
Ap�s 12 anos no exterior, a embaixadora Maria Laura da Rocha, secret�ria-geral do Minist�rio das Rela��es Exteriores (MRE), retornou ao Brasil, no fim de 2022, para se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da diplomacia brasileira. Ela vem exercendo a fun��o com naturalidade e � categ�rica ao comentar sobre a guinada do Brasil na pol�tica internacional com o presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT).
Ex-chefe de gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, que deu o tom da diplomacia nos dois primeiros mandatos do atual chefe do Executivo, a embaixadora afirma que � a prioridade da pol�tica externa � a integra��o regional.
Mas bandeiras daquela gest�o est�o de volta: o multilateralismo, a reaproxima��o com a �frica, a volta da coopera��o Sul-Sul e uma reforma no Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), entidade que o Brasil ajudou a criar p�s-Segunda Guerra Mundial, e at� hoje o pa�s � o primeiro a falar nas Assembleias Gerais.
“N�o reconhecemos, n�o damos legitimidade a nada que seja fora do multilateralismo, com muito realismo. Fora do multilateralismo, tem for�a bruta. Isso n�o tem respaldo no direito internacional”, frisa. Ela destaca que a quest�o ambiental tamb�m ser� prioridade nesse sentido, porque, hoje, "ela est� representada em todos os setores, no com�rcio, em todas as rela��es”.
“A palavra-chave � sustentabilidade. O desenvolvimento sustent�vel j� est� perdendo um pouco de for�a para a transi��o energ�tica. Mas todos os conceitos s�o bem-vindos”, destaca.
Em rela��o � reforma do Conselho de Seguran�a, destaca que o Brasil, sempre que pode, defende e defender� essa agenda. “Entendendo que, no fundo, tudo precisa ser reavaliado para garantir uma representatividade real nas Na��es Unidas”, diz.
Dos 15 membros do Conselho, apenas cinco (Estados Unidos, China, R�ssia, Fran�a e Reino Unido) possuem assento permanente e poder de veto.
A embaixadora confessa que se apropriou de um termo de um amigo estrangeiro para definir os quatro anos da diplomacia brasileira, que esteve muito ideologizada sob a gest�o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando a orienta��o de governo ficou "um pouco fora das linhas normais da pol�tica externa”. “Um eclipse.” Essa � a defini��o da embaixadora sobre esse per�odo em que o Brasil "saiu de cena" e perdeu o protagonismo global.
Com isso, ela refor�a os discursos de Lula e do chanceler Mauro Vieira, que est� no comando do Itamaraty pela segunda vez, sobre o retorno do pa�s para o cen�rio global, como protagonista. “O Brasil est� de volta e contribuir�, como sempre fez, para que o mundo fique um pouco melhor”, afirma.
Com passagens em v�rias embaixadas europeias e atua��es como delegada do pa�s junto � Organiza��o das Na��es Unidas para Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco), e como representante do Brasil junto � Organiza��o das Na��es Unidas para Alimenta��o e Agricultura (FAO), Maria Laura da Rocha conta que uma das orienta��es de Mauro Vieira no novo cargo � ampliar a presen�a de mulheres nos quadros do Itamaraty.
O processo � lento, segundo ela, pois � preciso aguardar os avais dos governos internacionais, o agr�ment, antes de submeter os nomes de indicados � sabatina do Senado Federal.
Conforme dados do MRE, existem, atualmente, 43 mulheres e 176 homens com o cargo de ministro de primeira classe, os embaixadores. Dentre eles, exercem cargos de chefia 19 diplomatas do sexo feminino (44,2% do total de mulheres), enquanto os embaixadores somam 111 (63,1% do total de homens).
“N�o d� para apresentar todo mundo junto. Mas eu acho que teremos na Europa, at� meados do ano, muitas mulheres em cargos importantes", destaca. Ela ressalta que, apesar de n�o se sentir negra, e, sim, mesti�a, est� sempre engajada no debate sobre a inclus�o e o combate � discrimina��o. "Como a nossa legisla��o autoriza a autodefini��o, cada um se define como quiser”, diz.
A secret�ria minimiza a pol�mica em torno da volta da exig�ncia de visto para os turistas de pa�ses desenvolvidos, como Estados Unidos, defende o princ�pio da reciprocidade, como forma de valoriza��o do pa�s na pol�tica internacional. E, em rela��o � pol�mica do sil�ncio sobre Nicar�gua, ela foi sucinta: “Partindo daquele princ�pio que n�s temos uma voz que � escutada, a gente tem que usar. A gente n�o tem que ficar falando com a voz dos outros.”
