
Apesar de ter poupado o auxiliar, aliados de Lula esperam que a partir de agora o Planalto aumente a cobran�a sobre a Uni�o Brasil para que entregue no Congresso Nacional o apoio e os votos para avan�ar as propostas de interesse do governo.
A manuten��o do ministro no cargo ocorre ap�s press�o de aliados por sua sa�da, em meio a den�ncias de irregularidades envolvendo di�rias recebidas pelo titular das Comunica��es e o asfaltamento de uma estrada, com recursos de emenda, na sua fazenda no Maranh�o.
Al�m de minimizarem as den�ncias, aliados de Lula citam ao menos dois principais motivos para manter o ministro no cargo: n�o se indispor com Uni�o Brasil; e abrir a porteira para sa�da de ministros e criar desgaste com pouco mais de dois meses de governo.
A legenda, que tamb�m indicou nomes para duas outras pastas na Esplanada, n�o tem nome para substitui-lo e o tema sequer foi discutido entre o presidente e a c�pula do partido. Lula sabe, dizem aliados, que n�o poderia trocar um ministro sem antes discutir com os dirigentes.
Ademais, h� um outro complicador, a sa�da do ministro abriria uma frente de disputa dentro do PT. O partido j� queria, durante a transi��o, ter ficado com a pasta e pode, segundo aliados, tentar avan�ar sobre o minist�rio mais uma vez.
Fora isso, a demiss�o de Juscelino abriria um precedente muito cedo na Esplanada: ministros com complica��es parecidas no futuro j� teriam de deixar o cargo da mesma forma.
O entorno do chefe do Executivo diz que, apesar da decis�o, Lula est� muito irritado com o epis�dio.
Antes da reuni�o com o presidente, Juscelini publicou nesta segunda-feira um v�deo nas suas redes sociais no qual se defende das acusa��es de uso indevido de di�rias e do avi�o da FAB (For�a A�rea Brasileira).
O ministro aponta um "erro no sistema de di�rias", que acabou incluindo indevidamente no c�lculo dos valores as datas referentes a fins de semana, quando n�o teve agendas p�blicas. Juscelino ainda acrescenta que todas as di�rias pagas indevidamente foram devolvidas aos cofres p�blicos.
No v�deo, o ministro afirma que vem sendo v�tima de "ataques distorcidos" e alega que n�o houve qualquer tipo de irregularidades em suas viagens.
Na semana passada, o presidente havia demonstrado insatisfa��o com a postura do auxiliar e afirmou que, caso n�o comprovasse sua inoc�ncia, ele n�o seria mantido no governo.
Em entrevista � BandNews, na quinta, Lula afirmou que ter� uma conversa com Juscelino na segunda-feira (6) e que ele deixar� o governo se n�o conseguir provar sua inoc�ncia.
"J� pedi para o ministro Rui Costa [Casa Civil] convocar ele para segunda-feira para gente ter uma conversa porque ele tem direito de provar sua inoc�ncia, mas, se ele n�o conseguir provar sua inoc�ncia, ele n�o pode ficar no governo. Eu garanto a todo mundo a presun��o de inoc�ncia", declarou.
No s�bado, Juscelino Filho foi �s redes sociais para dizer estar comprometido em mostrar a Lula que n�o houve irregularidade.
"Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as den�ncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que n�o houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo est� devidamente documentado. Tamb�m agrade�o a oportunidade de ser ouvido com isen��o e serenidade", disse.
A sa�da do ministro dividia aliados do chefe do Executivo. Enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu o afastamento tempor�rio dele, outra ala do entorno de Lula vinha pregando que ele n�o poderia ser demitido -ao menos, n�o no curto prazo.
Um grupo de aliados do presidente vinha argumentando que demitir Juscelino neste momento poderia ser prejudicial para a constru��o da base na C�mara e ainda passar uma mensagem negativa com menos de tr�s meses de governo.
Para alguns interlocutores de Lula, a sa�da de Juscelino Filho poderia gerar ru�dos no Congresso com a Uni�o Brasil, que, al�m dele, influenciou a indica��o de titulares de outros dois minist�rios.
O ministro Alexandre Padilha (Rela��es Institucionais) evidenciou nesta sexta-feira (3) sua diverg�ncia com Gleisi.
"Como disse o presidente Lula, todos os ministros, independente do partido, t�m direito � presun��o da inoc�ncia. O que se espera de todos eles � que tenham espa�o para sua defesa. E tenho certeza que far�o, sem prejulgamentos. J� vi muita gente ser afastada por causa de prejulgamentos injustos, inclusive companheiros do PT", afirmou Padilha.
A Comiss�o de �tica P�blica da Presid�ncia da Rep�blica vai, na pr�xima reuni�o do conselho, analisar o caso do ministro, conforme disse � reportagem.
"Informo que os conselheiros da Comiss�o de �tica P�blica j� tomaram conhecimento do caso, pela imprensa, e ir�o adotar as tratativas pertinentes sobre caso na pr�xima reuni�o do Colegiado", afirmou.
O pr�ximo encontro dos conselheiros ocorrer� em 28 de mar�o.
Juscelino recebeu di�rias do governo federal por dias sem agenda de trabalho em S�o Paulo, S�o Lu�s e at� no exterior. At� o momento, o total de di�rias recebidas pelo ministro em duas viagens internacionais -a Portugal e Espanha- soma R$ 34,2 mil.
De acordo com uma nota divulgada pela pasta na quinta, o titular da pasta decidiu devolver o valor das di�rias referentes �s viagens do Maranh�o e de S�o Paulo.
Na viagem a S�o Paulo, o ministro teve apenas duas agendas oficiais e aproveitou a estadia na capital paulista para participar de um evento relacionado a cavalos Quarto de Milha, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. Juscelino Filho � criador de animais da ra�a.
Ele foi para S�o Paulo e voltou para Bras�lia em avi�es da FAB. Isso aconteceu, segundo o Minist�rio das Comunica��es, porque "o ministro foi cumprir agenda oficial, de interesse p�blico".
Al�m disso, tamb�m segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Juscelino Filho direcionou verba do Or�amento para asfaltar uma estrada que corta sua fazenda, em Vitorino Freire (MA), antes de assumir o Minist�rio das Comunica��es, quando era deputado na ativa.