaro, marcando um novo momento pol�tico da entidade. No in�cio de seu mandato, a Fiesp criticou o aumento da taxa b�sica de juros e defendeu a necessidade de "pensar al�m do Copom".
O novo estilo de gest�o n�o agradou a todos. Presidentes de sindicatos, acostumados � facilidade de acesso com Skaf, frequentemente presente em almo�os na entidade e fora dela, estranharam o jeito do novo presidente. Havia ainda insatisfa��o com a ocupa��o dos departamentos, tradicionalmente liderados por nomes indicados pelos sindicatos.
O choque culminou na articula��o de um pedido de assembleia extraordin�ria cujo objetivo final era pressionar Josu� Gomes a abrir m�o do cargo.