
"Nada mais importante do que acompanhar aqueles que foram agredidos durante uma tentativa de golpe de Estado", disse � reportagem o secret�rio Nacional de Justi�a, Augusto de Arruda Botelho (PSB).
A cria��o do observat�rio dentro do Minist�rio da Justi�a foi anunciada na ter�a-feira (17) pelo ministro Fl�vio Dino (PSB), em suas redes sociais.
"Acolhendo o pedido das entidades sindicais dos jornalistas, vamos instalar no Minist�rio da Justi�a o Observat�rio Nacional da Viol�ncia contra Jornalistas, a fim de dialogar com o Poder Judici�rio e demais institui��es do sistema de justi�a e de seguran�a p�blica."
Durante os atos de vandalismo contra as sedes dos tr�s Poderes em 8 de janeiro, bolsonaristas atacaram jornalistas, fot�grafos e cinegrafistas que buscavam registrar os atos. O fot�grafo do jornal Folha de S.Paulo Pedro Ladeira foi chutado, empurrado e teve os equipamentos roubados durante a cobertura.
Levantamento da Abraji (Associa��o Brasileira de Jornalismo Investigativo) e da Fenaj (Federa��o Nacional dos Jornalistas) mostra que 16 profissionais da imprensa foram agredidos durante os atos de 8 de janeiro no Distrito Federal. Houve naquele dia mais duas agress�es em acampamentos bolsonaristas fora de Bras�lia.
As duas organiza��es identificaram 37 ocorr�ncias e mais de 40 profissionais alvos de algum tipo de ataque no pa�s nos dias 8 e 9.
A ideia do secret�rio � que o Observat�rio seja composto por integrantes do governo e da sociedade civil para debater a viol�ncia contra profissionais de imprensa. O escopo do novo �rg�o ser� definido ainda neste m�s, na primeira reuni�o de membros do poder p�blico e de entidades representantes da classe.
O papel do Observat�rio ser� monitorar os casos, acionando autoridades competentes e acompanhando as investiga��es para ajudar a identificar os autores de poss�veis crimes. Segundo Botelho, ser� organizado um banco de dados com as informa��es coletadas.
"Todos os ataques v�o entrar no monitoramento. A gente n�o tem um corte pol�tico e ideol�gico. Viol�ncia contra jornalista � independentemente de onde vem o foco da viol�ncia", afirmou. "Voc� tem jornalistas que sofreram ataques por mat�rias ligadas, por exemplo, a quest�es ambientais, mil�cias, n�o importa."
A Secretaria Nacional de Justi�a vai atuar organizando a sociedade civil e fazendo a interlocu��o com outros �rg�os, como AGU (Advocacia-Geral da Uni�o), Pol�cia Federal, STJ (Superior Tribunal de Justi�a) e STF (Supremo Tribunal Federal).
"A partir do momento em que a gente est� tratando no Observat�rio de viol�ncia, �bvio que a gente tem que falar com Minist�rio P�blico, com ju�zes, com a Pol�cia Federal, que ao fim e ao cabo � quem vai investigar isso", disse.
A presidente da Abraji, Katia Brembatti, disse que a cria��o do observat�rio vai servir para reduzir a impunidade de quem agride os profissionais de imprensa e tamb�m ajudar� a pensar a��es concretas a serem colocadas em pr�tica para reduzir essa viol�ncia.
"Essa sinaliza��o do governo � muito importante. A gente acredita que � preciso dimensionar o problema e, mais do que isso, estabelecer a��es. A gente s� vai conseguir reverter esse clima de �dio, que foi sendo instalado ao longo dos anos, com medidas, com pol�ticas p�blicas, com campanhas de conscientiza��o, com a��es direcionadas para dizer que a imprensa n�o � inimiga", afirma.
"A rela��o pode at� ser conflituosa, isso � at� natural por causa da atividade da imprensa. Mas ela tem que ser civilizada, tem que ser respeitosa", diz.