Médica examina a tireoide de paciente

A recomenda��o � que sempre ocorra uma avalia��o do m�dico endocrinologista

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A tireoide � uma gl�ndula que secreta horm�nios essenciais para diversas fun��es metab�licas do corpo. Tem atua��o em todas as fases da vida, pois conta com importante papel no crescimento e desenvolvimento de crian�as e adolescentes e permanece indispens�vel para a fertilidade, a mem�ria, o sistema cardiovascular, o ciclo menstrual, a regula��o do colesterol, o peso adequado e at� o funcionamento do intestino.
 
Por ter esse car�ter b�sico de garantir que o corpo funcione adequadamente, algumas disfun��es podem ser percebidas com facilidade. No entanto, apesar de alguns sintomas serem evidentes, a recomenda��o � que sempre ocorra uma avalia��o do m�dico de confian�a do paciente, de prefer�ncia um endocrinologista, que � apto para diagnosticar disfun��es na gl�ndula.

Entre os principais problemas est�o o hipotireoidismo, quando n�o h� produ��o suficiente de horm�nios da tireoide; o hipertireoidismo, caracterizado pelo excesso desses horm�nios no organismo; os n�dulos, que s�o relativamente comuns; e os c�nceres de tireoide.
 
Alguns famosos, inclusive, j� se manifestaram sobre o assunto publicamente. Na semana passada, o cantor Jo�o Neto, da dupla sertaneja Jo�o Neto e Frederico, contou nas redes sociais que est� com c�ncer de tireoide. A atriz Carla Diaz teve a descoberta de um c�ncer na tireoide ap�s o surgimento de um n�dulo que, depois da bi�psia, foi diagnosticado como maligno. Outra situa��o semelhante foi a da musa inspiradora da m�sica “Garota de Ipanema”, Hel� Pinheiro. Em ambos os casos, o desfecho foi cir�rgico e positivo, as duas tiveram uma boa recupera��o.

HIPOTIREOIDISMO


De acordo com a m�dica endocrinologista Brenda Leal, o hipotireoidismo � uma condi��o em que n�o h� produ��o suficiente de horm�nios da tireoide, a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Por isso, a pessoa acometida pode sentir fadiga e sonol�ncia, mesmo com descanso adequado, intoler�ncia ao frio, incha�o causado pelo excesso de l�quidos e ganho de peso. � como se o organismo funcionasse de forma mais lenta, devido � falta de horm�nios necess�rios.
 
A principal causa � autoimune. O que significa que o pr�prio corpo gera anticorpos que interferem no funcionamento da tireoide. Para tratar a condi��o, � poss�vel utilizar medica��o e realizar reposi��o hormonal, al�m de ser necess�rio que o paciente se alimente bem e tenha h�bitos de vida saud�veis, como a ingest�o de iodo na medida correta. Sob nenhuma hip�tese � recomendada a automedica��o e o abandono do acompanhamento profissional, essenciais para o sucesso do tratamento.

HIPERTIREOIDISMO


Por outro lado, o hipertireoidismo � caracterizado pelo excesso dos horm�nios T3 e T4 no organismo, que tamb�m impacta negativamente no corpo. H� a possibilidade de ser autoimune, como o hipotireoidismo, mas tamb�m pode ser causado por uma produ��o aut�noma.

A m�dica Brenda Leal informa que os sintomas incluem taquicardia, tremores nas extremidades, pele pegajosa devido ao excesso de sudorese, intoler�ncia ao calor, ins�nia, irritabilidade e perda de peso mesmo com aumento da ingest�o alimentar.
 
O tratamento n�o � generalizado, depende do que levou a esse aumento da produ��o dos horm�nios. Em alguns casos, s�o utilizados medicamentos para regular a frequ�ncia card�aca, os tremores e outros sintomas que afetam diretamente na qualidade de vida do paciente acometido do problema.

Em associa��o a esses, podem ser utilizados rem�dios para o controle hormonal com dosagem adequada ao quadro cl�nico. Pode haver ainda uma cirurgia para realizar a remo��o da tireoide, seja de uma parte, seja de toda ela.


N�DULOS


A maior parte dos n�dulos � benigna e eles s� s�o removidos em circunst�ncias espec�ficas, como foi o caso do ator Bruno Gagliasso, que removeu um cisto n�o cancer�geno e n�o necessitou de tratamento longo e complexo. "Em alguns casos, eles podem ser identificados durante o exame f�sico, com o toque, mas a sua maioria � descoberta por meio de exame de imagem da regi�o cervical, como uma ultrassonografia", esclarece a m�dica endocrinologista Bruna Borges.
 
A m�dica Brenda Leal informa que os fatores que levam ao aparecimento de problemas, como os n�dulos, est�o relacionados � tireoidite de Hashimoto, � predisposi��o gen�tica, e � car�ncia de iodo na dieta. Por isso, deve existir um cuidado maior caso j� existam casos na fam�lia de disfun��es na tireoide e um rastreio de poss�veis problemas mais frequente. Al�m disso, a alimenta��o � indispens�vel para prevenir uma s�rie de doen�as e desequil�brios, tanto na tireoide quanto no restante do organismo.
 
Fora os cuidados b�sicos, Bruna Borges alerta: "Existe uma preval�ncia no desenvolvimento de n�dulos tireoideanos em mulheres, e a incid�ncia aumenta com o avan�ar da idade". Desse modo, os exames de rotina s�o indispens�veis, pois sempre � prefer�vel a interven��o precoce, evitando, assim, maiores complica��es e piora nos poss�veis sintomas.
 
