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Estado de Minas MODA NO PLANALTO

Com que roupa ela vai? Looks de Janja t�m chamado aten��o

Vestidos usados pela primeira-dama Janja Lula da Silva t�m chamado a aten��o pelos modelos inusitados e pelas suas mensagens pol�ticas


18/09/2023 04:00 - atualizado 18/09/2023 07:45
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No Sete de Setembro, Janja compareceu de vermelho ao desfile, em contraponto ao verde e amarelo da solenidade
No Sete de Setembro, Janja compareceu de vermelho ao desfile, em contraponto ao verde e amarelo da solenidade (foto: EVARISTO SA /AFP)

As roupas usadas pela primeira-dama, a soci�loga Janja Lula da Silva, 57 anos, s�o sempre alvo de cr�ticas, para o bem e para o mal, da sociedade, um crivo pelo qual n�o passa o presidente Luiz In�cio Lula da Silva ou qualquer outro homem que ocupa cargos no poder. Econ�mica nas entrevistas concedidas � imprensa, Janja parece n�o se importar com as cobran�as e segue usando a moda para marcar posi��o e n�o meramente como uma indument�ria funcional.

Caso, por exemplo, do vestido vermelho, feito sob medida para ela pela estilista brasiliense Let�cia Gonzaga, usado no desfile de Sete de Setembro e que teve repercuss�o nacional, um contraponto ao verde e amarelo das cores da bandeira nacional, apropriadas pela direita como s�mbolo, com a chegada, em 2019, ao poder do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Janja tamb�m “causou” ao aparecer com um vestido longo, da marca mineira Printing, todo na cor laranja, na posse do rei Charles III, da Inglaterra, pa�s onde a sobriedade prevalece nas vestimentas. A cor, de acordo com explica��o dada por ela mesmo em suas redes sociais, foi uma refer�ncia � campanha “Fa�a Bonito”, contra a explora��o sexual de crian�as e adolescentes. “E que voc�s sabem que esse � um tema que eu trabalho muito”, explicou a soci�loga.

No desembarque, em Joanesburgo, na �frica do Sul, em agosto passado, Janja usava um blazer com estampa afro, feito pela marca baiana Menino Rei, que tem como proposta enaltecer a “cultural ancestral” e celebrar a valoriza��o da ra�a negra.

Em junho, na data da estreia nacional do filme “Barbie”, que despertou a f�ria conservadora, que o acusou de tentar destruir o papel da mulher na fam�lia, Janja, assumidamente feminista, apareceu ao lado da ministra da Sa�de, N�sia Trindade, usando uma camisa rosa choque.

Janja tem usado com frequ�ncia saias feitas com tecidos recicl�veis, camisetas de movimentos feministas, como a Marcha das Margaridas, ou pr�-vacina��o, e t�nis em eventos internacionais e solenidades tidas como mais formais. Em entrevista a revista Vogue, Janja chegou a decretar “instaurada a democracia do t�nis”.

A primeira-dama tamb�m � vista com frequ�ncia com uma camisa de seda que homenageia Maria Bonita, da marca paulista Misci, a primeira mulher a ingressar no principal bando de cangaceiros do Nordeste, em meados de 1930, �cone feminista no Nordeste. Essa camisa desapareceu das araras ap�s ser usada por ela pela primeira vez em p�blico. “Fiz quest�o de us�-la porque carregava um simbolismo, tanto da hist�ria de vida do estilista como da cultura popular, da produ��o da seda nacional, que � usada na Fran�a e a gente nem sabe", afirmou Janja nessa mesma entrevista a Vogue.

Mas o auge das cr�ticas �s suas roupas foi a posse, em 1º de janeiro, quando Janja, quebrando todos os padr�es de vestimenta impostos �s mulheres que a antecederam no cargo de primeira-dama, subiu a rampa do Planalto usando cal�a e terno estilizados. Nunca antes na hist�ria do pa�s, uma primeira-dama usou um traje tido como tipicamente masculino, em uma ocasi�o como essa. Al�m de descartar um recatado vestido, seu terninho foi tingido naturalmente com caju e bordado em palhas por mulheres do semi�rido nordestino, regi�o que teve participa��o decisiva na vit�ria de Lula nas elei��es passadas.
 