As declara��es da embaixadora ocorreram antes do adiamento da viagem de Estado do presidente Lula � China. Para ela, o fato de o Brasil ter como principais parceiros comerciais o pa�s asi�tico e os Estados Unidos, que est�o em lados opostos, “� a melhor posi��o poss�vel”.
Ex-chefe de gabinete do ex-chanceler Celso Amorim, que deu o tom da diplomacia nos dois primeiros mandatos do atual chefe do Executivo, a embaixadora afirma que � a prioridade da pol�tica externa � a integra��o regional.
Mas bandeiras daquela gest�o est�o de volta: o multilateralismo, a reaproxima��o com a �frica, a volta da coopera��o Sul-Sul e uma reforma no Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), entidade que o Brasil ajudou a criar p�s-Segunda Guerra Mundial, e at� hoje o pa�s � o primeiro a falar nas Assembleias Gerais.
“N�o reconhecemos, n�o damos legitimidade a nada que seja fora do multilateralismo, com muito realismo. Fora do multilateralismo, tem for�a bruta. Isso n�o tem respaldo no direito internacional”, frisa. Ela destaca que a quest�o ambiental tamb�m ser� prioridade nesse sentido, porque, hoje, "ela est� representada em todos os setores, no com�rcio, em todas as rela��es”.
“A palavra-chave � sustentabilidade. O desenvolvimento sustent�vel j� est� perdendo um pouco de for�a para a transi��o energ�tica. Mas todos os conceitos s�o bem-vindos”, destaca.
Em rela��o � reforma do Conselho de Seguran�a, destaca que o Brasil, sempre que pode, defende e defender� essa agenda. “Entendendo que, no fundo, tudo precisa ser reavaliado para garantir uma representatividade real nas Na��es Unidas”, diz.
Dos 15 membros do Conselho, apenas cinco (Estados Unidos, China, R�ssia, Fran�a e Reino Unido) possuem assento permanente e poder de veto.
A embaixadora confessa que se apropriou de um termo de um amigo estrangeiro para definir os quatro anos da diplomacia brasileira, que esteve muito ideologizada sob a gest�o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando a orienta��o de governo ficou "um pouco fora das linhas normais da pol�tica externa”. “Um eclipse.” Essa � a defini��o da embaixadora sobre esse per�odo em que o Brasil "saiu de cena" e perdeu o protagonismo global.
Com isso, ela refor�a os discursos de Lula e do chanceler Mauro Vieira, que est� no comando do Itamaraty pela segunda vez, sobre o retorno do pa�s para o cen�rio global, como protagonista. “O Brasil est� de volta e contribuir�, como sempre fez, para que o mundo fique um pouco melhor”, afirma.
Com passagens em v�rias embaixadas europeias e atua��es como delegada do pa�s junto � Organiza��o das Na��es Unidas para Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco), e como representante do Brasil junto � Organiza��o das Na��es Unidas para Alimenta��o e Agricultura (FAO), Maria Laura da Rocha conta que uma das orienta��es de Mauro Vieira no novo cargo � ampliar a presen�a de mulheres nos quadros do Itamaraty.
O processo � lento, segundo ela, pois � preciso aguardar os avais dos governos internacionais, o agr�ment, antes de submeter os nomes de indicados � sabatina do Senado Federal.
Conforme dados do MRE, existem, atualmente, 43 mulheres e 176 homens com o cargo de ministro de primeira classe, os embaixadores. Dentre eles, exercem cargos de chefia 19 diplomatas do sexo feminino (44,2% do total de mulheres), enquanto os embaixadores somam 111 (63,1% do total de homens).
“N�o d� para apresentar todo mundo junto. Mas eu acho que teremos na Europa, at� meados do ano, muitas mulheres em cargos importantes", destaca. Ela ressalta que, apesar de n�o se sentir negra, e, sim, mesti�a, est� sempre engajada no debate sobre a inclus�o e o combate � discrimina��o. "Como a nossa legisla��o autoriza a autodefini��o, cada um se define como quiser”, diz.
