
“M�e, fiz xixi na cama, de novo.” A frase pode parecer ser resultado de uma noite com alta ingest�o de l�quidos por uma crian�a. Por�m, a enurese noturna, o famoso xixi na cama, acomete at� 15% de crian�as com at� 5 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), e � uma condi��o que merece aten��o. Crian�as nessa situa��o s�o constantemente v�timas de castigos, xingamentos e puni��es pelos pr�prios pais, e podem evoluir para dificuldades na socializa��o, aumento da timidez e depress�o.
De acordo com Atila Rondon, urologista pedi�trico, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Departamento de Urologia Pedi�trica da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o xixi na cama pode ocorrer devido a fatores gen�ticos relacionados � quantidade de urina produzida pela crian�a durante a noite, ou � disfun��o da bexiga durante o sono. “Ocorre de forma involunt�ria, sem qualquer culpa por parte da crian�a”, explica.
A libera��o de urina afeta a vida psicol�gica e social dos pequenos. “Os pais, por n�o entender bem o problema e estar estressados, muitas vezes s�o intolerantes e, por fim, acabam punindo a crian�a, o que s� atrapalha o seu desenvolvimento”, comenta o urologista. “Muitas apresentam altera��o emocional e/ou comportamental, como tristeza, altera��o do humor, vergonha, baixa autoestima, sensa��o de culpa, inseguran�a, isolamento social e baixo rendimento escolar, entre outros.”
Al�m disso, de acordo com Anast�cia Christina, psic�loga da Cl�nica do Bem, os pais ou os respons�veis que interagem com a crian�a devem ter sempre em mente que ningu�m faz xixi na cama porque quer. “Portanto, cr�ticas e castigos s� agravam a situa��o”, pondera.
Embora seja recorrente na inf�ncia, a persist�ncia do xixi na cama gera impactos que n�o podem ser ignorados. A psic�loga acredita que essas crian�as precisam de est�mulo, reconhecimento e refor�o positivo quando a roupa de cama amanhece seca. Segundo ela, a crian�a acaba se privando do conv�vio de frequentar e dormir na casa dos amigos e de parentes com medo e vergonha de fazer xixi na cama.
CAUSAS E COMBATE
A enurese pode estar ligada a fatores emocionais, gen�ticos ou fisiol�gicos. De acordo com �tila Rondon, se o pai ou a m�e fizeram xixi na cama na inf�ncia, o filho tem 44% de chances de apresentar a enurese. Se os dois sofreram com o transtorno, esse �ndice sobe para 77%. Al�m da gen�tica, outros fatores podem predispor o transtorno, como a defici�ncia de secre��o de vasopressina noturna (subst�ncia que diminui a produ��o de urina durante a noite), bexiga pequena para a idade ou hiperativa, problemas no trato urin�rio e dificuldade de acordar � noite em resposta � bexiga cheia.
Uma psicoterapia para a crian�a e para a fam�lia pode ajudar, j� que, al�m de recuperar a autoestima dos pequenos, pode trabalhar com orienta��o dos pais sobre como lidar com a situa��o. Uma boa alternativa � utilizar tabelas ou calend�rio e fazer tratos com a crian�a, por exemplo, se ela conseguir controlar o fluxo. “Durante o processo, cada noite seca precisa ser encarada como uma vit�ria, valorizada com elogios e muito carinho. � muito importante o refor�o positivo.”
UM ALIADO NA INTERNET
Desde 2012, com o objetivo de conscientizar sobre as causas, sintomas e tratamentos da enurese, o site semxixinacama.com vem ajudando pais a entender melhor essa condi��o. Por meio de informa��es relevantes, materiais de apoio e v�deos de especialistas, o site auxilia os pais na identifica��o do xixi na cama enquanto dist�rbio que merece aten��o e acompanhamento m�dico ap�s os 5 anos; assim como na busca por tratamento especializado, com a listagem de centros de apoio pelo Brasil. Os textos publicados no blog procuram apoiar os pais durante o tratamento, alertando sobre os impactos na vida da crian�a.
. DICAS PARA UMA
NOITE TRANQUILA
» Ajustar o consumo adequado de l�quidos em hor�rios determinados
» Evitar a ingest�o de l�quidos no m�nimo 2 horas antes de a
crian�a ir dormir
» Criar o h�bito de urinar antes de deitar e logo ao acordar
» Alimenta��o balanceada, rica em fibras, e exerc�cios f�sicos tamb�m contribuem para uma noite seca
» Em �ltimo caso, medidas terap�uticas, como uso de medica��es, tamb�m podem
ser consideradas