Mulher anoréxica

Mulher anor�xica

Andreas Solaro

Mudan�as significativas na estrutura do c�rebro podem estar ligadas ao desenvolvimento da anorexia nervosa, mostra o maior estudo feito at� o momento sobre os dois fen�menos. Neurocientistas da Universidade de Bath, no Reino Unido, com o apoio de parceiros internacionais, detectaram diferen�as "dr�sticas" entre a estrutura cerebral de pessoas com e sem o dist�rbio alimentar. A expectativa do grupo � de que as descobertas ajudem no desenvolvimento de abordagens terap�uticas contra o problema, que costuma ser mais incidente em mulheres jovens.

O estudo reuniu mais de 1,5 mil exames de resson�ncia magn�tica cerebrais de mulheres. Das participantes, 685 tinham diagn�stico de anorexia nervosa e 963 integravam o grupo controle (n�o tinham o dist�rbio alimentar nem estavam em recupera��o). Entre as volunt�rias com anorexia, 68% (485) estavam agudamente abaixo do peso e 32% (251) estavam sob tratamento e com o peso parcial restaurado.

Ao analisar o material, os cientistas constataram que as participantes com anorexia apresentavam "redu��es consider�veis" em tr�s medidas cr�ticas do c�rebro: espessura cortical, volumes subcorticais e �rea de superf�cie cortical. Os autores do estudo, publicado na revista Biological Psychiatry, enfatizam que essas redu��es despertam preocupa��o porque podem sinalizar a perda de c�lulas cerebrais ou das conex�es entre elas.

Paul Thompson, professor de neurologia da University of Southern California, nos Estados Unidos, conta que o grupo se deparou com uma redu��o do �rg�o em propor��es in�ditas. "As altera��es cerebrais na anorexia foram mais graves do que em qualquer outra condi��o psiqui�trica que estudamos", enfatiza, em comunicado.

As an�lises mostram que pessoas com o transtorno alimentar apresentaram redu��es no tamanho e na forma do c�rebro entre duas e quatro vezes maiores do que altera��es observadas em pessoas com depress�o, transtorno do deficit de aten��o com hiperatividade (TDAH) ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

"A anorexia afeta o c�rebro mais profundamente do que qualquer outra condi��o psiqui�trica. Esse � realmente um alerta, mostrando a necessidade de interven��es precoces para pessoas com dist�rbios alimentares", enfatiza Thompson.

Revers�vel

A hip�tese levantada pelo grupo de cientistas � de que as mudan�as observadas no tamanho do c�rebro podem ser atribu�das a redu��es expressivas no �ndice de massa corporal (IMC) de quem tem anorexia. Dessa forma, a recupera��o do peso poderia reverter as altera��es cerebrais. L�der do estudo, Esther Walton relata, tamb�m em comunicado, outra constata��o feita pela equipe que sinaliza que as mudan�as podem n�o ser duradouras.

"Descobrimos que as redu��es na estrutura cerebral que observamos nas pacientes eram menos percept�veis naquelas que estavam no caminho da recupera��o. Esse � um bom sinal, pois indica que essas mudan�as podem n�o ser permanentes. Com o tratamento certo, o c�rebro pode ser capaz de se recuperar", detalha a pesquisadora do Departamento de Psicologia da universidade brit�nica.

Com base nos resultados, a equipe enfatiza a import�ncia do tratamento precoce para ajudar as pessoas com anorexia a evitar altera��es cerebrais estruturais de longo prazo. O tratamento atual combina psicoterapia e ganho de peso. A expectativa � de que os resultados do trabalho in�dito ajudem a melhorar essas abordagens. "Os efeitos dos tratamentos e interven��es podem, agora, ser avaliados usando esses novos mapas cerebrais como refer�ncia", sugere Thompson.

O pesquisador tamb�m chama a aten��o para o tamanho do estudo, que envolveu equipes da Universidade T�cnica de Dresden, Alemanha, da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai, em Nova York, e do King's College de Londres.

"A escala internacional desse trabalho � extraordin�ria. Cientistas de 22 centros em todo o mundo reuniram seus exames cerebrais para criar a imagem mais detalhada at� hoje de como a anorexia afeta o c�rebro", afirma.

A extens�o do estudo tamb�m � destacada por Ewres de exames cerebrais de pessoas com anorexia nos permitiu estudar as altera��es cerebrais que podem caracterizar esse dist�rbio com muito mais detalhes", diz a l�der do estudo.