
Cent�simos de mil�metros na anatomia do olho interferem para definir uma vis�o perfeita ou n�o. “O olho � um �rg�o perfeito. Cada mil�metro a mais ou a menos no di�metro ocular resulta numa mudan�a de tr�s graus de miopia ou hipermetropia”, explica Ricardo Guimar�es, m�dico oftalmologista, presidente do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimar�es e da Faculdade de Medicina Faseh.
Contextualizando as inova��es na �rea da sa�de ocular, o especialista aponta o laser como primeiro grande salto. Ele conta que at� h� pouco tempo era impens�vel a capacidade de ajustar o olho em cent�simos de mil�metros para corrigir cirurgicamente erros de refra��o, como o astigmatismo. Outro exemplo vem da cirurgia de catarata, que j� n�o era complexa, mas contava com recupera��o visual mais lenta e desconfort�vel. Quadros que v�m mudando. “Hoje, diariamente, milhares de pessoas amanhecem com um defeito ocular, realizam o procedimento cir�rgico durante o dia e v�o dormir com a vis�o perfeita. Esse grande salto na corre��o da vis�o ocorreu gra�as ao desenvolvimento dos sofisticados equipamentos das cirurgias a laser.”
SEM ENXERGAR A hist�ria de uma paciente chama a aten��o. Let�cia Melo, de 27 anos, estudante e auxiliar administrativo, quase viu o sonho de ingressar na carreira militar ruir devido a um problema de vis�o. “Era m�ope, com 4,75 dioptrias em ambos os olhos. Al�m de 1 dioptria de astigmatismo. Esse problema me impediria de assumir um cargo na Pol�cia Militar (PM) por defini��o do edital, que limita a quantidade de dioptrias para o candidato ser considerado apto. Jamais seria poss�vel ingressar nessa �rea sem uma corre��o cir�rgica”, revela.
Al�m da impossibilidade de prestar o concurso p�blico, a jovem lista dificuldades cotidianas que enfrentava. “Quem � m�ope sabe que, com essa quantidade de 'graus' de corre��o, � imposs�vel dirigir, por exemplo. Ou enxergar qualquer objeto pequeno a apenas 1m de dist�ncia. J� passei por v�rios problemas como perder meu �culos por n�o conseguir enxerg�-los. J� fui a shows e teatros e n�o consegui enxergar nada de nada. Muitas vezes, fui chamada de esnobe por n�o enxergar um conhecido que passava do outro lado na rua. E muitas outras situa��es chatas e at� constrangedoras.”
Mas, gra�as aos �ltimos avan�os na �rea, Let�cia passou por cirurgia e ficou livre do problema. Agora, j� est� apta para tentar a t�o sonhada vaga na PM. “Passei pela cirurgia chamada SMILE, �nica t�cnica que funcionaria em mim justamente pelo tamanho da minha c�rnea. E isso depois de escutar muitos n�os de m�dicos que desconheciam a t�cnica.”
NOVIDADES Ricardo Guimar�es destaca o desenvolvimento de lasers. “A oftalmologia foi a primeira especialidade m�dica a utilizar o laser com objetivo terap�utico e tem se destacado por promover o seu acelerado e constante desenvolvimento.”
"A oftalmologia foi a primeira especialidade m�dica a utilizar o laser com objetivo terap�utico e tem se destacado por promover o seu acelerado e constante desenvolvimento"
Ricardo Guimar�es, m�dico oftalmologista, presidente do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimar�es e da Faculdade de Medicina Faseh
O primeiro laser frio, necess�rio para a cirurgia refrativa, foi criado na d�cada de 1970. “Chamado Excimer Laser, conta com grande precis�o por atuar nas liga��es moleculares das c�lulas, usando pulsos incrivelmente pequenos. Com a inova��o tecnol�gica constante na medicina, na passagem para o s�culo 21 foi desenvolvida uma nova tecnologia a laser, ainda mais sofisticada: o chamado FemtoSecond. A diferen�a dele para o Excimer Laser � fazer uma fotodisrup��o com pulsos ainda menores, com precis�o nanom�trica. As vantagens finais s�o uma recupera��o mais r�pida, melhor qualidade de cicatriza��o e conforto maximizado”, aponta.