A secret�ria minimiza a pol�mica em torno da volta da exig�ncia de visto para os turistas de pa�ses desenvolvidos, como Estados Unidos, defende o princ�pio da reciprocidade, como forma de valoriza��o do pa�s na pol�tica internacional. E, em rela��o � pol�mica do sil�ncio sobre Nicar�gua, ela foi sucinta: “Partindo daquele princ�pio que n�s temos uma voz que � escutada, a gente tem que usar. A gente n�o tem que ficar falando com a voz dos outros.”
As declara��es da embaixadora ocorreram antes do adiamento da viagem de Estado do presidente Lula � China. Para ela, o fato de o Brasil ter como principais parceiros comerciais o pa�s asi�tico e os Estados Unidos, que est�o em lados opostos, “� a melhor posi��o poss�vel”.
Aproveitando o fato de mar�o ser o m�s das mulheres e a senhora ser a primeira mulher a assumir o cargo de secret�ria-geral do Itamaraty, como est�o sendo esses primeiros meses de governo? Quais s�o os desafios quando fica no comando durante as viagens do ministro?
Eu j� assumi v�rias vezes. O ministro tem viajado muito. Sou funcion�ria da carreira diplom�tica h� 45 anos. Fui chefe de gabinete do ministro Celso Amorim por tr�s anos, entre 2008 e 2010, no final do segundo mandato do presidente Lula. Ent�o, isso significa experi�ncia na orienta��o da Casa. Mais do que comando, eu gosto de dizer orienta��o, porque a gente coordena o trabalho de colegas, homens e mulheres, que j� t�m experi�ncia tamb�m. Eles est�o sempre acrescentando ideias e formas de trabalhar em conjunto. O nosso ministro acredita nesse trabalho em conjunto. N�s todos aqui acreditamos.
Ainda na transi��o, o ministro falava muito em arrumar a casa e colocar o Brasil de volta no mundo. Como est� esse processo?
Est� indo muito bem, porque a casa � muito treinada. No Itamaraty, as chefias, tanto no Brasil como no exterior, s�o todas de diplomatas de carreira, ent�o, n�s temos mais ou menos, um treino parecido. N�s somos funcion�rios de Estado, independentemente do governo. Temos uma forma muito clara de trabalhar e, a partir da Constitui��o de 1988, ela ficou mais clara ainda, porque as linhas gerais da pol�tica externa est�o previstas na Constitui��o.
Ent�o, temos que seguir essa orienta��o legal, sem grandes dificuldades. A quest�o da casa � que, num determinado momento, tivemos um governo que colocou no comando da institui��o um diplomata mais jovem, com menos experi�ncia. O Ernesto Ara�jo (ex-chanceler), que assumiu a chefia do Itamaraty, e o pr�prio Carlos Fran�a, que veio depois, e fez um trabalho melhor, n�o tinham experi�ncia de chefias.
Acho que isso ajudou a dificultar um pouquinho mais o trabalho e tamb�m uma orienta��o de governo que ficou um pouco fora das linhas normais da pol�tica externa. Independentemente de mudan�as de governo, como diplomacia do Estado, ela tinha uma linha de continuidade que foi um pouco interrompida, com o pa�s saindo de cena praticamente.
E, nas poucas vezes em que aparecia em cena, aparecia com uma postura que n�o era a tradicional, nem a correta e adequada da pol�tica.
Ent�o, temos que seguir essa orienta��o legal, sem grandes dificuldades. A quest�o da casa � que, num determinado momento, tivemos um governo que colocou no comando da institui��o um diplomata mais jovem, com menos experi�ncia. O Ernesto Ara�jo (ex-chanceler), que assumiu a chefia do Itamaraty, e o pr�prio Carlos Fran�a, que veio depois, e fez um trabalho melhor, n�o tinham experi�ncia de chefias.
Acho que isso ajudou a dificultar um pouquinho mais o trabalho e tamb�m uma orienta��o de governo que ficou um pouco fora das linhas normais da pol�tica externa. Independentemente de mudan�as de governo, como diplomacia do Estado, ela tinha uma linha de continuidade que foi um pouco interrompida, com o pa�s saindo de cena praticamente.
E, nas poucas vezes em que aparecia em cena, aparecia com uma postura que n�o era a tradicional, nem a correta e adequada da pol�tica.
