
Ele se apresentou na urna como Jornalista Wellington Macedo e adotou o slogan de "preso pol�tico". Macedo j� teve cargo no governo de Jair Bolsonaro (PL) e acumula processos e pris�o por causa de manifesta��es golpistas e violentas. Antes, produzia in�meros conte�dos no Cear� contra grupos pol�ticos.
Em sua campanha a deputado, Wellington Macedo recebeu R$ 175 mil do diret�rio estadual do PTB e repassou R$ 99 mil para a empresa ALK Ronzani Publicidade, Propaganda e Marketing, segundo presta��o de contas registrada na Justi�a Eleitoral. A empresa � de propriedade de Roberto Ronzani, presidente do PTB em Guarulhos (SP).
A contrata��o dessa empresa por alguns pol�ticos foi relevada pela Folha de S.Paulo em outubro passado. As campanhas da mulher do ex-juiz Sergio Moro, Ros�ngela Moro (Uni�o Brasil), a filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, e o ex-BBB Adrilles Jorge (ambos do PTB) repassaram um total de R$ 1 milh�o � ALK Ronzani Publicidade, Propaganda e Marketing.
Leia mais: Bolsonaristas presos reclamam da falta de wi-fi e de �gua gelada
Roberto Jefferson comanda o PTB. O ex-deputado bolsonarista foi preso ap�s atirar granadas e disparar tiros de fuzil em policiais federais em outubro passado.
A legenda foi procurada, mas n�o respondeu � reportagem. Ronzani, dono da empresa contratada, negou qualquer irregularidade. A reportagem procurou Macedo por email e telefones, mas n�o obteve respostas. Ele est� foragido. A reportagem n�o conseguiu contato tamb�m com sua defesa.
Na elei��o, ele obteve apenas 1.118 votos e n�o foi eleito. Na ter�a-feira passada (10), se tornou r�u em a��o no Tribunal de Justi�a do Distrito Federal pela tentativa de explodir uma bomba em um caminh�o de combust�vel pr�ximo ao aeroporto de Bras�lia. Tamb�m s�o processados Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa.
Este �ltimo foi preso e disse que a explos�o seria para "dar in�cio ao caos" que levaria � "decreta��o do estado de s�tio no pa�s", o que poderia "provocar a interven��o das For�as Armadas".
Em 2019, Wellington Macedo foi nomeado assessor no Minist�rio da Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos, na gest�o de Damares Alves, eleita senadora pelo Republicanos no DF. Ele foi lotado na Diretoria de Promo��o e Fortalecimento dos Direitos da Crian�a e do Adolescente no minist�rio, com sal�rio de R$ 10.373,30, segundo o Portal da Transpar�ncia.
Sua perman�ncia no cargo se deu entre janeiro e outubro daquele ano. Em publica��o nas redes sociais, Damares negou que ele tenha sido seu assessor direto e disse repudiar "tentativas levianas de associar minha imagem �s a��es dele e/ou do grupo ao qual faz parte".
Em setembro de 2021, Macedo foi preso pela Pol�cia Federal no �mbito do inqu�rito aberto para investigar a organiza��o de manifesta��es violentas no feriado de 7 de Setembro. Ele incitava invas�o do STF (Supremo Tribunal Federal), o que acabou por ocorrer em 8 de janeiro deste ano.
O blogueiro cumpria, desde outubro de 2021, pris�o domiciliar e estava de tornozeleira eletr�nica. Por causa dessa pris�o, ele passou a ser apontado como injusti�ado por bolsonaristas, o que fez com ele que ele adotasse o slogan de "preso pol�tico" na campanha.
A PF tem registros de que ele tamb�m participou de tentativa de invadir a sede da corpora��o em Bras�lia, em 12 de dezembro, quando ve�culos e �nibus foram incendiados diante de uma t�mida rea��o da Pol�cia Militar do Distrito Federal. Ningu�m foi preso na ocasi�o.
Segundo informa��es da PF, ele rompeu a tornozeleira no dia 25 de dezembro --um dia depois da tentativa de explos�o de um caminh�o. Reportagem deste domingo (15) no programa Fant�stico, da Rede Globo, cita que o monitoramento da tornozeleira permitiu � pol�cia refazer os passos do grupo na noite em que plantou a bomba no ve�culo.
Macedo era ativo nas redes sociais, com chamamentos a protestos antidemocr�ticos, alus�es a um golpe militar e organiza��o de caravanas para atos. Em 2019, participou da posse de Bolsonaro e --segundo relatos, tinha atua��o afinada com o chamado gabinete do �dio, grupo que distribu�a ataques e not�cias enganosas.
Na declara��o de bens enviadas � Justi�a Eleitoral, Macedo mencionou ter apenas um carro no valor de R$ 78 mil.
Na elei��o de 2022, os R$ 175 mil recebidos por Macedo d o diret�rio do PTB representaram o oitavo maior valor entre 148 candidaturas beneficiadas. Ele ainda foi destinat�rio de mais R$ 50 mil da dire��o nacional da legenda.
Os R$ 99 mil repassados para a empresa do dirigente do PTB representam 44% de todo valor gastos com fornecedores. � reportagem Roberto Ronzani, dono da empresa, diz que se reuniu algumas vezes com Macedo a partir de indica��o de um integrante do partido, que ele diz n�o se lembrar quem, e que o trabalho foi realizado e dentro da legalidade.
O valor teria sido gasto com materiais impressos. Ronzani encaminhou � reportagem imagens de panfletos impressos com o rosto de Macedo, de Bolsonaro e de Tarc�sio de Freitas (Republicanos), atual governador de S�o Paulo e ex-ministro de Bolsonaro.
O empres�rio � presidente do PTB em Guarulhos desde mar�o de 2021. Tamb�m � membro do diret�rio estadual da legenda em S�o Paulo.
A ALK est� situada no bairro Jardim Pinhal, no mesmo endere�o da sede do partido em Guarulhos, comandado atualmente por Ronzani. Os emails da empresa e do diret�rio do PTB tamb�m s�o iguais e levam o apelido do empres�rio, conhecido como Roberto Pez�o.
Segundo dados da Junta Comercial de S�o Paulo, a ALK foi fundada em 2018 e tem capital social de R$ 10 mil. O empres�rio e pol�tico diz fazer materiais de campanha desde 2004.