Hoje com 99 deputados, a maior bancada da C�mara dos Deputados, o PL replica agora, em parte, crise que afetou o antigo PSL, partido nanico que Bolsonaro inflou em 2018, mas que abandonou ap�s ser eleito presidente, levando com ele v�rios de seus aliados.
O monitoramento de eventuais trocas nas siglas � algo que est� constantemente no radar de l�deres partid�rios que almejam aumentar suas respectivas bancadas. Segundo relatos feitos � Folha, esse movimento se intensificou nos �ltimos dias. S�o citadas legendas como Republicanos, MDB, PP, Patriota e Solidariedade.
Um parlamentar afirmou � reportagem, sob reserva, que est� em conversas avan�adas com cinco congressistas do PL. Nas palavras desse pol�tico, a legenda � uma "bomba rel�gio" preparada para explodir, seja em vota��es futuras na Casa que dividam a bancada ou nas discuss�es sobre as elei��es municipais em 2024.A crise no PSL, que passou a se chamar Uni�o Brasil depois se fundir ao DEM, ocorreu em 2019.
Ap�s se eleger presidente, em 2018, Bolsonaro anunciou que deixaria a legenda por diverg�ncias com dirigentes do partido, movimento acompanhado por aliados do ent�o mandat�rio.
Eles tentaram depois criar um partido genuinamente bolsonarista, a Alian�a pelo Brasil, mas o projeto terminou em fracasso.
H� diferen�as, entretanto, entre o bolsonarismo no PSL e no PL.
Bolsonaro n�o est� mais na Presid�ncia da Rep�blica e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, comanda uma legenda com mais peso do que o antigo PSL, al�m de ser um pol�tico experiente e influente entre os deputados.
A discuss�o entre deputados do PL come�ou no s�bado (8), um dia ap�s a conclus�o da vota��o da Reforma Tribut�ria na C�mara, ocasi�o em que 20 dos 99 deputados do partido votaram a favor da proposta, mesmo ap�s press�o de Bolsonaro.
Integrantes do grupo dos 20 foram alvos de cr�ticas nas redes sociais e se incomodaram.
A discuss�o teve troca de ofensas e at� mesmo pedido para que deputados deixassem a legenda, colocando de um lado um grupo mais alinhado a Bolsonaro e de outro parlamentares que integram o centr�o e n�o o chamado "bolsonarismo raiz".
Entre bolsonaristas, h� uma avalia��o que uma eventual entrada do centr�o no governo Lula (PT) acirrar� ainda mais as diverg�ncias internas.
L�der do PL na C�mara, o deputado Altineu C�rtes (RJ), que � da ala mais pr�xima ao centr�o, afirmou que a situa��o j� foi contornada, que todos os deputados est�o "com cabe�a de tranquilidade" e que "de jeito nenhum" o partido ir� rachar.
"O PL � estruturado. O presidente Valdemar � um grande l�der, tem di�logo com todos os deputados e eu procuro manter esse di�logo tamb�m. Tem que buscar respeito e equil�brio para chegarmos aos entendimentos. � natural ter diverg�ncias", disse.
Ele tamb�m afirmou que a estimativa do PL � que a legenda cres�a na janela partid�ria de 2026 e que eventuais sa�das estariam ligadas a quest�es pol�ticas regionais, n�o a diverg�ncias internas. A janela � o per�odo em que deputados podem mudar de legenda sem risco de perda do mandato.
"Nossa previs�o � que vamos sair de 99 para no m�nimo 120 deputados. �bvio que vamos perder alguns, mas vamos ganhar outros. Nosso saldo ser� positivo."
C�rtes se reuniu nesta semana com Valdemar e Bolsonaro, separadamente, e tratou do tema. Ele diz que ouviu de Bolsonaro que era preciso muito di�logo com os deputados para "resolver a situa��o".
Na ter�a (11), numa tentativa de contornar a crise, Valdemar divulgou uma carta endere�ada aos parlamentares na qual normaliza as diverg�ncias da bancada.
Ele defendeu deputados que votaram com o Executivo em determinadas mat�rias, disse que o PL � um partido de oposi��o e acenou ao ex-presidente, afirmando que a bancada estar� unida "na defesa incondicional dos valores que nosso presidente Bolsonaro fez renascer em nossos cora��es".
"Minha avalia��o � que tudo est� caminhando como o esperado pelo partido. Todos conseguimos ver que a cada dia mais estamos unidos e buscando o melhor para a fam�lia PL", afirmou o deputado Antonio Carlos Rodrigues (SP), ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), um dos que votaram a favor da Reforma Tribut�ria.
"O clima atualmente est� muito apaziguador. A carta amenizou, todos entenderam. Hoje n�o se discute mais isso, a nossa cabe�a est� no futuro. Precisamos organizar o partido para a disputa eleitoral em 2024", disse o deputado Coronel Chris�stomo (RO), da ala mais bolsonarista.
Ainda assim, parlamentares do partido afirmam, sob reserva, que o clima ainda n�o est� pacificado --e preveem que novas discuss�es dever�o ocorrer. Eles afirmam que ap�s o recesso parlamentar ser� necess�ria uma reuni�o com dirigentes do PL.
Outro fator que incomodou deputados foi o vazamento na imprensa das mensagens de WhatsApp. Na noite de ter�a (11), um grupo pequeno de deputados do PL se reuniu na lideran�a da minoria na C�mara para discutir a situa��o. Os celulares tiveram que ficar de fora da sala.
Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que prefere resolver diverg�ncias cara a cara. "Aprendi no PSL que voc� n�o fala em grupo de WhatsApp para evitar vazamentos."
Em outro grupo de WhatsApp, que re�ne cerca de 60 deputados do PL ligados a Bolsonaro, o tema tamb�m foi discutido. Segundo relatos, parlamentares chegaram a defender uma sa�da coletiva da legenda, enquanto outros pediram a expuls�o de colegas mais pr�ximos a Valdemar.