Foto de Jennette com uma urna com glitter saindo simbolizando a morte de sua mãe

A autora contou que desenvolveu o dist�rbio por causa de dietas r�gidas que sua m�e tinha e a press�o de Hollywood

Reprodu��o Jennette McCurdy
A estrela de iCarly Jennette McCurdy detalhou sua batalha contra dist�rbios alimentares em seu livro de mem�rias ‘I’m glad my mom is dead’ (Sou feliz que minha m�e est� morta), lan�ado este m�s.

A artista contou que desenvolveu anorexia aos 11 anos por conta de uma dieta restritiva que sua m�e, Debbie, a orientou a seguir. Conforme a atriz, ela deveria estar magra para conseguir mais trabalhos na televis�o e em Hollywood. 

O relato de Jennette lembra a hist�ria de outras estrelas da cultura pop, como Demi Lovato e Amy Winehouse. Mas, para al�m do estrelato, o dist�rbio de imagem tamb�m afeta pessoas comuns. 

Conforme a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), os transtornos alimentares afetam 4,7% da popula��o brasileira. Al�m disso, os jovens s�o a classe et�ria com mais incid�ncia desses dist�rbios, totalizando 10% dos adolescentes brasileiros. 

A hist�ria de Jennette

Assim como outras atrizes mirins, Jennette come�ou a trabalhar com atua��o por incentivo da m�e para ajudar nas contas da casa. Ela disse que nunca teve vontade de ser uma estrela e que este era o sonho da m�e. 

A vida das McCurdy mudou em 2007, com a estreia de iCarly, um show teen que contava a hist�ria de Carly e sua melhor amiga, Sam Puckett, que montam um programa on-line. Jennette era coadjuvante da s�rie e conquistou fama mundial. 

A vida pessoal da atriz tinha um contraste gigante com o da personagem de Jennette em iCarly, conhecida por amar comidas e estar sempre se alimentando. 

Al�m disso, durante as grava��es, ela revela que foi coagida a tomar u�sque quando ainda era menor. Anos mais tarde, a artista desenvolveu alcoolismo. 

Fim da carreira e terapia 

Ela deixou a profiss�o em 2013, ap�s o fim do spin-off de iCarly e Victorious, ‘Sam & Kat’, que atuava ao lado de Ariana Grande. Jennette fez dois anos de terapia intensiva e precisou de muita ajuda para conseguir entender os seus traumas. 

Ap�s a morte de Debbie, Jennette conta que teve bulimia por n�o conseguir manter a dieta que sua m�e tinha ensinado. 

No seu livro de mem�rias, a ex-atriz conta que o canal Nickelodeon, que produziu as s�ries, ofereceu 300 mil d�lares para que ela n�o falasse sobre suas experi�ncias e viv�ncias nos set de filmagem. Jennette n�o aceitou o valor. 

Leia mais:Jennette McCurdy explica t�tulo do livro 'Estou Feliz Que Minha M�e Morreu'

O que � anorexia? 

A anorexia � um dist�rbio de autoimagem que afeta a sa�de f�sica e o comportamento psicossocial. No caso, a pessoa se enxerga de uma uma forma diferente do que o espelho mostra, como explica a psiquiatra Melina Efraim. 

“Existe uma autoavalia��o indevidamente influenciada pela forma do peso corporal. � como se a pessoa s� conseguisse ter algum valor se fosse muito magra”, afirma. 

“Isso faz com que o paciente adote alguns comportamentos, como a aus�ncia de alimenta��o, para emagrecer por causa do medo desproporcional de continuar engordando”, completa o psic�logo Thales Vianna. 

Comportamento inconsciente

Essas caracter�sticas de distor��o de imagem est�o presentes desde a inf�ncia na vida de uma pessoa que luta contra a anorexia. A psiquiatra explica que o comportamento anor�xico � inconsciente no paciente. 

“S�o pessoas que est�o extremamente abaixo do peso e incapazes de comer. � um autom�tico: ela simplesmente n�o come e n�o consegue comer. N�o � simplesmente chegar pra ela e falar para ela comer que melhora. N�o, n�o vai resolver”, disse. 

Melina explica que s�o v�rios fatores associados ao dist�rbios e, muitas vezes, eles est�o relacionados a sintomas psic�ticos. 

Diagn�stico de anorexia

O diagn�stico da anorexia � feito com base na an�lise de profissionais da sa�de ao paciente e cada caso � diferente do outro. O dist�rbio pode ser desenvolvido por v�rios fatores, como o cultural, social e psicol�gico ambiental.

 “Por exemplo, se voc� for na Fran�a, onde existe um culto a magreza em rela��o � alimenta��o, voc� vai ter uma preval�ncia de anorexia muito maior”, comenta Melina Efraim. 

