Um dos momentos marcantes na vida dos pais � o nascimento dos primeiros dentes do filho. A emo��o da novidade, no entanto, costuma vir acompanhada de muitas d�vidas quanto aos cuidados que precisam ser tomados dali em diante. � a hora de marcar um encontro com o dentista. Mesmo que n�o haja muito para olhar, o odontopediatra, profissional especializado no atendimento infantil, est� apto a orientar sobre dieta, higiene e outras pr�ticas para evitar problemas odontol�gicos futuros.
Ainda que os dentes n�o tenham surgido, deve-se levar a crian�a ao consult�rio at� o primeiro anivers�rio. “A finalidade de ser t�o cedo � promover a sa�de bucal da crian�a. O profissional poder� acompanhar o crescimento das arcadas, prevenindo n�o s� a c�rie, mas tamb�m as m� oclus�es”, justifica Maria Cec�lia Abrah�o, presidente da regional distrital da Associa��o Brasileira de Odontopediatria (ABO-DF).
A odontopediatra Gabriela Lopes refor�a a import�ncia desse acompanhamento precoce. “A crian�a chega desconfiada. Com o tempo, se familiariza com o local, com a equipe. � um al�vio tanto para a fam�lia quanto para o dentista. Nessa fase de beb�, � mais pela quest�o do ambiente. Muitas vezes, com uns 3 anos ela chega, senta na cadeira direto e voc� nem acredita. Est� supercolaborativa.”
Paciente de Gabriela, Luiz Ot�vio Gon�alves Regis, de 10 meses, tem quatro dentes de leite, tamb�m chamados de dec�duos. Os dois primeiros – os incisivos centrais inferiores – nasceram aos 7 meses, ap�s a m�e, Taise, de 38, perceber sinais como incha�o, irritabilidade e piora do sono. Por orienta��o da pediatra do filho, procurou a dentista para a primeira consulta e iniciou os cuidados em casa. “Ela deu diversas orienta��es, sobre que escova usar, qual a quantidade de fl�or. Higienizamos sempre depois das refei��es. E, agora, o Luiz Ot�vio j� gosta da hora da escova��o”, conta. Os outros dois dentes, os incisivos centrais superiores, irromperam aos 8 meses.
Fl�or seguro
Um questionamento comum dos pais � sobre a presen�a ou n�o de fl�or no creme dental. Muitos pediatras ainda indicam que o mineral n�o seja usado, mas � consenso entre as associa��es nacionais e internacionais de pediatria e odontopediatria que a higiene bucal seja feita com pasta fluoretada de no m�nimo 1.000ppm (partes por milh�o). Concentra��es menores do que essa s�o ineficazes na preven��o de c�rie, e a recomenda��o � segura em termos de toxicidade, garantem os especialistas. Mas � preciso ficar atento � quantidade: para crian�as de at� 3 anos, deve ser similar a um gr�o de arroz cru.
“O beb� vai ingerir. N�o tem que bochechar, n�o tem que colocar �gua na boca. N�o precisa lavar”, diz Gabriela Lopes. Ela explica que o fl�or � um dos principais fatores de preven��o da c�rie. “Quando a gente come, desmineraliza o dente. O fl�or remineraliza.” Outras formas de prevenir o aparecimento da c�rie s�o a dieta livre ou reduzida de a��car e a amamenta��o.
“Pesquisas mostram que, de forma geral, o aleitamento materno e prolongado pode proteger contra a c�rie dent�ria na primeira inf�ncia. Crian�as amamentadas foram 43% menos afetadas por c�rie em compara��o �quelas alimentadas com mamadeiras”, informa Maria Cec�lia Abrah�o.
Ainda segundo a odontopediatra, ao sugar o seio materno a crian�a determina um padr�o adequado de respira��o nasal e postura correta da l�ngua, o que diminui as chances de ter m� oclus�o. Ao mamar no peito, o beb� estimula e fortalece toda a musculatura da boca, como l�bios, l�ngua, bochechas, articula��es mandibulares, ossos e m�sculos. A a��o sincronizada de suc��o, degluti��o e respira��o pelo nariz influencia o futuro encaixe dos dentes dec�duos.
Assim que come�am os primeiros passinhos, as quedas s�o inevit�veis. E a aten��o para que a crian�a n�o machuque a boca e frature os dentes de leite precisa ser redobrada. Se ocorrer alguma quebra, � necess�rio entrar em contato com o dentista para saber o que fazer. “Vai depender do tipo de fratura. Na medida do poss�vel, o dente dever� ser restaurado e controlado radiograficamente a cada seis meses. Para uma fratura superficial, envolvendo s� esmalte, basta dar um polimento”, explica Simone Otero, doutora em odontopediatria e professora na Universidade de Bras�lia (UnB).
Mitos e verdades
- C�rie n�o � transmiss�vel. Soprar a comida do beb� ou experiment�-la n�o deve ser feito devido � transmiss�o de outras doen�as.
- C�rie n�o � heredit�ria. � causada por fatores comportamentais, como ingest�o de a��car e higiene malfeita.
- N�o h� necessidade de limpar a boca do rec�m-nascido sem dentes, porque o leite materno protege a cavidade oral.
Fonte: Associa��o Brasileira de Odontopediatria
Saiba mais
C�rie em beb�s
A c�rie pode aparecer desde o irrompimento do primeiro dente de leite e provocar infec��es ou a perda dental. O a��car presente em restos de alimentos, s�lidos ou l�quidos, junta-se a uma pel�cula de saliva que fica sobre os dentes. Nela tamb�m est�o bact�rias nocivas, como a Streptococcus mutans. Quando a higiene bucal n�o � bem-feita, essas bact�rias se alimentam dos a��cares e passam a produzir �cidos que atacam o esmalte protetor dos dentes. Por isso � t�o importante n�o dar doces nos dois primeiros anos de vida. O primeiro sinal de que algo n�o vai bem s�o manchas brancas, em decorr�ncia do processo de desmineraliza��o. Em geral, a aplica��o de fl�or no consult�rio resolve. Sem o tratamento, surge um buraquinho no dente (a chamada les�o da c�rie), e a dor aparece. A� � preciso um tratamento restaurador invasivo. A perda de um dente tempor�rio � prejudicial, porque ele serve como um guia para o definitivo n�o nascer torto.