S�rgio Thiesen transita entre v�rias ci�ncias e destaca o vasto material cient�fico sobre o tema, oferecido em papers e pesquisas de universidades dos EUA
"Quando eu uso espiritualidade em medicina, estou usando os recursos da ci�ncia para validar as quest�es que envolvem a espiritualidade em benef�cio do paciente"
S�rgio Thiesen, m�dico e f�sico
O m�dico e f�sico S�rgio Thiesen, de 68 anos, pode ser encontrado todos os dias on-line, pontualmente �s 17h, em transmiss�o ao vivo pelo Facebook, onde mant�m uma p�gina nomeada de Prece pela Humanidade.
Nesse momento de ora��o, durante meia hora S�rgio ora “com a espiritualidade em favor do fim dos dramas pessoais e coletivos da humanidade”. Trata-se de um grupo com mais de sete mil pessoas, de 30 pa�ses, que juntos “fazem preces em prol da paz, recupera��o cl�nica e cura dos doentes pelo mundo”.
'S�o uma coisa s�'
De fam�lia esp�rita, S�rgio � expositor da tem�tica que trata da fronteira entre medicina e espiritualidade. Na opini�o dele, s�o dois conhecimentos que deveriam caminhar sempre juntos.
“Num certo sentido, ci�ncia e espiritualidade s�o uma coisa s�. Separamos para entender as diferen�as, aprofund�-las, dependendo dos contextos em que cada uma das duas est� naturalmente inserida ou sendo vivenciada”, justifica.
Ele tamb�m defende “espiritualizar a ci�ncia”. S�rgio explica que, nesse contexto, seria poss�vel evitar o que definiu como preju�zos para a humanidade, citando as situa��es relacionadas, por exemplo, � guerra.
O f�sico deu como exemplo inventos como os explosivos, m�sseis, artefatos nucleares e mira a laser, entre outras armas utilizadas para guerrear e matar.
O m�dico destaca que, nas universidades, o estudo cient�fico da espiritualidade j� � uma realidade. O exemplo dado por ele vem do site National Institute of Health (NIH), com sede nos Estados Unidos, que publica papers, de forma sistem�tica e a cada dia em maior quantidade, de cientistas com pesquisas de ponta do mundo inteiro, envolvendo neuroci�ncias, biomedicina e sa�de p�blica em geral.
“Quando eu uso espiritualidade em medicina, estou usando os recursos da ci�ncia para validar as quest�es que envolvem a espiritualidade em benef�cio do paciente”, afirma o m�dico.
M�e de todas as ci�ncias
Durante algumas das palestras do m�dico e f�sico, �s quais a reportagem assistiu, tratando da uni�o entre ci�ncia e espiritualidade – al�m da entrevista que fizemos com ele por videoconfer�ncia, S�rgio fala sobre a “ci�ncia que � a m�e de todas”.
Ele se referia � f�sica e explica o porqu�. “Todos os fen�menos no universo t�m algo a ver com a f�sica, quer seja ela a cl�ssica ou a moderna”, contextualiza o f�sico. Para ele, que � tamb�m um religioso, “Deus � f�sico”.
E a f�sica moderna, mais especificamente a qu�ntica, hoje relacionada tamb�m � espiritualidade, n�o s� entre estudiosos religiosos, mas tamb�m entre pesquisadores nas academias cient�ficas?
A resposta vem com uma advert�ncia. “Para vender, promover, v�o colocando adjetivo de qu�ntico e ponto. A maioria das pessoas n�o tem nem ideia do que � de verdade (a f�sica qu�ntica)”, disse.
Para ele, alguns usam a nomenclatura para “iludir, rotulando de qu�ntico o que n�o �”, em especial quando o assunto tratado � espiritualidade.
“A espiritualidade lida com energia, com vibra��es, com sentimentos, com pensamentos e tudo isso tem algo a ver, na raiz dessas coisas, com fen�menos microsc�picos ou o infinitamente pequeno do mundo, que a mec�nica qu�ntica estuda, enquanto a mec�nica cl�ssica estuda os fen�menos macrosc�picos”, resume o f�sico.
F� cega
S�rgio pontua que � preciso estar atento, ao tratar de ci�ncia e espiritualidade, para n�o cair no fanatismo da “f� cega”.
Como contraponto, ele fala em f� raciocinada, aquela que permite duvidar. Portanto, se a confian�a, que � a tessitura da f�, antecipa, na vis�o do estudioso, algo que tem import�ncia, embora ainda seja um mist�rio, a ci�ncia pode vir um dia a comprov�-la.
Religiosos eram cientistas
S�rgio lembra os grandes religiosos do passado, que eram tamb�m homens da ci�ncia, citando como exemplo o f�sico e matem�tico Blaise Pascal, te�logo e fil�sofo franc�s que deixou grande contribui��o para o desenvolvimento do estudo e do conhecimento da f�sica cl�ssica.
Galileu Galilei � considerado um cientista que n�o deixou de lado a religiosidade
wikimedia commons/reprodu��o
Galileu Galilei, o cat�lico italiano e considerado o pai da f�sica experimental, tamb�m � lembrado na condi��o de cientista que n�o deixou de lado a sua religiosidade.
No entanto, a ruptura entre ci�ncia e espiritualidade ainda hoje acontece, como de muitos exemplos do passado, justificados por interesses diversos de grupos que se interessam por mant�-las separadas.
Dentro dessa realidade, com fartos exemplos ao longo da hist�ria, relembra S�rgio, a ci�ncia acabou se separando da espiritualidade.
“A ci�ncia avan�ou e a religi�o ficou para tr�s, quando deveriam conviver e evoluir conciliadas”, acredita. Qual a vantagem dessa uni�o?
S�rgio acredita que a religiosidade e a espiritualidade “podem e devem alimentar a ci�ncia”. “Como a ci�ncia deve buscar iluminar mais as quest�es da f�, da cren�a e da espiritualidade”, defende.
Harmonia
Para o m�dico e f�sico, “o resultado desse entrela�amento entre ci�ncia e espiritualidade daria �s criaturas maior possibilidade e facilidade de vivenciar a harmonia encontrados em sentimentos emp�ticos, compassivos, solid�rios, base para a constru��o de rela��es mais amorosas, fraternas e universais”.
S�rgio � m�dico desde 1977, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Cl�nico-geral e cardiologista, foi professor de medicina da Faculdade de Medicina Souza Marques, do Rio de Janeiro. Ele tamb�m exerceu a profiss�o na Unidade Coronariana do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio, de 1989 at� 2016.
O especialista coordenou cursos de extens�o universit�ria por d�cadas, em diversas �reas, no INC, na Santa Casa de Miseric�rdia e no Hospital Geral de Ipanema, do Minist�rio da Sa�de, sediados tamb�m na capital fluminense.
S�rgio � bacharel em f�sica pela UFRJ, formado em 1993. Ele � especialista em f�sica do estado s�lido, magnetismo e supercondutividade. Seu curr�culo � mais extenso do que isso, mas j� basta para entender que estamos diante de um cientista que tamb�m se interessa pela espiritualidade desde muito jovem.
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