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Estado de Minas ENTREVISTA/CL�UDIO CASTRO

Castro: 'Zema tem raz�o quando diz que Sul e Sudeste t�m que se organizar'

Governador do Rio de Janeiro, Cl�udio Castro, afirma que Norte e Nordeste se organizaram bem politicamente


10/08/2023 04:00 - atualizado 10/08/2023 07:30
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CLÁUDIO CASTRO
''A [proposta de] reforma tribut�ria atual ainda est� longe do necess�rio para o pa�s'' (foto: Divulga��o)

O governador do Rio de Janeiro, Cl�udio Castro (PL), diz que v� como uma honra a escolha do estado para o lan�amento do novo Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), do governo federal, que ocorre amanh�. Os recursos ser�o usados para custear grandes obras no estado, incluindo a ferrovia que liga o Rio ao Centro-Oeste, a usina nuclear Angra 3 e a Linha 3 do metr�, que quer ligar a capital fluminense a Niter�i. Castro esteve em Bras�lia nos �ltimos dois conversando com os minist�rios da Fazenda e da Educa��o, entre outros compromissos, e negociando a constru��o do maior complexo farmac�utico do pa�s, que pode levar � autossufici�ncia do Brasil em vacinas, segundo o governador. Nesta entrevista exclusiva, ele comentou ainda o embate entre estados do Sul e Sudeste contra o Norte e Nordeste em torno da reforma tribut�ria e frisa que a reforma atual ainda est� longe do necess�rio para o pa�s. Para ele, por�m, o longo per�odo de transi��o pode ser ben�fico ao permitir ajustes futuros. O governador celebra ainda que o Rio sediar� a c�pula do G20, que re�ne as maiores economias do planeta, no ano que vem, e detalha o encontro que teve com integrantes do Itamaraty para iniciar a organiza��o do evento, que ser� realizado no ano que vem.

O senhor veio para um p�riplo em Bras�lia nos �ltimos dias. O que leva desses encontros de volta ao Rio de Janeiro?
A gente veio aqui tratar de algumas quest�es com o Minist�rio da Fazenda. Uma delas � o maior complexo industrial farmac�utico do Brasil, que vai ser constru�do pela Fiocruz em Campo Grande. � um projeto que estava com tudo certo, mas, com a demora e o aumento da taxa Selic, desequilibrou muito, e a gente veio retomar o di�logo com o minist�rio para que esse projeto seja vi�vel.
 
Faz o Brasil ser completamente autossuficiente na produ��o de vacinas e bater a meta de exporta��o. S�o 15 mil empregos durante a obra, mais dois mil empregos depois com a f�brica pronta. Al�m disso, fomos tamb�m ao Minist�rio da Educa��o falar sobre o novo Plano Estadual de Educa��o. O Rio de Janeiro, infelizmente, por causa de todo o problema, acabou n�o votando o antigo plano. Como est� na hora de fazer o novo, viemos negociar para n�o perder esses recursos importantes, mas tamb�m para que a gente possa olhar para a Educa��o com essa prioridade.

E onde o estado conseguir� esses recursos?
A gente veio conversando para colocar agora no PAC (Programa de Acelera��o do Crescimento) os projetos. O PAC ser� lan�ado na pr�xima sexta-feira no Rio de Janeiro. H� projetos muito importantes, estruturantes. A gente acabou por colocar grandes projetos, e n�o pequenas obras, que o estado tem tocado. Por exemplo, a subida das serras, a BR-040, a EF-118, que � uma ferrovia important�ssima que vai ligar o RJ a todo o Centro-Oeste, atrav�s do Esp�rito Santo.
 
Ela coloca o Porto do A�u na rota do agroneg�cio. E a Linha 3, do metr�, que vai do Rio at� Niter�i. S�o projetos estruturantes. Chegou a hora de pensar no futuro, olhar grande, para a frente. O Rio, durante muitos anos, foi o epicentro da crise, e a gente vem o transformando no epicentro da solu��o do problema. Estamos falando tamb�m de Angra 3. Estamos falando de rodovias importantes, como a Transbaixada, a Via L�ctea, a conclus�o dela at� a Avenida Brasil. S�o projetos realmente que mudam a mobilidade do Rio de Janeiro.

