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Estado de Minas reportagem de capa

Cirurgia pl�stica usa a tecnologia a favor do paciente

A cirurgia pl�stica tem avan�ado muito nos �ltimos anos. S�o in�meros os estudos sobre t�cnicas que entregam resultados mais eficazes e naturais


17/04/2022 04:00 - atualizado 18/04/2022 19:02

 Leandro Gontijo, cirurgião plástico
Para o cirurgi�o pl�stico Leandro Gontijo, diretor do Instituto Mineiro de Cirurgia Pl�stica (IMCP) e membro das sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Pl�stica, a cirurgia pl�stica muitas vezes � enxergada erroneamente como algo sup�rfluo (foto: Ra Nic�cio/Divulga��o)


Muita coisa mudou sobre as cirurgias pl�sticas se comparado ao que era feito antes. H� 40 anos, o famoso bigode chin�s e as rugas da testa eram tratados atrav�s de cirurgias agressivas na face.

Para o primeiro, eram feitos grandes descolamentos da face at� o canto da boca, o que resultava em um desvio da comissura labial que gerava a famosa “boca de coringa”.

Tamb�m para a interfer�ncia na testa, a �nica alternativa era fazer o descolamento, puxando-a para tr�s. O resultado era uma testa grande e o cabelo come�ando muito atr�s, caracter�sticas que deixavam o paciente com apar�ncia caricata.
 

"O processo para realizar uma cirurgia pl�stica deve envolver in�meras etapas e um bom tempo de conversa. O paciente deve se sentir acolhido, ter as suas necessidades, motiva��es, condi��o psicol�gica e estado de sa�de f�sica compreendidos"

Leandro Gontijo, cirurgi�o pl�stico

 
 
Tudo isso � exatamente o oposto do que se v� hoje em dia em cirurgias faciais. Agora s�o menos invasivas e agressivas, com riscos menores, efeitos mais naturais, e tamb�m melhoraram em qualidade. A ritidoplastia (o face lifting), por exemplo, trata as camadas mais profundas do rosto, os m�sculos, os tend�es, mas n�o � preciso mais esticar tanto a pele, apenas se retira o excesso.
 
“A abordagem cir�rgica da face mudou muito por meio do entendimento completo do processo de envelhecimento. � que, al�m da queda dos tecidos, ocorrem tamb�m perdas �sseas, altera��es musculares e perda de col�geno. Esse entendimento tridimensional norteia o tratamento da face de maneira global, mesclando cirurgia e procedimentos auxiliares, fornecendo um resultado completo e natural”, explica a cirurgi� pl�stica C�ntia Mundin, especialista em face.
 
H� in�meros avan�os nas quest�es de seguran�a em cirurgia, com melhorias na anestesia, t�cnica cir�rgica, fios de sutura, colas para fechamento da ferida operat�ria, entre outros exemplos, como explicita o cirurgi�o pl�stico Lu�s Felipe Maatz. As cirurgias pl�sticas de implantes mam�rios e a lipoaspira��o continuam liderando a lista das mais procuradas.
 
H� dois meses, o gerente de vendas Roberto Louren�o Junior, de 38 anos, passou por uma cirurgia pl�stica para corrigir a orelha de abano, raz�o de um complexo que vem da inf�ncia.

Nunca sofreu bullying, mas diz que uma arma que encontrou para que as pessoas n�o falassem sobre as orelhas era ele debochar de si mesmo. "Eu debochava das minhas orelhas, para tirar o poder das pessoas em falar algo sobre elas. Era uma forma de defesa, uma maneira que encontrei de combater isso."
 
Roberto vive nos Estados Unidos com a fam�lia. J� fez interven��es cir�rgicas para reparar uma cicatriz na testa por causa de um acidente de carro e nas p�lpebras, sempre muito inchadas, com bols�es de gordura. Mas, sobre as orelhas de abano, quase ningu�m sabia que o inc�modo era t�o grande. A princ�pio, n�o considerava fazer o procedimento. Entretanto, como trabalha em uma empresa que recruta cirurgi�es pl�sticos de todo o pa�s, acabou se aproximando desse universo e passou a pesquisar sobre a corre��o das orelhas at� tomar a decis�o de fazer. E ficou satisfeito com o resultado.

