
Ap�s a maternidade, a mulher nunca mais � a mesma. A cada dia, ela aprende com as dificuldades e as do�uras de ser m�e. A produtora cultural e cantora Debora Coghi sabe bem como � essa situa��o. Aos 34 anos e m�e de Davi, de 5, e como grande parte das m�es de primeira viagem, ela imaginava que tudo seria mil maravilhas, mas na pr�tica n�o foi bem assim: “Quando engravidei, n�o planejava e nem desejava ser m�e. Engravidei usando um m�todo anticoncepcional de uso interno, superseguro. Descobri a gesta��o com mais de 12 semanas. Foi um pequeno per�odo de ‘preparo’ entre a descoberta da gravidez e o nascimento do meu filho. Tudo foi intenso demais, Davi levou mais de 24 horas para nascer e isso me trouxe um consequente baby blues (melancolia causada pela baixa hormonal ap�s o parto) tamb�m muito intenso”, lembra-se.
Ela conta que os problemas aumentaram com o passar do tempo. “Meu beb� era absolutamente diferente do que eu imaginava que ele seria: chorava muito e tinha uma necessidade de contato pele a pele e de suc��o para al�m do que eu poderia imaginar existir. Com cinco dias de vida, ele n�o mais dormia de dia. Passava o dia acordado, plugado no meu peito ou chorando. � noite, acordava praticamente de hora em hora. A priva��o de sono agravou muito meu quadro, que j� estava dif�cil. A depress�o p�s-parto foi diagnosticada no quinto m�s de vida do meu filho pela pediatra. A partir desse momento, dormir era uma quest�o de sobreviv�ncia para mim e para ele, j� que eu tinha muitos pensamentos suicidas e tamb�m contra meu pr�prio filho e, por medidas de seguran�a, eu n�o deveria ficar sozinha com ele.”
Ao se deparar com os desafios de ser m�e, ela se viu obrigada a mudar sua rotina de vida. “Eu n�o poderia mais conciliar a vida antiga de produ��o de eventos com a nova rotina de ser m�e, ainda mais de uma crian�a que n�o dormia. A doen�a foi me comendo por dentro. Meu casamento estava por um triz”, diz. Diante dessa situa��o, ela decidiu contratar uma consultoria de sono, “como uma encantadora de beb�s que veio do Rio de Janeiro pra me ajudar”. A partir da�, a vida de Debora mudou. “Meu filho passou a dormir sonecas longas durante o dia e cerca de 11 horas seguidas � noite. Enfim, eu podia voltar a respirar”, relata.
Esse foi o momento de D�bora reorganizar a vida. “Durante as primeiras semanas, posso dizer que tirei o atraso do sono e do descanso. N�o conseguia pensar em mais nada a n�o ser dormir. No tempo livre que me restava – eu havia pedido demiss�o do antigo trabalho –, passei a devorar a literatura dispon�vel relativa a sono e desenvolvimento infantil.”
O �TIL AO AGRAD�VEL Ap�s seguir as orienta��es da consultora do sono, Debora conta que participava de alguns grupos de m�es de WhatsApp e a maior e mais recorrente queixa era relativa ao sono dos filhos. “Sempre que podia, colocava os ensinamentos que tive de minha consultora e dos livros que havia lido… E eu j� havia lido muita coisa. Depois, as m�es me procuravam no privado para saber mais dicas e me dar feedbacks muito positivos.”
Ap�s auxiliar muitas m�es, ela recebeu um convite para ser consultora de sono infantil e, hoje, atende crian�as at� 5 anos. “Foi quest�o de tempo para que recebesse um convite formal de trabalhar profissionalmente na �rea. Comecei a atuar no mercado de BH em meados de janeiro de 2015. No in�cio, quando n�o tinha nome nem credibilidade, eram poucas clientes em atendimento. Foi a partir de um trabalho de muito sucesso com uma cliente de um famoso grupo de m�es no Facebook que o meu neg�cio deslanchou. Passei a atender de tr�s a quatro fam�lias por semana e a viver com agenda lotada. Desde ent�o, meu trabalho � por indica��o, tanto de ex-clientes como de pediatras, que acabaram me conhecendo atrav�s dos relatos de m�es de pacientes que haviam trabalhado comigo”, conta.
