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Estado de Minas SA�DE

Gordofobia: quando o padr�o que importa � o da sua sa�de

Saiba a diferen�a entre pessoas obesas e gordas e, independentemente de a qual grupo perten�a, � errado julgar, criticar, fazer piada pelo seu peso


07/11/2021 04:00 - atualizado 07/11/2021 12:08

Duas mulheres gordas na piscina se divertem
Cada pessoa tem um peso com diversos fatores influenciando, descubra qual � o mais saud�vel para voc� (foto: to: AllGo - An App For Plus Size People/Unsplash. P)

Que bom seria se as pessoas n�o julgassem umas �s outras. Infelizmente, a realidade � outra. Apar�ncia f�sica, roupas, atitude e tom da voz formam a primeira impress�o, antes mesmo de come�ar uma conversa, e est� amalgamada ao padr�o mais forte e determinante de uma sociedade, de um tempo.

O julgamento ocorre at� de forma inconsciente. A apar�ncia � vista como cart�o de visitas e, no s�culo 21, o gordo ainda � v�tima de preconceito por causa do peso e da forma f�sica.

Ainda que muitos desafiem e lutem diariamente contra um modelo est�tico preestabelecido considerado “ideal”, sem respeitar as diferen�as e mesmo sabendo que h� percep��es distintas do que � belo ou n�o, o preconceito existe e est� presente no dia a dia de milh�es de pessoas gordas.

O julgamento, que � pessoal, subjetivo e que varia para cada pessoa de acordo com a cultura, pa�ses e momentos hist�ricos, sobrevive na atual sociedade e o gordo na maioria das vezes � sacrificado e criticado.

Cada um, preservando a sa�de e n�o sendo caso de doen�a, tem o direito de ter o corpo que se identifica e sente-se bem. Por que a gordofobia ainda � uma quest�o? Ela faz muitos sofrerem diante de mais um preconceito criado pela sociedade. A discrimina��o � geral e sobrecarrega todos os gordos, mais ainda a vida de quem lida com a obesidade, que � uma doen�a.

O obeso � portador de uma doen�a que envolve altera��es gen�ticas, fisiol�gicas e metab�licas que podem lev�-lo a ficar fora do peso, mesmo tendo h�bitos alimentares n�o t�o alterados, ou seja, sem ser um glut�o.

Cid Pitombo, médico-cirurgião
Cid Pitombo, m�dico-cirurgi�o, especialista em cirurgia bari�trica por videolaparoscopia, explica que o obeso � portador de uma doen�a que envolve altera��es gen�ticas, fisiol�gicas e metab�licas que podem lev�-lo a ficar fora do peso, mesmo tendo h�bitos alimentares n�o alterados (foto: Arquivo Pessoal)
“O chamado 'gordo', que n�o consegue controlar seu h�bito alimentar, pode apresentar tamb�m dist�rbios psicossociais que devem ser investigados e tratados”, alerta Cid Pitombo, m�dico-cirurgi�o, especialista em cirurgia bari�trica por videolaparoscopia, que h� pouco tempo criou uma campanha contra a gordofobia com a hahstag #gordofobian�o�piada.

“A proposta � tentar levantar uma voz de entendimento. Para que as pessoas tenham a percep��o de como todos somos importantes em ajudar o obeso e n�o degradar mais ainda a condi��o de doen�a que ele tem. Ao encararmos o obeso sem preconceito, todos ajudaremos em muito o combate dessa terr�vel doen�a. Soubemos de relatos preconceituosos na campanha de vacina��o da COVID-19 e resolvi fazer mais essa mobiliza��o”, explica o m�dico. As men��es ao termo gordofobia nas redes sociais cresceram 400% desde o in�cio de maio, quando come�ou a vacina��o.


DIFICULDADES 


As consequ�ncias da gordofobia s�o s�rias e graves. Cid Pitombo alerta que o obeso, principalmente o portador de obesidade m�rbida, j� enfrenta no dia a dia diversas dificuldades para conviver com o pr�prio corpo. H�bitos simples e di�rios de quem n�o � obeso se tornam de extrema dificuldade, como fazer a higiene pessoal, colocar um sapato, escolher uma roupa, pegar o transporte p�blico.