Outro ponto de aten��o, segundo a profissional, � que existem diversos "gatilhos" para o desenvolvimento de uma doen�a tireoidiana. "Os tr�s principais vil�es da sa�de da nossa tireoide s�o as toxinas ambientais, os alimentos inflamat�rios e as defici�ncias nutricionais. Uma parte significativa dessas exposi��es s�o cumulativas no nosso organismo, o grau de interfer�ncia vai depender da sensibilidade de cada um, al�m da predisposi��o gen�tica", explica Bruna.
 

T�cnica moderna e minimamente invasiva 

 
Segundo Rodrigo Gobbo, diretor m�dico do Centro de Medicina Intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein, cerca de 40% da popula��o ter� algum n�dulo tireoidiano ao longo da vida. "Felizmente, a esmagadora maioria � constitu�da de n�dulos benignos, entre 90% e 95%", completa o m�dico. Levando em considera��o que boa parcela das pessoas pode vir a desenvolver n�dulos, desde 2018, o Hospital Israelita Albert Einstein utiliza a t�cnica de abla��o por radiofrequ�ncia para trazer um tratamento menos invasivo e que traz mais qualidade de vida para os pacientes.
 
"A t�cnica est� inclu�da em um grupo de terapias ablativas conhecidas como t�rmicas, ou seja, em que conseguimos obter a morte do tecido tratado, no caso os n�dulos tireoideanos, por meio de extremos de temperatura letais especificamente nas �reas tratadas, e com bastante e necess�ria precis�o", descreve Gobbo.

A precis�o � um diferencial do m�todo, que consegue, com menor tempo de realiza��o e sem anestesia geral, preservar a por��o saud�vel da tireoide, evitando, assim, a demanda por reposi��o hormonal por toda a vida, caso houvesse uma cirurgia invasiva removendo ou lesionando parte da gl�ndula.
 
"No caso dos c�nceres, nossa meta � uma redu��o de 100% em at� 18 meses", afirma Ant�nio Rahal, m�dico radiologista intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein. Ele explica que em estudos sul-coreanos, com n�mero de pacientes maior, pois o pa�s utiliza a t�cnica h� mais tempo, os resultados s�o animadores, com pacientes livres da malignidade e com preserva��o da tireoide.
 
Essa efic�cia terap�utica descrita pelo especialista � tamanha a ponto de o tratamento estar sendo estudado para outros problemas al�m dos n�dulos, principalmente para pacientes com risco cir�rgico elevado. Al�m disso, Ant�nio Rahal relata que outro cen�rio relevante � o de pacientes que passaram por cirurgia e tiveram reincid�ncia ou ainda met�stases detectadas em linfonodos cervicais, onde a abla��o tem tido "excelentes resultados em casos bem selecionados".

* Estagi�ria sob a supervis�o da subeditora Sibele Negromonte 
 

Tr�s perguntas para...

Brenda Leal – m�dica endocrinologista da cl�nica Invitta 
 
1 - Quais s�o os principais dist�rbios e problemas que podem acometer a tireoide?
S�o o hipotireoidismo, o hipertireoidismo, a tireoidite, os n�dulos e o c�ncer de tireoide. O hipotireoidismo se caracteriza por uma baixa produ��o dos horm�nios, cuja principal causa � autoimune (hipotireoidismo de Hashimoto). J� o hipertireoidismo ocorre pelo excesso de horm�nios tireoidianos, que pode ser de causa autoimune (doen�a de Graves) ou por um produ��o aut�noma. A tireoidite � uma inflama��o da gl�ndula que pode evoluir com hipertireoidismo, hipotireoidismo ou at� mesmo sem alterar sua fun��o. N�dulos de tireoide s�o relativamente comuns e a grande maioria � benigna. Por meio do exame de ultrassom, podemos avaliar as caracter�sticas dos n�dulos e a necessidade ou n�o de bi�psia. J� o diagn�stico de c�ncer � feito por bi�psia, e o tratamento � cir�rgico.

2 - Existe uma alimenta��o adequada para quem tem algum desequil�brio na tireoide?
Alguns alimentos podem contribuir para a melhora da qualidade de vida em pacientes com hipotireoidismo, enquanto outros podem piorar. Sal em excesso, por exemplo, que � enriquecido de iodo por lei, pode atrapalhar o funcionamento da tireoide. Uma boa dieta inclui gr�os integrais, alimentos in natura, castanhas, frutas e vegetais. Entretanto, n�o � poss�vel controlar o hipotireoismo, por exemplo, apenas com a alimenta��o. A reposi��o hormonal deve ser implementada em conjunto com devido acompanhamento m�dico.

3 - Com rela��o a n�dulos na tireoide, quando descobertos, quais s�o as possibilidades de tratamento para o paciente e quais cuidados devem ser tomados?
A grande maioria dos n�dulos s�o benignos. Por meio do ultrassom, podemos observar algumas caracter�sticas que chamam a aten��o para a malignidade, inclusive o tamanho dele. Caso tenha um conjunto dessas caracter�sticas, solicitamos uma bi�psia. E caso o n�dulo n�o seja suspeito, apenas fazemos o acompanhamento, geralmente anual, com o ultrassom. Uma caracter�stica que o paciente pode acompanhar e observar � se h� crescimento do n�dulo.