
No Senado, a oposi��o ao governo est� restrita a um pequeno grupo de parlamentares, como Sergio Moro (Uni�o-PR), ex-juiz da Lava-Jato. Al�m dele, outros nomes, como Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Gir�o (Novo-CE) e Jorge Seif (PL-SC), tamb�m apresentam resist�ncia aos temas do governo. No entanto, projetos de interesse do Executivo passam facilmente na Casa, como, por exemplo, a medida provis�ria que restruturou a Esplanada, aprovada por 51 votos a 19.
O resultado das vota��es das mat�rias do governo entre os senadores mostra o clima que Zanin vai encontrar. A expectativa � de que ele seja questionado sobre temas sens�veis, como a atua��o na Lava-Jato; a experi�ncia com temas alheios � opera��o; e at� a rela��o dele com o sogro, Roberto Teixeira, pr�ximo de Lula, respons�vel por apresentar o advogado ao petista.
Entre juristas de esquerda, h� cr�ticas em rela��o � aus�ncia de diversidade na Corte, com a indica��o de um homem branco, em que pouco se conhece sobre suas posi��es fora da opera��o.
Para o cientista pol�tico Rodolfo Tamanaha, Zanin tem uma reputa��o ilibada. No entanto, ele afirma que antes de ser advogado do presidente Lula, o defensor n�o era conhecido na �rea do direito e que � um mist�rio a posi��o dele sobre temas de grande relev�ncia.
"O ponto fundamental, aqui, que a comunidade jur�dica est� atenta, � a quest�o do not�vel saber jur�dico. A Constitui��o n�o fala em saber jur�dico, fala em not�vel saber jur�dico. Como conseguimos aferir isso? Com a atua��o dele em diversos processos. Ele tem atua��o acad�mica permanente", destacou.
No entanto, o especialista destaca que est� evidente que Zanin atende aos crit�rios t�cnicos, como not�vel saber jur�dico e contribui��es acad�micas. "Ele participa de congressos, escreve artigos, orienta pessoas, ou seja, participa do debate jur�dico. � reconhecido como uma autoridade no direito", afirmou o Tamanaha.
Sabatina
O maior cr�tico da indica��o � o senador Sergio Moro. Ele e Zanin j� protagonizaram diversos embates e devem ficar frente a frente mais uma vez, durante a sabatina do advogado.
"A nomea��o de um advogado e amigo pessoal do presidente da Rep�blica para o Supremo Tribunal Federal n�o favorece a independ�ncia da institui��o e fere o esp�rito republicano", disse o parlamentar nas redes sociais ap�s a indica��o.
O senador Hamilton Mour�o (Republicanos-RS) afirmou que a indica��o de Lula "ignora o esp�rito republicano, abandonando nomes com mais m�rito, isen��o e experi�ncia na magistratura".
Em contrapartida, governistas defenderam o advogado. O ministro da Justi�a e da Seguran�a P�blica, Fl�vio Dino, ressaltou que Zanin "demonstrou ter not�vel saber jur�dico e reputa��o ilibada, conforme disposto no artigo 101 da Constitui��o". O ministro da Secretaria de Comunica��o, Paulo Pimenta, partilhou do mesmo entendimento. "N�o h� d�vidas com rela��o a sua trajet�ria ilibada e respeitada no meio jur�dico", declarou.
Zanin poder� ficar na mais alta Corte do pa�s at� 2050. A sabatina na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado, etapa obrigat�ria para que o jurista assuma a vaga, deve ocorrer antes do encerramento do semestre no Legislativo, que termina em 17 de agosto.
O futuro ministro ter� papel decisivo no destino dos congressistas. Atualmente, dos 81 senadores, pelo menos 35 s�o alvos de alguma a��o no STF — a maioria como investigados. Essa quantidade representa 43% do n�mero total de cadeiras da Casa.
Caso seja aprovado, Cristiano Zanin ser� o terceiro ministro indicado pelo presidente na composi��o atual do STF. A ministra C�rmen L�cia foi indicada e empossada em 2006, no primeiro mandato de Lula. J� Dias Toffoli, passou a integrar a Corte em 2009, durante a segunda gest�o do petista. Ricardo Lewandowski, que se aposentou por ter completado 75 anos, tamb�m tinha sido escolhido pelo chefe do Planalto, em mar�o de 2006.