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Estado de Minas SA�DE

Cuidados paliativos proporcionam conforto em casos de doen�as incur�veis

Cuidados paliativos trazem benef�cios ao paciente e seus familiares quando h� uma doen�a de base incur�vel, com impossibilidade de tratamento satisfat�rio


31/01/2021 04:00 - atualizado 31/01/2021 09:12
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Na Rede Paulo de Tarso, o atendimento a pacientes em fase terminal ou com doenças incuráveis envolve uma equipe interdisciplinar
Na Rede Paulo de Tarso, o atendimento a pacientes em fase terminal ou com doen�as incur�veis envolve uma equipe interdisciplinar (foto: Gabriel Araujo/Divulga��o)


“Eu sabia que n�o era mais meu pai quem estava ali”, declara a professora M�rcia de Queiroz Andrade, de 64 anos, ao relembrar a luta travada pelo pai ao ser diagnosticado h� cinco anos com Alzheimer e sofrer com complica��es recorrentes de um quadro cl�nico de pneumonia desde 2017. Jos� Maria de Queiroz, o “paizinho”, como ela o chamava, ficou internado por dois anos recebendo apenas cuidados m�dicos tradicionais. Por�m, em determinado momento, seria necess�rio que ele fosse submetido a uma traqueostomia.

“Ele estava muito debilitado, usava sonda, n�o falava e nem andava mais, e precisava de oxig�nio para respirar. Era um quadro muito cr�tico. E quando nos foi pedida a autoriza��o para que o procedimento fosse realizado, se necess�rio, perguntamos ao m�dico o que ele faria se fosse algu�m da fam�lia dele. A resposta foi: ‘Eu n�o faria isso e recorreria aos cuidados paliativos’. E, realmente, no estado em que meu pai se encontrava, seria um sofrimento para ele e para a fam�lia, ao v�-lo passar por isso”, relata.

Por isso, o m�dico respons�vel pelo caso sugeriu a M�rcia e seus irm�os que pensassem na ideia de que os cuidados paliativos fossem adotados como forma de proporcionar conforto ao pai. Naquela altura, em estado terminal e incur�vel, Jos� Maria de Queiroz j� n�o tinha mais tratamento. A pneumonia havia sido controlada e eram administradas altas doses medicamentosas para que ele suportasse a espera de uma decis�o da fam�lia.
 
A família de José Maria de Queiroz (terceiro a partir da esquerda), diagnosticado com Alzheimer e que recebeu cuidados paliativos
A fam�lia de Jos� Maria de Queiroz (terceiro a partir da esquerda), diagnosticado com Alzheimer e que recebeu cuidados paliativos (foto: Gabriel Araujo/Divulga��o)
“O quadro estava muito triste, cada dia era uma coisa. Ent�o, optamos por ‘sentir na carne’ os cuidados paliativos”, conta a filha. E o que s�o os cuidados paliativos? De acordo com o diretor cl�nico da Rede Paulo de Tarso, Vin�cius Lisboa, caso seja poss�vel, de fato, caracterizar o m�todo, ele o identificaria como pr�ticas que visam dar conforto e dignidade ao paciente quando ele apresenta uma doen�a de base incur�vel, com impossibilidade de tratamento satisfat�rio, seja cl�nico ou cir�rgico, como o caso de Jos� Maria.

Assim, Vin�cius Lisboa explica que os cuidados paliativos se baseiam em uma s�rie de crit�rios para torn�-los o mais confort�vel poss�vel ao paciente. Al�m disso, como um dos objetivos centrais, a pr�tica busca dar � fam�lia um acalento e um momento de resolu��o de conflitos, de arestas. “Existem t�cnicas, m�tricas aplicadas para uso desse tratamento, mas vai al�m disso. Envolve a filosofia do cuidado paliativo, que traz diversos benef�cios para o paciente”, afirma.

“Estudos comprovam que sintomas controlados de forma eficiente podem, inclusive, trazer sobrevida ao paciente. Essa sobrevida n�o � uma extens�o de maneira indiscriminada da vida, mas � algo propiciado pelo conforto que aplicamos a esse paciente. � a resposta que o organismo consegue perceber. Para o paciente, � o melhor controle poss�vel de sintomas. Para a fam�lia, � a melhor elabora��o poss�vel desse momento espec�fico”, elucida o diretor cl�nico da Rede Paulo de Tarso.
 

PRIORIDADE 


Os cuidados adotados para os pacientes que recorrem � pr�tica se d�o em �mbito multifacetado. Isso porque todo o processo � feito com avalia��o de equipe interdisciplinar, com forma��o em cuidados paliativos. Entre eles, fonoaudi�logos, fisioterapeutas, assistentes sociais e psic�logos. “Vale lembrar que a abordagem n�o � s� da doen�a. � abordagem tamb�m do paciente, da fam�lia, inclusive envolvendo resolu��o de conflitos”, frisa Vin�cius Lisboa, que destaca, ainda, o uso do m�todo com o objetivo centralizado no tratamento de sintomas.

O cuidado do sintoma, ent�o, passa a ser prioridade e n�o mais o cuidado da doen�a. Ou seja, o cerne da pr�tica � aliviar os sinais do corpo – dor, v�mito, sintomas neurol�gicos, processo depressivo – e n�o os seus atores, seja ele o c�ncer ou o Alzheimer, por exemplo. E, haja vista a enorme gama de doen�as com perspectivas de evolu��o completamente diferentes, n�o existe um tempo- limite ao qual os cuidados paliativos devem ser incorporados.

Assim, uma pessoa pode se submeter ao m�todo at� o fim de sua vida, como foi o caso de Jos� Maria de Queiroz, que recebeu todo o afeto da equipe at� junho deste ano, quando faleceu, aos 92 anos. “H� neoplasias com sobrevida de poucos meses, mas h� doen�as neurol�gicas, neurodegenerativas, por exemplo, que podem chegar a mais de d�cada de sobrevida. Desse modo, n�o h� tempo estipulado, assim como n�o h� procedimentos previamente delineados”, explica o especialista.


AMADURECIMENTO 


Mesmo com a finitude dos tratamentos m�dicos tradicionais no controle da doen�a de seu pai, M�rcia de Queiroz destaca ter observado uma melhora significativa no quadro cl�nico dele ap�s a inser��o dos cuidados paliativos. Ele, que j� n�o mais se levantava da cama, passou a se sentar e tomar banho sentado. Com a fisioterapia respirat�ria, Jos� Maria j� n�o precisava mais do oxig�nio. Ele ainda n�o falava nem se recordava dos nomes de suas filhas, mas j� esbo�ava reconhec�-las.

“� um amadurecimento enorme. J� n�o tinha mais nada para ser fazer com paizinho, e ele sofria demais. Mas ainda bem que nos restava os cuidados paliativos. O preconceito com o m�todo caiu por terra. Hoje, eu falo aos meus filhos e deixo isso como meu desejo: ‘Se eu tiver alguma doen�a terminal, sem chances de cura e/ou tratamento nenhum mais, quero ter o direito aos cuidados paliativos”, diz.

O QUE DIZ A LEI 


De acordo com Resolu��o 41, de 31 de outubro de 2018, do Minist�rio da Saude, ser� eleg�vel para cuidados paliativos toda pessoa afetada por uma doen�a que ameace a vida, seja aguda ou cr�nica, a partir do diagn�stico dessa condi��o. Conforme o quadro cl�nico, o m�todo pode ser aplicado em hospitais e em domic�lio, com acompanhamento profissional.

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram

 


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