Era mais ideol�gica…
�, e isso foi bem identificado no simples fato de que, com a vit�ria do presidente Lula, a pr�pria comunidade internacional, tanto do mundo desenvolvido como do mundo em desenvolvimento, percebeu que o Brasil estava de volta. Essa frase dele, que ficou muito boa, a partir da participa��o do presidente eleito na Confer�ncia (da Organiza��o das Na��es Unidas sobre Mudan�as Clim�ticas — COP27), em Sharm el-Sheikh (no Egito), ap�s o resultados das elei��es, significa que sentiram a nossa falta, que estavam com saudades de n�s. E n�s estamos aqui, cheios de amor para dar.
Sentiu isso nas conversas com as embaixadas ou com os embaixadores?
Estive fora do pa�s durante 12 anos. Eu chefiei quatro representa��es. Primeiro, fui embaixadora da Unesco, em Paris, depois, embaixadora da FAO, em Roma; depois, em Budapeste, na Hungria; e em Bucareste, na Rom�nia, at� o fim do ano passado, quando fui designada para o cargo que assumi, em 1º de janeiro. Ent�o, eu senti a diferen�a do trabalho l� fora. Quando cheguei a Budapeste, no in�cio da mudan�a de governo, a partir de 2018, as pessoas j� estranharam algumas coisas.
A senhora tem dito que trabalha para aumentar a presen�a das mulheres no Itamaraty. Sendo a primeira mulher, e negra, no cargo mais importante da pasta, � uma nova guinada dentro da diplomacia?
Eu n�o gosto dessa hist�ria de ser mulher e negra. Vou lhe explicar o porqu�. Eu n�o me identifico como negra. Eu sou mesti�a. E o que � que isso significa? Se algu�m me falar que � negra, eu acho �timo, n�o tenho nada contra. Mas eu sempre me comportei dessa forma e nunca fui discriminada. Voc� sabe que, nessa quest�o de um pa�s mesti�o, a tonalidade faz diferen�a. Isso eu aprendi com as lideran�as negras num grupo de trabalho do qual participei durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
N�s constru�mos um grupo de trabalho para propor pol�ticas p�blicas para a valoriza��o da popula��o negra. E, nesse grupo, que durou dois anos e foi muito importante, eu aprendi muita coisa: a quest�o da invisibilidade do negro, de muita gente n�o se reconhecer como negro por inseguran�a. Mas, dependendo de onde voc� vem, � o normal.
Para mim, que nasci em Jacarepagu� (RJ) e estudei sempre em escola p�blica, o meu normal eram as pessoas como eu. Todo mundo parecia igual, mas porque eu estava nesse n�cleo. Eu aprendi muito com as lideran�as negras que participavam desse grupo de trabalho, que se preocupavam com a quest�o do racismo estrutural.
Come�amos a ver a import�ncia de colocar a figura do brasileiro negro, da brasileira negra na publicidade oficial, e isso foi uma pol�tica forte, porque toda a publicidade oficial, a partir daquele momento, tinha que ter a representatividade brasileira. Estava no edital. Tudo isso foram coisas que vieram desse grupo de trabalho, inclusive, a pol�tica de a��o afirmativa no Instituto Rio Branco, com a cria��o de bolsas de estudo, projeto do qual eu participei tamb�m.
Eu n�o posso dizer sou mulher negra no Itamaraty, porque, sen�o, falam assim: voc� teve uma carreira �tima, tranquila, ent�o, n�o tem discrimina��o. A� eu lhe digo: � uma quest�o da tonalidade. Como a nossa legisla��o autoriza a autodefini��o, cada um se define como quiser.
Sou a primeira mulher de fato (no cargo) que senta aqui. Eu acho que me chamaram porque eu sou conhecida. Trabalhei com o Celso Amorim e o Mauro Vieira. Eu fui convidada, n�o me ofereci para o cargo.
N�s constru�mos um grupo de trabalho para propor pol�ticas p�blicas para a valoriza��o da popula��o negra. E, nesse grupo, que durou dois anos e foi muito importante, eu aprendi muita coisa: a quest�o da invisibilidade do negro, de muita gente n�o se reconhecer como negro por inseguran�a. Mas, dependendo de onde voc� vem, � o normal.
Para mim, que nasci em Jacarepagu� (RJ) e estudei sempre em escola p�blica, o meu normal eram as pessoas como eu. Todo mundo parecia igual, mas porque eu estava nesse n�cleo. Eu aprendi muito com as lideran�as negras que participavam desse grupo de trabalho, que se preocupavam com a quest�o do racismo estrutural.
