As informa��es coletadas nas primeiras fases apontam que a pol�cia avalia que Costa tinha f�cil acesso � c�pula da estatal Codevasf, entregue pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao centr�o e mantida desta forma pelo presidente Lula (PT) em troca de apoio no Congresso, o chamado "toma l� d� c�".
Os agentes da PF levantaram ind�cios de que o grupo de Costa atuava com seis empresas de fachada e seis laranjas. A PF cumpre nesta manh� mandados de busca e apreens�o em uma investiga��o que mira o ministro da Comunica��es do governo Lula, Juscelino Filho (Uni�o Brasil-MA).
A PF chegou a pedir buscas contra Juscelino, mas Lu�s Roberto Barroso, do STF, negou a solicita��o.
Um dos alvos de busca � Luanna Resende, irm� de Juscelino, e prefeita de Vitorino Freire, no Maranh�o. Ela tamb�m foi afastada do cargo por decis�o de Barroso.
A investiga��o mira obras da construtora Construservice contratadas pela Codevasf e bancadas com dinheiro de emendas parlamentares, algumas delas enviadas por Juscelino Filho.
A construtora, como revelou a Folha de S.Paulo em maio do ano passado, chegou a aparecer como a vice-l�der em licita��es da estatal federal Codevasf e utilizou laranjas para participar de concorr�ncias p�blicas na gest�o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com sede em Cod� (a 300 km de S�o Lu�s), desde 2019 ela j� teve empenhado pelo governo federal ao menos R$ 140 milh�es. Todos os contratos da empreiteira com a administra��o federal haviam sido firmados ap�s 2019, ou seja, no governo Bolsonaro.
As duas pessoas registradas oficialmente como donas da empresa s�o as mesmas que, em 2015, foram ouvidas em uma investiga��o policial e admitiram que foram chamadas para constar formalmente como s�cias na construtora, embora n�o mantivessem nenhuma liga��o pessoal ou empresarial entre elas.
Os convites, dizem os s�cios laranjas, partiram de Eduardo DP, alvo da opera��o desta sexta-feira. Segundo apura��es da Pol�cia Civil e do Minist�rio P�blico do Maranh�o, Costa � suspeito de comandar uma quadrilha respons�vel por crimes em mais de 40 munic�pios do estado, pelo menos de 2009 a 2012, entre eles desvios de recursos federais do Minist�rio da Educa��o.
Costa � r�u em a��es nas Justi�as Estadual e Federal que tratam dos supostos desvios e atos de corrup��o e chegou a ser preso nas a��es policiais relacionadas a esses casos — mas segue em liberdade.
Ele n�o aparece nos registros da Construservice. Mas em pelo menos uma a��o trabalhista a Justi�a do Maranh�o o reconhece como s�cio de fato da construtora.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o empres�rio Eduardo DP manteve rela��es pol�ticas no Maranh�o com aliados de Fl�vio Dino (PSB). A empresa tamb�m foi uma das maiores beneficiadas por verbas para obras de pavimenta��o no per�odo em que o atual ministro da Justi�a, al�m de seu vice, Carlos Brand�o (PSB), governaram o estado — recebeu cerca de R$ 710 milh�es de 2015 a 2022.
O empres�rio aparece em ao menos duas fotografias com Dino em eventos no interior do Maranh�o.
Em outubro de 2021, o ent�o governador posou para foto ao lado de Eduardo DP, no dia em que entregaria obras de pavimenta��o.
Dino j� havia dividido o mesmo palanque de Eduardo DP em setembro de 2017, em ato pol�tico em Vitorino Freire. O atual ministro das Comunica��es, Juscelino Filho (Uni�o Brasil), e outros pol�ticos do estado tamb�m acompanharam a cerim�nia.
N�o h� registro de apoio p�blico ou men��o a Eduardo DP em discursos de Dino. Questionado � �poca sobre a rela��o de seus aliados com Eduardo DP e sobre neg�cios da Construservice com o Governo do Maranh�o, o Minist�rio da Justi�a do governo Lula disse que Dino "n�o mant�m e nunca manteve rela��o com empres�rios citados".
Na agenda oficial da Codevasf, h� o registro de uma audi�ncia de "Eduardo Costa - Empresa Construservice" com o presidente da estatal, Marcelo Moreira, nomeado sob Bolsonaro e que segue no comando da estatal no governo Lula. Esse encontro ocorreu em 16 de dezembro de 2020.
Questionada pela reportagem no ano pasado, a Codevasf n�o quis esclarecer se o "Eduardo Costa" mencionado na agenda � Eduardo Jos� Barros Costa e qual foi o teor da conversa. A estatal disse apenas que esse tipo de encontro trata de "temas de interesse institucional e de projetos".
A Pol�cia Federal suspeita que tem origem na Codevasf um esquema de fraude em licita��es com verba federal para beneficiar a Construservice. Os investigadores levantam a hip�tese de que as licita��es s�o apenas meios de formalizar o direcionamento da verba � empresa.
Eduardo Costa � refer�ncia para pol�ticos locais na hora de questionar obras da Construservice. Em 12 de abril, o deputado estadual Vinicius Louro (PL) disse, na tribuna da Assembleia Legislativa maranhense, que telefonou ao "propriet�rio da empresa, da Construservice, Eduardo DP" para cobr�-lo sobre o andamento de obras em estradas.
O deputado disse � Folha que n�o conhece o quadro societ�rio da construtora, mas que "todo mundo no Maranh�o sabe que ele [Costa] responde por ela [a empresa]". Ele declarou "falar direto" com Costa sobre obras da empreiteira.
Em inqu�rito que come�ou como desmembramento das investiga��es do assassinato do jornalista D�cio S� em S�o Lu�s (MA), em 2012, a pol�cia do Maranh�o deflagrou em 2015 a Opera��o Imperador, cujo t�tulo � uma alus�o ao apelido de Costa.
Costa n�o se tornou r�u pelo assassinato, mas, segundo as autoridades, as apura��es do caso revelaram que ele arregimentou um laranjal para constar nos quadros de s�cios de construtoras usadas no esquema.