''Ao encararmos o obeso sem preconceito, ajudaremos em muito o combate dessa terr�vel doen�a. Soubemos de relatos preconceituosos na campanha de vacina��o contra a COVID-19''

Cid Pitombo, m�dico-cirurgi�o, especialista em cirurgia bari�trica por videolaparoscopia



E se somarmos a isso o preconceito, o olhar diferente para essas pessoas, ser� aprofundada ainda mais a dificuldade do obeso de enfrentar a doen�a. “O dano psicol�gico associado � silencioso, mas n�o � incomum que obesos, percebendo a rejei��o dos olhares e comportamentos de reprova��o, desistam de se tratar. E at� cometam suic�dio.”

Por isso, � fundamental enfrentar, coibir e se educar para banir esse preconceito da sociedade. Para tanto, Cid Pitombo afirma que a maneira de come�ar � entendendo que ele n�o est� obeso porque quer, porque � pregui�oso, desleixado. Ele est� obeso porque tem uma doen�a, que facilita a absor��o de calorias e dificulta a queima, acumulando em gordura. “Hoje, n�o temos preconceito com o deficiente visual, o auditivo, n�o s�o mais objetos de piadas e preconceitos porque compreendemos que � uma condi��o que n�o depende dele, e que n�o o muda como pessoa, como ser humano.”

Cid Pitombo lembra que, com o advento das redes sociais, acrescentou-se um problema a mais para a vida do gordo, ainda que seja via de m�o dupla e tamb�m seja uma ferramenta para combater a gordofobia. “O culto ao superficial est� degradando a sociedade.

A ideia de riqueza, corpo perfeito, mudan�as f�sicas com cirurgias e procedimentos cobrou uma conta impag�vel para o portador da doen�a obesidade: a do corpo perfeito para ser aceito na sociedade. Como que algu�m com falhas metab�licas, gen�ticas e sociais pode se engajar na ideia da perfei��o? Dever�amos explicar mais, falar mais de que n�o somos iguais, portanto, n�o podemos sempre achar que seremos o que vemos.”

DOEN�AS GRAVES


Cid Pitombo alerta que quem acha que � portador de obesidade, independentemente de estar de bem com a vida e com o corpo, deve sempre buscar o monitoramento da sa�de por m�dicos especializados. A obesidade, estatisticamente, aumenta a incid�ncia de dezenas de doen�as graves que, muitas das vezes, s�o silenciosas e aparecem com a idade mais avan�ada.

Homem e mulher que estão acima do peso
Lutar contra o preconceito � fundamental para aceita��o das pessoas, independentemente do padr�o f�sico (foto: AllGo - An App For Plus Size People/Unsplash )
Muitos obesos chegam a um ponto que precisam ou decidem por uma interven��o cir�rgica. Especialista em cirurgia bari�trica por videolaparoscopia, o m�dico explica que, primeiramente, s� devem ser operados portadores de obesidade m�rbida. Para fazer esse diagn�stico, inicial o indiv�duo deve pegar seu peso e dividir pela sua altura ao quadrado, para calcular o chamado �ndice de massa corporal (IMC).

Caso esteja acima de 35 e tenha doen�as associadas, pode ser que seja um candidato. A decis�o final s� � dada depois de uma ampla avalia��o m�dica, exames, avalia��o nutricional e psicol�gica. Procurar um bom profissional � o mais importante, destaca Cid Pitombo.

A sa�de � o bem mais precioso para o ser humano, ainda que muitos n�o cuidem bem dela. � preciso estar em alerta sempre, j� que muitas vezes uma pessoa magra e dentro do “padr�o” da atual sociedade n�o � t�o saud�vel nem est� com o quadro cl�nico em dia quanto um gordo.

“Estatisticamente, estar magro, ou seja, dentro da faixa de peso dita normal, diminui a chance de ter doen�as, mas isso pode ser uma falsa realidade. Pessoas magras tamb�m devem ser avaliadas de acordo com sua faixa et�ria, dentro dos padr�es de exames normais.”



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