Come�amos a ver a import�ncia de colocar a figura do brasileiro negro, da brasileira negra na publicidade oficial, e isso foi uma pol�tica forte, porque toda a publicidade oficial, a partir daquele momento, tinha que ter a representatividade brasileira. Estava no edital. Tudo isso foram coisas que vieram desse grupo de trabalho, inclusive, a pol�tica de a��o afirmativa no Instituto Rio Branco, com a cria��o de bolsas de estudo, projeto do qual eu participei tamb�m.
Eu n�o posso dizer sou mulher negra no Itamaraty, porque, sen�o, falam assim: voc� teve uma carreira �tima, tranquila, ent�o, n�o tem discrimina��o. A� eu lhe digo: � uma quest�o da tonalidade. Como a nossa legisla��o autoriza a autodefini��o, cada um se define como quiser.
Sou a primeira mulher de fato (no cargo) que senta aqui. Eu acho que me chamaram porque eu sou conhecida. Trabalhei com o Celso Amorim e o Mauro Vieira. Eu fui convidada, n�o me ofereci para o cargo.
E vamos ter uma mulher no comando da Embaixada de Washington, uma das mais importantes...
Sim, vai ser a Maria Luiza Viotti. Ela foi embaixadora do Brasil em Berlim, nas Na��es Unidas. Ela � muito experiente e brilhante. � �tima e podia ser secret�ria-geral ou ministra tamb�m.
A senhora est� participando com sugest�es de mais mulheres nas representa��es?
Sim. O ministro tem essa ideia de implementar essa pol�tica, foi uma instru��o que ele recebeu do presidente da Rep�blica, e ele tem convic��o dessa necessidade tamb�m. N�s trabalhamos em conjunto nessa defini��o. Ali�s, sempre foi assim a defini��o dos postos no exterior, � luz da disponibilidade dos cargos e do tempo de posto. Os nomes s�o levados ao presidente, e � ele quem decide.
E como est� o processo de defini��o em outras embaixadas importantes? Em Paris, por exemplo?
Em Paris, j� est� definido, por exemplo, o embaixador. Ser� o embaixador Ricardo Neiva Tavares, que � um excelente diplomata. Foi assessor de imprensa do ex-ministro Celso Amorim. Temos uma equipe que se conhece e, felizmente, temos novos (integrantes) que s�o todos brilhantes tamb�m. Ent�o, posso dizer que � um time forte, de diplomatas experientes, homens e mulheres.
E como as mulheres est�o distribu�das no minist�rio?
O ministro tem, na assessoria do gabinete, cinco mulheres. Aqui n�s temos sete. E, no comando da casa, h� mulheres em todas as chefias. Entre as 10 secretarias da pasta, tr�s s�o comandadas por mulheres. Nos departamentos, a maioria � mulher. H� mulheres em chefias de divis�o e temos mulheres embaixadoras tamb�m.
O processo de encaminhamento e de concess�o de agr�ment � demorado. Quando o presidente define quem ele quer mandar, n�s comunicamos o pa�s para saber se n�o h� nenhuma dificuldade. � a pr�tica diplom�tica. Isso caminha de acordo com o ritmo, o funcionamento de cada governo.
Por isso, n�o d� para apresentar todo mundo junto. Mas eu acho que teremos na Europa, at� meados do ano, muitas mulheres em cargos importantes. No Itamaraty, atualmente, como ministros de primeira classe, que s�o embaixadores, n�s somos 43 mulheres e 176 homens. Ent�o, � �bvio que n�o pode ser a paridade.
Precisamos ter mais mulheres entrando na carreira diplom�tica, ou seja, fazendo concurso, e cursando academia diplom�tica, para poder seguir a carreira, e, assim, termos mulheres sempre na hora das promo��es. � uma forma de voc� aumentar a representatividade, mas isso � um processo.
O processo de encaminhamento e de concess�o de agr�ment � demorado. Quando o presidente define quem ele quer mandar, n�s comunicamos o pa�s para saber se n�o h� nenhuma dificuldade. � a pr�tica diplom�tica. Isso caminha de acordo com o ritmo, o funcionamento de cada governo.
Por isso, n�o d� para apresentar todo mundo junto. Mas eu acho que teremos na Europa, at� meados do ano, muitas mulheres em cargos importantes. No Itamaraty, atualmente, como ministros de primeira classe, que s�o embaixadores, n�s somos 43 mulheres e 176 homens. Ent�o, � �bvio que n�o pode ser a paridade.
