
A partir de 9 de outubro de 2022, as novas regras para rotulagem de alimentos entram em vigor. Al�m de mudan�as na tabela de informa��o e nas alega��es nutricionais, a novidade ser� a ado��o da rotulagem nutricional frontal. Regras passam a ser exigidas pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). O objetivo � facilitar a compreens�o da rotulagem, favorecendo a leitura, o entendimento das informa��es nutricionais e a escolha por produtos aliment�cios mais saud�veis pelos consumidores.
A nutricionista Juliana Nakabayashi alerta que “as embalagens ter�o que mostrar na parte da frente uma lupa dizendo qual o teor de a��car, gordura e s�dio. Isso ajudar� na hora da escolha. Assim, ao comprar os produtos industrializados, voc� poder� eleg�-los pelo r�tulo. T�o importante como a tabela nutricional, que informa sobre as calorias, carboidratos, fibras, gorduras e teor de s�dio, � importante olhar a lista de ingredientes”, explica.
“� melhor optar pelo produto com o menor n�mero de ingredientes, j� que quanto mais itens, mais ultraprocessado �. Outro aspecto importante � olhar quais ingredientes v�m primeiro. Os primeiros itens significam que est�o em maior quantidade. Para que o p�o seja 100% integral, a farinha de trigo integral deve ser a primeira na lista de ingredientes, e n�o deve conter farinha enriquecida com ferro e �cido f�lico, que � a farinha branca”.
Juliana Nakabayashi explica que muitos aditivos alimentares, como os corantes, emulsificantes e edulcorantes, trazem preju�zo, especialmente, para as crian�as. “O corante amarelo tartrazina, por exemplo, presente em alimentos amarelos como salgadinhos de milho, iogurtes e sucos artificiais, podem provocar rea��es al�rgicas, como vermelhid�o pelo corpo, falta de ar, enjoo, urtic�ria e at� choque anafil�tico (em casos mais graves).”
As pessoas, segundo Juliana, n�o t�m o h�bito de ler r�tulos, “mas deveriam ter. � ele que cont�m essas informa��es. E o consumidor n�o precisa saber o que significa cada nome estranho. S� tem de saber que quanto mais nomes assim, mais o produto cont�m aditivos e ingredientes artificiais”.
A nutricionista indica alguns alimentos industrializados que considera ‘inteligentes’. “Indico os iogurtes naturais. Muitos citam apenas dois ingredientes na embalagem. As polpas de frutas congeladas s�o pr�ticas e melhores que os sucos de caixa. Elas n�o t�m adi��o de a��car e n�o cont�m aditivos qu�micos. Pipoca de panela � sempre a mais indicada, j� que a de microondas cont�m gordura vegetal hidrogenada. O p�o de queijo � visto como um alimento saud�vel, mas esses congelados que compramos s�o feitos com gordura vegetal hidrogenada, ent�o seu consumo tamb�m deve ser moderado.”
BISNAGUINHA Juliana Nakabayashi destaca ainda que os biscoitos para crian�as e p�es, como bisnaguinhas, s�o um problema. “Eles s�o pr�ticos e atrativos, mas de saud�vel n�o t�m nada. Uma sugest�o � alternar esses alimentos com outros mais naturais. Exemplo: coma cinco vezes na semana um lanche com p�o de sal da padaria (eles cont�m menos conservantes) e deixe duas vezes na semana para consumir um biscoito ou um p�o de pacote.”
O produto industrializado tem apelos quase intranspon�veis no dia a dia. A hora do lanchinho, ent�o, � quase imbat�vel. Juliana reconhece: “S�o mesmo. J� citei biscoitos, pipoca e p�o de queijo. Se n�o for poss�vel ter uma alimenta��o feita em casa, a sa�da � equilibrar alimentos naturais com os industrializados”, comenta.
