
O ex-deputado federal Roberto Freire deixou a presid�ncia do Cidadania, partido do qual estava no comando h� 31 anos. A sa�da ocorre ap�s disputa entre a dire��o da sigla sobre aderir ou n�o � base do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. Freire era contr�rio � ideia, mas a maioria dos diretores aprovou a medida.
Em nota enviada � Executiva Nacional do partido no domingo (10/9), Freire frisou que sua sa�da � "irrevog�vel", e disse ter sido fiel aos seus princ�pios e aos do partido. Ele foi afastado da dire��o do Cidadania, pela pr�pria sigla, no s�bado (9).
"Comunico minha sa�da da dire��o nacional. Desnecess�rio dizer que � irrevog�vel. Encerro, assim, uma longa vida neste partido, o �nico desde o PCB [Partido Comunista Brasileiro] nos idos de 1962 do s�culo passado", escreveu Freire. "Com a certeza de ter contribu�do para a sua bela hist�ria, de forma honrada e digna, saio ressaltando os homens e as mulheres que deram a vida e respeito ao partido. Penso ter honrado a todos eles, travando o bom combate at� o fim", acrescentou.
O atual Cidadania surgiu do antigo PCB, conhecido como "partid�o", do qual Freire era integrante. Ele chegou a concorrer a presidente da Rep�blica pelo PCB em 1989, primeira elei��o presidencial direta ap�s a redemocratiza��o.
Em 1992, uma ala do PCB se desfiliou e criou o Partido Popular Socialista (PPS), que foi presidido por Roberto Freire, e que passou a se chamar Cidadania em 2019.
"Fui leal aos meus princ�pios, aos princ�pios do partido e � nossa hist�ria que, espero, n�o consigam desonrar. Aos amigos e companheiros leais de luta, que se somaram a mim nesse esfor�o, meu respeito e minha gratid�o", declarou o ex-presidente da legenda.
Discuss�o evidenciou crise
O novo presidente � Pl�nio Comte Bittencourt, que liderava o diret�rio do Rio de Janeiro do Cidadania. O racha dentro da legenda se acirrou ap�s uma reuni�o virtual em 19 de agosto. O encontro foi marcado por xingamentos e discuss�es acaloradas entre Freire, aliados e os demais diretores do partido.
Freire acusou outros integrantes da c�pula de tentarem dar um golpe para afast�-lo do comando e se juntar ao governo Lula. No encontro, os diretores decidiram, por 13 votos a 11, reestruturar a executiva nacional por meio de elei��o entre os membros do diret�rio nacional. Freire, por�m, criticou que apenas o diret�rio foi convocado, e n�o todos os membros do Cidadania.
O partido, hoje, tem apenas cinco deputados federais eleitos, mas integra federa��o com o PSDB para um total de 18. Freire era contra a ades�o ao governo, e defendia que a federa��o fosse ampliada com uma alian�a com o MDB e com o Podemos, o que foi rejeitado pela diretoria.