PEQUENAS INTERVEN��ES A medicina est�tica tem avan�ado de forma acelerada nos �ltimos anos, pontua o dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Lucas Miranda. S�o in�meros os estudos sobre tecnologias que entregam resultados mais eficazes e naturais aos pacientes que desejam uma pele mais bonita, jovem e saud�vel.

"E n�o estou falando dos exageros. Muito pelo contr�rio. Existem pequenas interven��es que trazem mais harmonia facial e corporal e, consequentemente, mais autoestima aos pacientes", ressalta. Entre os exemplos, pessoas com o nariz com a ponta mais ca�da ou com aquele “ossinho” torto ou muito saliente. Isso pode n�o fazer diferen�a para alguns, mas para outros pode gerar traumas, diz o dermatologista. Outro inc�modo comum � com rela��o � papada, tamb�m conhecida como queixo duplo. A flacidez facial tamb�m segue nessa lista.

Lucas Miranda
"Cada indiv�duo tem caracter�sticas pr�prias que devem ser respeitadas pelo profissional. O intuito n�o � transformar o paciente em outra pessoa, tampouco buscar a todo custo uma imagem jovem e indefect�vel. Nosso papel � fazer pequenos ajustes, de forma a valorizar os pontos de beleza do paciente e melhorar aqueles que causam descontentamento" - Lucas Miranda, dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (foto: Leca Novo/Divulga��o)
 
Tudo isso afeta a autoimagem e a autoestima, principalmente em uma sociedade em que existem tantos padr�es de beleza impostos e a ideia de uma juventude eterna. "E n�o estou falando que sou a favor disso. Cada indiv�duo tem caracter�sticas pr�prias que devem ser respeitadas pelo profissional. O intuito n�o � transformar o paciente em outra pessoa, tampouco buscar a todo custo uma imagem jovem e indefect�vel. Nosso papel � fazer pequenos ajustes, de forma a valorizar os pontos de beleza do paciente e melhorar aqueles que causam descontentamento."
 
Ele diz que sua prioridade � a sa�de dos pacientes. Em cada consulta, Lucas reitera, � fundamental um di�logo transparente sobre os reais inc�modos, sobre o que pode ser realizado e o que n�o � indicado para aquele caso espec�fico.

PARA ELES H� n�o muito tempo, a cirurgia pl�stica est�tica estava essencialmente ligada ao universo feminino. Nos �ltimos anos, esse cen�rio se alterou. Levantamentos realizados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica (SBCP) comprovam essa mudan�a. Segundo a entidade, em 2019, um homem fazia um procedimento est�tico a cada dois minutos no Brasil.

A SBPC constatou tamb�m, em pesquisa de 2020, que a porcentagem de pacientes do g�nero masculino que se submeteram a alguma cirurgia est�tica havia subido de 5% para 30% em cinco anos.
 
 Entre os procedimentos mais procurados pelos homens est�o as cirurgias das p�lpebras, do nariz e a lipoaspira��o. Cresce ainda a procura pelas cirurgias de pr�teses musculares, mais especificamente de pr�teses peitorais, de b�ceps e tr�ceps e de panturrilhas, como informa o cirurgi�o pl�stico Wandemberg Barbosa, refer�ncia na �rea, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica (SBCO).
 
N�o obstante a cirurgia de pr�tese ser indicada tamb�m para jovens, o especialista informa que h� um limite de idade para quem deseja fazer o procedimento. “� preciso que o homem j� tenha completado 18 anos para que a estrutura �ssea j� apresente desenvolvimento completo”, diz. Al�m disso, segundo o m�dico, h� restri��es para quem sofre de doen�as sist�micas n�o controladas, diabetes e hipertens�o. “Essas pessoas precisam falar com o m�dico para que seja avaliada se a cirurgia pode ser feita ou n�o.”
 