Precisamos ter mais mulheres entrando na carreira diplom�tica, ou seja, fazendo concurso, e cursando academia diplom�tica, para poder seguir a carreira, e, assim, termos mulheres sempre na hora das promo��es. � uma forma de voc� aumentar a representatividade, mas isso � um processo.
Com a polariza��o entre China e Estados Unidos, os maiores parceiros comerciais do Brasil, o pa�s tem dificuldade de se posicionar nesse cen�rio?
N�o tem dificuldade. O Brasil j� se posicionou. Ele tem dois grandes pa�ses importantes como parceiros, comerciais e estrat�gicos. Est� �timo. N�s nos damos muito bem com os Estados Unidos e nos damos muito bem com a China.
� a melhor posi��o poss�vel. O Brasil tem um bom relacionamento com os Estados Unidos e com a China, assim como tem com a Uni�o Europeia, e, agora, vai voltar a ter com a �frica, assim como tem com a �sia, e, assim como tem, sobretudo, a prioridade da nossa integra��o regional.
� a melhor posi��o poss�vel. O Brasil tem um bom relacionamento com os Estados Unidos e com a China, assim como tem com a Uni�o Europeia, e, agora, vai voltar a ter com a �frica, assim como tem com a �sia, e, assim como tem, sobretudo, a prioridade da nossa integra��o regional.
Podemos dizer que � a volta da estrat�gia da coopera��o Sul-Sul, bastante defendida pelo ex-ministro Celso Amorim?
A coopera��o Sul-Sul � evidente, mas ficou de lado. Mas � o normal que sempre foi feito � o que tem que ser feito, e estamos voltando � normalidade. A normalidade da nossa pol�tica externa � dar prioridade � integra��o regional.
O Brasil � um pa�s importante da regi�o. N�s nos damos bem com todos os nossos vizinhos. A integra��o e a coopera��o com os pa�ses africanos, com os quais temos uma identidade � importante tamb�m. Temos um mecanismo junto com Portugal, que � a Comunidade dos Pa�ses de L�ngua Portuguesa (CPLP).
A maioria dos pa�ses est� na �frica, mas a CPLP est� presente em todos os continentes. E toda essa arquitetura, que � um trabalho de muitos anos, de d�cadas de diplomacia, como disse Celso Amorim, altiva e ativa, com pragmatismo respons�vel que o Brasil sempre teve. Houve um pequeno momento de eclipse, como disse um amigo estrangeiro querido. N�o � uma inven��o minha. Mas houve um eclipse, e, agora, voltamos. Acabou o fen�meno.
O Brasil � um pa�s importante da regi�o. N�s nos damos bem com todos os nossos vizinhos. A integra��o e a coopera��o com os pa�ses africanos, com os quais temos uma identidade � importante tamb�m. Temos um mecanismo junto com Portugal, que � a Comunidade dos Pa�ses de L�ngua Portuguesa (CPLP).
A maioria dos pa�ses est� na �frica, mas a CPLP est� presente em todos os continentes. E toda essa arquitetura, que � um trabalho de muitos anos, de d�cadas de diplomacia, como disse Celso Amorim, altiva e ativa, com pragmatismo respons�vel que o Brasil sempre teve. Houve um pequeno momento de eclipse, como disse um amigo estrangeiro querido. N�o � uma inven��o minha. Mas houve um eclipse, e, agora, voltamos. Acabou o fen�meno.
E tem uma agenda bastante importante a ser preparada, quando o Brasil presidir o G20, no fim do ano…
Exatamente. S�o v�rias coisas. N�s n�o chegamos a 100 dias de governo e, praticamente, todos os grandes l�deres do mundo j� estiveram aqui, falaram ou participaram de encontros, tanto com o presidente quanto com o ministro das Rela��es Exteriores. Isso foi uma coisa �nica, vamos dizer.
Na posse, houve pelo menos 60 delega��es chefiadas por chefes de Estado e de governo. Isso foi �nico na hist�ria do Brasil. Neste ano, teremos uma reuni�o importante no meio do ano, que vai ser a c�pula que o presidente quer fazer junto com os demais pa�ses amaz�nicos membros do Tratado de Coopera��o Amaz�nica, nos dias 7 e 8 de agosto, em Bel�m. Ainda estamos em constru��o com os demais pa�ses da regi�o.
