
Paris — O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, voltou este fim de semana ao Brasil, depois de um p�riplo pela Europa e Estados Unidos, em busca de investimentos para os biocombust�veis e hidrog�nio verde. Nesta entrevista ao Correio, feita depois de sua palestra no I Forum Internacional Esfera, na capital francesa, o ministro faz um balan�o dessas viagens e comemora: "A vantagem do Brasil � sua diversidade energ�tica", afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Primeiro, destacar de forma cristalina, muito vigorosa, que o Brasil voltou a dialogar com o mundo globalizado em que n�s vivemos, n�o tem sobreviv�ncia fora do di�logo permanente para estabelecer rela��es que possam contribuir com a paz e o caminho � a prosperidade. Como faremos isso no Brasil? Atraindo investimentos para gerar oportunidade emprego e renda para a nossa gente. No setor de Minas e Energia, o momento nunca foi t�o f�rtil. O brasileiro vem, h� mais de 30 anos, investindo em sustentabilidade. E n�s temos que nos orgulhar disso.
Por que?
Temos uma matriz de energia el�trica mais limpa e renov�vel do planeta, 88% da nossa energia, at� pelo Brasil ter 11% da �gua doce do continente. Da nossa energia, 88% � proveniente energia hidrel�trica, da energia fotovoltaica. O Sol que tanto castigou o povo do Nordeste, da regi�o do Jequitinhonha, do Mucuri, do Norte de Minas, hoje � uma grande fonte de energia. Temos mais de 15 gigas da nossa matriz produzidos por energia fotovoltaica. Temos crescido muito na energia e�lica, em especial no Nordeste mas tamb�m numa parte do Sul do Brasil, que tem potencial mais vigoroso de vento e na biomassa. O Brasil � reconhecido pelo mundo como grande celeiro de alimentos por causa do nosso clima tropical, da nossa �gua doce, da nossa m�o de obra e da nossa extens�o territorial. Queremos agora tamb�m ser vistos como um grande celeiro de energias limpas e renov�veis.
O que se pretende mostrar?
E o Brasil tem feito sua parte. Temos o melhor sistema de transmiss�o do mundo, 180 mil quil�metros de linhas de transmiss�o no Brasil. Dos 27 estados da federa��o, num pa�s transcontinental como Brasil, com a nossa dimens�o territorial, 26 s�o interligados. O exemplo da import�ncia dessa interliga��o energ�tica � agora, no princ�pio do ano. Quando est�vamos no momento de bonan�a h�drica, vertendo �gua em Furnas, Minas Gerais, a �gua estava sobrando e sendo vertida, jogada fora. Em Itaipu Binacional, come�amos a exportar energia h�drica para a Argentina e Uruguai. Mais de 500 milh�es foram exportados e isso impactou positivamente a conta de energia do povo brasileiro.
De que forma o impacto foi positivo?
� importante destacar, e as pessoas compreenderem, que todos esses avan�os do setor de energia do Brasil s�o pagos pelo consumidor. Portanto, � hora de o consumidor come�ar, de certa forma, a colher frutos disso. A transi��o energ�tica ser� essa oportunidade. Por isso, estamos fazendo esse debate. Estive no Departamento de Energia norte-americano, fiz uma reuni�o muito produtiva com dezenas de investidores dos Estados Unidos, de todos eles, alguns j� investindo no Brasil.
Que tipo de investidores? Fundos?
Fundos de investimento e empresas de energia. H� muito interesse em hidrog�nio verde, no Cear�; muito interesse no hub de energias e�licas no Rio Grande do Norte. Aqui, em Paris, assinamos R$ 16 bilh�es de contratos de refor�o de linha de transmiss�o do Nordeste. E j� est� no nosso plano de investimentos leiloarmos mais R$ 20 bilh�es em dezembro e mais R$ 20 bilh�es em mar�o, totalizando R$ 56 bilh�es de investimento em refor�o de transmiss�o do Nordeste at� o Sudeste brasileiro, que � o centro de carga. Para que esses investimentos? Para que n�s possamos criar um ambiente favor�vel a investimentos em e�lica, solar e biomassa no Norte e no Nordeste. Com isso, acreditamos que vamos nos tornar cada vez mais competitivos na nossa ind�stria e, a m�dio prazo, exportar sustentabilidade.
Como isso beneficia o cidad�o comum?
H�, para n�s, do governo Lula, uma obviedade muito grande. A �nica forma de se combater as latentes desigualdades no Brasil, de forma s�lida e consistente, al�m dos programas sociais fundamentais, � gerando emprego e renda de qualidade. E n�s vamos fazer isso tornando nossa economia vigorosa. O Minist�rio de Minas e Energia preparou um conjunto de pol�ticas p�blicas, como o projeto de lei combust�vel do futuro, o das linhas de transmiss�o e da mudan�a da pol�tica de pre�os da Petrobras.
Antes de concluir a transi��o energ�tica, o Brasil tem, na ordem do dia, a explora��o de petr�leo na Margem Equatorial. Isso n�o � um contrassenso?
A primeira grande pergunta que me fazem nos pa�ses que n�o t�m potencialidade de explora��o de �leo, como � o caso da Fran�a, � como que o Brasil se coloca como protagonista da transi��o energ�tica e, ao mesmo tempo, defende a explora��o de petr�leo? A minha resposta � muito objetiva. A grande potencialidade do Brasil � exatamente a sua pluralidade, a sua diversidade energ�tica. N�s temos e somos o grande celeiro dos biocombust�veis.
E a� coloca essa quest�o da explora��o na Margem Equatorial em segundo ou terceiro plano?
N�o. Por que n�o podemos colocar em segundo plano? Porque h� uma clareza muito grande no mundo que o petr�leo ainda � uma fonte energ�tica importante, inclusive para financiar a pr�pria transi��o energ�tica. N�s n�o podemos buscar o discurso politicamente adequado e deixar de fazer o que � certo economicamente para o Brasil. O petr�leo ainda � uma fonte de financiamento atrav�s do fundo social, inclusive de sa�de e de educa��o. Como � que n�s vamos abrir m�o dele? Qual seria o motivo de n�s abrirmos m�o de fontes energ�ticas, desde que exploradas adequadamente? O que n�o transigiremos � em fazer ambientalmente correto.
O senhor, recentemente, se referiu a uma candidatura � reelei��o do presidente Lula. Isso j� est� fechado?
O presidente Lula � o l�der certo, no lugar certo, na hora certa. Tenho convic��o de que, em 2026, vamos chegar em condi��es de o presidente Lula se colocar, mais uma vez, disposto a servir � democracia e � gest�o p�blica, como o grande l�der que �.
O senhor vai ser candidato a governador?
Estou completamente entusiasmado com a miss�o que me foi incumbida pelo presidente Lula, de dialogar com mundo. Estou extremante feliz e alegre, mas ao mesmo tempo e proporcionalmente a essa alegria, com a dimens�o da responsabilidade que � ser ministro de Minas e Energia de um pa�s como Brasil. Ent�o, respondendo, sem excesso de mineiridade, sou daqueles, e pratico isso na minha vida, que � "a cada dia basta o seu cuidado".