
A transcri��o de �udios de um di�logo entre o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), e assessoras da gest�o do ex-presidente, revela que existia uma orienta��o para que as despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fossem pagas em dinheiro vivo. O material foi interceptado pela Pol�cia Federal (PF) com a quebra de sigilo das comunica��es do militar.
O di�logo foi compartilhado pela coluna do jornalista Aguirre Talento, para o UOL, neste s�bado (13/5), quando ele afirma que a preocupa��o do bra�o direito de Bolsonaro era que a pr�tica fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, j� que n�o haveria comprova��o da origem do dinheiro.
Segundo a PF, Michelle Bolsonaro usava um cart�o de cr�dito de Rosemary Cardoso Cordeiro, assessora no Senado. Nas investiga��es, os agentes detectaram dep�sitos em dinheiro vivo para a amiga da ex-primeira-dama, a fim de custear as despesas do cart�o e ocultar a origem dos recursos.
Assim, duas assessoras de Michelle, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro, conversaram com Mauro Cid manifestando preocupa��o com esse esquema de pagamento. As funcion�rias queriam convencer a ex-primeira-dama a parar de usar o cart�o de cr�dito vinculado � amiga.
“Voc� pode falar com ela assim sutilmente, n�? Eu acho que voc� poderia falar assim: dona Michelle, o que a senhora acha de a gente fazer um cart�o para a senhora? Um cart�o independente da Caixa. Para evitar que a gente fique na depend�ncia da Rosy”, teria dito Cintia a Giselle, em outubro de 2020.
“Coronel, bom dia. Ontem eu conversei com a senhora Adriana (que seria uma outra assessora da primeira-dama) para saber se ela tinha falado com a dona Michelle, n�. Ela falou que conversou. Explicou, falou todos os problemas, preocupa��es, n�. (...). Mas ent�o o resultado foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ficou pensativa, mas que vai continuar com o cart�o. E ela falou que tem, tem os comprovantes assim, n�? Que esse cart�o j� era bem antes de o presidente ser eleito”, disse Giselle a Mauro Cid, em novembro de 2020, quase um m�s ap�s o primeiro �udio.
Compara��o com 'rachadinha' de Fl�vio Bolsonaro
Ao escutar o relato, Mauro Cid chegou a afirmar que a situa��o poderia ser alvo de investiga��es por rachadinha e comparou com o caso do senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ), que chegou a ser denunciado por peculato pelo Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro. Outro fato que chamou aten��o do ajudante de ordens � que Michelle tinha comprovante do pagamento das despesas, mas n�o possu�a documentos que provassem que os recursos sa�ram da sua conta.
“O Minist�rio P�blico, quando pegar isso a�, vai fazer a mesma coisa que fez com o Fl�vio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que est� dando rachadinha, t� dando a parte do dinheiro para Michelle”, disse Cid para Giselle.
Cid tamb�m mostrou preocupa��o de que o esquema fosse vazado na imprensa. “Pode ser que nunca aconte�a? Pode. Mas pode ser que amanh�, um m�s, um ano ou quando ele terminar o mandato dele, isso venha � tona”, disse.
O militar foi preso no �ltimo dia 3 de maio, durante a Opera��o Venire, que investiga um esquema de fraude nos dados do cart�o de vacina��o do ex-presidente Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura. Cid e outros dois familiares tamb�m teriam o comprovante de imuniza��o falsificado. Ao UOL, a defesa do militar afirmou que n�o se manifestaria.
J� o ex-secret�rio de Comunica��o do governo Bolsonaro e advogado, F�bio Wajngarten, afirmou que a situa��o j� foi amplamente explicada e que os pagamentos de fornecedores informais - pequenos prestadores de servi�o - eram feitos em dinheiro para proteger os dados do ex-presidente. Segundo ele, muitos n�o sabiam que a contratante era a primeira-dama Michelle Bolsonaro. “N�o h� nada de ilegal nas transa��es efetuadas”, disse.