A nutricionista cita, por exemplo, a combina��o uma fruta + um sandu�che (p�o com queijo ou p�o com ovo); iogurte com mel e aveia; banana e um ovo cozido. Quem deseja melhorar a qualidade alimentar e o obst�culo � a falta de tempo e/ou dinheiro, vai precisar se organizar para encontrar um meio-termo. “Sabemos que alimentos ultraprocessados trazem muitos preju�zos para a sa�de, como gordura no f�gado, diabetes tipo 2, press�o alta, obesidade. Ent�o, esses alimentos n�o devem predominar na alimenta��o di�ria. Existe uma regra 80/20, que � consumir 80% de alimentos naturais/caseiros e 20% de alimentos ultraprocessados. A�, os 20% podem ficar para o lanche da tarde, que � feito fora de casa, por exemplo.”
N�o � deixar de consumir, � comer com intelig�ncia, em benef�cio pr�prio. Juliana Nakabayashi lembra que a vantagem dos alimentos empacotados e enlatados � que eles t�m maior durabilidade, menor custo e podem chegar a lugares em que a comida fresca n�o chegaria, “como nas escolas do interior, muito distantes das grandes cidades”.
ALERTA Al�m do pr�prio alimento, a nutricionista faz outra alerta que faz parte da escolha certa do produto industrializado. “As embalagens com algum dano – enferrujadas, amassadas ou estufadas n�o devem ser consumidas. H� risco de contamina��o naquele alimento.”
A nutricionista destaca ainda a data de validade, que deve ser respeitada. “Alguns alimentos duram mais do que a data de validade, geralmente, os produtos secos como arroz, feij�o, fub�, macarr�o e aveia. Mas tamb�m n�o devem passar mais do que tr�s meses da validade especificada na embalagem. J� os latic�nios, que s�o mais perec�veis, n�o devem ultrapassar uma semana ap�s a data de vencimento. E sempre observar as caracter�sticas do produto. Qualquer sinal de altera��o de cor, textura, cheiro n�o vale a pena correr o risco. Uma intoxica��o alimentar pode sair bem mais caro do que o produto vencido.”

P�o franc�s no lugar do biscoito recheado
Avalia��o feita pela empresa Horus, especialista em intelig�ncia de mercado, constatou que a principal respons�vel pela piora na qualidade das refei��es dos brasileiros � a infla��o, que atingiu de forma consider�vel o pre�o de verduras e legumes. O estudo, que avaliou 40 milh�es de notas fiscais de estabelecimentos Brasil afora, indica que, em compara��o com o �ltimo ano, itens ricos em gordura e de baixo valor nutritivo tornaram-se mais presentes nas compras de todas as faixas de renda.
Entre janeiro e junho deste ano, biscoitos recheados e salgadinhos estiveram presentes em 20,4% dos carrinhos das classes A e B, contra 16,9% no mesmo per�odo do ano passado. Nas classes mais baixas, o dado � ainda mais preocupante. Na C, a incid�ncia foi de 19,2% para 22,4%, enquanto nas classes D e E subiu de 22,7% para 26,4%.
A nutricionista Alice Coca, que atende na escola de sa�de UBS Paranapanema, gerenciada pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. Jo�o Amorim (Cejam), entidade filantr�pica e sem fins lucrativos, alerta para os riscos que essa substitui��o alimentar pode trazer � sa�de de adultos e crian�as. Principalmente, o aumento do colesterol: “O colesterol � um tipo de gordura presente na estrutura das membranas celulares e em �rg�os como cora��o, intestino, c�rebro, pele e f�gado, fundamental para o bom funcionamento do organismo. No entanto, o colesterol ruim, o LDL, � uma lipoprote�na de baixa densidade, cujo valor n�o deve ultrapassar 130mg/dL. E ele � comumente encontrado em alimentos industrializados e ultraprocessados, que cont�m gorduras saturadas e trans, como biscoitos recheados e salgadinhos. Devemos evitar tamb�m as frituras, j� que a gordura utilizada para esses preparos � extremamente saturada, principalmente quando aquecida.”
O colesterol alto pode trazer diversos riscos � sa�de, entre eles o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo, conforme dados do Minist�rio da Sa�de (MS). Alice tamb�m atenta para o risco da aterosclerose – ac�mulo de placas de gordura, c�lcio e outras subst�ncias nas art�rias –, que dificulta a passagem de sangue nos vasos, podendo causar infarto, derrame e at� morte s�bita.
