RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Desde a elei��o de 2022, a rela��o entre os irm�os Ferreira Gomes, Ciro e Cid (ambos do PDT), est� estremecida. O ex-presidenci�vel amargou o quarto lugar na disputa ao Pal�cio do Planalto, seu pior resultado nas quatro vezes que concorreu ao cargo, sem ter o senador em seu palanque.
O parlamentar, por sua vez, foi mais ativo na campanha de segundo turno do atual presidente, Luiz In�cio Lula da Silva (PT). Passados meses do pleito, os dois irm�os voltam a se encontrar em lados opostos.
Cid trava uma disputa pela presid�ncia do PDT no Cear�, ber�o eleitoral da fam�lia Ferreira Gomes. Ciro, por sua vez, defende a manuten��o do deputado federal Andr� Figueiredo no cargo. O pano de fundo para a discord�ncia, que aprofunda ainda mais o racha entre os irm�os, � a elei��o do ano passado.
O ex-candidato � Presid�ncia acusa Cid de ter sido abandonado por ele, que priorizou uma alian�a com o PT e com o ex-governador do Cear� e atual ministro da Educa��o, Camilo Santana (PT). O senador n�o se envolveu na candidatura do irm�o da mesma forma que fez nos pleitos passados, quando foi seu coordenador de campanha.
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� reportagem, Cid rebateu os lamentos de Ciro. "N�o foi trai��o. Trai��o � algo que voc� faz e n�o avisa. Eu avisei que n�o me manifestaria sobre a elei��o estadual. Agora Ciro fica a� falando de facada", diz o senador, fazendo refer�ncia � fala do irm�o sobre a ter sido atacado pelas costas por ele por causa do pleito.
A analogia foi dita pelo ex-presid�nci�vel nas v�speras da vota��o do primeiro turno, e repetida recentemente em entrevista coletiva no encontro regional do PDT, em Fortaleza. "N�o quero comentar porque a facada nas minhas costas est� doendo muito ainda", respondeu Ciro, no �ltimo dia 22, ao ser questionado sobre a rela��o com Cid.
Racha entre os irm�os
O racha entre os dois irm�os come�ou na indica��o do PDT do candidato do partido ao governo do Cear�. Ciro foi a favor da escolha do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cl�udio, enquanto Cid preferia que o postulante fosse a ent�o chefe do Pal�cio da Aboli��o, Izolda Cela -nome defendido pelo PT. A decis�o p�s fim a alian�a de mais de duas d�cadas entre os dois partidos no estado.
"Como n�o concordava em romper a alian�a, me recolhi para n�o brigar com Ciro e me resguardei. Eu avisei que n�o iria manifestar na elei��o estadual", diz Cid, justificando porque preferiu n�o ser uma voz ativa durante o pleito passado. "Tudo que eu previ aconteceu. Tivemos uma grande derrota".
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Roberto Cl�udio ficou em terceiro na elei��o, com 14,14% dos votos. O candidato do PT, Elmano Freitas, foi eleito em primeiro turno, com 54,02%. Afastamento entre os irm�os ficou n�tido nas duas agendas finais de campanha de Ciro, nas v�speras do primeiro turno. Na ocasi�o, o ent�o candidato apareceu sem Cid em carreatas feitas em Fortaleza e Sobral, cidade cearense que os dois administraram.
O atual prefeito do munic�pio, Ivo Gomes, terceiro irm�o da dupla, tamb�m n�o compareceu aos dois eventos, refor�ando, assim, a imagem de isolamento do ex-presidenci�vel.
Cid justifica a decis�o: "N�o fomos [aos eventos] porque ele estava com Roberto Cl�udio. Eu e Ivo propusemos para que Ciro fizesse uma agenda sem Roberto Cl�udio, mas ele n�o quis".
O senador conta que o afastamento do irm�o, a decis�o do partido por Roberto Cl�udio e o rompimento com o PT no Cear� fizeram com que ele passasse por uma fase dif�cil no ano passado. "Eu achava errada a postura do partido e me resguardei. Foram os piores meses da minha vida", diz Cid, que acrescenta que esperava que a situa��o melhorasse ap�s a elei��o.
Disputa pelo PDT no Cear�
O novo racha entre os irm�os passa pela elei��o municipal do ano que vem e tamb�m envolve o PT. Cid faz parte da ala do PDT que defende retomar as alian�as com os petistas no estado para que eles apoiem um candidato pedetista � prefeitura de Fortaleza, hoje ocupada por Jos� Sarto (PDT). Em troca, a sigla passaria a fazer parte oficialmente da base do governo de Elmano.
Do outro lado, pedetistas mais pr�ximos de Ciro, Andr� Figueiredo e Roberto Cl�udio preferem que o partido mantenha a independ�ncia do PT. Segundo aliados, um dos motivos para isso � que n�o ocorra a mesma briga da elei��o passada, isto �, uma cis�o no PDT porque petistas preferem um nome diferente do que quer o partido.
Nos bastidores, a ala de Figueiredo, que tamb�m acumula o cargo de presidente interino do PDT nacional, afirma que a tentativa de Cid de controlar o diret�rio do Cear� n�o condiz com a posi��o do senador de n�o ter apoiado o candidato do pr�prio partido na elei��o passada.
A ofensiva tem sido vista como uma forma de transformar o PDT em um "puxadinho do PT". Cid, por sua vez, nega com veem�ncia a acusa��o e afirma que tem o apoio da maioria do diret�rio estadual para retomar a alian�a.
"Temos o apoio da maioria dos deputados e dos prefeitos. O Andr� come�ou a tomar uma posi��o de oposi��o contra a vontade da maioria", diz Cid, que completa: "N�o estou pleiteando [a presid�ncia do partido no estado] por capricho ou desejo".
Para resolver o impasse, a ala de Cid convocou uma reuni�o do PDT cearense para o dia 7 de julho. O ato, no entanto, foi questionado por advers�rios, que alegaram que o encontro n�o teria legitimidade. O senador, por sua vez, afirmou que a convoca��o teve a assinatura de mais de dois ter�os do diret�rio, respeitando o estatuto do partido.
No meio da briga, pedetistas chegaram a falar que Cid sairia do partido. As suspeitas aumentaram ap�s conversas que o senador teve com a presidente nacional do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP).
� Folha de S.Paulo, o parlamentar confirmou que chegou a ser sondado pela presidente do Podemos, mas n�o aceitou o convite. Ele tamb�m nega que queira sair do PDT. "Nunca falei que sairia do PDT. O que eu fiz foi dar justamente um argumento de que n�o sairia. Tanto n�o quero sair que me disponho a ser presidente [do partido no Cear�]".
O imbr�glio fez com que o ministro da Previd�ncia e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, passasse dois dias em Fortaleza, na segunda e ter�a-feira (26 e 27) para acalmar os �nimos entre os correligion�rios.
A expectativa � de que at� o in�cio da pr�xima semana, quando Lupi conversar� com Elmano e Camilo Santana, saia uma defini��o de quem comandar� o diret�rio do Cear