Raquel foi vaiada a todo momento em que tinha o nome mencionado no palanque e teve o discurso abafado pelos apupos. Alguns presentes ao ato se viraram de costas para a governadora quando ela falava.
A plateia do evento foi composta por sindicatos, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e pessoas com roupas alusivas ao PT. A tucana manteve-se neutra na disputa presidencial do ano passado e venceu Mar�lia Arraes (Solidariedade), apoiada pelo petista.
Em seu discurso, o presidente saiu em defesa da governadora. "Quando a gente convidar algu�m para vir na casa da gente, e esse dono da casa sou eu, pode me vaiar a vontade. Mas, por favor, respeitem os meus convidados que vierem aqui."
"A governadora pode ser nossa advers�ria pol�tica, mas ela � governadora do estado. Ela foi eleita e vou a respeitar como governadora do estado. Aqui virei tantas vezes quanto necess�rio para cuidar dos interesses do povo de Pernambuco pelas m�os dela, pelas m�os do Jo�o [Campos, prefeito do Recife e tamb�m alvo de vaias] e pelas m�os dos outros prefeitos, porque � assim que rege o esp�rito de tudo o que n�s constru�mos na democracia desse pa�s", disse Lula.
O petista afirmou, por�m, que as pessoas que vaiaram a governadora deveriam ter feito o mesmo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu per�odo na Presid�ncia.
"Quando voc�s estavam vaiando a governadora, voc�s estavam me vaiando. Porque ela n�o est� aqui porque quer estar aqui. Ela est� aqui porque foi convidada por n�s. Seria t�o importante se as mesmas pessoas que t�m a liberdade de vaiar a governadora num palco nosso, convidada por n�s, poderiam ter vaiado o Bolsonaro durante os quatro anos que ele esteve na Presid�ncia da Rep�blica. Seria t�o mais bonito."
Durante seu discurso, Raquel exaltou a democracia e teve o apoio de ministras, secret�rias estaduais, da primeira-dama Janja e da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), que se levantaram e ficaram ao seu lado enquanto era vaiada.
"Quando a gente tem uma mulher exercendo um espa�o de poder, todas as mulheres est�o no poder", afirmou ela. A tucana tamb�m disse trabalhar com Lula para a execu��o de pol�ticas p�blicas para o estado.
"Cada pol�tica p�blica lan�ada pelo senhor aqui, ser� a nossa pol�tica p�blica para chegar � popula��o. N�s vamos enfrentar a desigualdade n�o com vaias, mas com muito amor. Vamos enfrentar a fome n�o com vaias, mas com muito trabalho. [...] Trabalharei mesmo para aqueles que agora manifestam a express�o de sua vontade e de seu desejo e est�o de costas."
A fala foi proferida no gin�sio esportivo Gerald�o, no Recife, durante a cerim�nia de relan�amento do Programa de Aquisi��o de Alimento. Conforme o governo, o objetivo do programa � contribuir para garantir a seguran�a alimentar e nutricional da popula��o e incentivar a produ��o de alimentos da agricultura familiar.
O governo anunciou um reajuste no valor individual que pode ser comercializado pelos agricultores familiares, mecanismos de acesso a ind�genas e comunidades tradicionais, al�m de maior participa��o das mulheres na execu��o do programa no conjunto das modalidades oferecidas.
Professores presentes fizeram cobran�as ao prefeito do Recife, Jo�o Campos (PSB), para que a gest�o municipal pague o piso salarial da categoria, ainda n�o implantado pelo munic�pio.
Enfermeiros tamb�m fizeram coro a favor do piso salarial da enfermagem, sancionado em 2022 por Bolsonaro e suspenso por decis�o liminar do ministro Lu�s Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Lula afirmou defender o piso, mas disse n�o poder desrespeitar a decis�o do ministro. Ele usou o tema para fazer nova cr�tica a Bolsonaro.
"O presidente da Rep�blica n�o pode atropelar a decis�o. Quem fazia isso era o boquirroto do Bolsonaro, que ficava xingando a Suprema Corte todo dia. Eu quero respeitar a decis�o."
No Recife, Lula tamb�m anunciou a reinstala��o do Condraf (Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustent�vel) e cria��o do Programa de Organiza��o Produtiva e Econ�mica de Mulheres Rurais.
No fim da manh�, o petista esteve na Para�ba para o lan�amento do Complexo Renov�vel Neoenergia, no munic�pio de Santa Luzia. Segundo o governo federal, esse � o primeiro conjunto associado de gera��o de energia renov�vel no Brasil, integrando energia e�lica e solar, com um investimento de R$ 3 bilh�es.
Com 136 aerogeradores e 228 mil pain�is fotovoltaicos, o complexo se estende por uma �rea de 8,7 mil hectares em quatro cidades. A energia gerada � de 0,6 gigawatts (GW), suficiente para abastecer 1,3 milh�o de resid�ncias anualmente, segundo o governo. O governador da Para�ba, Jo�o Azev�do (PSB), participou do evento, assim como parlamentares do estado.
