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Estado de Minas SA�DE IND�GENA

Bolsonaro contratou entidade com R$ 3 bi pendentes para sa�de yanomami

Auditoria do Minist�rio da Sa�de questionou a contrata��o de entidade evang�lica com uma s�rie de irregularidade


10/09/2023 10:50 - atualizado 10/09/2023 11:05
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Jair Bolsonaro com um cocar indígena
Relat�rio mostra que o distrito de sa�de yanomami foi sucateado pelo governo Bolsonaro (foto: Isac N�brega/PR)
Uma auditoria do Minist�rio da Sa�de analisada pelo MPF (Minist�rio P�blico Federal) questiona a contrata��o, pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), da Miss�o Evang�lica Caiu� para atuar com sa�de ind�gena no territ�rio yanomami. Segundo o relat�rio, a organiza��o soma mais de R$ 3 bilh�es em "conv�nios que ainda n�o tiveram o processo de presta��o de contas conclu�do".


A Miss�o Evang�lica Caiu�, identificada no Portal da Transpar�ncia do governo como uma entidade privada sem fins lucrativos, foi fundada em 1928. Ela tem conv�nios com o Executivo federal pelo menos desde 1999, dos quais 50 est�o vigentes atualmente.


A apura��o do minist�rio encontrou uma s�rie de irregularidades em um contrato firmado no segundo semestre de 2019, junto � Sesai (Secretaria Especial de Sa�de Ind�gena) e o Dsei (Distrito Sanit�rio Especial Ind�gena) Yanomami, e que chegou a R$ 182,2 milh�es.


A auditoria diz, inclusive, que os funcion�rios que supostamente deveriam fazer o acompanhamento da execu��o do conv�nio e a fiscaliza��o eram enfermeiros que nem sequer tinham conhecimento de tal atribui��o.


Questionado, o Minist�rio da Sa�de diz que n�o renovar� o conv�nio, que se encerra neste ano, que abriu novo edital para diversos Dseis e que "os contratos firmados pela atual gest�o da Sesai respeitam todos os processos legais para a contrata��o". Procurada por email na ter�a (5), a entidade n�o respondeu.


O per�odo em que foi feita a contrata��o e os aditivos no acordo com a Caiu� (2019 a 2022) coincide com o tempo em que o distrito foi comandado por apadrinhados do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), aliado de Bolsonaro.


Segundo a Procuradoria, tamb�m foi nessa �poca em que funcionou no Dsei uma opera��o ilegal para desvio de medicamentos, com a participa��o de funcion�rios do �rg�o. A auditoria da Sa�de foi feita em dezembro de 2022 e aproveitada pelo procurador Alisson Mangual em um relat�rio sobre o Dsei-Yanomami de maio deste ano.

Relat�rio


Como revelou a Folha de S.Paulo em janeiro, a Sesai elaborou um relat�rio mostrando que o distrito de sa�de yanomami foi sucateado pelo governo Bolsonaro.


O documento registra rem�dios vencidos, seringas orais reutilizadas indevidamente e fezes espalhadas em unidades de atendimento, al�m de desvio de comida e de medicamentos para tratamento de mal�ria.


O relat�rio ainda aponta a curva de evolu��o da doen�a no territ�rio e mostra que o n�mero de casos em ind�genas explodiu durante a gest�o passada.


Bolsonaro tamb�m incentivou o garimpo, inclusive propondo leis para regulamentar a extra��o dentro dos territ�rios ind�genas, o que hoje � proibido. De 2020 para 2022, a atividade ilegal triplicou na regi�o, segundo dados da PF.


O contrato alvo da auditoria do Minist�rio da Sa�de tinha valor inicial de pouco mais de R$ 40 milh�es e aumentou em mais de tr�s vezes ap�s uma s�rie de aditivos.


A auditoria questiona o fato de a empresa ter sido contratada mesmo somando mais de R$ 3 bilh�es em outros 32 conv�nios firmados entre 2011 e 2018 —j� encerrados mas que, em dezembro de 2022, ainda n�o tinham a devida presta��o de contas finalizadas.


A pasta e a Procuradoria apontam para a "libera��o de recursos de conv�nios, sem a comprova��o da adequada aplica��o de verbas anteriormente liberadas". Quando feita a an�lise do processo de fiscaliza��o do contrato, a auditoria descobriu que os funcion�rios supostamente destacados para esta fun��o eram enfermeiros contratados pela pr�pria Caiu�.


A pasta os entrevistou. "Em respostas, os fiscais, de forma geral, informaram desconhecimento de qualquer procedimento, provid�ncia em rela��o aos questionamentos. Informando que: somente tiveram conhecimento da designa��o como fiscais no momento da entrevista; que n�o receberam capacita��o para atuarem como fiscal", diz a auditoria.


Segundo as respostas dadas pelos funcion�rios, eles tamb�m n�o tinham senha de acesso � plataforma para acompanhar os gastos com o conv�nio. "Enfim revelaram que n�o cumprem o papel de acompanhamento dos resultados em rela��o � execu��o, da verifica��o dos prazos de execu��o, da qualidade do atendimento e � comprova��o da boa e regular aplica��o dos recursos", completa o relat�rio.


Dentre os in�meros problemas apontados por Sa�de e MPF est� tamb�m a "falta de comprova��o da capacidade t�cnica e operacional da conveniada para a realiza��o do objeto e das atividades previstas no conv�nio".


A an�lise tamb�m d� conta que a Caiu� n�o foi capaz de apresentar um plano de trabalho satisfat�rio e que sua contrata��o aconteceu sem a apresenta��o de estudos t�cnicos que indicassem a quantidade de profissionais necess�rios para a atua��o junto � sa�de yanomami.


Tamb�m � constatado que valores repassados � entidade foram usados para pagamentos n�o relacionados ao objeto do contrato e que esse problema foi identificado tamb�m em outros conv�nios feitos com a Caiu� em distritos de sa�de ind�gena, como no Vale do Javari (AM), em Manaus e em Mato Grosso do Sul.


Segundo o seu pr�prio site, a Miss�o Evang�lica � sustentada por tr�s vertentes da igreja presbiteriana, atua junto aos ind�genas caiu�s, guaranis, xavantes e kadw�us, no Brasil e no Paraguai.


"A institui��o promove em seus campos de trabalho a promo��o de a��es que visam trazer dignidade ao ind�gena e prote��o da inf�ncia e juventude", diz o texto institucional da organiza��o.

 


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