Para n�s � uma honra. O Rio j� foi palco de Copa, de Ol�mpiada. Eu venho defendendo muito que a import�ncia do Rio de Janeiro para o pa�s � muito maior do que as pessoas falam. � �bvio que a gente tem as belezas naturais e o turismo. Mas, al�m disso, o Rio de Janeiro � o segundo estado que mais manda recursos para a Uni�o. 20% do Or�amento da Uni�o � feito no Rio. Fora isso, somos l�deres com 85% da produ��o de petr�leo e 70% da produ��o de g�s.
 
Somos o segundo maior mercado consumidor, o segundo maior parque fabril. L�der em a�o. O Rio de Janeiro tem uma import�ncia para o Brasil que, �s vezes, � esquecida. Eu falo isso sempre: o Rio, em n�meros, � mais importante para o Brasil do que o Texas � para os Estados Unidos. Voc� nunca imaginaria um Texas quebrado como o Rio est� hoje. O pacto federativo fere o Rio de morte, quase. E � muito importante quando o governo federal volta a olhar para o Rio de Janeiro na perspectiva do protagonismo, e n�o daquele filho problem�tico.

Fala-se em alas do PT que esse lan�amento seria tamb�m para tentar angariar votos do eleitorado fluminense, que o elegeu. Como o senhor v� essa possibilidade?
Eu creio que todo mundo que est� governando tem que governar para 100%, e esperar que depois tenha o resultado eleitoral disso. O resultado eleitoral tem que ser consequ�ncia do trabalho que voc� faz. Se for essa ideia pol�tica, ou qualquer outra ideia, quanto mais trabalhar pelo Rio, melhor para n�s. N�o h� nenhum receio nesse sentido. � o que a gente quer, mais a��es pelo Rio, independente do governo que estiver. Manda para a gente, que a gente quer. Sobre o resultado eleitoral, � �bvio que o presidente (Jair) Bolsonaro tem sua lideran�a, mas tamb�m tem a ver com o trabalho que n�s fizemos l�, de reconstru��o, de di�logo, de uni�o da classe pol�tica. Quem mais trabalha, mais ter� resultado.

Nesse tema ainda, como anda a rela��o com o governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva?
Mantendo a minha postura de sempre. Como eu ajo com os prefeitos, eu ajo com o governo federal. O papel de oposi��o e de situa��o � um papel do Parlamento. O governo n�o tem isso. O governo governa. O governador tem que trabalhar com os prefeitos todos, sem olhar colora��o partid�ria, bandeira pol�tica. Assim como tem o governo federal que olhar para os estados da mesma forma. A rela��o � �tima, superrepublicana. Da mesma forma como a gente trata, de forma cordial, respeitosa e republicana, � assim que a gente tem sido tratado tamb�m.

Outro tema de grande import�ncia em discuss�o agora � a reforma tribut�ria, que vem sofrendo cr�ticas de estados do Sul e do Sudeste. Qual a vis�o do Rio de Janeiro?
Voc� tem estados hoje que vivem de ICMS, e voc� tem estados que vivem de transfer�ncia da Uni�o. N�o pode ter uma rivalidade entre eles. A nossa maior cr�tica � que, do jeito que est� hoje, a reforma est� gerando empobrecimento daqueles que produzem e n�o gera a emancipa��o daqueles que vivem de transfer�ncia, haja vista que os quatro estados que mais contribuem para a Uni�o, que na ordem s�o S�o Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, tr�s est�o no Regime de Recupera��o Fiscal. Ser� que � s� m� gest�o? � s� erro do passado, ou voc� tem uma ideia de pacto federativo que est� retirando demais desses estados, a ponto de eles contribu�rem muito pelo Brasil e estarem quebrados? O Rio manda, todo ano, tr�s vezes o valor de sua d�vida em impostos federais. Todo mundo perde na perspectiva de n�s contra eles.
H� um embate de propostas com estados do Norte e Nordeste, com governadores do Sudeste apontando uma rela��o desequilibrada. Como o senhor enxerga isso?
O Norte e o Nordeste se organizaram bem politicamente. Haja vista, nunca houve um presidente do Comsefaz (Comit� Nacional de Secret�rios Estaduais de Fazenda) que n�o seja do Norte ou do Nordeste. Eles acabam tendo mais votos e o voto, sem ser qualificado, gera uma distor��o de pa�s. Nos sete estados do Sul e Sudeste voc� tem 56% da popula��o. Uma minoria da popula��o est� tendo uma preval�ncia sobre a maioria, quando voc� tinha que ter uma ideia de equil�brio. S� o Nordeste tem nove estados, e o Sul e Sudeste, juntos, t�m sete estados. Como uma regi�o pode ser mais importante do que duas juntas? A l�gica que conseguimos criar no Conselho Federativo, que passou na C�mara, � que as decis�es sejam por maioria, mas que essa maioria contemple 60% da popula��o. A� voc� vai ter uma maioria real, e n�o uma maioria pol�tica.
O governador de Minas, Romeu Zema, fez uma fala dura e muito criticada neste sentido. Ent�o, ele escorregou nas palavras, mas n�o deixa de ter certa raz�o?
Ele foi muito bem na fala quando cita a organiza��o entre Sul e Sudeste. Sul e Sudeste est�o, na verdade, copiando o modelo de sucesso que o Norte e Nordeste fizeram. Se eu pudesse melhorar a fala dele, ou discordar, eu tiraria essa ideia de direita e esquerda. Acho que isso tem que ficar para a elei��o. Zema tem muita raz�o quando ele fala que o Sul e o Sudeste t�m que se organizar, at� para que ele possa defender esses 56% da popula��o, e deixar para um momento seguinte essa discuss�o de direita e esquerda, que isso faz parte do processo eleitoral. A gente tem que saber sair do palanque. A elei��o acabou. Tem que respeitar a urna e trabalhar colaborativamente. Na elei��o, volta-se a discutir.
Ent�o sa�mos dessa fase de discuss�o sobre a veracidade das urnas eletr�nicas?
Ah, isso est� superado. Completamente superado. Bola para a frente, e temos a� mais de 200 milh�es de pessoas para cuidar.