Al�m disso, gen�tica tamb�m � determinante, o que pode ser o caso de Jennette, j� que sua m�e tamb�m lutava contra a doen�a. “Os estudos mostram a presen�a de sintomas da anorexia em familiares de primeiro grau, o que tem uma base heredit�ria forte”, explica o psic�logo Thales Vianna. 

Tratamento para anorexia

O tratamento consiste em readequar a vis�o corporal do paciente. Por isso, o psic�logo pontua que � importante que os pais estejam atentos ao comportamento das crian�as e adolescentes para que, caso a anorexia seja identificada, o processo possa come�ar o mais r�pido poss�vel. 

Em casos mais graves, � preciso internar o paciente. Mas a interna��o deve ser volunt�ria para ter efeito. 

Al�m disso, Melina Efraim refor�a que o tratamento n�o deve ser feito com medicamentos para indu��o de ganho de peso porque pode provocar uma repuls�o do paciente. “A pessoa vai abandonar o tratamento n�o vai tomar rem�dio. � como se tivesse uma desconex�o muito intensa entre o corpo e a mente da pessoa. A gente o tratamento tem que visar reconectar isso. A pessoa se conectar ao corpo novamente se enxerga como ela �”, afirma. 

A psiquiatra explica que, em alguns casos, antidepressivos podem ajudar no tratamento. Assim como antipsic�ticos podem melhorar pacientes com casos de surtos psic�ticos relacionados � anorexia.
 

Consequ�ncias 

A anorexia pode levar � morte pela falta de nutrientes no corpo. De in�cio, fun��es b�sicas corporais, como sistemas dos �rg�os, como menstrua��o, e queda de cabelo ocorrem. Em um est�gio mais severo, o organismo n�o consegue trabalhar por falta de alimentos e energia. 

O psic�logo faz um adendo de que nem todas as pessoas que querem emagrecer s�o anor�xicas. Por�m, � importante ficar atento ao comportamento para n�o desenvolver o dist�rbio e procurar ajuda o mais r�pido poss�vel. 

O que � bulimia? 

A bulimia � um dist�rbio alimentar em que o paciente induz o v�mito ou dia diarr�ia, inclusive com uso de medicamentos, para n�o digerir a comida que consumiu. Tamb�m � provocado por uma distor��o de imagem e um medo de engordar. 

A anorexia e bulimia n�o s�o, necessariamente, conectados. Ou seja, nem todo anor�xico � bul�mico e nem o contr�rio. Entretanto, o tratamento tem o mesmo objetivo: reajustar a imagem corporal da pessoa. 

Apesar de serem transtornos dentro da mesma classe, os alimentares, a bulimia e anorexia t�m caracter�sticas muito diferentes. “� interessante observar que � muito comum que haja tra�os obsessivos e de perfeccionismo associados � anorexia, diferente da bulimia, que j� tem um tra�o mais compulsivo e impulsivo”, pontua. 

Segundo Melina, essas diferen�as nos transtornos alimentares influenciam na maneira que o paciente se comporta em n�cleos sociais. “A bulimia vem com uma personalidade diferente que t� mais a pessoa. � mais soci�vel do que ela anorexia, �s vezes passa at� batido”. 

No caso da bulimia nervosa, o paciente tem epis�dios de compuls�o alimentar, que v�o ocorrer no m�nimo uma vez na semana, seguidos de uma sensa��o de falta de controle e culpa. “Em seguida, comportamento compensat�rio, que pode ser atrav�s de v�mito induzido, laxantes diur�ticos ou jejuns muito prolongados, exerc�cios extenuantes”, afirma. 

O tratamento para a bulimia est� relacionado � compuls�o e impulsividade do paciente. 

Anorexia alco�lica 

Assim como outras estrelas que lutaram contra dist�rbios alimentares, como Demi Lovato e Amy Winehouse, McCurdy desenvolveu depend�ncia qu�mica. 

Conforme o psic�logo Thales Vianna, os dist�rbios est�o relacionados. “A pessoa come�a a usar drogas porque se sente bem e consegue interagir, uma s�rie de coisas. � prov�vel que a droga ou o �lcool amenize o dist�rbio corporal, de maneira que a pessoa consiga ter mais desibini��o”, explica.

O paciente com anorexia tende a se isolar de n�cleos sociais, o que pode favorecer para um quadro depressivo. “O �lcool serve como, em determinado momento, um al�vio”, afirma o psic�logo.

“O grande problema � que o �lcool n�o � tratamento para nada e a pessoa usa a subst�ncia de maneira desregrada. O que, com o tempo, se instala uma depend�ncia qu�mica”, completa.