
As a��es que pedem a cassa��o do senador Sergio Moro (Uni�o-PR) desencadearam uma pr�via eleitoral fora de �poca no Paran�. Integrantes do PT — autor de um dos pedidos — j� se articulam para determinar quem ser� o nome da legenda � vaga no Senado, caso ela seja desocupada. O processo, que tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paran� (TRE-PR), pode levar � cassa��o de toda a chapa por irregularidades durante a campanha do ano passado. Se confirmada, a decis�o levar� a um novo pleito para senador no estado.
Mas n�o � s� o PT que est� de olho na vaga. O PL, de Jair Bolsonaro, tamb�m participa da batalha judicial, e v� a chance de assumir o cargo de Moro. O candidato da legenda no ano passado, Paulo Martins, ficou em segundo lugar na disputa. O ex-deputado Ricardo Barros, do PP, tamb�m declarou publicamente que participar� da nova elei��o, caso ela ocorra. Ao todo, pelo menos seis nomes se articulam. A decis�o, por�m, deve demorar. Al�m de ser aprovada no TRE-PR, a a��o precisar� ser referendada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, ent�o, confirmada pelo Senado Federal.
"Ele (Martins) pretende concorrer tamb�m, assim como v�rios outros candidatos dever�o disputar a elei��o", declarou Barros a jornalistas, ap�s sess�o da Assembleia Legislativa do Paran�. O ex-parlamentar relatou que j� acertou sua candidatura com o partido. Questionado sobre a possibilidade da cassa��o de Moro, ele avaliou que, se depender da jurisprud�ncia, ela ocorrer�. "Houve um processo id�ntico, o da ju�za Selma (Arruda), que foi cassada l� no Mato Grosso. Se n�o houver mudan�a no entendimento do tribunal, o processo ser� o mesmo", pontuou.
A ex-senadora e ex-ju�za era conhecida por ter atua��o parecida com a de Moro � frente da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justi�a de Mato Grosso, no combate ao crime organizado. Sua chapa foi cassada por n�o ter declarado � Justi�a Eleitoral um empr�stimo de R$ 1,5 milh�o que pegou de seu suplente, o que foi considerado "caixa 2" e abuso de poder econ�mico — acusa��es �s quais Moro tamb�m responde.
O ex-senador �lvaro Dias (Podemos), desbancado pelo ex-juiz e seu antigo padrinho pol�tico, tamb�m � considerado um candidato natural ao pleito, embora ainda n�o tenha se manifestado.
No PT, circulam pelo menos tr�s postulantes ao cargo: a presidente nacional da legenda, deputada Gleisi Hoffmann; o l�der do partido na C�mara, deputado Zeca Dirceu; e o deputado estadual Roberto Requi�o Filho. Dirceu e Gleisi polarizam a disputa, ligados a alas distintas do PT paranaense.
Requi�o, filho do ex-governador Roberto Requi�o, tamb�m declarou a inten��o de disputar. Nos bastidores, ele n�o descarta se desfiliar do PT e concorrer por outro partido, caso a legenda n�o o favore�a. Dirceu e Gleisi tentam agora angariar o apoio do cl� Requi�o e podem negociar, inclusive, cargos no governo federal, j� que o cl� n�o se sentiu contemplado na composi��o do governo Lula. Pela proximidade com o presidente, e maior influ�ncia para oferecer cargos, a deputada � tida como a candidata mais prov�vel.
Publicamente, integrantes do PT d�o como certa a cassa��o de Moro. Na semana passada, a primeira-dama Ros�ngela da Silva, a Janja, postou uma foto ao lado de Gleisi e a chamou de "futura senadora", o que gerou rea��o por parte de aliados do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL). O senador Hamilton Mour�o (Republicanos-RS), ex-vice-presidente, questionou se a primeira-dama, "antecipando poss�veis resultados de uma quest�o judicial", estaria extrapolando o seu papel, pressionando e tentando interferir na decis�o, ou se o Judici�rio estaria "atuando em prol do Executivo".
Moro, por sua vez, agradeceu o apoio e disse que a fala de Janja � "um desrespeito aos 1,9 milh�o de eleitores" que o elegeram. Gleisi, por sua vez, disse que o ex-juiz j� tem convic��o de que ser� cassado, e que est� tentando interferir nas elei��es. "Calma, rapaz. Por enquanto, s� teremos elei��es para o Senado em 2026. At� l�, vamos aguardar o pronunciamento da Justi�a sobre o seu caso. � disso que voc� tem medo?", disse a deputada.
Procurado pelo Correio, Moro, pela sua assessoria, disse estar tranquilo sobre o desfecho das a��es. "O PT tem um problema com a oposi��o. Ent�o, n�o tendo ganho nas urnas do Paran�, pretende cassar mandatos de advers�rios pol�ticos relevantes. O senador Sergio Moro est� tranquilo, pois os fatos e a lei est�o ao seu lado", frisou, em nota.
Abuso de poder na campanha
Moro � alvo de duas a��es por supostas irregularidades na campanha eleitoral. Foram ajuizadas por legendas que est�o em espectros pol�ticos opostos: pelo PL e pela Federa��o Brasil da Esperan�a, composta pelo PT, PCdoB e pelo PV. Os processos foram unidos por determina��o do desembargador M�rio Helton Jorge, do TRE-PR, por conterem argumentos parecidos sobre o mesmo tema. Em sua decis�o, o magistrado autorizou a oitiva de 10 testemunhas e o recolhimento de provas. Ele, por�m, negou pedidos de quebra de sigilo banc�rio, telem�tico e fiscal do senador, bem como o pedido para busca e apreens�o contra Moro.
Em resumo, os processos apontam que o ex-juiz teria agido irregularmente ao lan�ar sua candidatura � Presid�ncia da Rep�blica pelo Podemos, e depois ter migrado para o Uni�o Brasil para concorrer como senador. A disputa da Presid�ncia tem teto de gastos muito maior do que aquela pelo Senado, com muito mais visibilidade, e teria colocado uma "p� de cal" nas chances dos concorrentes, segundo o PL. A Federa��o liderada pelo PT, por sua vez, ainda afirma que h� ind�cios de "in�meras ilicitudes" contra as normas eleitorais e "movimenta��es financeiras suspeitas". H� ainda acusa��o de "caixa 2".
Segundo o consultor de An�lise Pol�tica da BMJ Consultores Associados �rico Oyama, a possibilidade de nova elei��o � uma oportunidade para que deputados disputem um cargo de maior longevidade, de forma mais tranquila, j� que conquistaram a reelei��o no ano passado. "As negocia��es pol�ticas antecipadas ocorrem para que, em caso de confirma��o de disputa, o candidato esteja fortalecido e com apoio m�nimo necess�rio", disse Oyama.
Ele destaca que a possibilidade de assumir a vaga de Moro � ainda mais importante para o governo, que pode aumentar sua base no Legislativo. As movimenta��es antecipadas tamb�m s�o importantes para o PT por existir mais de um nome na corrida pela vaga ao Senado.
"Em caso de cassa��o de Moro, o PT ter� que passar por uma disputa interna entre dois deputados relevantes do partido. Gleisi Hoffmann � presidente nacional do partido, j� foi senadora e decidiu migrar para a C�mara para n�o correr o risco de ficar sem mandato. J� Zeca Dirceu � o atual l�der do PT na C�mara e cogita concorrer � prefeitura de Curitiba no pr�ximo ano", explicou.