Tem muita gente colocando o senhor como uma aposta para as pr�ximas elei��es. O senhor tem algum projeto pol�tico para sair candidato a presidente, ou a vice?
Os governadores do Rio cometeram um erro. Quase todos eles, Garotinho, Cabral, Wilson Witzel, de come�ar uma discuss�o nacional sem olhar e sem ter resolvido os problemas estaduais. O Rio tem muita coisa para resolver para o seu governador ficar olhando para algo que n�o seja o Rio. Depois, tem a quest�o de ver qual vai ser o melhor perfil para a pr�xima elei��o. Est� muito cedo ainda. O pa�s saiu muito dividido de uma elei��o, e trabalha hoje em reformas importantes. Acho que essa quest�o eleitoral vai ficar um pouco mais l� para a frente. N�o quero incorrer no mesmo erro que antecessores meus ca�ram de falar em elei��es nacionais, falar de outra coisa que n�o seja os problemas que o Rio de Janeiro enfrenta neste momento, que s�o muito graves.

E qual � o problema mais grave agora?
Eu colocaria dois no mesmo patamar, a seguran�a p�blica e o problema fiscal. Sem um estado equilibrado, voc� n�o consegue resolver a seguran�a p�blica. Mas, sem a seguran�a para o estado, voc� n�o consegue estabilizar a quest�o fiscal. Eu j� investi mais de R$ 1 bilh�o s� na Pol�cia Militar. N�s t�nhamos o segundo pior sal�rio do Brasil, hoje temos o terceiro melhor. �ramos o 26º em elucida��o de crimes. Nosso software mais jovem da Pol�cia Civil era da Copa. A gente investiu em todos os softwares mais modernos do mundo. Na Pol�cia Militar, fizemos o maior centro de treinamento da Am�rica Latina, para n�o acontecer mais situa��es de pessoas inocentes sendo atingidas por guerras ou de fac��es, ou da pol�cia fazendo o seu trabalho e acabar tendo efeitos colaterais. A gente sabe que a gente fala efeito colateral, mas na pr�tica � a vida de algu�m. N�o celebro a morte de ningu�m, nem daquele que est� do lado errado da sociedade, e nem daquela v�tima que estava do lado certo e infelizmente acabou sofrendo esse triste efeito colateral. A gente tem que trabalhar duro na quest�o da seguran�a p�blica, e trabalhar aqui, com Bras�lia, para melhorar a quest�o fiscal. Dos sete estados do Cossud (Cons�rcio Sul-Sudeste), voc� tem 56% do p�blico, 70% do PIB, 80% da arrecada��o federal e 93% da d�vida dos estados com a Uni�o. Voc� tem estados completamente amassados por uma d�vida com indicador de IPCA +4, com um pa�s que s� cresce a um ponto (percentual). S�o d�vidas impag�veis, que fazem os estados terem cada vez menos capacidade de investirem em educa��o, infraestrutura, no social. O Rio j� quebrou, Minas j� quebrou, Rio Grande do Sul j� quebrou, e os outros v�o para o mesmo caminho, se a gente n�o fizer, realmente, a reforma necess�ria.