 

Moda nacional valorizada

Para o estilista mineiro Ronaldo Fraga, um dos precursores do uso da roupa no pa�s como forma de express�o pol�tico-cultural, a moda � um dos documentos mais eficientes do nosso tempo do registro da passagem do homem pela terra. � tamb�m, segundo ele, suporte para a m�dia principal que � nosso corpo, “que ningu�m manda”. “O que voc� p�e sobre esse corpo, voc� comunica, voc� seduz, voc� se coloca como voc� se v� e deseja o mundo”, diz Ronaldo Fraga.

“A Janja sabe seu papel e ocupa esse espa�o muito bem, sabe que os olhos est�o sob suas escolhas, ent�o acho perfeito ela usar estilistas brasileiros, e marcas e roupas de alguma forma alinhadas com a vis�o de mundo dela”, analisa. Em sua avalia��o, a roupa mais impactante usada at� hoje por Janja foi seu vestido de casamento, bordado tamb�m pelas bordadeiras de Serid�, as mesmas que participaram da confec��o do terno da posse.

“O que n�o falta no Brasil s�o saberes e fazeres que precisam ser aplicados � moda para que pessoas afirmem sua cultura, gerem renda, para que esse saber n�o morra nas m�os delas e passe de pais para filhos e que cada vez mais novos designers saibam da import�ncia econ�mica, cultural e pol�tica de uma moda feita por m�os brasileiras”, defende o estilista.
 
Janja ainda n�o usou uma roupa de Fraga, mas ele gostaria que ela vestisse alguma pe�a bordada pelas mulheres atingidas pelo rompimento da barragem de Mariana, um dos maiores crimes ambientais do pa�s, ou pelas rendeiras da renda renascen�a da Para�ba.

Para a jornalista, professora universit�ria e pesquisadora em moda, arte e pol�tica Val�ria Said T�taro, a moda ultrapassa sua dimens�o funcional como roupa para muitas vezes expressar identidade, comportamento, afetividade e ideologias. “Por isso o ato de se vestir tamb�m � pol�tico”, afirma a pesquisadora em moda. Segundo ela, o protagonismo de Janja na moda torna mais vis�veis temas relacionados �s express�es culturais brasileiras de diferentes regi�es, povos origin�rios, afrodescendentes e estrangeiros.
Na avalia��o de Val�ria Said, Janja tamb�m tem mostrado interesse em valorizar a moda nacional, o que � importante para o setor, principalmente em eventos internacionais. “Quando Janja se veste de marcas brasileiras, principalmente em eventos oficiais no exterior, h� um movimento pol�tico com foco na promo��o da imagem da moda nacional”, defende.
 
Para ela, a decis�o de usar vermelho no Sete de Setembro, em um pa�s polarizado at� pelas cores, pode ser interpretada como a volta da esquerda ao poder com suas pautas sociais, em oposi��o � agenda do governo anterior, “que se apropriou do verde e do amarelo como elementos de uma ideologia patri�tica”.
 
J� a cal�a, analisa Said, “transcende a cr�tica puramente est�tica, ao romper com o protocolo de n�o usar saia ou vestido, nos termos de um dress-code para primeiras-damas, seguido � risca pelas antecessoras”.

O uso que a primeira-dama tem feito da moda, avalia Said, pode ser interpretado como uma “provoca��o pol�tico-simb�lica” de que seu papel, no governo, como, de fato, tem acontecido, ser� ativo e n�o meramente decorativo.

A primeira-dama tamb�m � vista com frequ�ncia com uma camisa de seda que homenageia Maria Bonita (da marca paulista Misci), a primeira mulher a ingressar no principal bando de cangaceiros do Nordeste, em meados de 1930, um �cone feminista na regi�o



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