O m�dico afirma que a escolha do laser mais adequado para realizar o procedimento cir�rgico � tarefa complexa. “Nossa op��o foi pelo laser fabricado por uma companhia de grande reputa��o no meio oftalmol�gico, a Zeiss. Seu modelo VisuMaxi®ï¿½ a op��o dos centros oftalmol�gicos mais conceituados em todo o mundo.” Ele cita ainda outros recursos avan�ados e aponta mais novidades para o setor. “Acreditamos que nesta pr�xima d�cada, as cirurgias de catarata e refrativa ser�o totalmente executadas por intelig�ncia artificial (IA) e cirurgia rob�tica. Hoje, esses recursos s�o usados apenas parcialmente e com a presen�a do cirurgi�o.”
NOVAS T�CNICAS Presidente da Sociedade Mineira de Oftalmologia (SMO), o m�dico Luiz Carlos Molinari afirma que, de um modo geral, h� avan�os em toda a medicina ocular. “Experimentamos o surgimento de novas t�cnicas em cirurgia refrativa, em transplante de c�rnea, novas cirurgias de glaucoma, avan�os na cirurgia de catarata, m�todos de avalia��o diagn�stica cada vez mais sofisticados (para o glaucoma, retina e outros).”
Molinari afirma que as doen�as oculares acometem pessoas de todas as idades e lembra que a preven��o � sempre o melhor rem�dio. “Mesmo sem ter queixas, a preven��o � necess�ria desde o rec�m-nascido (teste do olhinho), passando pela inf�ncia (erros de refra��o...), o adulto jovem, o adulto e o idoso. Um bom exemplo � a s�ndrome metab�lica ou a obesidade, em que o portador deve fazer exame oftalmol�gico de rotina, pois h�, nesses casos, aumento de frequ�ncia de glaucoma, catarata, degenera��o macular e retinopatia diab�tica.”
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estudo promissor
A oftalmologista Mariana Amaranto de Souza Damasio diz que h� avan�os em todas as �reas da sa�de ocular, mas destaca principalmente os que envolvem tratamentos cir�rgicos como para corre��o de grau, glaucoma e retina. A m�dica destaca que algo muito promissor e j� em estudo � a �rea de tratamentos para as doen�as gen�ticas (um exemplo s�o as distrofias retinianas, tais como retinose pigmentar e stargard); a terapia gen�tica j� � uma realidade e o Luxturna � o primeiro rem�dio americano baseado nessa terapia. “O medicamento corrige muta��o no gene RPE65, que pode resultar em cegueira, mas � um tratamento ainda muito distante da realidade pelo seu alto custo. No entanto, j� representa um grande avan�o.”
Avan�os da IA
Segundo o m�dico oftalmologista Ricardo Guimar�es, poucas �reas ser�o t�o favorecidas pelos avan�os da cirurgia rob�tica e intelig�ncia artificial quanto a oftalmologia. Veja, a seguir, o que ele aponta como destaques:
O olho � um territ�rio muito especial para aplica��o das ferramentas de IA que se utiliza mais facilmente de documenta��o fotogr�fica para produzir algoritmos de diagn�stico (detec��o aut�noma) e tratamento de doen�as oculares.
A condi��o mais conhecida, e uma das primeiras a ser estudada, foi a retinopatia diab�tica. A retinopatia diab�tica � silenciosa, acomete um grande n�mero de pessoas e, se n�o tratada a tempo, pode causar uma les�o definitiva e irrevers�vel da vis�o, do mesmo modo que o glaucoma.
O Google, por meio da sua startup Verily, desenvolveu uma IA que consegue identificar retinopatia diab�tica e edema macular diab�tico. Isso apenas ao analisar fotos de pessoas com sinais dessas doen�as. E um programa gratuito de identifica��o da retinopatia em est�gios do precoce ao avan�ado. Usando essa mesma ferramenta, catarata, pter�gio e muitas outras condi��es podem ser diagnosticadas com efici�ncia igual ou superior ao do exame m�dico pessoal.