Na seguran�a, outro problema foi o crescimento da atua��o das mil�cias. O que foi feito em rela��o a isso?
A gente fez a maior opera��o de combate �s mil�cias que j� teve. Prendemos mais de tr�s mil milicianos. Bloqueamos mais de R$ 2 bilh�es deles na Justi�a. Se voc� v� as �ltimas guerras que est�o havendo, � o tr�fico tentando invadir as �reas da mil�cia. Houve um enfraquecimento consider�vel das mil�cias, a cria��o das narcomil�cias, que � a uni�o do tr�fico com as mil�cias, e hoje � a nossa principal preocupa��o. E o estado vem batalhando para melhorar isso. A gente sabe que n�o � s� um problema estadual. O Rio n�o produz armas, drogas, isso est� entrando pelas nossas fronteiras. A gente precisa muito da ajuda das prefeituras no ordenamento urbano para n�o deixar que esses poderes territoriais avancem, e precisa muito do sistema judici�rio como um todo, Justi�a, Minist�rio P�blico, Defensoria, para que a gente n�o crie um “prende e solta”.

J� vimos v�rios investimentos em seguran�a, mas nunca vimos solu��o para esse problema da viol�ncia. Quando o carioca, o brasileiro, o turista estrangeiro, vai se sentir seguro no RJ?
Acabou de sair o Anu�rio da Seguran�a. Fama � uma coisa complicada. O estado mais violento � a Bahia. O segundo � o Cear�. Das 20 cidades mais violentas do Brasil, s� tem duas do Rio de Janeiro, e n�o s�o as primeiras. Quando a gente faz um recorte hoje da seguran�a p�blica, e voc� faz um recorte da nossa �rea tur�stica, turista no Rio de Janeiro hoje n�o tem problemas e se tem, s�o os mesmos que ele vai ter em Londres, Roma e Paris. Pequenos furtos. N�s temos um problema pontual, s�rio – n�o � porque � pontual que n�o � s�rio – isolado em comunidades, que a gente vem batalhando para resolver. J� est� muito claro para todo mundo que n�o existe a f�rmula m�gica. N�o chegou aonde chegou de uma hora para outra, e n�o vai se resolver de uma hora para outra. � um processo de investimento, desarticula��o, investiga��o, pris�o. O homic�dio doloso � o menor dos �ltimos 30 anos no Rio de Janeiro. O �ndice de furto a celular por 100 mil habitantes � menos da metade do de S�o Paulo. O Rio vem evoluindo, mas h� um evisceramento do problema do Rio que voc� n�o tem em nenhum lugar do mundo.

O Rio de Janeiro ser� a sede da pr�xima c�pula do G20, no ano que vem. Em que p� est� a articula��o com o governo federal para organizar o evento?
Esse foi o meu primeiro pedido para o presidente Lula. Eu pleiteava que o G20 fosse para o Rio. O Rio de Janeiro fez a maior concess�o da hist�ria do Brasil, que � tamb�m um dos maiores projetos ambientais do Brasil, que � a concess�o da Cedae (Companhia Estadual de �guas e Esgotos do Rio de Janeiro). Em cinco a 12 anos n�s vamos ter a limpeza total da Ba�a de Guanabara. Hoje a gente j� tem a praia do Flamengo j� por 60 dias, depois de dez anos impr�pria. N�s temos mais de 300 mil pessoas que nunca tiveram �gua em casa, e que j� t�m hoje. A Lagoa Rodrigo de Freitas j� voltou a ter peixe. Ent�o a gente tem visto evolu��o em s� um ano e pouco de concess�o. Era muito importante (sediar o G20), sobretudo por causa da Eco 92, Rio 20, Olimp�adas, Copa, e tudo que o Brasil passou, e o Rio de Janeiro foi o epicentro dessa crise. O Rio tem log�stica, tem rede hoteleira, tem locais vocacionados para grandes eventos. Ficamos felizes do Itamaraty e do governo federal terem entendido igual a n�s, e agora � fazer um grande evento. Eu recebi ontem (anteontem) o pessoal do Itamaraty. N�s ofertamos o Complexo Lagoon, ali na Lagoa, para ser a sede do G20. O estado retomou aquilo. Eles ficaram maravilhados, porque � um equipamento lind�ssimo, no cora��o da Lagoa Rodrigo de Freitas. Duas salas de cinema, que podem se tornar audit�rios, restaurantes, � central.
 




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