Para o cirurgi�o pl�stico Leandro Gontijo, diretor do Instituto Mineiro de Cirurgia Pl�stica (IMCP) e membro das sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Pl�stica, a cirurgia pl�stica muitas vezes � enxergada erroneamente como algo sup�rfluo. Lembrando que existem as cirurgias pl�sticas corretivas, ou reparadoras, e as cirurgias pl�sticas est�ticas.
 
Uma cirurgia reparadora, esclarece, visa � restaura��o de um �rg�o ou fun��o. � realizada para a corre��o de deformidades ou condi��es fisicamente desconfort�veis, sejam causadas por caracter�sticas gen�ticas, ou mesmo adquiridas ao longo da vida. "A rigor, poder�amos considerar uma cirurgia de l�bio leporino ou reconstru��o de mamas ou membros ap�s c�ncer ou traumas, desvios de septos nasais, ptose palpebral, hipertrofia mam�ria acentuada (gigantomastia) ou cirurgias pl�sticas ap�s grandes perdas de peso com dificuldade de higieniza��o da regi�o, como exemplos cl�ssicos.
 
Por�m, quando a quest�o � est�tica, Leandro fala da import�ncia em se colocar diante daquele paciente que procura o cirurgi�o. Seria uma m�e com baixa autoestima, depress�o, que n�o tem coragem de ir � praia e colocar um biqu�ni, n�o se exp�e ao marido na intimidade ou evita se olhar no espelho? Seria uma senhora j� envelhecida, com estigmas de uma vida sofrida, rugas na face, olhar cansado, buscando uma forma de rejuvenescimento facial? Seria um jovem j� sofrido pelo bullying na inf�ncia pelas orelhas de abano?, questiona Leandro. 
 
� muito comum as pessoas que vivem situa��es como essas se isolarem de amigos, da fam�lia, privar-se do conv�vio social, o que acarreta quadros de ansiedade e depress�o. Dessa forma, diz Leandro, a cirurgia acaba por possibilitar uma nova perspectiva de autoimagem, contribuindo muito para a melhora na qualidade de vida.
 
O cirurgi�o pl�stico avalia que, apesar de haver in�meros movimentos sociais que promovem a aceita��o da diversidade, inclusive est�tica, isso ainda n�o � uma realidade geral.

Celebridades, influenciadores digitais, modelos, ele cita, sustentam uma posi��o de refer�ncia em termos de apar�ncia f�sica, e isso acaba levando a uma busca por um determinado tipo de rosto ou corpo que, muitas vezes, � incompat�vel com as caracter�sticas daquele sujeito.

"Esse � um dos motivos pelos quais uma das prerrogativas do C�digo de �tica M�dica � vedar o uso de ‘antes e depois’ na cirurgia pl�stica. Algu�m vendo um resultado bonito ir� querer o mesmo resultado, mesmo sendo uma pessoa completamente diferente", diz.
 
"Quando o paciente chega com essa demanda muito forte de se transformar fisicamente em outra pessoa, inspirando-se em celebridades, por exemplo, muitas vezes isso est� ligado a uma condi��o psicol�gica que precisa ser tratada. Nesses casos, independentemente da interven��o, dificilmente o paciente ficar� satisfeito. Por isso, o processo para realizar uma cirurgia pl�stica deve envolver in�meras etapas e um bom tempo de conversa. O paciente deve se sentir acolhido, ter as suas necessidades, motiva��es, condi��o psicol�gica e estado de sa�de f�sica compreendidos."
 
Em sua opini�o, basear-se em um filtro de rede social produz uma idealiza��o sobre algo que muitas vezes n�o existe e, mesmo que fosse poss�vel reproduzir fielmente o que um filtro mostra, isso n�o resultaria em um rosto harm�nico e belo."A beleza em si � um conceito complexo e, muitas vezes, subjetivo. S�crates tinha um conceito acerca da beleza. De que 'o belo � o �til', ou seja, a beleza n�o est� associada � apar�ncia de algo, mas em qu�o proveitoso �."


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