
O governo do presidente Lula (PT) vai usar a sua primeira cerim�nia de 7 de Setembro para transmitir uma mensagem de uni�o nacional, buscando reverter a partidariza��o da data e das For�as Armadas, que marcou os anos de Jair Bolsonaro (PL).
Com o slogan, o governo busca associar as tr�s For�as com o conceito de democracia, ressaltando o tema em um evento essencialmente marcado pela militariza��o. A Amaz�nia ter� destaque, e o tema da preserva��o ser� usado como demonstra��o da soberania.
A ideia de integrantes do governo que participam da organiza��o � criar um novo conceito para o feriado, mas destacando uma mensagem mais institucional, sem car�ter de disputa partid�ria.
O evento ocorrer� nove meses ap�s o 8 de janeiro e em meio aos avan�os das investiga��es que apontam a participa��o de oficiais das For�as e de policiais em articula��es golpistas. Militares est�o na mira direta de Alexandre de Moraes, do STF, com alguns de seus representantes no governo Bolsonaro presos ou investigados.
No ano passado, o desfile foi utilizado como ato de campanha de Bolsonaro, ent�o candidato � reelei��o, que, logo em seguida ao desfile na Esplanada, discursou em um palco ao lado do evento.
O plano do governo agora � fazer uma exposi��o na Esplanada durante a semana do 7 de Setembro, com os setores que se destacam na rela��o com a soberania: poderio das For�as Armadas, ci�ncia e tecnologia, e Amaz�nia. Os stands ter�o ainda apresenta��es, segundo relatos.
O governo Lula vem tentando ampliar a aproxima��o com os militares, ap�s a desconfian�a gerada nos primeiros meses de governo. O mandat�rio tem at� aqui prestigiado as tr�s For�as, com a participa��o em almo�os com comandantes, cerim�nias e com recursos.
O Novo PAC, que foi lan�ado na segunda semana de agosto, prev� um eixo de investimento exclusivo para os projetos estrat�gicos dos militares.
Lula dever� fazer um pronunciamento na noite do dia 6, v�spera dos desfiles militares do Dia da Independ�ncia. O petista usou esse expediente em v�rias comemora��es do 7 de Setembro de seus dois primeiros mandatos.
Neste ano, o desfile de Bras�lia contar� com a participa��o de Lula e demais autoridades, como de praxe, mas ser� mais breve —a dura��o prevista � de duas horas. A avalia��o � a de que a comemora��o estava muito longa, cansativa e que n�o h� necessidade de tantos �rg�os envolvidos como antes.
O governo n�o pretende incluir personalidades nos palanques, como aconteceu com Bolsonaro. Tamb�m n�o h� a previs�o de presen�a de chefes de Estado.
Em alguns anos de seus mandatos anteriores, presidentes de outros pa�ses foram a Bras�lia nesta data, como o franc�s Nicolas Sarkozy (2009) e argentina Cristina Kirchner (2008).
Ap�s participar das comemora��es, Lula embarcar� para a �ndia, onde participar� das reuni�es do G20, em 9 e 10 de setembro.
Como mostrou a Folha, a Pol�cia Federal n�o participar� desta vez, assim como outros setores. A corpora��o, contudo, n�o mostrou obje��o � decis�o. Segundo integrantes do governo, toda a celebra��o tem sido organizada de forma alinhada com os integrantes das tr�s for�as.
No Pal�cio do Planalto, n�o h� temor quanto � possibilidade de manifesta��es, apesar de o Ex�rcito e a Secretaria da Seguran�a P�blica do Distrito Federal estarem monitorado bolsonaristas que planejam realizar protestos contra o presidente Lula durante o desfile.
A avalia��o da intelig�ncia dos militares � que apoiadores do ex-presidente t�m se dividido entre dois grupos: um que apoia a ida ao desfile, em Bras�lia, para vaiar Lula e as For�as Armadas, e outro que considera mais adequado esvaziar o evento, como um recado de que o petista n�o tem apoio popular como tinha o antecessor.
Segundo relatos de militares e integrantes da Seguran�a � Folha, nenhuma grande lideran�a do bolsonarismo se manifestou publicamente ou em grupos de mensagens monitorados favoravelmente ao protesto contra o petista.
Auxiliares do presidente minimizam a possibilidade de vaias ou de atos contr�rios. A avalia��o � de que n�o h� qualquer chance de se repetir um 8 de janeiro, nem nada perto disso.