OP��ES MAIS SAUD�VEIS Conforme a nutricionista, um pacote de biscoito recheado equivale a oito p�es franceses, em m�dia. Por isso, o consumo de alimentos ultraprocessados n�o est� relacionado s� ao aumento do colesterol, mas favorece o ganho de peso e a obesidade, principalmente na inf�ncia, onde � maior o consumo desses alimentos. “O consumo tamb�m aumenta o risco de desenvolvimento de doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis, como diabetes. E ainda um aumento do risco de hipertens�o arterial sist�mica (press�o alta), ocasionada, principalmente, pelo s�dio”.
Segundo a nutricionista, existem alimentos mais saud�veis, que, mesmo de forma econ�mica, s�o capazes de substituir biscoitos e salgadinhos, principalmente na dieta das crian�as. “Uma boa sugest�o pode ser o consumo de bolos caseiros de frutas, quibes assados, frutas da �poca – que costumam ser mais baratas –, consumidas na sua forma in natura, e banana gratinada com aveia e canela, entre outras. Na internet, existem muitas op��es de receitas econ�micas e, acima de tudo, saud�veis.”
1- Tabela de informa��o nutricional
l A Tabela de Informa��o Nutricional passa a ter apenas letras pretas e fundo branco. O objetivo � afastar a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem a legibilidade das informa��es
l Na tabela, passar� a ser obrigat�ria a declara��o de a��cares totais e adicionados, do valor energ�tico e de nutrientes por 100g ou 100ml, para ajudar na compara��o de produtos, bem como o n�mero de por��es
por embalagem
l A tabela dever� estar localizada, em geral, pr�xima � lista de ingredientes e em superf�cie cont�nua, n�o sendo aceita divis�o. Ela n�o poder� ser apresentada em �reas encobertas, locais deformados ou regi�es de dif�cil visualiza��o. A exce��o s� se aplica aos produtos em embalagens pequenas (�rea de rotulagem inferior a 100cm²), em que a tabela poder� ser apresentada em �reas encobertas, desde que acess�veis
2 - Rotulagem nutricional frontal
Considerada a maior inova��o das novas regras, a rotulagem nutricional frontal � um s�mbolo informativo que deve constar no painel da frente da embalagem. A ideia � esclarecer o consumidor, de forma clara e simples, sobre o alto conte�do de nutrientes que t�m relev�ncia para a sa�de. Para tal, foi desenvolvido um design de lupa para identificar o alto teor de tr�s nutrientes: a��cares adicionados, gorduras saturadas e s�dio. O s�mbolo dever� ser aplicado na face frontal da embalagem, na parte superior, por ser uma �rea facilmente capturada pelo nosso olhar. � obrigat�ria a veicula��o do s�mbolo de lupa com indica��o de um ou mais nutrientes, conforme o caso, quando os alimentos apresentarem as seguintes quantidades de nutrientes:
Alto conte�do de Alimentos s�lidos e semiss�lidos, Alimentos l�quidos
A��car adicionado: 15g ou mais por 100g de alimento 7,5g ou mais por 100ml
de alimento
Gordura saturada: 6g ou mais por 100g de alimento 3g ou mais por 100ml
de alimento
S�dio : 600mg ou mais por 100g de alimento 300mg ou mais por
100ml de alimento
3 - Alega��es nutricionais – Modelos de alto teor
As alega��es nutricionais permanecem como informa��es volunt�rias. Em rela��o aos crit�rios para uso de tais alega��es, foram propostas altera��es com o objetivo de evitar contradi��es com a rotulagem nutricional frontal. Confira as orienta��es:
Rotulagem nutricional Prazo de adequa��o*
As novas regras para rotulagem de alimentos entram em vigor no dia 9 de outubro de 2022. Mas h� um prazo:
At� 9 de outubro de 2023 para os alimentos em geral
At� 9 de outubro de 2024 para os alimentos fabricados por agricultor familiar ou empreendedor
familiar rural, empreendimento econ�mico solid�rio, microempreendedor individual, agroind�stria de
pequeno porte, agroind�stria artesanal e alimentos produzidos de forma artesanal
At� 9 de outubro de 2025 para as bebidas n�o alco�licas em embalagens retorn�veis,
observando o processo gradual de substitui��o dos r�tulos