O Brasil j� vai assumir a presid�ncia pr�-tempore do Mercosul no segundo semestre e j� assumiu a presid�ncia do mecanismo Ibas (composto por Brasil, �ndia e �frica do Sul). E, no fim do ano, o pa�s assume a presid�ncia do G20, que vai exercer em 2024. Depois, sediar� a COP 30, em 2025, tamb�m em Bel�m. Ent�o, � uma atividade diplom�tica intensa, mas importante, porque sempre foi assim durante os dois primeiros mandatos do presidente Lula. E, agora, no terceiro, ele diz que temos que fazer mais e melhor.
Na posse, houve pelo menos 60 delega��es chefiadas por chefes de Estado e de governo. Isso foi �nico na hist�ria do Brasil. Neste ano, teremos uma reuni�o importante no meio do ano, que vai ser a c�pula que o presidente quer fazer junto com os demais pa�ses amaz�nicos membros do Tratado de Coopera��o Amaz�nica, nos dias 7 e 8 de agosto, em Bel�m. Ainda estamos em constru��o com os demais pa�ses da regi�o.
O Brasil j� vai assumir a presid�ncia pr�-tempore do Mercosul no segundo semestre e j� assumiu a presid�ncia do mecanismo Ibas (composto por Brasil, �ndia e �frica do Sul). E, no fim do ano, o pa�s assume a presid�ncia do G20, que vai exercer em 2024. Depois, sediar� a COP 30, em 2025, tamb�m em Bel�m. Ent�o, � uma atividade diplom�tica intensa, mas importante, porque sempre foi assim durante os dois primeiros mandatos do presidente Lula. E, agora, no terceiro, ele diz que temos que fazer mais e melhor.
A Uni�o Europeia voltou a ter interesse de avan�ar para fechar o acordo com o Mercosul. Como est�o as negocia��es, porque o Uruguai queria deixar o bloco? Isso j� foi apaziguado?
Ainda est� sendo conversado. Quer dizer, os europeus t�m sempre alguma coisa mais a acrescentar. E n�s temos que observar isso e olhar direitinho tudo o que foi feito nesses quatro anos para podermos encaminhar bem (o processo) junto com os nossos parceiros do Mercosul. Isso est� sendo conversado, mas eu acho que, em princ�pio, h� um interesse dos dois blocos de fechar o acordo.
Uma das principais bandeiras do Brasil, era o assento permanente no Conselho de Seguran�a da ONU. Essa estrat�gia vai voltar?
Vai voltar tamb�m junto com a necessidade de uma reforma. N�o � querer o assento como est�. O pa�s quer uma reforma para que o Conselho de Seguran�a possa refletir a realidade atual. O Conselho, como est�, reflete o formato das rela��es internacionais do p�s-Segunda Guerra Mundial. Hoje em dia, voc� tem outros atores importantes que contam e que n�o est�o representados. Ent�o, essa reforma � importante. A grande maioria � favor�vel.
� preciso fazer uma reflex�o importante em rela��o ao veto do Conselho. Hoje em dia, todo mundo reclama que a R�ssia est� l� e pode vetar. No fundo, tudo precisa ser reavaliado para garantir uma representatividade real nas Na��es Unidas.
O que queremos � for�ar uma reforma, porque, com esse formato, de ter os membros permanentes e uma rotatividade de n�o permanentes, o Conselho n�o reflete a realidade, o equil�brio de influ�ncia e de n�vel de participa��o dos pa�ses no quadro internacional.
� preciso fazer uma reflex�o importante em rela��o ao veto do Conselho. Hoje em dia, todo mundo reclama que a R�ssia est� l� e pode vetar. No fundo, tudo precisa ser reavaliado para garantir uma representatividade real nas Na��es Unidas.
O que queremos � for�ar uma reforma, porque, com esse formato, de ter os membros permanentes e uma rotatividade de n�o permanentes, o Conselho n�o reflete a realidade, o equil�brio de influ�ncia e de n�vel de participa��o dos pa�ses no quadro internacional.
O cen�rio geopol�tico p�s-pandemia mudou e continua mudando em meio � guerra entre Ucr�nia e R�ssia. Alguns analistas falam que a quest�o da globaliza��o acabou ficando de lado e, agora, h� um novo movimento de fechamento dos mercados, em vez de se falar do multilateralismo…
N�s s� falamos de multilateralismo. E s� acreditamos no multilateralismo. N�o reconhecemos, n�o damos legitimidade a nada que seja fora do multilateralismo, com muito realismo. Fora do multilateralismo tem for�a bruta. Isso n�o tem respaldo no direito internacional.