FAZER A DIFEREN�A A pediatra e professora universit�ria Isabela Leite Pezzuti se deparou com uma situa��o delicada com o nascimento do primeiro filho, Lucas Pezzuti, hoje com 4 anos, o que mudou a vida dela por completo. “Pensava que ao ser m�e daria conta de fazer tudo sozinha, mas n�o foi assim. Ao ver minhas dificuldades com o Lucas, uma tia me indicou a consultora de sono. No come�o, tive resist�ncia, e com a depress�o p�s-parto, acredito que a resist�ncia em procurar ajuda � ainda maior”, observa.
Ela conta que no come�o n�o teve dificuldades, por�m com o passar dos meses o beb� se mostrava bastante sens�vel. “Os primeiros 2 meses foram tranquilos, mas quando ele completou 3 meses, tudo mudou, ele se irritava facilmente, cheguei a lev�-lo para realizar exames, ver se poderia ser alguma dor, de repente refluxo, mas n�o era nada disso”, conta. Quando Lucas estava prestes a completar 6 meses e Isabela voltaria a trabalhar, decidiu ligar para D�bora. “Minha licen�a-maternidade j� estava chegando ao fim, o Lucas n�o melhorava, logo, n�o conseguiria deix�-lo com a bab�, pois nem eu que sou a m�e dava conta”, relata.
“Meu filho costumava ter sonecas curtas, comecei a pensar que poderia ser algum problema relacionado ao sono, e realmente era. Quando D�bora chegou aqui em casa no primeiro dia, ficou das 10h �s 17h. Ela me deu v�rias dicas: beb�s de 6 meses n�o s�o como rec�m-nascidos que dormem bem em qualquer lugar, era necess�rio colocar no ber�o; ensinou-me a adormec�-lo sozinho no ber�o, entre outras t�cnicas”, explica. “Coloquei tudo em pr�tica, funcionou e minha vida mudou para melhor. Hoje, tenho um filho de 4 meses, o Matheus, e continuo usando essas t�cnicas. E posso afirmar: o Matheus � o beb� mais bonzinho que existe (risos)”, brinca.
A fada do sono relata como � crucial a m�e procurar ajuda. “� importante garantir ajuda nesta nova fase de vida, providenciar comida feita em casa congelada e criar uma rede de apoio de mulheres na mesma fase de vida e privacidade. As rec�m-m�es precisam de um ambiente seguro para se adaptar ao beb�, � amamenta��o, � nova vida e assim o beb� poder� mamar e dormir com tranquilidade. E, principalmente, essas m�es precisam de algu�m que olhe para elas, que se proponha a cuidar delas e n�o somente da casa ou do beb�”, diz.
Afinal, diz a consultora do sono, uma m�e sobrecarregada � uma m�e infeliz, e seu filho sabe disso. Esse peso � muito grande para uma crian�a carregar: o de uma m�e insatisfeita. “Hoje, considero minha grande miss�o o cuidado materno. Ajudar outras m�es e mulheres que padecem nos mesmos pontos em que padeci e que a maioria de n�s padece me faz ser capaz de me redimir de minha hist�ria – curando-me e libertando-me, al�m de me fazer sentir realmente que minha miss�o aqui est� sendo de fato percorrida. Tenho certeza do meu caminho.!”
* Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram
Erros comuns que afetam o sono da crian�a
» Colocar a crian�a para dormir tarde vai faz�-la acordar mais tarde
» N�o acostumar o beb� a dormir em qualquer lugar
» N�o adaptar a rotina do beb� ao ritmo da fam�lia
» N�o criar um ambiente seguro e tranquilo para o beb� dormir
» Deixar a crian�a sem alimenta��o antes de dormir. O desmame noturno conduzido gentilmente, na hora certa, pode prolongar e muito o aleitamento materno